Eles passaram pelo curso de Jornalismo da Unifra. Hoje estão no mercado de trabalho. São jornalistas, assessores, professores, pesquisadores, consultores, empreendedores. Atuam com a comunicação em diferentes partes do país e do mundo, e agora retornam em depoimentos sobre os 10 anos do curso. Todos muito bem-vindos!
Antes de simplesmente escrever ou narrar fatos, acredito que um jornalista precisa saber ler: o que dizem e demonstram as pessoas, o que indicam as características dos lugares e o que é escrito por todo lado. Mesmo antes de compreender tudo isso eu lia muito e, provavelmente, foi o que me fez escolher ser jornalista. Mas até então, não era tão “simples”: precisava ter diploma.
Tenho certeza de que a maioria das pessoas não quer pagar por ensino de qualidade. Eu também não queria e, por isso, fiz algumas tentativas para entrar na universidade pública, até que a Unifra criou o curso de Jornalismo, em 2003, e eu passei naquele vestibular. E só há pouco tempo conheci uma frase que me levou a valorizar ainda mais o que minha mãe investiu para que me formasse: “Se você acha a educação cara, experimente a ignorância”.
Então, depois de ler muito nos primeiros semestres do curso, comecei a escrever, a fotografar e a falar no rádio e nas matérias de TV. E descobri que isso também era um exercício necessário.
Descobri, ainda, que os jornalistas precisavam saber e fazer de tudo um pouco e busquei complementar o ensino das disciplinas curriculares. Aprendi muito nos estágios nas Assessorias de Imprensa da Base Aérea de Santa Maria (BASM) e da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Santa Maria (OAB-SM); como voluntária no cerimonial de muitas edições do Santa Maria Vídeo e Cinema (SMVC); como bolsista de pesquisa e do Núcleo de Audiovisual da Unifra; participando do projeto de Comunicação Comunitária no Lar de Joaquina; como free lancer do Diário de Santa Maria e até gravando programas de beleza para a TV. Isso tudo, aliado ao que aprendi e vivenciei durante o curso, foi determinante para que me tornasse a profissional que sou hoje.
Depois de formada, fui contratada pela OAB e continuei lá por mais um ano. Já podia assinar como Jornalista Responsável da publicação institucional da subseção, toda feita por mim! Nesse período cursei a pós-graduação em Comunicação e Projetos de Mídia da Unifra e passei no concurso para o Quadro Complementar de Oficiais da Aeronáutica (QCOA).
Estou há quatro anos servindo no Quinto Comando Aéreo Regional em Canoas e tenho certeza de que será difícil quando meu tempo acabar. Todos os dias aprendo algo. Temos rotina, mas às vezes surgem problemas ou novidades de onde e quando menos esperamos. E lá vou eu fazer assessoria de imprensa, escrever textos e gravar matérias com a equipe da Comunicação Social.
Percorrendo minha história profissional até aqui, recordo que no meio da confusão das enchentes em Santa Catarina, em 2008, já na Força Aérea, recebi a missão de entrevistar as pessoas fragilizadas que estavam vivendo em abrigos. Quando perguntei a uma senhora o que ela achava do trabalho que estava sendo feito pelas Forças Armadas, ela respondeu simples assim: “Moça, se não fossem vocês aqui, o que você acha que seria de nós?”.
O que vocês acham que foi de mim nessa hora? Eu sabia que não estava resgatando ninguém, que não estava tirando ninguém dos telhados, nem tratando dos doentes ou transportando comida e água para os lugares isolados. Mas sabia também que estava lá pra registrar tudo isso. E sabia que o meu registro poderia servir de motivação para aqueles que começavam a cansar do trabalho árduo de apoio às vítimas. Ou poderia mostrar a muita gente que, mesmo nas maiores dificuldades, há esperança.
Então, é assim que vejo o papel do jornalista: contar, explicar, motivar, movimentar. No final das contas, não é que sozinhos e diretamente façamos a diferença, mas nosso trabalho pode fazer com que muito mais gente faça a diferença.
Emilia é jornalista egressa da primeira turma de Jornalismo da Unifra e Oficial da Força Aérea Brasileira