A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Para encerrar o II Seminário Internacional de Ensino de Humanidades e Letras, a XIX Jornada Nacional de Ensino e o XVII Seminário Internacional de Letras, promovidos pela Universidade Franciscana, ao longo desta semana, a professora e doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marília Forgearini Nunes, ministrou a Conferência: Leitura de imagem: uma prática necessária à formação sensível da criança, na noite de ontem, sexta-feira, 23.
Para a pesquisadora, a leitura de imagem a partir da literatura infantil é uma prática necessária para a formação sensível das crianças, para que elas olhem o mundo com atenção aos sentidos que este pode lhes oferecer. Em referência ao ilustrador Rui de Oliveira, Marília diz que se a leitura de imagens fizesse parte do ensino da Educação Infantil, certamente, estas crianças seriam melhores leitores e apreciadores das artes plásticas, do cinema e da TV, além disso, formaria também cidadãos mais críticos e participativos. A professora ressalta que a leitura de imagem é uma prática que deve complementar o processo de alfabetização e que a combinação destes aprendizados amplia a compreensão de sentidos entre linguagens distintas.
“Em um livro de imagens, como não há palavras, o texto apresenta-se a partir de linhas, formas, cores, texturas, espaços vazios e preenchidos, utilizando-se de diferentes técnicas”, explica a pesquisadora. E afirma que “a leitura de imagem, baseia-se na interpretação e constitui sentido na literatura de acordo com as vivências e experiências de cada um”. E para este processo, feito pelo leitor, é imprescindível considerar as imagens ao seu redor como um meio de produção de conhecimento.
Por isso, Marília traz para a conferência uma reflexão acerca do ato de ver e olhar: ver não significa olhar o mundo; olhar o mundo e as imagens que o constituem exige a produção de sentido a partir delas. Neste processo de formação e alfabetização é preciso que os professores e familiares sejam os mediadores da leitura de imagens para as crianças, em um primeiro momento, e para isso, as ilustrações dos livros infantis são mediadoras também, para a leitura de imagens na infância. “O conteúdo enunciado pela imagem é uma construção interativa tanto pelos elementos plásticos (formas, cores, espaços), quanto pela relação com as experiências de quem lê e olha essa imagem, para uma produção de conhecimento que sensibiliza para a interpretação do mundo” encerra.
Confira a entrevista realizada pela equipe do Laproa com a professora Marília Forgearini Nunes.
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A professora Martha Helena Teixeira de Souza, realizou na terça-feira, 20, a palestra sobre HIV/AIDS, como parte da programação da Semana Interna de Prevenção de Acidente do Trabalho (SIPAT) da UFN.
Durante sua fala, Martha comentou sobre os 34 anos de trabalho na prevenção da Aids, que começou quando era consultora do Ministério da Saúde no programa de prevenção à doença. Ela ressaltou que a informação é a melhor forma de evitar a Aids, pois muitas pessoas não fazem o teste – que é rápido e seguro – por medo de um diagnóstico positivo e suas consequências.
A enfermeira fez um comparativo entre as questões que envolvem a doença, nos anos 1980 e agora, depois dos anos 2000, após muitas descobertas da medicina sobre prevenção e tratamento. E ressalta que ainda há um grande preconceito e o assunto é tratado como um tabu na sociedade, medo do contágio por formas que não são transmissíveis, como saliva e suor, falta de informação e as precauções que devem ser tomadas.
As formas de transmissão da doença – que ataca as defesas do corpo humano, ou seja, fica suscetível a adquirir outras doenças – são através do contato com sangue, esperma, secreção vaginal ou ainda pelo leite materno. Segundo Martha, hoje em dia, a transmissão pelo sangue e leite materno é quase nula, devido a campanhas de prevenção, mas ainda é preciso conscientizar sobre a transmissão por meio da relação sexual desprotegida, sem o uso de preservativo. Por isso, a grande importância do acesso à informação. “As informações sobre HIV/Aids são escondidas embaixo do tapete, porque a maior causa de transmissão ainda é o sexo desprotegido. E a forma de combate é a divulgação da informação, clara e objetiva”, acredita.
Martha explica que um dos motivos de não se falar sobre a doença é que ela é sexualmente transmissível, e este é um assunto pouco falado na sociedade, o que resulta no preconceito e na falta de empatia. “Entender o lugar do outro é muito difícil, por isso, trabalhar com a Aids, foi o que me ajudou a quebrar preconceitos”, revela.
