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Não sei muito bem sobre o que vou escrever, acho que a pandemia faz isso com as pessoas, nos deixa sem saber. Tento escrever algumas palavras, liberdade é a primeira que me vem à cabeça, mas nada mais aparece. Fico olhando aquela palavra por alguns segundos, quando algo do lado de fora me chama a atenção.

Através das grades da janela da minha sala vejo pássaros voando, aos poucos diminuem a velocidade até fazer uma aterrissagem perfeita em alguns galhos das árvores que ficam nos fundo aqui de casa.

Outros pássaros preferem seguir o seu voo em silêncio, acompanhados pelos ventos frios dos primeiros dias de inverno. Eu olho do meu sofá com inveja e digito no meu texto: Para onde vão? De onde vêm?

Vou até a janela, olho para rua, sinto saudade de caminhar por aí sem ter um destino certo ou não saber quem vou encontrar. Saudade de viver livre. Meus pensamentos são interrompidos por um João de Barro que me observa com curiosidade, enquanto se equilibra em cima do muro.

Não sei quando isso vai passar ou o que vai mudar, mas nesse tempo em casa, quando olho o mundo pela janela da minha sala, percebo o quanto a vida é simples e bonita.

A chuva começa a cair lá fora, já vi que não vou conseguir escrever nada… melhor chamar meu velho amigo Gabo para me contar uma de suas histórias.

Pondero por um momento e então digito: “Livre para voar.” Olho mais uma vez pela janela e fecho meu notebook.

 

Por Fabian Lisboa, acadêmico de jornalismo da UFN

Imagem de Jonny Lindner /Pixabay

Um reino onde mulheres se fazem ouvir, escolhem seus destinos, realizam seus sonhos e escrevem suas próprias histórias. Nesse reino, Rapunzel decidiu que queria conhecer o mundo, cortou suas longas tranças, fez uma corda com elas e desceu da torre alta. Viajou, comeu e amou. Aproveitou cada segundo da sua vida, livre, leve e solta.

Outra mulher também vivia por lá, Branca de Neve, considerada uma princesa, sabia exatamente onde queria chegar. Usou sua determinação, junto com as habilidades dos seus fiéis escudeiros, os sete anões. Virou uma empresária de sucesso, rica e poderosa, a Dona do Pedaço.

Do outro lado do reino, Cinderela disse umas verdades para sua madrasta cruel e suas irmãs postiças. Se livrou do relacionamento abusivo que tinha com elas e suas sapatilhas de cristal tornaram-se tendência nos quatro cantos do reino. Assim, nunca mais precisou entrar em uma carruagem que virava abóbora.

Aurora, que era conhecida como a Bela Adormecida, cansou de esperar o príncipe encantado. Na verdade, essa espera em sono profundo a fez pensar sobre sua vida e suas escolhas. Quando acordou, dispensou príncipes encantados, para um belo dia conhecer a destemida princesa Anna, de um distante reino de gelo, para juntas encontrarem o amor e viverem felizes para sempre.

Outra notável personagem desse lugar era uma menina dos cabelos de fogo, princesa e sereia, chamada Ariel. Nessa história ela não trocou sua voz por um par de pernas. Ela usou a sua voz para defender os animais marinhos contra as ações dos seres humanos e virou uma famosa ativista ambiental.

Não podemos deixar de falar de duas mulheres fortes e guerreiras desde crianças. Lideres dos seus povos, admiradas e respeitadas, não só reconhecidas pela beleza, Pocahontas e Mulan.

E por último, mas não menos importante, da periferia do reino, Tiana, uma princesa negra, extremamente inteligente, que propaga o Black Power por onde passa, recrutando seguidores, exigindo respeito e igualdade, sempre embalada ao som do jazz e do blues.

Todas as mulheres citadas nessa história mudaram seus destinos já escritos, para simplesmente escolherem o que quiser para suas vidas. Que assim como elas, todas as mulheres possam escrever suas próprias histórias, sem aceitar nada menos do que a felicidade.

