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K-QUEM? O gênero musical que conquista fãs pelo mundo, inclusive em Santa Maria

O grupo Monsta X fará sua segunda apresentação no Brasil em 19 de julho deste ano.Divulgação: Revista KoreaIn

Cabelos coloridos, brincos e um estilo único são alguns dos elementos componentes dos MVs (music videos, ou clipes musicais) de música pop coreana, mais conhecido como K-Pop. Com milhões de fãs pelo mundo e movimentando bilhões de dólares com escolas para formação de ídolos, como são chamados os cantores do gênero, a indústria coreana dita tendências na vida de seus adoradores.  

A versão moderna do pop sul-coreano surgiu em 1992 com o grupo Seo Taiji & Boys. O sucesso garantiu a inserção de elementos estrangeiros às músicas e ao material audiovisual, bem como a entrada coreana no mercado de entretenimento internacional, com programas de televisão e novelas.  

Em 2012, logo após o lançamento da música Gangnam Style do rapper PSY, a arrecadação de 3,4 bilhões de dólares foi considerada a maior exportação da Coréia do Sul pela revista Times. De fato, PSY inaugurou a explosão incisiva dos grupos de K-Pop fora dos limites do país, entrando para o Guinness Book como o MV mais visto da história, com 700 milhões de views. 

Os solistas BoA, considerada a “rainha do K-Pop”, e Rain – o show man cantor, ator, dançarino e designer sul-coreano – também foram responsáveis por esse aumento de visibilidade, somando recordes em vendas digitais e shows internacionais.  

Em meados de 2011 novos grupos começaram a ser formados pelas agências de entretenimento. Entre os nomes de maior repercussão no cenário atual estão BTS, Monsta X, EXO e Black Pink.   

 EMPRESAS DE ENTRETENIMENTO  

 Os ídolos são agenciados por empresas com regras próprias. Elas são responsáveis pela divulgação e tudo o que envolva a vida pessoal dos artistas fora das câmeras. Os jovens aspirantes a cantores chegam a passar até dez anos em processo de treinamento antes de serem lançados no mercado, seja como solistas ou membros de grupos.  

Programas de sobrevivência se tornaram populares na escolha de jovens talentos. Win – Who is next?, criado pelo CEO da YG Entertainment, separou 11 garotos em dois times que competiam entre si em apresentações de canto, dança e composição. Os vencedores debutaram como o grupo Winner formado, atualmente, por quatro integrantes. O mesmo aconteceu no reality No Mercy, que reuniu 12 trainees da Starship Entertainment em batalhas individuais e em grupo. Sete rapazes foram escolhidos para compor o grupo Monsta X, um dos queridinhos do público brasileiro.  

Em entrevista ao site UOL Entretenimento, Natalia Pak e Érica Imenes, coautoras do livro “K-Pop: Manual de Sobrevivência” (Gutenberg, 2017) comentam sobre o processo de escolha dos ídolos e da competitividade do mercado. “Quando o artista passa em uma audição em alguma agência, geralmente leva de 2 a 5 anos de treino até que esteja preparado para debutar”, afirmou Natalia.  

“Quando um grupo consegue estrear, mesmo depois de muitos anos como trainees, eles encontram pela frente uma agenda apertada, muito trabalho, nenhum descanso, distância da família e dos amigos”, acrescenta Érica.   

 KPOPPERS  

O termo serve para identificar os fãs, subdivididos em uma infinidade de fandoms espalhados pelo planeta. Aparentemente frios e isolados do restante do mundo, os fãs coreanos são considerados os mais enérgicos em relação à cobrança que exercem e sofrem, indiretamente, de seus amigos e familiares. Atores, cantores, dançarinos, ninguém escapa aos olhos aguçados das sasaengs (as stalkers coreanas), as quais chegam ao cúmulo de contratar serviços de taxistas para seguir os famosos. O stalk intenso gera a necessidade de viver em função do ídolo e isso acaba influenciando fãs a tomarem atitudes extremas, como hackear câmeras de segurança de prédios e escrever cartas com sangue e dedicatórias macabras.  

