A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
Com a aproximação das festas de fim de ano, começam os burburinhos: “Onde passar o Natal? Com quem compartilhar a ceia? Vai ter árvore em casa este ano?”. Há quem suspire: “Não gosto destas festas. O espírito de Natal e de fim de ano me causa melancolia” – balbuciam. Os nostálgicos lembram-se de como era bom antigamente, não sei onde, em lugares e espaços que ficaram na saudade. Os mais eufóricos já fazem a lista dos presentes, acompanhados das crianças com seus olhos redondinhos arregalados diante da expectativa de abrir os embrulhos coloridos. Já quem prioriza as delícias da ceia, faz a lista do mercado sem esquecer-se de fazer o prato preferido de quem vem de longe. Os doces? Surpresa, mas terá pra todos.
Onde foi que se perdeu a essência do Natal? Historiadores afirmam que Jesus não nasceu em 25 de dezembro. Mas, se na nossa cultura, o Natal serve para lembrar de tudo o que a vida de Cristo representa, por que não comemorar com a prática do que Ele ensinou? Unidade, solidariedade, amor e perdão? Por que o Natal virou motivo de geração de empregos, incentivo ao turismo, comércio, lucros e afins? Natal é para ser e para fazer alguém feliz. Se não gostas das festas realizadas até agora, faça a sua, faça diferente. Convide pessoas que você ama. Troque presentes. Aperte. Abrace. Se preferir, dance. Se quiser, viaje. Se quiser, faça nada. Durma. Veja filmes. Descanse. Esqueça-se do ano pesado e seja leve como Cristo aconselhou: “Aprendam de mim, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Leve? Fica a dica de quem sabe o que é peso, mas prefere ver o mundo com os olhos do amor e da esperança.
E as luzes? Neste ano, à volta da mesa, perto da meia-noite, milhares de luzes vão acender. São as luzes do tablets, smartphones, iphones. Que essas não substituam o abraço, a troca de olhares e a boa conversa com quem está perto fisicamente. Antes do #partiunatal #comosmelhores e outras expressões que irão acompanhar as fotos que devem ser postadas imediatamente antes que o mundo tecnológico acabe, acenda outras luzes – as do coração. Faça do Natal de 2015 um bom motivo para contar histórias. Que a primeira luz seja acesa em você!
Basta chegar à sede do Banco da Esperança em Santa Maria para perceber a agitação da vida da religiosa Lourdes Dill, ou irmã Lourdes, como é conhecida na cidade. Entre uma agenda apertada, telefonemas e viagens, a irmã conversou com a reportagem do Ambjor a respeito de sustentabilidade, projetos e economia solidária.
A conversa durou cerca de uma hora e foi ali, na sede do Projeto Esperança/ Cooesperança, que percebemos que bastam poucas pessoas se disporem a tomar iniciativas para que o mundo fique melhor.
O Projeto Esperança/Cooesperança foi fundado por Dom Ivo Lorscheiter, bispo diocesano de Santa Maria, e tem como fundamento a solidariedade. Esse projeto criou ainda outros projetos, como os PACs (Projetos Alternativos Comunitários) com a finalidade de construir o Desenvolvimento Solidário Sustentável e encontrar soluções para problemas sociais, tais como, desemprego, êxodo rural, fome, miséria e exclusão social. Hoje não tem como falar no Projeto Esperança/Cooesperança sem associá-lo com a figura da cofundadora da iniciativa, irmã Lurdes Dill, que atua como coordenadora no projeto há quase 30 anos.
“O que o capitalismo faz no mundo? Ele concentra na mão de poucos. A economia solidária é uma reação à crise, ao desemprego e à exclusão social.”
Ambjor: Irmã Lurdes (como preferiu ser chamada), como a senhora define o Projeto Esperança/Cooesperança?
Irmã Lourdes: O Projeto é um trabalho que começou como uma obra de formiguinhas e que se fortaleceu como todo trabalho de equipe bem organizado se fortalece. Está ligado à arquidiocese de Santa Maria, dentro do Banco da Esperança.
Ambjor: E como funciona na prática o Projeto?
Irmã Lourdes: É um trabalho cooperativado, de economia solidária que trabalha em rede com pequenos grupos de agricultores familiares, artesãos, povos indígenas, catadores, quilombolas. É um leque muito grande que conta também com consumidores que optam por outro jeito de consumo que não o
capitalismo selvagem. Essas pessoas adquirem produtos naturais, integrais e, portanto mais saudáveis.
Ambjor: O Esperança/Cooesperança é de Santa Maria?
Irmã Lourdes: O Projeto é daqui, da região. Dessa arquidiocese e de mais 34 municípios da região. Ele faz cidadania aqui, mas tem integração e articulação por todo o Brasil e também na América Latina. Ressalto que a principal atuação é localizada e funciona por meio das redes e das feiras, as quais resultam em uma interligação nacional e atuação internacional.