Por Fabian Lisboa, acadêmico do curso de Jornalismo da UFN

Quando eu tinha cinco anos ganhei de presente um cachorro. Seu nome era Hulk, em homenagem ao gigante verde da Marvel. Hulk era um vira lata da cor preta com uma mancha branca entre os olhos. Foi meu fiel escudeiro durante muitos anos. Quando ele morreu, fiquei muito triste e prometi a mim mesmo que nunca mais ia ter cachorro.

Os anos passaram e ela apareceu. Chegou de mansinho e, sem esforço nenhum, arrebatou meu coração. Seu nome Belinha, uma lhasa apso, branca com o focinho despigmentado e um rosto extremamente expressivo para um cachorro. Minha filha de quatro patas, que quando a veterinária falou: “Se ela não for operada urgentemente, vai morrer”, cheguei à conclusão que não estava preparado para perdê-la.

Confesso que nunca me imaginei passando por essa situação, mas a vida tem das suas. Eu, agora, me via sentado na sala de espera do hospital veterinário, onde escrevi um pouco desse texto. Ao meu lado um cachorro hiperativo que, em pé, devia ter uns dois metros de altura, puxava a sua dona de um lado para o outro – uma senhora de um metro e cinquenta de altura e uns sessenta anos. À minha frente um gato preto dentro de um cesto de roupas improvisado como gaiola. Cercado de todos os tipos de cachorros, me olhava aterrorizado com aquela situação, tentando puxar na memória qual travessura tinha feito para a sua dona o estar  punindo daquele jeito. E eu ali, no meio daquele caos, pensando em como ia ser minha vida sem minha cadelinha dormindo todas as noites aos meus pés, ou me esperando chegar do trabalho.

Hoje, sentado aqui no sofá e terminando de escrever esse texto, que comecei  há um mês, com a Belinha deitada aos meus pés, lambendo uma pata, fico pensando: –  A vida é um grande filme feito de momentos editados por nós ao longo dos anos, e dos quais só nós vemos o resultado final. E um dos momentos que vou colocar no meu filme é esse: a imagem dela entre uma lambida e outra na pata, me olhando, sem imaginar no quanto é importante para mim.  Espero que a Belinha ainda fique comigo por muitos e muitos anos, que siga no seu sofá velho, amarelo e desbotado, latindo para o mundo.

PS: este texto foi escrito no dia 9 de maio de 2018. No dia 29 de maio do mesmo ano ela morreu. O sofá amarelo continua no mesmo lugar, junto com a saudade que nunca vai passar.

Fabian Lisboa é acadêmico de jornalismo da UFN

 

Nesse verão fui passar alguns dias no litoral, fazia três anos que não ia. Talvez uma das coisas mais inspiradoras para alguém que goste de escrever seja sentar na areia e escutar o barulho das ondas quebrando no mar. A maresia não sai do nariz, impregna no corpo. Crianças dando seus primeiros passos em direção a imensidão do mar, a água salgada, fria, atingindo milhares de seres humanos ao mesmo tempo, em um abraço, um carinho que a maioria espera o ano inteiro para receber.

Como em um filme observo em câmera lenta as coisas acontecerem, a água derrubando os muros de um castelo de areia, os pais catam conchas para seus filhos, a menina sai da água chorando, depois de ser tocada por uma água viva. Enquanto escrevo, sou vigiado por uma pandorga em forma de morcego, que sobrevoa os guarda-sóis, ao mesmo tempo em que todos batem palmas pelo abraço forte do pai no filho perdido, que lhe esperava na guarita dos salva-vidas, número 77.

Antes de voltar para casa contemplo uma última vez o mar, tento imaginar os lugares onde ele pode nos levar, em como somos pequenos no universo. A água molha meus pés e me pego a pensar no que realmente lembraremos no fim da nossa existência, eu me lembrarei de coisas como sentar na areia da praia e ouvir o barulho do mar.

Fabian Lisboa é acadêmico de jornalismo na UFN e um apaixonado pelo mar.