Difundir informação sobre a Aids é importante, pois, ter a doença não significa uma sentença de morte, como já foi antes, por isso a relevância da educação na prevenção, acredita a enfermeira. “A única coisa que não mudou foi o preconceito. Até diminuiu, melhorou o contexto social da doença ao longo do tempo, assim como os remédios, os estudos, os efeitos colaterais, mas ainda assim é o julgamento das outras pessoas a pior parte” completa.
O Desapego de Francisco apresentado na Escola Júlio do Canto.Foto: LINC-UFN
O grupo Todos ao Palco, da Universidade Franciscana, apresentou na manhã de ontem, terça-feira, 13 de novembro, o espetáculo O Desapego de Francisco para os alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Júlio do Canto, no bairro Camobi. O espetáculo é resultado do projeto de Extensão da UFN, financiado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Santa Maria, e visita escolas afastadas do centro da cidade.
Já são quase mil adolescentes que viram e ouviram a história de Francisco, um garoto meio fútil, com muitos amigos e que só quer saber de balada. No entanto, muitas coisas acontecem durante uma viagem ao exterior, que fazem o personagem rever alguns conceitos e comportamentos com as pessoas ao seu redor, após passar um tempo trabalhando em uma ONG na África.
[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Elenco: Alexandre Menezes Xavier, Amanda Souza, Andressa Merlo, Carla Rosa, Cezar Zambarda, Eduardo Biscayno De Prá, Elton Maia, Kamilie Rosa, Jaqueline Menezes, Johnny Dorneles e Matheus Silveira. Coordenação de produção e direção: Bebeto Badke. Administração: Chili Produções Culturais.[/dropshadowbox]
A coordenadora pedagógica da escola, Márcia Marques, conta que ficou sabendo do projeto por uma amiga que também é professora em outra escola da cidade, onde a peça já foi apresentada. “Logo entrei em contato com o professor responsável, Carlos Alberto Badke, para saber sobre a possibilidade de o grupo de teatro estar aqui na escola, pois é algo diferente, que a maioria dos alunos nunca viu”, explica. A coordenadora acredita que tratar de temáticas como empatia, amor ao próximo e respeito às diferenças, é muito motivador para os alunos, porque o objetivo do projeto é levar o espetáculo às escolas onde as crianças não têm recursos nem condições financeiras para ir a um teatro.
A publicitária Jaqueline Menezes, egressa da UFN e participante desde 2012 do projeto, considera muito importantes as apresentações nas escolas, pois significa levar cultura para crianças que não têm acesso. “Ter o reconhecimento e uma recepção calorosa dos alunos é algo que nos emociona, para a gente não tem preço”, revela.
O estudante do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Júlio do Canto, Abmael Soares, de 11 anos, achou muito comovente a história do desapego de Francisco, porque mostra a importância de ajudar o próximo. Tamires de Alencar, de 14 anos, estudante do 7º ano, concorda com o colega e acrescenta: “ a gente entende na história que é importante ter consideração pelas pessoas e é bom poder ver uma peça de teatro na escola porque é uma história legal que todo mundo precisa ficar sabendo”.
Para o acadêmico de Direito na Faculdade de Direito de Santa Maria (FADISMA), Alexandre Menezes – que interpreta o personagem Francisco – a mudança do comportamento e dos valores do personagem faz com que o público reflita sobre o que é certo e errado, sobre suas atitudes e sobre ter privilégios. “Quem vive numa situação mais abastada, nem sempre têm consciência de que existem outras realidades. Pensam que as outras pessoas não passam necessidades, que todo mundo tem comida, tem roupa, tem acesso à internet”, explica Alexandre.
Segundo o vice-diretor da escola, Paulo Flores, é raro os alunos assistirem uma peça de teatro, pois ir até o local demanda tempo, recursos financeiros e logística para providenciar esta oportunidade a todos, daí a relevância do projeto visitar as escolas. E ainda, ressalta a pertinência de trabalhar os assuntos abordados na peça em sala de aula e de repente surgir a partir da discussão algum grupo de teatro na Escola Júlio do Canto. O estudante de Publicidade e Propaganda Matheus Silveira relata que apresentar a peça em escolas municipais em seu primeiro ano de projeto é muito bom: “ a gente não só interpreta os personagens, mas os cria ao longo do tempo conforme tudo aquilo que a gente vive no dia-a-dia. Estar nas escolas é a melhor parte da experiência, é muito gratificante para mim, pois a gente pode estar em lugares que as vezes não se fala muito em arte e cultura e é isso que a gente quer passar”.