Ambjor: Como atua o Esperança/Cooesperança?
Irmã Lourdes: O primeiro foco é a organização do povo em pequenos grupos urbanos integrados. Logo, incentivamos as produções urbana e rural, sempre com vistas ao consumo responsável. É neste ponto que o projeto está engajado com a causa ambiental.
Ambjor: Irmã Lurdes, o que é o consumo responsável na perspectiva do Projeto?
Irmã Lourdes: Nós da economia solidária acreditamos no comércio justo e no consumo ético e solidário. Esses ideais fazem com que haja uma responsabilidade na produção, mas também no consumo. Para nós, a única finalidade do consumo é qualificar a vida e mostrar opções saudáveis para pessoas, as quais consomem tantas coisas que fazem mal pra elas e para o meio ambiente.
Ambjor: Em sua opinião, a sociedade é prejudicada por não consumir produtos considerados naturais?
Irmã Lourdes: Com certeza. A gente fica muito triste porque as pessoas não têm noção do mal que faz um produto que tem muita química, veneno e corantes. Hoje se vê tanta criança, e atribuo essa falha aos pais, que não tomam mais leite e água. Elas só bebem refrigerantes. O resultado disso é o alto número de crianças obesas, com diabetes e outros problemas decorrentes da má alimentação. Os pais devem ensinar o consumo responsável aos filhos. Isso tudo nós trabalhamos dentro da economia solidária.
Ambjor: E o que é a economia solidária?
Irmã Lourdes: É uma economia que contrapõe o capitalismo. O que o capitalismo faz no mundo? Ele concentra na mão de poucos. Ele concentra poder, ele concentra dinheiro, ele concentra terra. Ele concentra bens na mão de poucos. A economia solidária tem como grande contraponto o desemprego. Nunca a humanidade foi tão criativa como tem sido nesse alvorecer da economia solidária. A economia solidária é uma reação à crise, ao desemprego e à exclusão social.
A economia solidária é uma economia mais socializada, partilhada, onde todos os povos e todas as raças teriam direitos e deveres iguais. Por exemplo, os bens do universo e da natureza, eles pertencem a toda humanidade, não pertencem ao pequeno ou ao grande produtor. Dentro da economia solidária falamos em partilha dos grandes patrimônios da humanidade.
Ambjor: Quais são esses patrimônios?
Irmã Lourdes: Os grandes patrimônios da humanidade são a terra, a água, o ar, a semente e os bens produzidos. O conhecimento também é um patrimônio da humanidade. O conhecimento não pertence a uma pessoa. Ele é construído e pertence a toda comunidade. Por isso ninguém poderia reter o conhecimento. Tudo precisa ser compartilhado.
Ambjor: Que relação se estabelece entre a economia solidária e o desenvolvimento de uma sociedade?
Temos dois modelos de desenvolvimento no mundo, o crescimento capitalista concentrador na mão de poucos e o desenvolvimento solidário, sustentável e territorial. Este pensa global e tem ação local. A finalidade desse desenvolvimento é construir o bem-viver, o que é diferente do viver bem. O capitalismo defende o viver bem, nós da economia solidária defendemos o bem viver.
Ambjor: Bem-viver é estar contente com o bem-estar?
Irmã Lourdes: O bem-viver inclui o direito ao mínimo necessário para o bem-estar: casa, educação, alimento, ambiente limpo, saúde e lazer. Deus criou os meios necessários e deu ao homem um habitat digno pra sobreviver. Não está nos planos de Deus a ideia de que o pobre deve ser pobre. Isto é um conceito errado criado pela humanidade, especialmente pelo capitalismo. É por isso que nós, da economia solidária, falamos muito da questão do bem-viver. Exemplo disso é os indígenas que não acumulam, que vivem com pouco.
Ambjor: Como o projeto Esperança/Cooesperança trata a questão do consumismo, apontado pela ONU como um dos grandes vilões do Ecossistema?
Irmã Lourdes: O capitalismo é o pai do consumismo. Este depreda a natureza. A economia solidária busca o equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente, entre o bem comum, a cultura e a identidade. Buscamos o resgate dos princípios da construção do ecossistema, entre eles, a segurança alimentar. Não precisava ninguém passar fome. Temos o alimento necessário, mas tem quase um bilhão de pessoas passando fome por causa da concentração e do desperdício de alimento. Hoje em torno de 40% do alimento é desperdiçado. Isso dá pra ver nas lixeiras e nos caminhões que perdem grãos durante o transporte. Já o consumo exagerado vai gerar miséria – o grande desconforto ambiental para a humanidade. Muitas pessoas não têm o mínimo para sobreviver. Se resgatarmos princípios universais, como o direito à igualdade, conservaríamos o ecossistema. Será que Santa Maria precisa de mais mercados? Será que a grande quantidade de farmácias na cidade não denuncia uma população que come remédios? Será que não está fácil demais comprar remédios aqui?
