Como realizar, agora, a utopia que é o anarquismo? Esta questão foi levantada no livro Anarquismo e Suas Aspirações, lançado pela AntiEditora em 2013. A obra trata de questões teóricas referentes à ética, princípios e como realizar o anarquismo em pleno século XXI, tendo como base apontamentos da anarquista norte-americana Cindy Milstein. No sábado (06), Rafael Reinehr trouxe a resposta ao lançar, na Feira do Livro de Santa Maria, o livro 42 Formas Para Construir uma Sociedade Liberada para Além do Capitalismo, traduzido de Getting Free – Creating an Association of Democratic Autonomous Neighborhoods (2007), livro de James Herod, que está disponível para download na internet.
Depois de desconsiderar tradução integral da obra de Herod para este projeto, a equipe móvel da AntiEditora decidiu traduzir o sétimo capítulo de Getting Free, por ser mais pontual em responder quaisquer dúvidas de leitores. “O autor responde de forma bem prática e clara, com 42 formas que podem ser usadas hoje para minar o sistema capitalista, que já são implementadas, em maior ou menor grau, em diversos coletivos, grupos e redes. Este livro veio para preencher esta lacuna”, explica Reinehr.
Para 42 Formas Para Construir uma Sociedade Liberada para Além do Capitalismo saiu do papel e teve sua primeira tiragem impressa por meio do sistema de crowdfunding, onde o público colabora com determinada quantia para o projeto ser levado adiante. O organizador explica também que, para o próximo ano, já que receberam a autorização de James Herod para traduzir a obra na íntegra. “O autor ficou muito feliz pelo nosso esforço em traduzir este livro”, comemora o organizador da obra.
Parte do problema da falta de compreensão do público com relação ao anarquismo provém do uso do termo de forma pejorativa, como referência ao associar a ideologia a atos de vandalismo pela mídia de massa. “Como as pessoas não leem, enquanto existirem mídias de massa deformando o imaginário das pessoas, é muito difícil que grande parte da população consiga, de fato, entender o anarquismo”, relata Reinehr. Ele continua dizendo que “é necessário criar uma alternativa tão melhor que a atual para que as pessoas comecem a olhar o anarquismo utópico com outros olhos”, deixando de associar o anarquismo ao que a grande mídia impõe que seja.
A AntiEditora
A AntiEditora caminha na contramão da lógica tradicional e organizacional do mercado. Todos os projetos da editora são colaborativos e não-remunerados.
Autogestionária e cooperativa, a editora seleciona traduções de obras do inglês, francês, italiano, alemão, espanhol e russo ; coletâneas de artigos de escritores brasileiros, reunidos sob um determinado tema; livros originais de autores nacionais e coletâneas propostas por coletivos e redes parceiras.
Tais trabalhos são publicados na forma de PDF gratuito ou com contribuição espontânea; em versão impressa artesanal ou semi-artesanal e faz a distribuição dos excedentes, após pagamento da gráfica.
Os valores são distribuídos entre autor (40% no caso de livros não traduzidos e 25% quando há necessidade de tradução), ponto de venda(15%), fundo de apoio à criação de novos livros (15%) e editora (15%)
Rafael explica que de acordo com a pegada ativista de cada publicação, o valor excedente do livro poderá ser 100% revertido para financiar outros exemplares da AntiEditora (Fundo de Apoio à Criação de Novos Livros), sendo o trabalho dos autores, capistas, diagramadores, revisores e tradutores totalmente voluntário, como é o caso do primeiro livro publicado.
O livro 42 Formas Para Construir uma Sociedade Liberada para Além do Capitalismo está disponível para venda no site da AntiEditora.