Francisco vai continuar sua trajetória em novembro e dezembro, passando por uma escola no bairro Boi Morto e visitando os jovens do projeto CEDEDICA no bairro Dores, sempre com entrada franca, sem custo para as escolas.
O documentário Chega de Fiu Fiu, foi exibido na tarde desta segunda-feira, 12, na UFN. A iniciativa do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFN apresentou junto com o Diretório Acadêmico da Arquitetura (DARQ), o filme da jornalista Juliana Faria,lançado em 2018. O filme mostra a rotina de três mulheres comuns, expondo as situações de assédio sofrido diariamente, na rua, no transporte público, na praia.
Em 2013 Juliana lançou uma campanha com o mesmo nome nas redes sociais contra o assédio que as mulheres sofrem nas ruas. A jornalista e, também, fundadora da ONG feminista Think Olga, criou o mapa do assédio, uma plataforma digital em que as mulheres podem compartilhar relatos de assédio e apontar os lugares onde eles ocorreram. Essa iniciativa tem o intuito de tornar as cidades mais seguras para as mulheres.
No seu depoimento, a jornalista conta que decidiu criar a campanha após presenciar um de assédio numa coletiva de imprensa que cobria. Ela percebeu a naturalidade e a indiferença com que o fato foi tratado.
Chega de Fiu Fiu
Nos relatos, as mulheres dizem que o assédio não é uma simples cantada, como muitos pensam, e sim toda e qualquer intimidação, perseguição e constrangimento, que não respeite o espaço da outra pessoa pelo fato de ser mulher. Um ponto comum na fala das mulheres está relacionado a segurança e políticas públicas, ao medo de andar na rua, principalmente à noite e sozinha. “A cidade não foi feita para as mulheres, porque as mulheres não foram feitas para andar na cidade, elas foram feitas para ficar em casa, cuidar do marido e dos filhos. Este era o pensamento que imperava no mundo, até a Revolução Industrial. E é aí, que nasce o movimento feminista, para exigir os nossos direitos como cidadãs”, explica Margareth no documentário.
O documentário também apresenta o pensamento masculino sobre assédio, numa roda de conversa, alguns homens debatem sobre o que é assédio e como eles percebem estas situações. Todos concordam que assédio é interferir no espaço da mulher sem sua permissão, porém, reforçam os esteriótipos que as roupas das mulheres servem para elas “se mostrarem, como por exemplos as leggings e as roupas justas de academias”, como citado por mais de um integrante desta mesa redonda.
A filósofa Djamila Ribeiro falou sobre a objetificação do corpo da mulher, principalmente da mulher negra. “A violência e a sexualização da mulher negra está relacionada ao período colonial, que as mulheres eram escravas e eram vistas com o propósito de apenas procriar ou ser empregada”, esclarece.
Debate
Após a exibição do filme houve um debate entre os alunos presentes. Um dos tópicos da discussão foi o respeito ao espaço e ao corpo de cada pessoa. Entre os homens também foi evidenciado a existência dos estereótipos relacionados às mulheres e que o assédio diz mais a respeito da autoestima e padrões de masculinidade, do que do corpo da mulher. O acesso à informação e os movimentos feministas também foram assuntos debatidos, pois na sociedade contemporânea um comportamento preconceituoso não cabe mais. O alunos também opinaram sobre empoderamento feminino, políticas públicas, mercado de trabalho, relacionamentos abusivos e sororidade.
Classificação de Risco foi o tema da palestra do enfermeiro, Vagner Costa Pereira, no Seminário do Programa de Residência em Enfermagem na Urgência/Trauma: Aplicabilidade clínica, da Universidade Franciscana, nesta sexta-feira, 9. O palestrante é coordenador de Enfermagem e responsável técnico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) em Santa Maria.
O enfermeiro ressaltou que este protocolo é um tema muito atual na área da saúde e ainda pouco conhecido entre os profissionais. O processo de classificação de risco é uma ferramenta utilizada por médicos e enfermeiros dos serviços de atendimento de urgência e emergência, para categorizar a situação de cada paciente. Para isso, é importante a utilização de alguns recursos como o manual de serviço (literatura a ser consultada), conhecimento clínico e materiais básicos, o estetoscópio por exemplo, utilizado para escutar os sons internos do paciente.