“Conheci o K-Pop em 2017, por influência de uma amiga. O primeiro grupo com o qual tive contato foi BTS”, conta a estudante de Jornalismo Emily Mayer. Aos vinte anos, Emily passou a pesquisar mais sobre a cultura e costumes coreanos depois de entrar nesse universo. O tema a levou a conhecer canais no YouTube e outros fãs que se tornaram parte de seu círculo de amizade. 

Ainda de acordo com Emil o preconceito sofrido pelos fãs, principalmente em cidades como Santa Maria, nas quais esse gênero musical não é tão conhecido, é um assunto que deve ser levado à discussão. “Os geeks já sofrem por conta de seus gostos, se juntarmos isso ao fato de gostarem de K-Pop, ou J-Pop (pop japonês), a estigmatização é muito grande. Ouvimos perguntas do tipo: ‘como vocês podem gostar de uma indústria que explora as pessoas?’”, desabafa.  

“Grande parte das pessoas não consegue entender o estilo dos homens coreanos, o que gera opiniões machistas e homofóbicas”, ressalta Mariana Teixeira, estudante de Artes Visuais da UFSM. “É muito difícil achar fãs de K-pop aqui em Santa Maria e é até mesmo complicado tocar no assunto. Nunca se sabe que tipo de reação as pessoas vão ter”, completa. 

Expandindo o olhar sobre a questão, pode-se notar que a alta cobrança coreana é uma questão cultural. A necessidade de mostrar-se capaz de ocupar espaços de destaque em um mundo bastante ocidentalizado e com enormes potências como os Estados Unidos e a China, se manifesta por meio da pressão exercida sobre todas as camadas sociais. Há grande investimento em educação, principalmente de nível básico na Coréia, e os estudantes costumam sacrificar seus poucos momentos de lazer na tentativa de conseguir as melhores notas e, consequentemente, os melhores empregos na indústria nacional. 

 VINDAS AO BRASIL  

Os grupos Beast, 4Minute, Super Junior, BTS, SHINee, B.A.P, VIXX e os solistas HYUNA e G.NA já estiveram em solo brasileiro.  

O primeiro a marcar presença em solo nacional foi o MBLAQ, em 2011, como jurado de um concurso cover de K-Pop. O K-Pop Cover Festival consistia no envio de vídeos, seguido pela seleção regional, que ocorreu em São Paulo, e pela disputa em nível mundial, sediada na Coréia. O evento ocorreu em local público, no dia 7 de setembro de 2011.  

BTS no tapete vermelho do Billboard Awards 2018. Da esquerda para a direita: Jin, Jungkook, V, RM, Suga, Jimin e J-Hope. Divulgação: Dispatch

A turnê Wings foi aberta em São Paulo, no dia 19 de março de 2017. Em sua terceira passagem pelo Brasil, o grupo BTS lotou o CitiBank Hall com a venda de ingressos esgotada em poucas horas.  

O grupo K.A.R.D promoveu uma sessão de autógrafos no Teatro da PUC-RS, em Porto Alegre, no dia 23 de setembro daquele ano. Formado pela DSP Ent. e um dos poucos grupos mistos existentes, é composto por quatro integrantes: BM, J.SephJiWoo e SoMin 

O FENÔMENO BANGTAN SONYEONDAN 

Formado pela agência Big Hit Entertainment, o grupo Bangtan Sonyeondan, mais conhecido como BTS, conquistou o gosto do público e venceu as barreiras internacionais.  

RM (nome artístico de Kim Namjoon), Jin (Kim Seokjin), V (Kim Taehyung), J-Hope (Jung Hoseok), Suga (Min Yoongi), Jimin (Park Jimin) e Jungkook (Jeon Jungkook) são os integrantes do grupo mais popular de K-pop da atualidade.  

Desde a estreia, com a música No More Dream, em 2013, os rapazes já acumulam premiações de nível internacional, incluindo prêmios do Billboard Awards e participações no Grammy.    

