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Santa Maria, RS, Brazil

Hora de repensar a utilização da água

Por Naiôn Cursino, Roger Bolzan e Robson Roatti Brilhante

 

A escassez da água potável é um assunto pouco debatido pelos meios de comunicação e pelos governos. As enchentes causam a impressão de que o problema será resolvido. No entanto, rios e córregos cheios não significam que as reservas naturais estejam abastecidas.

Para haver água nos próximos anos, a previsão é de que até o ano de 2025 o consumo seja de apenas 1/3 do que atualmente é utilizado. Esta redução se daria com a não utilização da água para banheiros e outras necessidades que podem ser supridas com o aproveitamento da água das chuvas.

O aumento da demanda e a impermeabilização do solo

O professor do Centro Universitário Franciscano, Afrânio Righes, Ph.D em Água e Solo, explica que a quantidade de água presente no planeta será sempre a mesma. “O problema está na forma que usamos ou (não) preservamos este recurso”, diz Righes. A falta de água é uma questão antiga. Pesquisas apontam que existem períodos de chuvas em abundância e períodos em que elas são escassas. Atualmente esse problema é muito mais perceptível.

A cada ano o consumo de água é maior devido à demanda da população, que está em crescente aumento. Com o passar dos anos a urbanização e a má utilização do solo tem impermeabilizado locais por onde a água infiltra no subsolo. Esta redução na taxa de infiltração compromete o abastecimento dos lençóis freáticos. O professor sugere que se deve criar políticas públicas que motivem a população a investir em sistemas para coleta e aproveitamento da água das chuvas. Além disso, é preciso preservar áreas de infiltração para continuar abastecendo os aquíferos. Em Santa Maria e região os aquíferos são formados pelo arenito Botucatu que armazena cerca de 36 mil km³ de água. “Todos os aquíferos recebem água da superfície, mas como essa água não está infiltrando, eles não sendo recarregados, por isso estão secando”, explica Righes. Veja no vídeo, a explicação do professor.

Alternativa para o armazenamento da água

Righes sugere que a água da chuva seja armazenada, por meio do uso de cisternas. Mais do que um investimento inteligente, esse sistema, além de ajudar a economizar no bolso, contribuem muito com o meio ambiente. A quantidade de água que se economizaria em uma casa é considerável, porque toda aquela água que simplesmente iria fora, é usada.

Em Santa Maria, há alguns exemplos do aproveitamento da água das chuvas. No caso do eletricista aposentado José Kanieski, 56 anos, que mora no Bairro Camobi, essa economia chega a 60 mil litros e cerca de R$ 300 por mês.

O sistema na casa de Kanieski foi construído por ele mesmo há cerca de seis anos, quando começou a se incomodar com os gastos que a piscina proporcionava. Primeiramente a coleta foi feita apenas por uma calha que direcionava a água para uma caixa d’água de mil litros. Com o tempo, os benefícios ficaram evidentes e o aposentado resolveu aprimorar o sistema. Mais pontos foram adaptados para fazer a coleta e mais uma caixa foi colocada para armazenar a água. Dessa forma, não só a piscina passou a usufruir da água da chuva, que é decantada para retirar as impurezas antes de ser usada, mas também as descargas dos sanitários e as máquinas de lavar roupa. O consumo médio por mês é de 70 mil litros de água, sendo apenas dez da Corsan.

No imóvel de Kanieski moram, no total, oito pessoas, já que ele aluga outros espaços para jovens universitários. A conta poderia ser de aproximadamente R$ 400, se toda água utilizada fosse potável. Como não é, Kanieski paga R$ 80 e por isso não cobra água dos inquilinos. O engenheiro conta que gastou cerca de R$ 2 mil para construir o sistema e que já recuperou o investimento há muito tempo. “Primeiro foi para tentar fazer uma economia, mas depois a ‘coisa’ (sistema de cisternas) evoluiu e as pessoas começaram a me procurar e falar a importância do trabalho que eu estava fazendo, uma grande coisa para o meio ambiente. Eu considerava que se eu não estava pegando essa água ela iria para o rio. O fluxo da água seria normal” explica José. Veja uma parte do depoimento dele sobre a criação do sistema:

Conheça como é o sistema de reaproveitamento da água da chuva, montado pelo próprio Kanieski, na galeria de fotos.

Conheça o processo de dessalinização da água dos oceanos

A falta de água doce é um problema recorrente em várias partes do mundo. Conforme o professor Afrânio Righes, alguns países como os Emirados Árabes Unidos, fazem o uso de um sistema de dessalinização, ou seja, retiram água do mar, fazem o tratamento para extração do sal e, em seguida, acrescentam apenas o teor de sódio adequado ao consumo humano. Porém, este processo custa caro, tornando-se inviável em algumas partes do mundo. Confira no vídeo abaixo como funciona o processo:

 

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Por Naiôn Cursino, Roger Bolzan e Robson Roatti Brilhante

 

A escassez da água potável é um assunto pouco debatido pelos meios de comunicação e pelos governos. As enchentes causam a impressão de que o problema será resolvido. No entanto, rios e córregos cheios não significam que as reservas naturais estejam abastecidas.

