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Santa Maria, RS, Brazil

Pandemia transformou a convivência familiar

O ano é 2019, mês de dezembro. Na televisão, notícias vindas da cidade de Wuhan, na China, relatavam o surgimento de um vírus que afetava os pulmões, causava pneumonia e, inevitavelmente, causava a morte. O que se via eram pessoas caídas na rua sem que ninguém se atrevesse a chegar perto para prestar socorro. Mas isso é lá na China, uma realidade tão distante de nós. Na China, acontecem coisas estranhas, eu pensava.

Em fevereiro de 2020, é registrado o primeiro caso de covid no Brasil. A partir daí, a contaminação se espalhou rapidamente por todo o país. Primeiro, ficamos sabendo de casos nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas não tardou até aparecerem e se disseminarem casos em Santa Maria.

Como não havia muito conhecimento sobre o vírus e a doença causada por ele, fui dispensada do trabalho, juntamente com meus colegas. Ficar em casa sem saber o que estava por vir foi angustiante. E era preciso ficar, de fato, em casa, sair o mínimo possível, como é até hoje. Eu sentia medo de ir ao supermercado, à farmácia, ou seja, medo de desempenhar as atividades corriqueiras fora de casa. Depois, com mais conhecimento sobre o vírus, pude voltar ao trabalho, o que amenizou o medo e trouxe a falsa sensação de normalidade.

O mais difícil foi e está sendo ficar longe da minha família, que é bem numerosa e bastante unida. Sinto falta da convivência com minha mãe, que já tem idade avançada, e com meus irmãos e irmãs e sobrinhos e sobrinhas… Com todos eles, eu costumava me reunir com frequência, mas agora são apenas encontros rápidos e, literalmente, distantes, sem abraço, sem junção, sem caipirinha no mesmo copo, sem chimarrão.

Apesar de todas as coisas ruins que a pandemia trouxe: mortes, desemprego, fome, insegurança, saudade, teve o lado positivo, mas, infelizmente, para uma pequena parcela da população, na qual me incluo. Tive a oportunidade de aprender muito, principalmente no que se refere aos aspectos tecnológicos. Foi possível fazer cursos de forma on-line, seguir com o curso de Biblioteconomia, que faço na modalidade a distância, participar de reuniões por videoconferência, ou seja, as atividades profissionais, depois de um tempo, e acadêmicas seguiram normalmente, apesar das adaptações.

Ainda vivemos tempos de incertezas e de medo, mas, com a chegada da vacina, mesmo que de forma lenta, no Brasil, a esperança em dias melhores está renascendo.

 

 

Por Janette Mariano Godois, professora de Letras, atua no  Setor de Aquisição da Biblioteca da UFN

 

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O ano é 2019, mês de dezembro. Na televisão, notícias vindas da cidade de Wuhan, na China, relatavam o surgimento de um vírus que afetava os pulmões, causava pneumonia e, inevitavelmente, causava a morte. O que se via eram pessoas caídas na rua sem que ninguém se atrevesse a chegar perto para prestar socorro. Mas isso é lá na China, uma realidade tão distante de nós. Na China, acontecem coisas estranhas, eu pensava.

Em fevereiro de 2020, é registrado o primeiro caso de covid no Brasil. A partir daí, a contaminação se espalhou rapidamente por todo o país. Primeiro, ficamos sabendo de casos nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas não tardou até aparecerem e se disseminarem casos em Santa Maria.

Como não havia muito conhecimento sobre o vírus e a doença causada por ele, fui dispensada do trabalho, juntamente com meus colegas. Ficar em casa sem saber o que estava por vir foi angustiante. E era preciso ficar, de fato, em casa, sair o mínimo possível, como é até hoje. Eu sentia medo de ir ao supermercado, à farmácia, ou seja, medo de desempenhar as atividades corriqueiras fora de casa. Depois, com mais conhecimento sobre o vírus, pude voltar ao trabalho, o que amenizou o medo e trouxe a falsa sensação de normalidade.

O mais difícil foi e está sendo ficar longe da minha família, que é bem numerosa e bastante unida. Sinto falta da convivência com minha mãe, que já tem idade avançada, e com meus irmãos e irmãs e sobrinhos e sobrinhas… Com todos eles, eu costumava me reunir com frequência, mas agora são apenas encontros rápidos e, literalmente, distantes, sem abraço, sem junção, sem caipirinha no mesmo copo, sem chimarrão.

Apesar de todas as coisas ruins que a pandemia trouxe: mortes, desemprego, fome, insegurança, saudade, teve o lado positivo, mas, infelizmente, para uma pequena parcela da população, na qual me incluo. Tive a oportunidade de aprender muito, principalmente no que se refere aos aspectos tecnológicos. Foi possível fazer cursos de forma on-line, seguir com o curso de Biblioteconomia, que faço na modalidade a distância, participar de reuniões por videoconferência, ou seja, as atividades profissionais, depois de um tempo, e acadêmicas seguiram normalmente, apesar das adaptações.

Ainda vivemos tempos de incertezas e de medo, mas, com a chegada da vacina, mesmo que de forma lenta, no Brasil, a esperança em dias melhores está renascendo.

 

 

Por Janette Mariano Godois, professora de Letras, atua no  Setor de Aquisição da Biblioteca da UFN