Recentemente o grupo discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas. Os  rapazes falaram em prol do lançamento do programa “Generation Unlimited” (“Geração sem limites”), uma parceria com a UNICEF, cujo objetivo é aumentar as oportunidades e investimentos para crianças e jovens, entre 10 e 24 anos. 

Em um trecho do discurso Namjoon encoraja os jovens a se amarem, cultivarem o amor próprio: “Não importa quem você seja, de onde você venha, sua cor de pele, sua identidade de gênero, apenas fale! Encontre seu nome e sua voz, falando por si próprio”. 

Até mesmo o presidente Coreano, Moon Jae In, parabenizou os rapazes pelo sucesso do álbum Love Yourself: Tear, que estreou no topo da lista da Billboard 200. Jae In também destacou a importância do sucesso do grupo para a propagação da cultura coreana e para a visibilidade do país.  

 DEPRESSÃO E TRANSTORNOS ALIMENTARES  

A questão de saúde mental no país também vem sendo criticada por profissionais da área. Em entrevista a Forefront Suicide Prevention, o psiquiatra Jin-Hee desabafou sobre a dificuldade de discutir tal assunto na Coréia. “Aqui, se você está sofrendo de depressão, ou qualquer outro distúrbio psicológico, é considerado ‘fraco’”. Isso explica a alta taxa de suicídios entre os k-idols e os próprios jovens coreanos. Cerca de 40 suicídios são registrados por dia no país que tem o maior índice dentre os países desenvolvidos.  

O vocalista do grupo SHINee, Kim Jong-hyun de 27 anos, cometeu suicídio em 2017. Em uma carta de despedida, Kim deixou claro que a principal razão de sua desistência foi a alta pressão que sofria e o agravamento de sua depressão.  

O último caso foi o do rapper Kim Dong Yoon, do grupo Spectrum, que tinha apenas 20 anos, no fim de julho de 2018. A causa da morte ainda não foi esclarecida. Também neste ano o líder do grupo 100%, Seo Min-woo, foi encontrado morto em seu apartamento em Seoul. Aos 33 anos, o cantor não sofria de problemas de saúde e suspeita-se que a causa da morte tenha sido overdose.  

 Outros idols já declararam passar por problemas semelhantes, como é o caso da líder do SNSD, Taeyeon, e Heechul, do grupo Super Junior. Suga, integrante do BTS, resolveu compartilhar sua luta contra a depressão, fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) na faixa solo The Last. A música conta a história de sua vida e dos obstáculos que enfrentou até alcançar o sonho de ser rapper.   

Os transtornos alimentares também são problema recorrente na rotina dos ídolos. A cantora IU revelou ter sofrido de bulimia, devido à sobrecarga e insegurança. O problema se agravou quando a jovem fez sua estreia, aos 15 anos, período no qual começou a sofrer crises de ansiedade, acabando por descontar na comida.   

A pressão, sentida pela cantora e por vários outros artistas, deriva do exigente padrão coreano de beleza. Homens e mulheres de pele clara são bem vistos socialmente, assim como pessoas mais magras e altas. Os olhos devem ser grandes e com pálpebras duplas, o rosto, fino e com maxilar bem desenhado. Não é atoa que a maioria dos k-idols costuma passar por cirurgias plásticas antes da estreia, ou durante a carreira. Não bastasse a pressão de se encaixar nesses requisitos, os artistas coreanos ainda são conhecidos por seu perfeccionismo e pelas incessantes horas de treinamento, o que leva muitos à exaustão após o término de suas apresentações.  

Por outro lado, a maioria dos fãs utiliza as músicas como forma de terapia, como é o caso da jovem Erika Macedo, de 19 anos. “O K-Pop me ajuda demais num sentido psicológico principalmente com a minha ansiedade, eu também fico muito mais feliz e animada quando escuto os grupos que gosto”, desabafa. “Esse gênero também me deu a oportunidade de fazer novas amizades com pessoas de todo o Brasil e também de conhecer uma cultura nova”, completa.  

Reportagem de Evelin Bitencourt, para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana durante o 1º semestre de 2019. Orientação: Profª Carla Simone Doyle Torres.

