Estando, certa vez, numa ilha, entrei na catedral porque vi pessoas produzidíssimas ali entrando e logo pensei : é casamento! Era, sim, um casamento, que se me tornou inesquecível . Foi a noiva e o noivo mais feios que vi. Muito feios mesmo. Localizei uma senhora , que pensei ter cara de mãe da noiva, e pedi para fazer umas fotos. E era , de fato, a mãe da noiva. Muito simpática e feliz , autorizou-me a fotografar. Limitei-me,entretanto, a fotografar o altar, os noivos de costa e os bonitos pacotinhos de arroz. Quando terminou a solenidade, fui convidada pela mesma senhora a ir à festa. Aceitei, claro.
A pedido dela, alguém da família levou-me no carro. Uma recepção fantástica, comida excelente e local muito bem decorado. Gostei mesmo. Horas depois, retornei ao hotel, quando já estava até achando bonitos os noivos.
Acompanhei , em Varanasi, no norte da Índia, um noivo que ia pelas ruas, num cavalo branco devidamente adornado, acompanhado de muitas pessoas e de muito barulho. Vi também duas noivas, que eram irmãs e estavam com vestidos iguais – ambos de seda pura, bordados com fios de ouro. São os chamados tecidos eternos, todos de rara beleza. Casamentos na Índia têm rituais diferentes de acordo com a região, a condição sóciocultural, a crença e a etnia. Encantaram-me as mãos de uma noiva, delicada e trabalhosamente desenhada com henna.O desenho dura , em média, uma semana. Além da beleza, contém símbolos de fertilidade, prosperidade, paz e felicidade. A mãe e as irmãs também usam esse grafismo, que se constitui em manifestação de uma arte milenar, denominada mehndi. Penso que esse respeito as tradições ajuda a construir vivências mais duradouras e harmônicas.
Fui a um casamento, em Kosice, na Slovakia, onde se passou algo particular interessante. Quando os noivos estavam entrarando no salão da festa, pessoas jogaram , na frente deles, pratos brancos de porcelana que se espatifaram. Imediatamente o noivo recebeu uma vassoura, e a noiva, uma pazinha. Ele passou a varrer, e ela, com a pazinha, a juntar os pedaços.Terminada essa tarefa conjunta, os noivos abraçaram-se, sendo aplaudidos pelos convidados. Trata-se de um ritual para trazer boa sorte e evidenciar a solidariedade e o companheirismo na solução de problemas cotidianos. Na hora, pensei que muitos relacionamentos poderiam ser salvos com esse exercício cotidiano de juntar os cacos.
Em lugares fotogênicos, muitas vezes encontrei recém-casados, acompanhados de fotógrafos e cinegrafistas, registrando o acontecimento. Lembro-me bem de vê-los pelas ruas de Florença, Verona ou Veneza, pela galeria de Milano, por Paris, Catânia, Barcelona, Budapest, Praga e tantas outras cidades. Às vezes, familiares iam juntos; outras vezes, os noivos iam sozinhos. Tradicionalmente, as noivas usam branco.Já, entretanto, encontrei noiva usando vermelho e, em outra cidade, uma usando preto – com véu preto também. Estranhissima!
Por Aldema Menini McKinney (texto e fotos).
Publicado com autorização prévia. Leia o texto completo no Correndo Mundo, blog da autora.