Este sistema busca avaliar os pacientes e classificar a necessidade de atendimento prioritário, conforme a gravidade de cada caso. “Ou seja, trata-se da priorização do atendimento, após uma complexa avaliação do paciente, realizada por um profissional devidamente capacitado, do ponto de vista técnico e científico” conforme o artigo de Vinicius Fernandes, enfermeiro, graduado pelo Centro Universitário de Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), em São Paulo.
Este sistema categoriza uma situação de risco em cinco cores: azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. Do mais ao menos urgente, a cor vermelha determina atendimento imediato, laranja, em até 10 minutos, amarelo até 60 minutos, verde, 120 minutos (2h) e azul até 240 minutos (4h).
Segundo o enfermeiro, este processo é um divisor de águas no serviço de pronto atendimento, pois auxilia no diagnóstico, no tempo de espera e o no próprio atendimento do serviço de urgência e emergência. “A classificação pode fazer a diferença na vida e até mesmo no caso de morte do paciente”, considera. Com isso, Vagner ressalta um problema enfrentado no sistema público de saúde, pois a Unidade de Pronto Atendimento deveria fornecer o atendimento imediato em casos de urgência e emergência. Porém, muitos casos que chegam a UPA deveriam ser encaminhados para leitos em hospitais públicos, após o primeiro atendimento, mas não é isso que acontece. Desta forma, as UPA’s acabam suprindo a falta de leitos dos hospitais, mantendo um paciente internado por, em média, 7 dias nas unidades.
Outro problema destacado pelo enfermeiro é a falta ou a precariedade no registro dos processos durante o atendimento. Vagner argumenta que não preencher os registros obrigatórios ou registrá-los de forma incorreta pode não só prejudicar o paciente, mas também implicar responsabilidade ao médico ou enfermeiro. “Em caso de morte, a palavra da família do paciente tem maior credibilidade em caso de julgamento, pois, realizar o procedimento correto e mesmo assim não registrar, por exemplo, até pode ser válido para a saúde do paciente, mas não dá respaldo legal ao profissional responsável”, afirma.
De acordo com sua experiência, Vagner esclarece a principal diferença entre estes dois conceitos utilizados para determinar o atendimento de um paciente da urgência/emergência, reforçando a importância da classificação de risco.
Triagem: diz respeito a um atendimento humanizado-profissional, aliando características de observação com conceitos técnicos.
Classificação de Risco: sistema baseado em processos e estudos científicos usados para determinar com base nos sintomas do paciente a urgência da sua situação, para além da observação. Compreende alguns passos, desde a entrada do paciente no pronto atendimento, ao contato/avaliação com cada usuário do sistema de saúde.
O enfermeiro faz um alerta sobre a classificação de casos especiais, como por exemplo idosos e pacientes com suspeitas de agressão.
Idosos – Verde
Deficientes físicos e mentais – Verde
Acamados – Verde
Dificuldade de locomoção – Verde
Gestantes – Verde ou Amarelo, na maioria dos casos
Pessoas escoltadas, algemadas ou envolvidos em ocorrência policial – Amarelo
Suspeita de, ou agressão e vítimas de abusos sexuais – Amarelo
Retornos em menos de 24h sem melhora – Verde
Acidentes de Trabalho – Amarelo
Bernardo Cury Mendes, médico formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e hoje membro da equipe médica da Mayo Clinic nos Estados Unidos, esteve de volta a Santa Maria e palestrou nesta segunda-feira, 29, para alunos dos cursos de Medicina da UFN e UFSM. Na conversa, Bernardo contou suas experiências como residente e médico na Mayo Clinic, em Rochester, no estado do Minnesota/EUA e o caminho que o levou até lá. Bernardo faz parte da divisão de cirurgia vascular na organização, conhecida por ser prestadora de serviços médicos sem fins lucrativos e fazer pesquisas médico-hospitalares
Mendes formou-se em Santa Maria e fez residência em São Paulo. Ele relata que desde o início da faculdade tinha vontade de estudar fora do país e obter novos conhecimentos. Bastou apenas incentivo dos professores para que Bernardo corresse atrás do sonho. Uma de suas maiores motivações era acadêmica, pois sempre teve grande interesse em pesquisas e durante a residência. Bernardo não só pode pesquisar, como publicou um artigo científico que ajudou na criação de uma ferramenta que auxilia na cirurgia vascular e que ele e sua equipe puderam testar dentro do Hospital onde trabalha. “Busquei os Estados Unidos, pois sabia que além do incentivo em pesquisas, lá, eu poderia buscar o melhor treinamento possível e teria as melhores ferramentas e condições hospitalares. É difícil perder um paciente sabendo que se ele tivesse um leito de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), ele teria sobrevivido, e eu passei por isso”, relata o médico. Outro ponto evidenciado pelo cirurgião é a qualidade do ensino nos Estados Unidos.