 

 

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O grupo Monsta X fará sua segunda apresentação no Brasil em 19 de julho deste ano.Divulgação: Revista KoreaIn

Cabelos coloridos, brincos e um estilo único são alguns dos elementos componentes dos MVs (music videos, ou clipes musicais) de música pop coreana, mais conhecido como K-Pop. Com milhões de fãs pelo mundo e movimentando bilhões de dólares com escolas para formação de ídolos, como são chamados os cantores do gênero, a indústria coreana dita tendências na vida de seus adoradores.  

A versão moderna do pop sul-coreano surgiu em 1992 com o grupo Seo Taiji & Boys. O sucesso garantiu a inserção de elementos estrangeiros às músicas e ao material audiovisual, bem como a entrada coreana no mercado de entretenimento internacional, com programas de televisão e novelas.  

Em 2012, logo após o lançamento da música Gangnam Style do rapper PSY, a arrecadação de 3,4 bilhões de dólares foi considerada a maior exportação da Coréia do Sul pela revista Times. De fato, PSY inaugurou a explosão incisiva dos grupos de K-Pop fora dos limites do país, entrando para o Guinness Book como o MV mais visto da história, com 700 milhões de views. 

Os solistas BoA, considerada a “rainha do K-Pop”, e Rain – o show man cantor, ator, dançarino e designer sul-coreano – também foram responsáveis por esse aumento de visibilidade, somando recordes em vendas digitais e shows internacionais.  

Em meados de 2011 novos grupos começaram a ser formados pelas agências de entretenimento. Entre os nomes de maior repercussão no cenário atual estão BTS, Monsta X, EXO e Black Pink.   

 EMPRESAS DE ENTRETENIMENTO  

 Os ídolos são agenciados por empresas com regras próprias. Elas são responsáveis pela divulgação e tudo o que envolva a vida pessoal dos artistas fora das câmeras. Os jovens aspirantes a cantores chegam a passar até dez anos em processo de treinamento antes de serem lançados no mercado, seja como solistas ou membros de grupos.  

Programas de sobrevivência se tornaram populares na escolha de jovens talentos. Win – Who is next?, criado pelo CEO da YG Entertainment, separou 11 garotos em dois times que competiam entre si em apresentações de canto, dança e composição. Os vencedores debutaram como o grupo Winner formado, atualmente, por quatro integrantes. O mesmo aconteceu no reality No Mercy, que reuniu 12 trainees da Starship Entertainment em batalhas individuais e em grupo. Sete rapazes foram escolhidos para compor o grupo Monsta X, um dos queridinhos do público brasileiro.  

Em entrevista ao site UOL Entretenimento, Natalia Pak e Érica Imenes, coautoras do livro “K-Pop: Manual de Sobrevivência” (Gutenberg, 2017) comentam sobre o processo de escolha dos ídolos e da competitividade do mercado. “Quando o artista passa em uma audição em alguma agência, geralmente leva de 2 a 5 anos de treino até que esteja preparado para debutar”, afirmou Natalia.  

“Quando um grupo consegue estrear, mesmo depois de muitos anos como trainees, eles encontram pela frente uma agenda apertada, muito trabalho, nenhum descanso, distância da família e dos amigos”, acrescenta Érica.   

 KPOPPERS  

O termo serve para identificar os fãs, subdivididos em uma infinidade de fandoms espalhados pelo planeta. Aparentemente frios e isolados do restante do mundo, os fãs coreanos são considerados os mais enérgicos em relação à cobrança que exercem e sofrem, indiretamente, de seus amigos e familiares. Atores, cantores, dançarinos, ninguém escapa aos olhos aguçados das sasaengs (as stalkers coreanas), as quais chegam ao cúmulo de contratar serviços de taxistas para seguir os famosos. O stalk intenso gera a necessidade de viver em função do ídolo e isso acaba influenciando fãs a tomarem atitudes extremas, como hackear câmeras de segurança de prédios e escrever cartas com sangue e dedicatórias macabras.  