 

Fazenda de oliveiras entre as cidades de Caçapava do Sul e São Sepé, RS. Foto: arquivo/ cedida pela AI da prefeitura de São Sepé.

Devido ao clima e solo propício, o Rio Grande do Sul tem capacidade para produzir azeite extravirgem de alta qualidade. Considerado um alimento essencial na mesa de quem preza uma boa alimentação, o azeite extravirgem cada vez mais cai no gosto dos gaúchos. No município de Pinheiro Machado, localizado a 355 km de Porto Alegre, é produzido o azeite Batalha, focado no cuidado do seu azeite e na beleza das embalagens de suas garrafas. O azeite foi incluído entre os 500 melhores azeites de oliva do mundo, no mais prestigiado Guia Internacional de Azeites, o “Flos Olei” da Itália.   

Na região central do Estado, temos dois exemplos dessa produção. Localizada na cidade de Cachoeira do Sul, desde o ano de 2006, existe a Olivas do Sul Agroindústria Ltda, considerado o primeiro azeite de oliva extravirgem do mercado a ser produzido em escala comercial no Brasil. Além da comercialização do azeite, a Olivas do Sul desenvolve um projeto para o investidor que tem interesse em entrar no ramo da olivicultura. A empresa disponibiliza muda de oliveiras, sem custos e toda a assessoria técnica necessária para o plantio.

Produzido integralmente no Rio Grande do Sul, o Prosperato Premium, foi o primeiro azeite de oliva extravirgem brasileiro a receber a medalha de ouro no New York International Olive Oil Competition em todas as suas edições. Este é considerado o mais importante concurso de azeite de oliva do mundo fora da Europa. Na região, a variedade é plantada e cultivada entre os municípios de São Sepé e Caçapava do Sul. A produção do azeite começou em 2011, no canto de um viveiro da Tecnoplanta, em Barra do Ribeiro. A publicação do Evoowr (Ranking Mundial dos Azeites Extravirgens), que compilou todos os prêmios distribuídos pelo mundo no ano de 2017, colocou o Prosperato Premium como o 83º melhor azeite do mundo, único brasileiro na lista de 253 azeites de todo o mundo.

Rafael Marchetti, um dos sócios-diretores e filho de um dos fundadores da empresa entrou na Tecnoplanta no mesmo ano em que o novo negócio surgiu como alternativa em um período de baixa na indústria florestal. Marchetti fala que está sempre se atualizando e se especializando em cursos de extração e análise sensorial de azeites, fora do país. Ele ainda fala sobre as dificuldades de competir com azeites importados. “Não se compete, primeiro pelo preço, mas também por quantidade. Temos um produto de baixa escala”, comenta ele.

Por ser um assunto novo, talvez o grande desafio dos produtores seja mostrar aos consumidores a gama de possibilidades do produto. O grande diferencial do azeite produzido no Brasil é o frescor, pelo fato de ter o produto mais próximo para o consumo. Para Rafael o segredo é vender direto ao público. Hoje, a empresa conta com 300 hectares próprios, em Caçapava do Sul, São Sepé, Barra do Ribeiro e Sentinela do Sul, que é o plantio mais recente.

Em 2017, a produção final foi de mais ou menos 13 mil litros de azeite, com as vendas iniciadas em março e finalizadas em outubro. Para 2018, Marchetti acredita ficar em torno de 10 mil litros.

Apesar de todas as dificuldades a procura tem sido alta. No entanto, Marchetti é cauteloso. “É uma cultura de longo prazo, não vai começar a produzir logo, nem produzir todos os anos. A oliveira não é assim, em qualquer lugar do mundo ela é demorada. Leva tempo para atingir uma forma adulta e o negócio se tornar mais rentável. Aqui elas dão os primeiros frutos com 3 ou 4 anos, mas não é uma produção comercial ainda, leva tempo, mas lá adiante é recompensador”, finaliza ele.   

*Reportagem  de Fabian Lisboa,  produzida na disciplina de Jornalismo Científico