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Santa Maria, RS, Brazil

A representatividade das minorias na mídia nacional

Arquivo ACS

A representatividade midiática é o ato de representar comunidades e grupos por meio de veículos de comunicação de grande alcance, como o cinema, a televisão, o rádio e os jornais. A mídia tem a tarefa importante de representar minorias, dando voz e força para aqueles que lutam contra preconceitos e estereótipos construídos ao longo do tempo.

Um exemplo de representatividade na mídia é um filme ter grande parte do seu elenco negro e ocupando  papéis importantes para trama. A representatividade existe na mídia nacional e está caminhando para melhorar, mas é ainda muito mal distribuída, e os grupos que realmente necessitam dela, muitas vezes, acabam não sendo representados da forma que deveriam. Na verdade, muitos acabam  sendo humilhados ou estereotipados pelo próprio complexo midiático, contribuindo ainda mais para uma cultura que exclui minorias pelo preconceito. Umas das formas incorretas de representar o negro, por exemplo, é generalizar ou usar termos em uma matéria que indicam que o “bandido” só é bandido, porque é negro. Ou mesmo insinuar que os demais da mesma etnia também o são.

Acontece muito de jornalistas darem voz a fontes com discursos que incitam o ódio, também uma forma de representar o outro de forma negativa. O uso incorreto resulta em propagações de preconceitos e padrões de comportamentos que muitas vezes são tóxicos para as pessoas. Outro exemplo de representatividade distorcida é o fato de colocar uma mulher em uma posição frágil e delicada, na qual ela sempre precisa de um homem para dar o próximo passo. A propagação desse padrão nas grandes mídias tem um efeito negativo na sociedade, onde meninas crescem achando que esse é o jeito de agir, que elas não precisam pensar por elas mesmas porque o homem vai fazer todo trabalho,ou seja, é a representatividade negativa que acaba estimulando uma cultura machista de comportamento feminino. E quem ousar a agir de forma contrária, acaba sofrendo julgamentos.

A representatividade também possui o poder de fazer o bem e realmente mudar a vida de uma pessoa, pois se ver na mídia e se sentir verdadeiramente representado causa um efeito de motivação de sonhos que já até estavam desacreditados. Os meios mais eficazes para distribuir a representatividade de forma justa e que beneficiasse a todos seria diversificar todas as produções que alcançam o grande público, principalmente com séries e filmes. Hoje em dia ainda há exemplos de filmes e séries com protagonistas negros, LGBT+ ou mulheres fortes, e mesmo eles sendo poucos já fazem uma grande diferença em uma sociedade que se nega a abrir os olhos para as diferenças.

Uma produção cinematográfica nacional que é exemplo de representatividade das mulheres é a série “A Coisa Mais Linda”, que retrata claramente o machismo e o sofrimento de mulheres na década de 50. Além do fato da produção contar com três protagonistas mulheres e uma delas ser negra, o enredo mostra as dificuldades das mulheres em serem donas de si mesmo e de suas decisões. Elas não podiam sequer assinar um financiamento, porque precisava da presença masculina, e isso é bastante chocante. Na época, era naturalizado o abandono do esposo para com a companheira, mas era “feio” ser mulher separada.  Um ponto em que a representatividade foi negativa,é o fato da figura da mulher negra ser representada através de uma pobre doméstica. Porque a negra não pode ser a mulher bem-sucedida?

As representações são constitutivas de cultura, sentido e conhecimento sobre nós mesmos e também as pessoas à nossa volta. Muito mais do que simplesmente refletir a realidade dessas representações nas mídias como filme, televisão, blogs, ou jornalismo impresso, elas criam realidades e normalizam visões de mundo específicas. Vale ressaltar que no Brasil, através de uma percepção particular, os veículos – principalmente Rede Globo de Televisão, quando dá visibilidade às minorias ou dão ênfase a discursos humanitários, acabam sendo confundidos com posicionamento ideológico. Mas isso é discussão para um outro artigo.