“Conheci o K-Pop em 2017, por influência de uma amiga. O primeiro grupo com o qual tive contato foi BTS”, conta a estudante de Jornalismo Emily Mayer. Aos vinte anos, Emily passou a pesquisar mais sobre a cultura e costumes coreanos depois de entrar nesse universo. O tema a levou a conhecer canais no YouTube e outros fãs que se tornaram parte de seu círculo de amizade. 

Ainda de acordo com Emil o preconceito sofrido pelos fãs, principalmente em cidades como Santa Maria, nas quais esse gênero musical não é tão conhecido, é um assunto que deve ser levado à discussão. “Os geeks já sofrem por conta de seus gostos, se juntarmos isso ao fato de gostarem de K-Pop, ou J-Pop (pop japonês), a estigmatização é muito grande. Ouvimos perguntas do tipo: ‘como vocês podem gostar de uma indústria que explora as pessoas?’”, desabafa.  

“Grande parte das pessoas não consegue entender o estilo dos homens coreanos, o que gera opiniões machistas e homofóbicas”, ressalta Mariana Teixeira, estudante de Artes Visuais da UFSM. “É muito difícil achar fãs de K-pop aqui em Santa Maria e é até mesmo complicado tocar no assunto. Nunca se sabe que tipo de reação as pessoas vão ter”, completa. 

Expandindo o olhar sobre a questão, pode-se notar que a alta cobrança coreana é uma questão cultural. A necessidade de mostrar-se capaz de ocupar espaços de destaque em um mundo bastante ocidentalizado e com enormes potências como os Estados Unidos e a China, se manifesta por meio da pressão exercida sobre todas as camadas sociais. Há grande investimento em educação, principalmente de nível básico na Coréia, e os estudantes costumam sacrificar seus poucos momentos de lazer na tentativa de conseguir as melhores notas e, consequentemente, os melhores empregos na indústria nacional. 

 VINDAS AO BRASIL  

Os grupos Beast, 4Minute, Super Junior, BTS, SHINee, B.A.P, VIXX e os solistas HYUNA e G.NA já estiveram em solo brasileiro.  

O primeiro a marcar presença em solo nacional foi o MBLAQ, em 2011, como jurado de um concurso cover de K-Pop. O K-Pop Cover Festival consistia no envio de vídeos, seguido pela seleção regional, que ocorreu em São Paulo, e pela disputa em nível mundial, sediada na Coréia. O evento ocorreu em local público, no dia 7 de setembro de 2011.  

BTS no tapete vermelho do Billboard Awards 2018. Da esquerda para a direita: Jin, Jungkook, V, RM, Suga, Jimin e J-Hope. Divulgação: Dispatch

A turnê Wings foi aberta em São Paulo, no dia 19 de março de 2017. Em sua terceira passagem pelo Brasil, o grupo BTS lotou o CitiBank Hall com a venda de ingressos esgotada em poucas horas.  

O grupo K.A.R.D promoveu uma sessão de autógrafos no Teatro da PUC-RS, em Porto Alegre, no dia 23 de setembro daquele ano. Formado pela DSP Ent. e um dos poucos grupos mistos existentes, é composto por quatro integrantes: BM, J.SephJiWoo e SoMin 

O FENÔMENO BANGTAN SONYEONDAN 

Formado pela agência Big Hit Entertainment, o grupo Bangtan Sonyeondan, mais conhecido como BTS, conquistou o gosto do público e venceu as barreiras internacionais.  

RM (nome artístico de Kim Namjoon), Jin (Kim Seokjin), V (Kim Taehyung), J-Hope (Jung Hoseok), Suga (Min Yoongi), Jimin (Park Jimin) e Jungkook (Jeon Jungkook) são os integrantes do grupo mais popular de K-pop da atualidade.  

Desde a estreia, com a música No More Dream, em 2013, os rapazes já acumulam premiações de nível internacional, incluindo prêmios do Billboard Awards e participações no Grammy.    

Recentemente o grupo discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas. Os  rapazes falaram em prol do lançamento do programa “Generation Unlimited” (“Geração sem limites”), uma parceria com a UNICEF, cujo objetivo é aumentar as oportunidades e investimentos para crianças e jovens, entre 10 e 24 anos. 

