Existe uma máxima popular que diz: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras.” Isto porque, antigamente, as tamareiras levavam de 80 a 100 anos para produzir os primeiros frutos. Atualmente, com as altas tecnologias de produção, este tempo foi reduzido, mas, mesmo assim, o ditado é sábio.
Rezam as tradições orais que, certa vez, um senhor de idade avançada plantava tâmaras quando um jovem o abordou perguntando: “Mas por que o senhor perde tempo plantando o que não vai colher?” O idoso virou a cabeça e calmamente respondeu: “Se todos pensassem como você, ninguém colheria tâmaras”.
Provavelmente muitas tâmaras já foram colhidas desde que essa história foi contada pela primeira vez. Entretanto, ela me parece muito atual.
Nos últimos dias, algumas árvores foram substituídas em solo brasileiro. Uma delas, a de maior envergadura, foi condenada como improdutiva, justamente por aqueles que de sua sombra e frutos muito se beneficiaram. Ironicamente, a maioria destes arbustos que levaram aquela árvore à condenação, conserva, em sua raiz, um passado de erva-daninha. O argumento dos arbustos enraizados era “dar lugar para outras árvores promissoras de suculentos frutos”.
A tentativa de enxerto, como forma de florescer frondosas árvores, ocorreu pela terceira vez em solo brasileiro. É como dizem: “quem deste fruto prova jamais quer deixar de provar”. E ainda existem aqueles que acreditam ser esta a melhor forma de cultivo! Mas, de que adianta desejar a poda de grandes árvores se nós ainda nem plantamos as nossas sementes?
Continuamos caindo no erro de depositarmos nossas grandes sacas de esperança no jardim do vizinho, com a ilusão de que o dele será mais verde que o nosso.
É necessário lembrar que, se hoje eu posso comer tâmaras maduras, foi porque alguém as plantou em algum tempo em minha leiva de grama. Não esperemos o enraizamento daqueles que jamais farão sombra em nossas cabeças. Nossa terra adorada é fértil. Entretanto, precisa ser valorizada com adubo próprio. Afinal, o que estamos plantando para a colheita de nossas futuras gerações?
Lucas Amorim, 25 anos. É estudante de jornalismo. Eclético musical. Apaixonado por rádio. Eternamente agradecido pela vida. Reza para que jamais lhe falte a saúde, a família, os amigos e seus animais. Encantado pelo estudo da espiritualidade. Não consegue definir-se mais que isso. Em resumo: pensa muito, escreve pouco.
*Texto produzido para a disciplina de Legislação e Ética em Jornalismo