Para haver água nos próximos anos, a previsão é de que até o ano de 2025 o consumo seja de apenas 1/3 do que atualmente é utilizado. Esta redução se daria com a não utilização da água para banheiros e outras necessidades que podem ser supridas com o aproveitamento da água das chuvas.

O aumento da demanda e a impermeabilização do solo

O professor do Centro Universitário Franciscano, Afrânio Righes, Ph.D em Água e Solo, explica que a quantidade de água presente no planeta será sempre a mesma. “O problema está na forma que usamos ou (não) preservamos este recurso”, diz Righes. A falta de água é uma questão antiga. Pesquisas apontam que existem períodos de chuvas em abundância e períodos em que elas são escassas. Atualmente esse problema é muito mais perceptível.

A cada ano o consumo de água é maior devido à demanda da população, que está em crescente aumento. Com o passar dos anos a urbanização e a má utilização do solo tem impermeabilizado locais por onde a água infiltra no subsolo. Esta redução na taxa de infiltração compromete o abastecimento dos lençóis freáticos. O professor sugere que se deve criar políticas públicas que motivem a população a investir em sistemas para coleta e aproveitamento da água das chuvas. Além disso, é preciso preservar áreas de infiltração para continuar abastecendo os aquíferos. Em Santa Maria e região os aquíferos são formados pelo arenito Botucatu que armazena cerca de 36 mil km³ de água. “Todos os aquíferos recebem água da superfície, mas como essa água não está infiltrando, eles não sendo recarregados, por isso estão secando”, explica Righes. Veja no vídeo, a explicação do professor.

Alternativa para o armazenamento da água

Righes sugere que a água da chuva seja armazenada, por meio do uso de cisternas. Mais do que um investimento inteligente, esse sistema, além de ajudar a economizar no bolso, contribuem muito com o meio ambiente. A quantidade de água que se economizaria em uma casa é considerável, porque toda aquela água que simplesmente iria fora, é usada.

Em Santa Maria, há alguns exemplos do aproveitamento da água das chuvas. No caso do eletricista aposentado José Kanieski, 56 anos, que mora no Bairro Camobi, essa economia chega a 60 mil litros e cerca de R$ 300 por mês.

O sistema na casa de Kanieski foi construído por ele mesmo há cerca de seis anos, quando começou a se incomodar com os gastos que a piscina proporcionava. Primeiramente a coleta foi feita apenas por uma calha que direcionava a água para uma caixa d’água de mil litros. Com o tempo, os benefícios ficaram evidentes e o aposentado resolveu aprimorar o sistema. Mais pontos foram adaptados para fazer a coleta e mais uma caixa foi colocada para armazenar a água. Dessa forma, não só a piscina passou a usufruir da água da chuva, que é decantada para retirar as impurezas antes de ser usada, mas também as descargas dos sanitários e as máquinas de lavar roupa. O consumo médio por mês é de 70 mil litros de água, sendo apenas dez da Corsan.

No imóvel de Kanieski moram, no total, oito pessoas, já que ele aluga outros espaços para jovens universitários. A conta poderia ser de aproximadamente R$ 400, se toda água utilizada fosse potável. Como não é, Kanieski paga R$ 80 e por isso não cobra água dos inquilinos. O engenheiro conta que gastou cerca de R$ 2 mil para construir o sistema e que já recuperou o investimento há muito tempo. “Primeiro foi para tentar fazer uma economia, mas depois a ‘coisa’ (sistema de cisternas) evoluiu e as pessoas começaram a me procurar e falar a importância do trabalho que eu estava fazendo, uma grande coisa para o meio ambiente. Eu considerava que se eu não estava pegando essa água ela iria para o rio. O fluxo da água seria normal” explica José. Veja uma parte do depoimento dele sobre a criação do sistema:

Conheça como é o sistema de reaproveitamento da água da chuva, montado pelo próprio Kanieski, na galeria de fotos.

Conheça o processo de dessalinização da água dos oceanos

A falta de água doce é um problema recorrente em várias partes do mundo. Conforme o professor Afrânio Righes, alguns países como os Emirados Árabes Unidos, fazem o uso de um sistema de dessalinização, ou seja, retiram água do mar, fazem o tratamento para extração do sal e, em seguida, acrescentam apenas o teor de sódio adequado ao consumo humano. Porém, este processo custa caro, tornando-se inviável em algumas partes do mundo. Confira no vídeo abaixo como funciona o processo: