De tempos em tempos, o mercado imobiliário se transforma, a depender da situação econômica e política do país.
Segundo a professora do curso de Economia da UFN, Taíze Lopes, o público trabalhador depende dos bancos públicos na hora de comprar um imóvel na cidade e, caso as condições de financiamento sejam altas e restritas, as chances de ocorrer uma compra e venda ficam mais difíceis. “Períodos de recessão, alta taxa de juros ou alta taxa de desemprego levam este público a ter dificuldades de financiamento.”, frisa a professora.
Em 2015, uma pesquisa realizada pela consultoria Prospecta Inteligência Imobiliária mostrou que na lista de 100 melhores cidades do Brasil para investir em imóveis , o município de Santa Maria estava na 79ª posição. A pesquisa indicou à época que a cidade tinha um déficit habitacional de 28,17%, enquanto outras acima do ranking estavam acima de 30%.
Taize pontua que “Santa Maria tem passado por um boom imobiliário, pois há investidores que desejam colocar seu dinheiro em um bem, que quase sempre só se valoriza.” Além disso, a professora destaca que as taxas de juros são definidas pelos próprios bancos.
Taxa de juros de cada banco do mês de Outubro/2024 extraídas do site do Banco Central do Brasil
“Há um grupo de trabalhadores que financiam seus únicos imóveis com entrada usando o FGTS. Este público financia em torno de 30 anos, mas consegue pagar antes dos 30 anos, justamente por causa do FGTS acumulado a cada ano” , pontua a professora.
Segundo o proprietário da Cancian Imóveis, Giuliano Cancian, que atua no ramo imobiliário há 20 anos, em 2019 o mercado estava em crescimento na cidade. Neste período, a empresa se reinventou e Giuliano dividiu a equipe em presencial e home office. “A empresa deu todo suporte para os moradores ao invés de proporcionar um atendimento frio, como outras imobiliárias fizeram. E funcionou, pois a empresa cresceu em todos os aspectos”, relata o dono da imobiliária.
Segundo Cancian, o lucro aumentou durante os anos de 2020 e 2021. “Na pandemia, nunca as pessoas utilizaram tanto os seus imóveis. Como elas ficaram em casa, deram mais valor para o seu lar. Naquela época, também a taxa selic estava muito baixa, então o crédito estava barato, o juro estava baixo para você financiar”, comenta o empresário.
No ano de 2023, o empresário ressalta que foi um ótimo ano para a empresa devido a volta total das faculdades. “Em 2022 ainda tava naquele misto um pouco home office e presencial. Então, neste período alguns estudantes acabaram entregando o imóvel, e voltando para a sua terra natal, pois eles não quiseram deixar o apartamento fechado.“, frisa o empresário.
Por outro lado, há também as dificuldades dos pequenos empresários. Este é o caso do proprietário da Douglas Maia Imóveis, envolvido no mercado imobiliário desde 2014 quando entrou no ramo por meio da empresa Casarão Imóveis. O empresário abriu a sua própria empresa em 2023, e ressalta que o maior aprendizado que se tira de momentos como a pandemia e as enchentes é o de possuir um capital de giro que será utilizado caso for necessário para sustentar a empresa. “O mercado é um ramo competitivo e sendo menor em tamanho, nem sempre teremos um capital disponível para enfrentar crises”, pontua Douglas Maia.
O mercado imobiliário de Santa Maria passou por transformações significativas nos últimos anos, impulsionadas pela pandemia e pelas condições econômicas. Para os próximos anos, a cidade necessita de uma melhor infraestrutura para a segurança de atuais e futuros moradores, o que irá atrair novos investimentos dentro do ramo imobiliário.
Veja a seguir o debate sobre Mercado Imobiliário.
Reportagem produzida por Nicolas Krawczyk na disciplina de Narrativa Multímidia no 2ª semestre de 2024, sob a supervisão da professora Glaise Palma.