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Neste domingo, o coração do Rio Grande do Sul foi preenchido por cerca de 500 mil devotos que participaram da 76ª Romaria Estadual da Medianeira, o maior evento religioso do estado e que atrai pessoas do Brasil inteiro. A procissão, que partiu da Catedral Metropolitana às 8h30, percorreu diversas ruas da cidade até chegar na Basílica da Medianeira, onde já era aguardada por diversos fiéis, vendedores e artistas de rua.
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Afinal, além de mexer com a devoção de muitos, o evento também é aguardado durante todo o ano por pessoas que tiram o seu sustento em diversas romarias pelo Brasil. A equipe da CentralSul conversou com diversos vendedores que chegaram na noite anterior, vindos de diversas partes do país e do mundo. Além do próprio sustento, alguns trabalhadores, oriundos da África, contaram que pretendem enviar parte dos lucros obtidos no evento para as famílias em seus país de origem.
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Mas não foram apenas os vendedores que percorreram longas distâncias para estarem ali. O registrador público Carlos Fernando Reis, de 62 anos, caminhou por mais de 300 km em dez finais de semana para participar da romaria e cumprir uma promessa que fez aos 16 anos. “Eu fiz a promessa pedindo sempre muita graça a Dom Antônio Reis, meu tio-avô e bispo, enterrado junto à Catedral, e também à Nossa Senhora da Medianeira.”, conta ele. Torcedor apaixonado do Grêmio, ele aproveita para pedir paz nos estádios e faz um gesto de solidariedade e união ao trajar uma vestimenta de Sheik. A roupa é uma homenagem ao povo dos Emirados Árabes, país majoritariamente muçulmano e que o acolheu muito bem quando viajou para acompanhar o Grêmio no mundial de Clube de 2017.
Mãe e filha participam da Romaria todo ano em agradecimento à graça alcançada.Não foram poucos os exemplos de tolerância e irmandade entre diferentes religiões. Uma filha católica participou do evento ao lado de sua mãe, umbandista, que sofre de insuficiência renal crônica há seis anos, e que vê na fé um apoio para lutar contra a doença e manter a família unida. “A Nossa Senhora da Medianeira, independente da fé, da raça, do gênero ou de qualquer outra coisa, move todo esse povo”, conta a romeira emocionada.
O ambiente familiar de união e fraternidade não se faz presente apenas de forma física, mas também nos ensinamentos passados de geração em geração, como no caso do Frei capuchinho Rodrigo Antunes: “Desde pequeno eu fui inserido na vivência da igreja, trabalhava e acompanhava os meus pais. Isso influenciou muito, além do chamado de Deus, é claro.” Para o Frei Rafael Botelho, a devoção também se dá por uma questão histórica. “Essa devoção à Maria é muito enraizada, o Brasil foi colonizado a partir dessa fé. Os primeiros missionários do nosso país, os jesuítas, implantaram essa devoção mariana no nosso país.”, conclui.
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Fotos: Patrício de Freitas
Matéria produzida por Patrício de Freitas e Sandro Schlemmer, na disciplina de Produção da Notícia do curso de Jornalismo da UFN.