Desafios
Entre os desafios destacados por Bernardo, estão os custos, as políticas de imigração, a miscigenação cultural, o idioma, as siglas médicas em uma língua estrangeira, a adaptação em um outro país,mas, principalmente as provas, os conteúdos minuciosos e as etapas a serem cumpridas no processo de habilitação para exercer medicina do país. Nos Estados Unidos todos os residentes de medicina submetem-se a uma aprovação que implica passar por muitas provas práticas e teóricas para assegurar às empresas e hospitais o conhecimento do futuro médico. Este processo chama-se Exame de Licenciamento Médico nos Estados Unidos (USMLE, na sigla em Inglês). “É um processo longo, que exige muita disciplina e dedicação, é difícil, mas não é impossível, nem para os americanos nem para os estrangeiros” comenta.
Mayo Clinic
A Mayo Clinic é um hospital de excelência e referência em Medicina nos Estados Unidos e no mundo. O hospital foi fundado em 1868, pelo médico Wiliam Mayo, um imigrante inglês que foi para os Estados Unidos auxiliar no tratamento dos feridos na Guerra Civil do país. Fundou junto com as freiras franciscanas – que também auxiliavam os feridos da Guerra – o primeiro hospital da cidade de Rochester. O hospital se expandiu e tornou-se um negócio de família nos anos seguintes. Os irmãos Mayo – filhos de Wiliam – viajam o mundo e dedicavam-se a pesquisas e descobertas de novas técnicas da Medicina pelo mundo todo e traziam para a Mayo Clinic. A qualidade e dedicação as técnicas se manteve ao longo do tempo. A Mayo Clinic esteve nos últimos 5 anos entre os melhores centros de Medicina nos Estados Unidos. Por isso, hoje é um centro de referência em Medicina.
“É possível imprimir uma ferramenta ou uma artéria numa impressora 3D para testar o procedimento antes de realizá-lo em um paciente. Ou realizar uma tomografia na mesa de cirurgia. Isso dá mais segurança e confiança para o cirurgião e melhor resultados para os pacientes” conta o cirurgião.
Conselhos
Em sua fala Bernardo repassou conselhos que ouviu de seus mentores e familiares e alguns que aprendeu com suas próprias experiências e hoje, repassa aos estudantes e futuros colegas de profissão.
“Tenha clareza nos seus objetivos, pois não é um processo fácil, exige muito do residente, mas tenha certeza do que você quer e trabalhe para isso”.
“É muito importante ter pessoas em quem vocês possam se inspirar e se espelhar, então procurem essas pessoas. Conhecê-las pode fazer diferença no trabalho que vocês querem exercer”.
“É essencial planejar o tempo e os estudos quando vocês estão treinando para uma prova tão difícil quanto o Exame de Licenciamento Médico nos Estados Unidos”.
“Eu sei que o nosso cotidiano é corrido, mas, podemos perceber curtos espaços de tempo durante o nosso dia em que é possível estudar, e cada minuto de esforço conta”.
“No nosso meio (Medicina), a gente aprende com o tempo, que não vale a pena ser arrogante. Eu tive a sorte de conhecer pessoas muito generosas, que me ajudaram a chegar aonde estou. Pessoas que nem me conheciam, que talvez nem ligassem para mim. E quem sabe um dia posso ser eu ajudando alguém”.
Nem sempre criança que faz “arte” se torna artista. Mas foi isso que aconteceu com Jaqueline Duarte. Da vontade de conhecer novos materiais – tintas, pincéis, argila – e explorar o mundo fora do seu apartamento, nasceu uma artista. A curiosidade de criança transformou Jaqueline na talentosa e reconhecida profissional que é hoje. Graduada em Artes Visuais – Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estudou desde anatomia, técnicas de materiais, pesquisa pessoal, redação e a fauna silvestre.
