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Santa Maria, RS, Brazil

Educar para aprender: o paradigma que inaugura a era “figital”

O impacto da pandemia é um divisor de águas: da noite para o dia instituições de ensino, gestores, coordenadores, professores, famílias e alunos tiveram que explorar fronteiras e horizontes desconhecidos, pouco experienciados, de forma abrupta e incondicional.

 Giuliana Diettrich Carvalho Pimentel, consultora pedagógica na empresa Foccus. Foto: arquivo pessoal

Giuliana Diettrich Carvalho Pimentel, consultora pedagógica, com experiência em Educação,  Gestão e Processos Mediacionais, traduz esse  contexto, nessa entrevista,  explicando o quanto foi desafiador, e continua sendo, trabalhar com educação. Entretanto, percebe-se na sua fala que, com certeza, rupturas e espaços de construção foram realizados para que tenhamos mais possibilidades com a educação figital (presencial e virtual integradas, fluídas) ampliando os processos, os espaços e as propostas educacionais.

Agência Central Sul: Para contextualizar o momento, que impactos a Pandemia causou na educação?

Giuliana Pimentel – As grandes rupturas e acelerações que ocorreram na história da humanidade foram tracionadas por guerras, revoluções ou pandemias. Neste contexto atual observa-se o enfrentamento de uma guerra biológica, permeada por uma revolução tecnológica, impulsionada pelas características de uma pandemia viral global sem precedentes.

Um cenário que exigiu para além da globalização um processo de mundialização acentuado, com um enfrentamento pelas diferentes nações, culturas, continentes e países, cada um com a sua capacidade de entendimento, ação e de intervenção, imprimindo uma série de ressignificações nos diferentes setores e indústrias, devido às limitações, restrições e necessidades de medidas sanitárias e de distanciamento social. Este movimento gerou transformações em diferentes níveis e dimensões nos diferentes realidades, trazendo desafios, dilemas, problemas, possibilidades e oportunidades para o seu enfrentamento, muitas amparadas pelas soluções tecnológicas.

Nesta perspectiva, ao olharmos para o setor educacional identificamos um processo de aceleração de transformação digital nunca antes experimentado neste segmento, visto que este processo não havia adentrado de forma nativa e estrutural na educação brasileira, ou seja, tínhamos sim um panorama de uso de tecnologias educacionais e de plataformas para a mediação do ensino digital, entretanto, repensar toda a experiência formativa dos estudantes sem a questão da presencialidade trouxe demandas de planejamento e a organização dos percursos formativas, o redimensionamento das situações formativas, dos processos de mediação, de interação e de avaliação embarcados  com a transformação digital: tecnologias, dispositivos, aplicativos, o real time, on-line, off line etc.

Da noite para o dia instituições de ensino, gestores, coordenadores, professores, famílias e alunos tiveram que explorar fronteiras e horizontes desconhecidos, pouco experienciados, de forma abrupta e incondicional. Desafiador, aliás, continua sendo… mas, com certeza rupturas e espaços de construção foram realizados para que tenhamos mais possibilidades com a educação figital (presencial e virtual integradas, fluídas) ampliando os processos, os espaços e as propostas educacionais.

ACS – A partir dessas transformações, como você percebe a relação entre educação e tecnologia?

GP– A relação da tecnologia com o desenvolvimento humano, da cultura, da sociedade e do conhecimento sempre existiu de forma nativa e genuína. Antes com as tecnologias como o fogo, a escrita, a arte, a imprensa, o livro, o vapor, a fotografia, o rádio, o cinema, a TV, a Internet… todas estas tecnologias sempre impactaram o processo de educação, desafiando-o e ressignificando-o. Por que seria diferente agora? Costumo dizer que as tecnologias são degraus para a evolução do conhecimento e da cultura. Desta forma, a hiperconectividade existente hoje, os dispositivos, as plataformas, os ambientes de simulação, a realidade virtual, os hologramas são adventos da genialidade e da evolução humana e sempre afetarão os processos de produção, construção e difusão do conhecimento.

ACS  – O que significa a perspectiva aprendizagem no processo de educação em substituição ao verbo ensinar?