Andriele Hoffmann, acadêmica de Jornalismo da UFN

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A representatividade midiática é o ato de representar comunidades e grupos por meio de veículos de comunicação de grande alcance, como o cinema, a televisão, o rádio e os jornais. A mídia tem a tarefa importante de representar minorias, dando voz e força para aqueles que lutam contra preconceitos e estereótipos construídos ao longo do tempo.

Um exemplo de representatividade na mídia é um filme ter grande parte do seu elenco negro e ocupando  papéis importantes para trama. A representatividade existe na mídia nacional e está caminhando para melhorar, mas é ainda muito mal distribuída, e os grupos que realmente necessitam dela, muitas vezes, acabam não sendo representados da forma que deveriam. Na verdade, muitos acabam  sendo humilhados ou estereotipados pelo próprio complexo midiático, contribuindo ainda mais para uma cultura que exclui minorias pelo preconceito. Umas das formas incorretas de representar o negro, por exemplo, é generalizar ou usar termos em uma matéria que indicam que o “bandido” só é bandido, porque é negro. Ou mesmo insinuar que os demais da mesma etnia também o são.

Acontece muito de jornalistas darem voz a fontes com discursos que incitam o ódio, também uma forma de representar o outro de forma negativa. O uso incorreto resulta em propagações de preconceitos e padrões de comportamentos que muitas vezes são tóxicos para as pessoas. Outro exemplo de representatividade distorcida é o fato de colocar uma mulher em uma posição frágil e delicada, na qual ela sempre precisa de um homem para dar o próximo passo. A propagação desse padrão nas grandes mídias tem um efeito negativo na sociedade, onde meninas crescem achando que esse é o jeito de agir, que elas não precisam pensar por elas mesmas porque o homem vai fazer todo trabalho,ou seja, é a representatividade negativa que acaba estimulando uma cultura machista de comportamento feminino. E quem ousar a agir de forma contrária, acaba sofrendo julgamentos.

A representatividade também possui o poder de fazer o bem e realmente mudar a vida de uma pessoa, pois se ver na mídia e se sentir verdadeiramente representado causa um efeito de motivação de sonhos que já até estavam desacreditados. Os meios mais eficazes para distribuir a representatividade de forma justa e que beneficiasse a todos seria diversificar todas as produções que alcançam o grande público, principalmente com séries e filmes. Hoje em dia ainda há exemplos de filmes e séries com protagonistas negros, LGBT+ ou mulheres fortes, e mesmo eles sendo poucos já fazem uma grande diferença em uma sociedade que se nega a abrir os olhos para as diferenças.

Uma produção cinematográfica nacional que é exemplo de representatividade das mulheres é a série “A Coisa Mais Linda”, que retrata claramente o machismo e o sofrimento de mulheres na década de 50. Além do fato da produção contar com três protagonistas mulheres e uma delas ser negra, o enredo mostra as dificuldades das mulheres em serem donas de si mesmo e de suas decisões. Elas não podiam sequer assinar um financiamento, porque precisava da presença masculina, e isso é bastante chocante. Na época, era naturalizado o abandono do esposo para com a companheira, mas era “feio” ser mulher separada.  Um ponto em que a representatividade foi negativa,é o fato da figura da mulher negra ser representada através de uma pobre doméstica. Porque a negra não pode ser a mulher bem-sucedida?

As representações são constitutivas de cultura, sentido e conhecimento sobre nós mesmos e também as pessoas à nossa volta. Muito mais do que simplesmente refletir a realidade dessas representações nas mídias como filme, televisão, blogs, ou jornalismo impresso, elas criam realidades e normalizam visões de mundo específicas. Vale ressaltar que no Brasil, através de uma percepção particular, os veículos – principalmente Rede Globo de Televisão, quando dá visibilidade às minorias ou dão ênfase a discursos humanitários, acabam sendo confundidos com posicionamento ideológico. Mas isso é discussão para um outro artigo.

Andriele Hoffmann, acadêmica de Jornalismo da UFN