E da fauna, veio a inspiração inicial para desenvolver seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Na época, ouviu dos professores que deveria escolher para o tema da pesquisa algo que sentisse uma forte afinidade, e que valorizasse o que está ao seu redor. “Foi quando lembrei da minha coleção de penas. Decidi então, retratar a minha admiração pelos animais do Rio Grande do Sul”, conta Jaqueline. Da coleção de penas que costumava guardar desde criança, por achar os pássaros muito intrigantes, veio a possibilidade de retratar as aves ameaçadas de extinção, em seu TCC.
No seu cantinho, no seu momento, com uma boa música, um lugar tranquilo, em meio a folhas, pincéis, aquarelas, lápis e telas, Jaqueline cria suas obras. Estuda, pela internet, referências de espécies de rara visualização, pesquisa teorias sobre a biologia da fauna gaúcha, observa os animais que habitam próximo, mas “sempre respeitando o espaço deles, claro” enfatiza. A inspiração nem sempre vem nesses momentos, as ideias para as criações podem surgir a qualquer momento. E pode ser explicado pela ciência, “cabeça de artista funciona de forma diferente”, diz estudo da Revista NeuroImage.
Como aquele ditado popular de que as melhores ideias podem surgir até mesmo no banho. Por isso, os cadernos de desenho vão para todo o lado, com a artista: “tenho alguns, que sempre estão por perto, se surgir alguma oportunidade, desenho”.
Hoje, artista freelancer, Jaque, como gosta de ser chamada, trabalha desenhando arte para tatuagens, retratos de famílias, retratos de animais de estimação, ilustração de livros infantis e arte gráfica: cartões de visita, logomarcas, flyers, cartazes, banners.
E compartilha com orgulho a vasta experiência: muitas exposições durante a faculdade, com fotografia, desenhos de arquitetura e ilustrações científicas. Como parte do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ilustração Científica (NEPIC), durante o curso, Jaqueline expôs em Portugal, com o grupo orientado pelo professor Leonardo Charréu, que é natural do país. “Ele conseguiu oportunidades maravilhosas para levarmos nossos desenhos muito além do que esperávamos, no Palácio da Falcoaria Real em Salvaterra de Magos foi uma delas” lembra a artista.
No seu portfólio, também constam eventos culturais na região da Quarta Colônia, Feiras do Livro, Expo-feiras, e Exposições Coletivas, além do Inktober e o Projeto Mãos Livres. “Inktober é uma iniciativa para os artistas de todo o mundo, com a ideia de fazer e postar um desenho por dia, durante o mês de outubro. O Inktober se trata de crescimento, para melhorar e formar hábitos positivos, então quanto mais você for consistente, melhor”, afirma o ilustrador Jake Parker, criador da iniciativa.
Já o projeto Mãos Livres, orientado pela professora Melânia Casarin, do Departamento de Educação Especial da UFSM, tem como objetivo pesquisar a produção de artefatos bilíngues, atendendo a construção do conhecimento da população surda brasileira. “Lançamos através da Editora UFSM uma coleção de livros com mídia digital em Libras sobre Mamíferos Brasileiros em Extinção, onde eu atuei no bodyart – manifestação das artes visuais onde o corpo do artista é utilizado como suporte ou meio de expressão – e maquiagem dos personagens”, explica Jaqueline.
Para ela, a arte vai muito além de um simples papel ou uma tela, ela se expande trazendo desafios, aventuras e emoções na vida do artista.
Produzido por Caroline Comasseto e Luiza Rorato
O avanço da tecnologia é um processo evidente nos dias de hoje e, por consequência, o mercado da tecnologia também. Pensando numa proposta inovadora, a Universidade Franciscana incorporou a sua matriz o curso de graduação em Tecnologia em Jogos Digitais em 2017.
Na tarde desta sexta-feira, 5, esteve presente no XXII Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão (SEPE), o desenhista industrial Orlando Fonseca Júnior, ministrando a palestra Desenvolvimento da realidade virtual no Brasil. Júnior, é diretor criativo da Imgnation Studios – um estúdio de desenvolvimento de jogos, com foco na realidade virtual.
Júnior conta que sempre gostou de desenhar e queria trabalhar com algo relacionado aos desenhos, assim, graduou-se em Desenho Industrial pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Ao contrário de muitos dos meus colegas, e de muitos de vocês que estão na graduação, eu saí da faculdade sabendo o que queria fazer: trabalhar com desenhos, só não sabia como”, lembra Júnior. Na ânsia de trabalhar com animação, quadrinhos e ilustração, Júnior, com alguns colegas conheceu a Incubadora Tecnológica da UFSM, criou uma pequena empresa e com isso, descobriu como aplicar sua formação na programação de jogos. Assim, nasceu a primeira versão do que é hoje o seu estúdio.