GP – A educação durante muitos anos esteve centrada no processo de transmissão da informação. Na história da humanidade, seja pela oralidade ou pelo os escribas, depois posteriormente pelos livros, a sistematização, o registro e a difusão da informação era o ponto que se estruturava a educação.

Com o advento da Sociedade do Conhecimento, cada vez mais conectada e digital, grandes bibliotecas, repositórios, bases de dados, portais, canais e sites foram organizados e, continuamente, alimentados e atualizados, em um grande movimento informacional. Ou seja, o esforço da transmissividade, da disponibilização e do acesso à informação foi perdendo espaço para outras funções e dimensões como: significar, compreender, avaliar, aplicar, aprender. Ou seja, a questão da função educativa transcendeu a dimensão informacional do saber, para uma perspectiva do saber – fazer – ser – conviver. Desta forma, o ensino na sua função estruturante não cumpre seu ciclo virtuoso sem a aprendizagem. E de certa forma, durante séculos aprendemos a ensinar, creio que agora precisamos ensinar a aprender. Movimentos dialéticos da evolução humana.

ACS  – As  perspectivas da educação para os próximos anos….

GP – Essa é a resposta de um milhão de dólares! Creio que teremos a aprendizagem cada vez mais aberta, colaborativa, integrando os diferentes espaços formativos (comunidades, empresas, instituições de ensino, organizações) em um contínuo de possibilidades presencias, virtuais e/ou híbridas, visto a diversidade de competências e habilidades que a serem constantemente desenvolvidas e ressignificadas. Aprender não será mais o caminho, mas uma constante caminhada, pelas diferentes áreas do conhecimento. Daremos cada vez mais o lugar da empregabilidade para a trabalhabilidade, ou seja, aprendizagens constantes e recorrentes para estarmos plugados nesse mundo BANI.

ACS  -Por que a hibridização é a saída apontada para o campo da educação?

GP– Particulamente, prefiro a imagem da hibridização como entrada para essa perspectiva de educação nos seus diferentes tempos, espaços e desdobramentos. Creio que a relação entre presencialidade, virtualidade e hibridização oportuniza a organização de percursos formativos mais ricos, diversificados e efetivos, oportunizando e ampliando as situações formativas para a aprendizagem significativa. Quando olhamos para o 5G, para Internet das Coisas, para a Inteligência Artificial, para a automação percebemos algumas barreiras se tornando tão frágeis, tão invisíveis… creio que isso acontecerá com a educação. A educação é um processo cultural, evolui. Assim como tudo que acontece na humanidade a afeta. Neste sentido, que precisamos pensar mais nos horizontes do que nas fronteiras que certas construções nos impõem.

ACS – Tua atividade, hoje, é promover novos caminhos educacionais, através de uma prestação de consultoria. Qual  a proposta da Foccus?

GP– Atuamos na transformação e na implantação do ecossistema institucional das instituições de ensino, cocriando modelagens acadêmicas que valorizem e organizem a experiência formativa dos estudantes de forma ativa, considerando o protagonismo, a aprendizagem e o desenvolvimento de competências e de habilidades como pilares no planejamento e na construção do produto e do serviço educacional ofertado. Ou seja, neste processo de desenvolvimento institucional cocriamos a proposta de valor, o diferencial competitivo, a inovação acadêmica e a identidade da IES.

ACS –  Como você chegou na gestão da Foccus?

GP – A Foccus – Consultoria Educacional é um hub de consultores educacionais altamente qualificado, com grande experiência de mercado nacional e internacional em processos de gestão administrativa, regulatória, acadêmica, pedagógica, mercadológica e de inovação no segmento da educação nos seus diferentes níveis e modalidades. Atuo há mais de 26 anos no segmento educacional, tanto no setor público quanto privado, nos diferentes níveis e modalidades. Após alguns cargos e funções executivas em grandes grupos educacionais e rede de ensino pública percebi um espaço para esse tipo de atuação coletiva, pautada nos processos de associativismo e de cocriação, um movimento de atuação que a genialidade coletiva existisse e coexistisse  por meio de uma rede dinâmica de cooperação e colaboração, buscando o fortalecimento da aprendizagem e novas fronteiras para proposta educacional institucional. Prefiro dizer que somos um movimento, não uma empresa.