Em um trecho do discurso Namjoon encoraja os jovens a se amarem, cultivarem o amor próprio: “Não importa quem você seja, de onde você venha, sua cor de pele, sua identidade de gênero, apenas fale! Encontre seu nome e sua voz, falando por si próprio”. 

Até mesmo o presidente Coreano, Moon Jae In, parabenizou os rapazes pelo sucesso do álbum Love Yourself: Tear, que estreou no topo da lista da Billboard 200. Jae In também destacou a importância do sucesso do grupo para a propagação da cultura coreana e para a visibilidade do país.  

 DEPRESSÃO E TRANSTORNOS ALIMENTARES  

A questão de saúde mental no país também vem sendo criticada por profissionais da área. Em entrevista a Forefront Suicide Prevention, o psiquiatra Jin-Hee desabafou sobre a dificuldade de discutir tal assunto na Coréia. “Aqui, se você está sofrendo de depressão, ou qualquer outro distúrbio psicológico, é considerado ‘fraco’”. Isso explica a alta taxa de suicídios entre os k-idols e os próprios jovens coreanos. Cerca de 40 suicídios são registrados por dia no país que tem o maior índice dentre os países desenvolvidos.  

O vocalista do grupo SHINee, Kim Jong-hyun de 27 anos, cometeu suicídio em 2017. Em uma carta de despedida, Kim deixou claro que a principal razão de sua desistência foi a alta pressão que sofria e o agravamento de sua depressão.  

O último caso foi o do rapper Kim Dong Yoon, do grupo Spectrum, que tinha apenas 20 anos, no fim de julho de 2018. A causa da morte ainda não foi esclarecida. Também neste ano o líder do grupo 100%, Seo Min-woo, foi encontrado morto em seu apartamento em Seoul. Aos 33 anos, o cantor não sofria de problemas de saúde e suspeita-se que a causa da morte tenha sido overdose.  

 Outros idols já declararam passar por problemas semelhantes, como é o caso da líder do SNSD, Taeyeon, e Heechul, do grupo Super Junior. Suga, integrante do BTS, resolveu compartilhar sua luta contra a depressão, fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) na faixa solo The Last. A música conta a história de sua vida e dos obstáculos que enfrentou até alcançar o sonho de ser rapper.   

Os transtornos alimentares também são problema recorrente na rotina dos ídolos. A cantora IU revelou ter sofrido de bulimia, devido à sobrecarga e insegurança. O problema se agravou quando a jovem fez sua estreia, aos 15 anos, período no qual começou a sofrer crises de ansiedade, acabando por descontar na comida.   

A pressão, sentida pela cantora e por vários outros artistas, deriva do exigente padrão coreano de beleza. Homens e mulheres de pele clara são bem vistos socialmente, assim como pessoas mais magras e altas. Os olhos devem ser grandes e com pálpebras duplas, o rosto, fino e com maxilar bem desenhado. Não é atoa que a maioria dos k-idols costuma passar por cirurgias plásticas antes da estreia, ou durante a carreira. Não bastasse a pressão de se encaixar nesses requisitos, os artistas coreanos ainda são conhecidos por seu perfeccionismo e pelas incessantes horas de treinamento, o que leva muitos à exaustão após o término de suas apresentações.  

Por outro lado, a maioria dos fãs utiliza as músicas como forma de terapia, como é o caso da jovem Erika Macedo, de 19 anos. “O K-Pop me ajuda demais num sentido psicológico principalmente com a minha ansiedade, eu também fico muito mais feliz e animada quando escuto os grupos que gosto”, desabafa. “Esse gênero também me deu a oportunidade de fazer novas amizades com pessoas de todo o Brasil e também de conhecer uma cultura nova”, completa.  

Reportagem de Evelin Bitencourt, para a disciplina de Jornalismo Especializado, do Curso de Jornalismo da Universidade Franciscana durante o 1º semestre de 2019. Orientação: Profª Carla Simone Doyle Torres.