Após muitos altos e baixos no mercado da tecnologia e saindo da Incubadora Tecnológica, Júnior, encontrou nas feiras de jogos eletrônicos o mercado internacional. Com base nesta experiência, criou, então com outro sócio, jogos para aplicativos, ainda em 2009.
“Adquirir novos conhecimentos nestas feiras de jogos, foi fundamental para o meu trabalho, para entender o mercado de jogos fora do Brasil e para dar visibilidade e reconhecimento para a minha empresa”, ressalta o diretor criativo da Imgnation Studios.
O desenhista relembra que este momento foi importante também para conhecer pessoas do ramo, e isso, o levou a com grandes empresas que ele admirava e desenvolver uma parceria de um projeto de realidade virtual, quando o grande mercado ainda nem pensava nisso. “O projeto de um jogo para o óculos de realidade virtual – hoje muito mais popularizado do que em 2014 – fez o jogo do Imgnation Studios ser o 3º do mundo e o 1º da América Latina”, conta. Um destes jogos, foi desenvolvido em especial para o festival de música, Rock in Rio Las Vegas, de 2015.
“E tudo que a empresa fez foi incentivar novos projetos numa tecnologia, de certa forma antiga, pois, a realidade virtual é um fenômeno de 40, 50, anos atrás. Só precisava se tornar acessível ao usuário comum”, comenta Júnior.
Júnior mostra que é possível viver da tecnologia virtual no Brasil, e que exige muito trabalho, dedicação e foco dos profissionais e estudantes da área. “Há uma principal diferença entre os jogos normais, que estamos acostumados a desenhar e jogo de realidade virtual: a interface. Há uma padronização nos jogos normais, em a vida do jogador fica no canto superior esquerdo e a pontuação no canto superior direito da tela. Nos jogos de realidade virtual, não existe mais a tela, não tem mais o limite quadrado de uma televisão, notebook, ou um celular por exemplo”, explica.
Após uma análise da previsão do mercado de jogos nos próximos anos, Júnior reafirma que é sim, viável viver da criação de jogos no Brasil. “É preciso achar alternativas, criar caminhos para isso, o que não é fácil, mas também não é impossível”, salienta.
Trabalhos do eixo temático Direitos, Políticas Públicas e Diversidade foram apresentados na tarde de quinta-feira, 4, durante a programação do XXII SEPE (Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão) da Universidade Franciscana.
Entre eles, o trabalho do acadêmico de Enfermagem Kelvin Leandro Marques Gonçalves, Atribuições de Mulheres de uma Associação de Reciclagem: Desafios e Enfrentamentos. O trabalho desenvolvido na disciplina de Metodologia Científica, é um relato de experiência de um voluntariado na Associação dos Selecionadores de Material Reciclável (ASMAR) de Santa Maria. Kelvin, com um grupo de colegas, visitou a associação e conheceu de perto o trabalho realizado pelas mulheres na separação de resíduos na cidade.
O acadêmico relata que a relevância do trabalho diz respeito a visibilidade, a desconstrução de preconceitos da sociedade em relação ao trabalho de reciclagem do lixo, a dignidade das trabalhadoras e a conscientização para a separação de resíduos. “Vendo de perto o trabalho delas, a gente entende o quão importante é para a sociedade, elas só querem ser reconhecidas como trabalhadoras e ter boas condições e segurança para continuar trabalhando”, declara Gonçalves.
Kelvin comenta também sobre a importância do protagonismo social da mulher e do reconhecimento das mulheres no ramo de trabalho pesado, – um espaço que ainda é muito relacionado aos homens.
Outro trabalho apresentado no XXII SEPE, na quinta-feira, teve como protagonista a mulher. Porém neste, o viés que o acadêmico de Direito da UFN, André Lourenço Lorenzoni trabalhou foi a Infância Adultizada e o Papel da Mídia na Vulnerabilização De Direitos Fundamentais. André estudou com base no caso da atriz britânica Millie Bobby Brown – que atua na série americana de Ficção Científica Stranger Things – a adultização da infância na mídia. Portanto, o acadêmico conceituou adultização como a situação em que a criança tem comportamento de adulto e foca seu tempo e atenção em coisas que vão além do seu direito de brincar, estudar e ter uma infância saudável, conforme estudos da Sociologia e da Psicologia.
