Começou na última quarta-feira, dia 22 de maio, o 1º Congresso de Literatura InfantoJuvenil de Santa Maria. A fim de promover o livro e a leitura, possibilitando o debate entre professores, autores e pesquisadores, foram proporcionadas oficinas, sessões de autógrafos, leitura compartilhada, saraus de leitura, minimaratonas de leitura nas escolas, mesas redondas e espetáculos.
A realização trouxe à tona o ensino através da leitura, a qualidade da produção dos livros infantis e juvenis, e a importância da literatura infantil, buscando construir um espaço de reflexão e debate e repensar o processo de formação de leitores no âmbito educacional.
A abertura oficial contou com o espetáculo No fundo da mata ouvi… do músico, ator e contador de histórias Roberto Freitas no Theatro Treze de Maio. Ele é pesquisador da cultura popular e se apresenta em todo o Brasil em congressos e festivais de literatura.
Convidando a plateia a fazer uma viagem pelo mundo imaginário, Freitas narra histórias de humor, terror, amor e dor. Ele explica que histórias são libertas e não podem ser aprisionadas. Elas acontecem, de certa forma, por ele e as pessoas estarem lá naquele momento e daquele jeito. “A vida é assim, é passageira, e a preciosidade da história é exatamente isso, é o respeito a esse momento único que nunca mais se repetirá”, afirma Freitas.
Durante os dias 23 e 24, na Antiga Reitoria da UFSM, estavam sendo ministradas oficinas no turno da manhã e da tarde. Entre as seis oficinas, Roberto Freitas ministrou a Os Pontos de Quem Conta e Lê um Conto, onde ele fala das possibilidades da história como uma ferramenta pedagógica. “Eu estimulo os professores a usarem a história como um canal para comunicar conceitos e torná-los mais interessantes e instigantes”, aponta.
Já a oficina do pernambucano Luciano Pontes chamava-se Narrativa Visual e Caminhos da Leitura. Ele, que é escritor, ator, diretor teatral e contador de história já recebeu o Prêmio APACEPE de Teatro com o espetáculo Seu Rei Mandou. Em sua oficina, busca ensinar sobre estratégias de construção práticas de uma narrativa visual, a partir de exercícios simples, também trabalhando a questão do olhar, da apreciação e da leitura de imagens como um todo.
Os livros de imagem são narrativas que não tem a presença da palavra verbal impressa, exigindo um certo nível de comprometimento na leitura, que por não ter a palavra que explica ou descreve alguma coisa, pode distanciar o leitor. Porém, Pontes defende que “essas imagens convidam o leitor aquela sequencial de forma diferente, é uma contribuição na formação do olhar desse leitor”.
O escritor e ilustrador André Neves conta que começou sua carreira fazendo livros visuais, em que a narrativa é toda visual. “Eu comecei a perceber que a força da imagem é muito importante pra narrar uma história, e que a imagem está, cada vez mais, tendo uma função maior”. Neves relata que um livro sem palavra tem o mesmo potencial que um com, mas é preciso que se olhe atentamente para estas imagens. “Ele alimenta a linguagem visual das pessoas, além do imaginário da história, da própria percepção que a pessoa vai ter da leitura e do aprendizado que vai ter”. Ainda comenta que a ilustradora polonesa, Kveta Pacovska diz que o livro para infância é o primeiro museu da criança, sua primeira exposição de arte.
Neves tem livros publicados no Brasil e no exterior, participa de mostrar e exposições de ilustrações, além de ser professor de cursos dedicados à leitura, literatura e ilustração. É o escritor homenageado do Congresso, e sua oficina se chama Esses Livros para a Infância. Nela, Neves procura trazer conhecimentos sobre a literatura contemporânea e suas grandes possibilidades narrativas, usando a leitura de textos e imagens como ponto de partida para a aquisição do conhecimento e pensamento crítico.
Luciano Pontes e André Neves, que já colaboraram em livros como Ouvindo as Conchas do Mar e Uma História sem Pé nem Cabeça, ainda contaram sobre seu próximo projeto. A partir de uma provocação das ilustrações de Neves, o Luciano Pontes e o pernambucano, Fábio Monteiro escreveram textos. “Isso é a inversão do processo de criação, porque, geralmente, o ilustrador parte da palavra”, explica Pontes. Também divulgam que o livro é uma homenagem ao poeta Fernando Pessoa e são duas histórias distintas que dialogam entre si.
Para o encerramento do 1º Congresso de Literatura Infantojuvenil, o espetáculo Seu Rei Mandou será apresentado no dia 24 de maio, às 19h no Theatro Treze de Maio. Ele aborda um universo fabuloso da realeza por meio de releituras cômicas e poéticas de contos populares, como: A Lavadeira Real, O Rato que Roeu a Roupa do Rei de Roma, e O Rei Chinês Reinaldo Reis. É necessária a retirada de convites na bilheteria do Theatro.