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Jean Paim

A militância representada pela bandeira. Foto: Caroline Freitas

As conquistas dos direitos LGBT estão em evidência nas discussões na sociedade e na política. Apesar disso, a comunidade ainda sofre com discriminação e intolerância. Neste ano, 117 pessoas foram assassinadas devido a crimes contra à orientação sexual no Brasil, o equivalente a uma morte a cada 25 horas, segundo relatório da ONG Grupo Gay, especializada em verificação de dados sobre violência homofóbica no país.

Assegurar direitos igualitários à população LGBT, pelo enfrentamento ao preconceito, direitos civis e tolerância, fazem parte da Militância Gay, que propõe nova realidade ao movimento.

Um dos primeiros atos da militância ocorreu em 28 de junho de 1970 em Stonewall, Nova York, quando um grupo LGBT caminhou pelas ruas do bairro em prol dos direitos homossexuais e resistência os maus tratos sofridos pela polícia. O ato histórico marcou a defesa dos direitos civis LGBT. A partir dessa data são realizados todos os anos diversas manifestações sociais, onde se busca promover uma política de igualdade e reconhecimento.

Junto desse movimento social nasceram entidades e ativistas voltados à defesa da comunidade LGBT, visando ao fim de criminalização da homossexualidade e do reconhecimento dos gêneros por meio de leis e políticas públicas.

 

Militância e ativismo em Santa Maria

Ativistas na 3ª Parada LGBT Alternativa de Santa Maria. Foto: Caroline Freitas

Com o tema “Ativismo e Resistência popular’’, Santa Maria realizou no dia 19 de novembro, a 3ª Parada do Orgulho LGBT Alternativa. Trouxe às ruas a histórica luta pelo reconhecimento das diferenças diante do avanço do conservadorismo.

Para o ativista independente Lucas Moreira, 27, que participa da parada desde a primeira edição, a importância do ativismo com diálogos diferenciados, onde todos são ouvidos é necessário na formação da militância santa-mariense.

“As manifestações por direitos na luta LGBT são importantes na construção do ativismo. Talvez seja a forma mais eficaz de chegar aos olhos de todos. O conservadorismo é grande aqui. Já sofremos como minoria que luta por direitos diante de uma crescente onda de posição contra direitos que deveriam ser comuns a todos.  Ouvir todos os lados do movimento é de extrema importância para a construção de uma militância real. Manifestações são um esforço que vale a pena para defender questões em que acreditamos e queremos”, argumenta.

Já o estudante Vitor Ferreira, 19, que cursa Psicologia na UFSM e acompanhou a parada deste ano, não acredita na militância e vê o ativismo atual como forma agressiva de impor respeito. “É preciso ressignificar a forma de lutar por nossos direitos. Já foi conquistado muito e atribuir uma forma agressiva e até mesmo apelativa não é o jeito de agir. Não acredito em ativistas, as lutas deixaram de ser por direitos e se tornaram um confronto de ideias contrárias a tudo que sociedade pensa como certo, sem foco. Não há busca por diálogo e entendimento. Hoje a militância se preocupa mais em chocar. Regredimos muito nesse ponto”, questiona.

A realização da parada é uma parceria entre ativistas independentes, organizações da sociedade civil e Coletivo Voe, que surgiu pela falta de representatividade na comunidade, construindo espaço de expressão e diálogo sobre diversidade sexual, em busca do diálogo igualitário e livre de todas as formas de opressão.

“É muito importante esse tipo de manifestação em Santa Maria, porque mostra que a gente existe. Não queremos nada além do que todo mundo tem, que é ser feliz, viver e constituir uma família, sem precisar sofrer tanto preconceito e ser agredido”, comenta Leonardo Almeida, 23, integrante do Coletivo Voe.

O coletivo trabalha nessa construção com intervenções, formações, palestras, visitas em escolas. “Somos chamados por professores para conversar sobre identidade de gênero. Sempre mostramos que a diferença é normal, que ser diferente é bom”. complementa Leonardo.