 

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O impacto da pandemia é um divisor de águas: da noite para o dia instituições de ensino, gestores, coordenadores, professores, famílias e alunos tiveram que explorar fronteiras e horizontes desconhecidos, pouco experienciados, de forma abrupta e incondicional.

 Giuliana Diettrich Carvalho Pimentel, consultora pedagógica na empresa Foccus. Foto: arquivo pessoal

Giuliana Diettrich Carvalho Pimentel, consultora pedagógica, com experiência em Educação,  Gestão e Processos Mediacionais, traduz esse  contexto, nessa entrevista,  explicando o quanto foi desafiador, e continua sendo, trabalhar com educação. Entretanto, percebe-se na sua fala que, com certeza, rupturas e espaços de construção foram realizados para que tenhamos mais possibilidades com a educação figital (presencial e virtual integradas, fluídas) ampliando os processos, os espaços e as propostas educacionais.

Agência Central Sul: Para contextualizar o momento, que impactos a Pandemia causou na educação?

Giuliana Pimentel – As grandes rupturas e acelerações que ocorreram na história da humanidade foram tracionadas por guerras, revoluções ou pandemias. Neste contexto atual observa-se o enfrentamento de uma guerra biológica, permeada por uma revolução tecnológica, impulsionada pelas características de uma pandemia viral global sem precedentes.

Um cenário que exigiu para além da globalização um processo de mundialização acentuado, com um enfrentamento pelas diferentes nações, culturas, continentes e países, cada um com a sua capacidade de entendimento, ação e de intervenção, imprimindo uma série de ressignificações nos diferentes setores e indústrias, devido às limitações, restrições e necessidades de medidas sanitárias e de distanciamento social. Este movimento gerou transformações em diferentes níveis e dimensões nos diferentes realidades, trazendo desafios, dilemas, problemas, possibilidades e oportunidades para o seu enfrentamento, muitas amparadas pelas soluções tecnológicas.

Nesta perspectiva, ao olharmos para o setor educacional identificamos um processo de aceleração de transformação digital nunca antes experimentado neste segmento, visto que este processo não havia adentrado de forma nativa e estrutural na educação brasileira, ou seja, tínhamos sim um panorama de uso de tecnologias educacionais e de plataformas para a mediação do ensino digital, entretanto, repensar toda a experiência formativa dos estudantes sem a questão da presencialidade trouxe demandas de planejamento e a organização dos percursos formativas, o redimensionamento das situações formativas, dos processos de mediação, de interação e de avaliação embarcados  com a transformação digital: tecnologias, dispositivos, aplicativos, o real time, on-line, off line etc.

Da noite para o dia instituições de ensino, gestores, coordenadores, professores, famílias e alunos tiveram que explorar fronteiras e horizontes desconhecidos, pouco experienciados, de forma abrupta e incondicional. Desafiador, aliás, continua sendo… mas, com certeza rupturas e espaços de construção foram realizados para que tenhamos mais possibilidades com a educação figital (presencial e virtual integradas, fluídas) ampliando os processos, os espaços e as propostas educacionais.

ACS – A partir dessas transformações, como você percebe a relação entre educação e tecnologia?

GP– A relação da tecnologia com o desenvolvimento humano, da cultura, da sociedade e do conhecimento sempre existiu de forma nativa e genuína. Antes com as tecnologias como o fogo, a escrita, a arte, a imprensa, o livro, o vapor, a fotografia, o rádio, o cinema, a TV, a Internet… todas estas tecnologias sempre impactaram o processo de educação, desafiando-o e ressignificando-o. Por que seria diferente agora? Costumo dizer que as tecnologias são degraus para a evolução do conhecimento e da cultura. Desta forma, a hiperconectividade existente hoje, os dispositivos, as plataformas, os ambientes de simulação, a realidade virtual, os hologramas são adventos da genialidade e da evolução humana e sempre afetarão os processos de produção, construção e difusão do conhecimento.

ACS  – O que significa a perspectiva aprendizagem no processo de educação em substituição ao verbo ensinar?

