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Que distância tem o distanciamento?

Os efeitos do distanciamento social em lugares públicos. Foto: Lavignea Witt.

A palavra distanciamento sempre foi só mais um substantivo masculino presente no vocabulário dos brasileiros. Aí 2020 chegou, a pandemia do novo coronavírus se instalou no mundo, e o que parecia ser uma palavra inofensiva passou a ser uma expressão utilizada em todas as mídias sociais e em conversas aleatórias sobre o cotidiano. Mais do que isso, tornou-se parte de nossas vidas, nos impactando profundamente. Ter lugares delimitados no chão em lojas, farmácias, supermercados e em tantos outros lugares virou algo comum. Todo mundo sabe: são necessários de 1,5 a 2 metros. Pensando assim, até parece pouco. Apenas 2 metros. Contudo, esses 200 centímetros foram capazes de mudar a vida de todas as pessoas ao redor do mundo.

Ninguém poderia imaginar que atividades, consideradas normais no dia a dia, precisariam de tantas regras para acontecerem. Foi como se a pandemia tivesse jogado um balde de água fria em todas as relações. Os encontros com pessoas precisaram ser adaptados para o mundo virtual. Aquela festa de aniversário agora acontece por videochamada. A conversa entre os amigos, também. As aulas, que antes enchiam uma sala qualquer com vozes e expressões, agora dependem quase que totalmente da tecnologia para ocorrer. E mais do que mudar a forma como nos encontramos com as pessoas, a pandemia gerou reflexões sobre como a vida era antes e como ficou depois da prática do distanciamento social.

Em outro tempo, era normal subestimar a interação física com as pessoas. Quem nunca escapou de um convite para encontrar amigos? A conexão com os outros se reduzia a um aperto de mão e ao contato visual. Havia a necessidade de delimitar cada expressão física ao socialmente aceito. Na atual circunstância, o contato físico nunca foi tão importante para o bem-estar. E é difícil abrir mão, de uma hora para a outra, de todas as atividades que envolviam estar fora de casa e conviver com outras pessoas. A verdade é que estamos todos vivendo um luto, em relação a tudo que deixamos para trás. Uma vez, ouvi de uma profissional da psicologia que luto não refere-se só a perda de um ente querido. O luto também é tudo aquilo que, por consequência de uma situação, precisamos mudar ou deixar de fazer. E, na atual conjuntura, quase tudo mudou.

A rotina, a convivência com pessoas de fora, a maneira de estudar e trabalhar, as relações entre amigos e até uma ida ao supermercado. Muita coisa precisou ser adaptada, mas tudo precisou ser ressignificado. Um simples abraço não é mais um simples abraço. Ir ali com os amigos faz muita falta. Ter conversas produtivas com colegas e professores na faculdade nunca foi tão significativo. Ou seja, é necessário transmitir emoções que vão além do que se comunicar apenas verbalmente. E quando a pandemia acalmar, as relações sociais voltarão a ser presenciais com algumas marcas e novos sentidos deixados pelo distanciamento. Mas que essas ressignificações permaneçam como uma forma de aprendizado pelo tempo difícil que passou. 

Este texto faz parte do Projeto Experimental em Jornalismo, do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, realizado pela acadêmica Lavignea Witt durante o primeiro semestre de 2021, com orientação da professora Neli Mombelli. 

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Os efeitos do distanciamento social em lugares públicos. Foto: Lavignea Witt.

A palavra distanciamento sempre foi só mais um substantivo masculino presente no vocabulário dos brasileiros. Aí 2020 chegou, a pandemia do novo coronavírus se instalou no mundo, e o que parecia ser uma palavra inofensiva passou a ser uma expressão utilizada em todas as mídias sociais e em conversas aleatórias sobre o cotidiano. Mais do que isso, tornou-se parte de nossas vidas, nos impactando profundamente. Ter lugares delimitados no chão em lojas, farmácias, supermercados e em tantos outros lugares virou algo comum. Todo mundo sabe: são necessários de 1,5 a 2 metros. Pensando assim, até parece pouco. Apenas 2 metros. Contudo, esses 200 centímetros foram capazes de mudar a vida de todas as pessoas ao redor do mundo.

Ninguém poderia imaginar que atividades, consideradas normais no dia a dia, precisariam de tantas regras para acontecerem. Foi como se a pandemia tivesse jogado um balde de água fria em todas as relações. Os encontros com pessoas precisaram ser adaptados para o mundo virtual. Aquela festa de aniversário agora acontece por videochamada. A conversa entre os amigos, também. As aulas, que antes enchiam uma sala qualquer com vozes e expressões, agora dependem quase que totalmente da tecnologia para ocorrer. E mais do que mudar a forma como nos encontramos com as pessoas, a pandemia gerou reflexões sobre como a vida era antes e como ficou depois da prática do distanciamento social.

Em outro tempo, era normal subestimar a interação física com as pessoas. Quem nunca escapou de um convite para encontrar amigos? A conexão com os outros se reduzia a um aperto de mão e ao contato visual. Havia a necessidade de delimitar cada expressão física ao socialmente aceito. Na atual circunstância, o contato físico nunca foi tão importante para o bem-estar. E é difícil abrir mão, de uma hora para a outra, de todas as atividades que envolviam estar fora de casa e conviver com outras pessoas. A verdade é que estamos todos vivendo um luto, em relação a tudo que deixamos para trás. Uma vez, ouvi de uma profissional da psicologia que luto não refere-se só a perda de um ente querido. O luto também é tudo aquilo que, por consequência de uma situação, precisamos mudar ou deixar de fazer. E, na atual conjuntura, quase tudo mudou.

A rotina, a convivência com pessoas de fora, a maneira de estudar e trabalhar, as relações entre amigos e até uma ida ao supermercado. Muita coisa precisou ser adaptada, mas tudo precisou ser ressignificado. Um simples abraço não é mais um simples abraço. Ir ali com os amigos faz muita falta. Ter conversas produtivas com colegas e professores na faculdade nunca foi tão significativo. Ou seja, é necessário transmitir emoções que vão além do que se comunicar apenas verbalmente. E quando a pandemia acalmar, as relações sociais voltarão a ser presenciais com algumas marcas e novos sentidos deixados pelo distanciamento. Mas que essas ressignificações permaneçam como uma forma de aprendizado pelo tempo difícil que passou. 

Este texto faz parte do Projeto Experimental em Jornalismo, do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana, realizado pela acadêmica Lavignea Witt durante o primeiro semestre de 2021, com orientação da professora Neli Mombelli.