O estudo aprofunda-se na questão: a representação da adultização na mídia fere os preceitos básicos da Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente? Para isso, o acadêmico trabalhou sobre três pontos de vista: as previsões da legislação presente no Estatuto da Criança e do Adolescente; a adultização da infância na mídia; e as consequências da adultização em decorrência da violação dos direitos básicos da infância.
Assim, outros questionamentos foram levantados sobre a publicidade voltada para as crianças, a atuação de influenciadores digitais e youtubers sobre a formação de personalidade das crianças e adolescentes.
O que é empoderamento feminino? Para a presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Ana Tercia Lopes Rodrigues, empoderar é a capacidade de influenciar e liderar, principalmente, através das palavras; para a influenciadora digital, Michelli Torrico é se conhecer, realizar sonhos e projetos; para a professora doutora em Ciências, Martha Helena Teixeira de Souza, é a busca da igualdade e condições para as mulheres.
Este foi o assunto que balizou a mesa-redonda Empoderamento feminino nos negócios, no II Fórum Integrado de Negócios da Universidade Franciscana, mediado pela jornalista e doutora em Ciências da Comunicação, Sibila Rocha. Durante sua fala, Ana Tercia Lopes Rodrigues contou que sua vida foi dividida em antes e depois do Conselho Regional de Contabilidade, pois, é a primeira mulher a ser presidente do conselho em 70 anos. Ela reforça a importância de ocupar este cargo.
Martha Helena Teixeira de Souza relembra o início da carreira no Paraná onde trabalhou o empoderamento com mulheres em situação de vulnerabilidade e violência. Já em Santa Maria trabalha com o empoderamento de mulheres trans e com mulheres infectadas pelos vírus HIV, causador da AIDS. Por isso, Martha destaca em sua fala ser essencial o empoderamento desta população, por conta da dificuldade do acesso dessas mulheres ao serviço de saúde, devido ao preconceito. “Luto para que as mulheres tenham visibilidade e não sofram com a violência, para que um dia possam chegar ao mundo dos negócios”, afirma Martha. A enfermeira e pesquisadora trouxe resultados de uma pesquisa realizada em Santa Maria sobre a violência contra a mulher, e que destes dados nasceu um projeto de capacitação e empoderamento das lideranças femininas dos bairros mais citados. Ela acredita que o resultado mais positivo deste projeto foi a união e o suporte entre as mulheres.
“Elas foram percebendo que podiam contar umas com as outras e retomar suas próprias vidas, até mesmo na decisão de se separar do parceiro”, explica. Em relação a posição dos homens em relação às mulheres, as três participantes argumentam que é preciso mudar a visão da sociedade quanto as mulheres, inclusive das crianças. “É muito importante o debate em família, sobre o lugar da mulher, na criação dos filhos e divisão de tarefas”, conclui Michelli Torrico que também contou a sua experiência sobre moda, redes sociais, mídia e mulheres. Com isso, a influenciadora salienta que a sua participação na internet também diz respeito a incentivar as mulheres a trocarem experiências e a aproveitar a liberdade proporcionada pelas redes sociais para reconhecer o seu próprio papel. “A gente tem que estar no lugar que quiser”, diz.
Quanto ao tópico mulheres nos negócios, as participantes da mesa-redonda julgam que é preciso ampliar os espaços e modificar a visão da sociedade sobre a mulher ocupar este espaço no mercado de trabalho, nas universidades e, mais ainda, na política. Um exemplo citado no bate-papo foi o documentário Eu sou, Eu posso, Eu quero produzido em Santa Maria, pelo grupo Mulheres Donas de Si, com depoimentos de 12 mulheres que atuam em diferentes áreas, por exemplo no esporte, como árbitra de futebol.
Michelli Torrico, afirma que neste processo de ocupação de espaços é importante que a sociedade aprenda a julgar menos o outro, sobretudo quando se trata da imagem da mulher, o que cria barreiras para atingir o Eu posso. “Por isso, a aparência interfere no ambiente corporativo”, crê Ana Tercia. Lopes Rodrigues. Sobre aceitação e respeito, Martha encerra dizendo que “as pessoas não nascem no corpo errado, nascem em uma sociedade errada, que está doente, que espalha o ódio e que acha que armas são melhores que livros, mas, nós é que estamos doentes, por isso, precisamos de mais amor”.