A pandemia do novo Coronavírus provocou uma mudança na sociedade, inclusive na área artística. Shows e jantar-bailes foram cancelados para atender uma das principais medidas de prevenção da doença: não proporcionar aglomeração de pessoas. Este cenário fez com que a rotina do Grupo Tchê Chaleira, de São Sepé, ganhasse novo ritmo. Isto porque o Grupo se inseriu ainda mais nas redes sociais e vem estreitando relacionamento com fãs e simpatizantes.
Exemplo disso foi a live realizada no YouTube no dia 15 de abril. Até o início de junho, a transmissão obteve quase 300 mil visualizações no total. O engajamento também ocorre no Facebook, especialmente com postagens sobre curiosidades do Grupo, músicas que fazem sucesso e chamada para a segunda Live #chaleirou no dia 21 de junho.
Para saber mais sobre as apresentações, ações solidárias e detalhes do sucesso Tô bebendo demais, que possui mais de 27 milhões de visualizações somente no Youtube, confira a entrevista com Roger Wegner, baixista Tchê Chaleira. Além dele, o Grupo é formado por Igor Freitas, guitarra e voz; Rhudi Espínola, bateria e voz; Mário Junior, vocalista; João Baldessari, gaita e voz; Jeferson Solner, gaita e voz, e Anderson Wegner, manager (agente musical).
Pablo Milani e Eduardo Schneider: O grupo realizou uma live com mais de três horas de duração no dia 15 de abril, em São Sepé. Como foi essa experiência, sem o público no salão de shows?
Roger Wegner (TC): A experiência foi muito interessante, pois foi a primeira vez que fizemos uma transmissão ao vivo pelo YouTube. Mesmo sendo acostumados a nos apresentar para grandes públicos durante mais de 23 anos, como ainda não tínhamos feito esse modelo de show, ficamos muito nervosos. Estávamos apreensivos com tudo mesmo, desde se a conexão estava legal, se os comentários do público estavam sendo positivos e se o cenário estava bonito. Mesmo assim, ocorreu da melhor forma possível. Colhemos bons frutos dessa primeira experiência.
PM e ES: No dia 8 de maio, foi feita a entrega da doação arrecadada pela vaquinha online no dia da live. Os recursos foram entregues para o Hospital Santo Antônio de São Sepé. O que significou este gesto solidário e qual lição fica?
RW (TC): Para nós significou muito, pois pudemos ajudar o hospital da nossa cidade, que embora seja pequeno, é muito organizado, e atende de uma forma muito profissional toda a nossa população. Como residimos em São Sepé, tem mais valor ainda, porque dessa forma pudemos, por consequência, ajudar conhecimentos, amigos, e até quem não conhecemos mas que dividem o município com a gente.
PM e ES: Vocês tem postado vídeos no Facebook falando sobre diversos assuntos que envolvem o Tchê Chaleira. Como e quando surgiu esta ideia e qual o objetivo?
RW (TC): Foi a forma que achamos para interagir mais com o nosso público, que devido a parada, acabou se distanciando dos bailes, e por consequência, de nós mesmos. Surgiu logo depois da live, porque vimos que o público precisava de interação contínua conosco. Então buscamos variar assuntos para cada vez mais engajar mais seguidores em nossas redes sociais.
PM e ES: Vocês consideram, então, que as redes sociais são ferramentas importantes para manter o vínculo entre integrantes do grupo e o público?
RW (TC): Com certeza, pois hoje as redes sociais são a nossa TV aberta, a nossa rádio, não substituindo esses veículos de suma importância em qualquer carreira, mas servem como meio de expor aos olhos de todos de uma forma mais barata e justa.
PM e ES: A presença de vocês nas redes sociais já existia ou foi alternativa encontrada devido a pandemia do novo Coronavírus?
RW (TC): Sempre usamos as redes sociais para isso, porém como a live no YouTube foi a primeira vez. A live serviu para nos mostrar que é mais uma ótima ferramenta de divulgação do nosso trabalho.
PM e ES: Uma das principais fontes de renda de um grupo musical é o show. Com o cancelamento deste tipo de prática artística, ainda com prazo indefinido, como vocês planejam o futuro?
RW (TC): Planejamento em si é bem difícil de fazer porque não sabemos quando voltará tudo ao normal. Seguimos trabalhando em novas músicas e novos clipes para lançarmos quando tudo voltar.
PM e ES: Vocês pretendem fazer alguma música que reflita sobre a pandemia?
RW (TC): De momento ainda não surgiu.
PM e ES: Se porventura o cancelamento de shows ainda persistir por mais tempo em virtude da pandemia, o grupo pretende realizar outras lives para se aproximar dos fãs e ao mesmo tempo ajudar aos necessitados?
RW (TC): Com certeza. Teremos no dia 21 de junho, em nosso canal do YouTube, que tem como beneficente o Lar das Vovozinhas de Santa Maria. Na oportunidade, iremos fazer a festa anual que o pessoal sempre organiza em junho para ajudar as vovozinhas, porém a festa será por nossa conta online. Quem quiser doar é só assistir a live e fazer a sua parte através do QR Code que estará disponível, bem como, um telefone para doações diretas. (N.R.: a entrevista foi realizada no final de maio)
Do sul para o Brasil: Tô Bebendo Demais é sucesso no país
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Indo além de questões relacionadas a pandemia do novo Coronavírus, é impossível não perguntar sobre a música Tô Bebendo Demais, que possui mais de 27 milhões de visualizações somente no YouTube. Se acrescentar Facebook e Spotify, o número é de quase 38 milhões.
PM e ES: Como vocês destacam o sucesso dessa música na trajetória do grupo?
RW (TC): Foi o maior sucesso da história do Tchê Chaleira sem sombra de dúvidas. Nos elevou a um patamar muito alto, proporcionando ao Grupo espaços e conquistas inimagináveis. Através desse sucesso participamos de programas em rede nacional, como Programa do Ratinho e Raul Gil, além de ser a primeira banda do sul a alcançar a marca de 100 mil inscritos no Youtube, recebendo assim, a placa de premiação por esse número alcançado. Com tudo isso, a Tô Bebendo Demais foi um marco, não só para o Tchê Chaleira mas para toda a música do sul, pois ela ficou em primeiro lugar no nosso estilo durante dois anos e meio nas rádios de todo o sul, em um mercado que não dava espaço para as músicas de bandas, e sim para o estilo sertanejo. Então acredito que esse foi o feito que a Tô Bebendo Demais fez em prol de toda música do sul.
PM e ES: Por fim, quais são as referências ou influências do grupo?
RW (TC): Todas as bandas, inclusive algumas que não são do nosso estilo. Fica difícil citar uma ou cinco, pois sempre buscamos admirar os mais variados estilos para formar o nosso.
Por Pablo Milani e Eduardo Schneider, acadêmicos do curso de Jornalismo da UFN. Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Cultural, orientada pelo professor Carlos Alberto Badke.