GP – A educação durante muitos anos esteve centrada no processo de transmissão da informação. Na história da humanidade, seja pela oralidade ou pelo os escribas, depois posteriormente pelos livros, a sistematização, o registro e a difusão da informação era o ponto que se estruturava a educação.

Com o advento da Sociedade do Conhecimento, cada vez mais conectada e digital, grandes bibliotecas, repositórios, bases de dados, portais, canais e sites foram organizados e, continuamente, alimentados e atualizados, em um grande movimento informacional. Ou seja, o esforço da transmissividade, da disponibilização e do acesso à informação foi perdendo espaço para outras funções e dimensões como: significar, compreender, avaliar, aplicar, aprender. Ou seja, a questão da função educativa transcendeu a dimensão informacional do saber, para uma perspectiva do saber – fazer – ser – conviver. Desta forma, o ensino na sua função estruturante não cumpre seu ciclo virtuoso sem a aprendizagem. E de certa forma, durante séculos aprendemos a ensinar, creio que agora precisamos ensinar a aprender. Movimentos dialéticos da evolução humana.

ACS  – As  perspectivas da educação para os próximos anos….

GP – Essa é a resposta de um milhão de dólares! Creio que teremos a aprendizagem cada vez mais aberta, colaborativa, integrando os diferentes espaços formativos (comunidades, empresas, instituições de ensino, organizações) em um contínuo de possibilidades presencias, virtuais e/ou híbridas, visto a diversidade de competências e habilidades que a serem constantemente desenvolvidas e ressignificadas. Aprender não será mais o caminho, mas uma constante caminhada, pelas diferentes áreas do conhecimento. Daremos cada vez mais o lugar da empregabilidade para a trabalhabilidade, ou seja, aprendizagens constantes e recorrentes para estarmos plugados nesse mundo BANI.

ACS  -Por que a hibridização é a saída apontada para o campo da educação?

GP– Particulamente, prefiro a imagem da hibridização como entrada para essa perspectiva de educação nos seus diferentes tempos, espaços e desdobramentos. Creio que a relação entre presencialidade, virtualidade e hibridização oportuniza a organização de percursos formativos mais ricos, diversificados e efetivos, oportunizando e ampliando as situações formativas para a aprendizagem significativa. Quando olhamos para o 5G, para Internet das Coisas, para a Inteligência Artificial, para a automação percebemos algumas barreiras se tornando tão frágeis, tão invisíveis… creio que isso acontecerá com a educação. A educação é um processo cultural, evolui. Assim como tudo que acontece na humanidade a afeta. Neste sentido, que precisamos pensar mais nos horizontes do que nas fronteiras que certas construções nos impõem.

ACS – Tua atividade, hoje, é promover novos caminhos educacionais, através de uma prestação de consultoria. Qual  a proposta da Foccus?

GP– Atuamos na transformação e na implantação do ecossistema institucional das instituições de ensino, cocriando modelagens acadêmicas que valorizem e organizem a experiência formativa dos estudantes de forma ativa, considerando o protagonismo, a aprendizagem e o desenvolvimento de competências e de habilidades como pilares no planejamento e na construção do produto e do serviço educacional ofertado. Ou seja, neste processo de desenvolvimento institucional cocriamos a proposta de valor, o diferencial competitivo, a inovação acadêmica e a identidade da IES.

ACS –  Como você chegou na gestão da Foccus?

GP – A Foccus – Consultoria Educacional é um hub de consultores educacionais altamente qualificado, com grande experiência de mercado nacional e internacional em processos de gestão administrativa, regulatória, acadêmica, pedagógica, mercadológica e de inovação no segmento da educação nos seus diferentes níveis e modalidades. Atuo há mais de 26 anos no segmento educacional, tanto no setor público quanto privado, nos diferentes níveis e modalidades. Após alguns cargos e funções executivas em grandes grupos educacionais e rede de ensino pública percebi um espaço para esse tipo de atuação coletiva, pautada nos processos de associativismo e de cocriação, um movimento de atuação que a genialidade coletiva existisse e coexistisse  por meio de uma rede dinâmica de cooperação e colaboração, buscando o fortalecimento da aprendizagem e novas fronteiras para proposta educacional institucional. Prefiro dizer que somos um movimento, não uma empresa.