Ambjor: Nestes 30 anos, o que a senhora destacaria como algo que foi alcançado com êxito?
Irmã Lourdes: O espírito coletivo e a partilha. As pessoas entram na economia solidária com comportamento bastante individualista. No começo acham que o mundo é delas, que a mesa da feira é só para elas. Ao passar do tempo elas mudam, compartilham dos projetos, ajudam umas às outras. Posso dizer que um dos grandes sucessos é a transformação do individualismo em solidariedade. Destaco ainda a vitória de termos a Feira da Economia Solidária em um pavilhão fechado. Com a ajuda do Dom Ivo, conseguimos argumentar com os órgãos públicos que é possível fazer feira dentro de um prédio. Não foi fácil lutar por isso há 30 anos e quebrar o paradigma de que feira em prédio caracteriza mercado tradicional.
Ambjor: Com tantos mercados e centros comerciais, dá pra acreditar na feira como fonte de renda para o produtor e opção rentável para o consumidor?
Irmã Lourdes: Dá sim. Essa é a consciência que formamos nos grupos de vendedores e de consumidores. Todos os sábados tem feira a partir da 7 horas da manhã. As pessoas pegam seu chimarrão, convidam a família e vão para a feira. As pessoas ainda optam por isso, até porque o comércio local abre a partir das 9 horas. Ali elas ficam mais de duas horas. Conversam, fazem amigos, trocam experiências, convivem. Na feira, as pessoas conversam entre si e não com prateleiras. É bonito de ver a sintonia entre vendedores e clientes.
Ambjor: Fale-nos sobre a FEICOOP.
Irmã Lurdes: A Feira Internacional do Cooperativismo é uma articulação nacional e internacional criada aqui em Santa Maria. A Unifra é uma grande parceira dessa iniciativa. Existem mais de 40 trabalhos acadêmicos a respeito da FEICOOP. Isso é muito significativo pra nós, já que sinaliza uma geração com consciência transformadora.
Esta feira não é uma mera feira, ela é diferente. É um espaço que tem muitas atividades, seminários, oficinas, ideias, debates e também, é claro, uma grande exposição de produtos com muita criatividade feita pelos integrantes da economia solidária do Brasil, da América Latina e de outros continentes.
Ambjor: Qual é a importância dessa feira para o Esperança/Cooesperança?
Irmã Lourdes: Hoje o grande destaque do projeto é puxar essa feira que já fez história na vida de pessoas do Brasil inteiro. As pessoas querem vir na feira de Santa Maria, viajam dias, fazem promoções para pagar os ônibus e os hotéis. Além disso, A FEICOOP destaca Santa Maria como a capital mundial da economia solidária. A Feira começou em julho de 1994 e até hoje as autoridades locais guardam a segunda quinzena de julho para a realização desta iniciativa.
Ambjor: O que falta para o Projeto Esperança/Coesperança hoje?
Irmã Lourdes: Políticas públicas. Temos uma organização aqui no município, o conselho municipal de economia solidária, mas falta um fundo do município para a economia solidária. Em nível estadual nós temos leis significativas que foram criadas pelo governo. Em nível federal temos a Secretaria Nacional de Economia Solidária que está sediada no Ministério de Trabalho e Emprego e agora juntou com a Previdência Social. Mas o apoio não é constante, depende de quem está no governo. Por isso é importante que o nosso trabalho seja alvo de estudos dentro das universidades, nos cursos de Economia, de Administração e até da própria Comunicação, além da Arquitetura. Assim vamos formar uma sociedade preocupada com o meio ambiente.
Ambjor: Quais são os principais apoiadores do Projeto Esperança/Cooesperança?
Irmã Lourdes: A Unifra, a Emater, alguns órgãos públicos e a imprensa local.
Ambjor: De novo sobre o meio ambiente: na sua opinião, dá para recuperar o que já foi destruído?
Irmã Lourdes: Há um ditado que diz: “Aquilo que foi destruído o foi para sempre, o que está em perigo ainda pode ser salvo”. O solo que foi envenenado leva muitos anos para se purificar. Para isso, ele precisa ter adubação verde. Desse adubo ele suga força e se renova, mas precisa de uns 4 ou 5 anos para se recuperar. A água também. Temos tantas fontes poluídas, né? A água potável está em grande perigo no mundo e no Brasil. Nossas fontes foram destruídas pelo veneno e pela ganância. É possível recuperar a ecologia pela agricultura familiar, mas assim é muito difícil. O agronegócio está impregnado, esse sistema é devastador. No Mato Grosso do Sul devastaram muito. Lá você anda quilômetros e quilômetros e não encontra uma árvore. Preocupo-me com o solo. Não adianta plantar somente eucalipto. Ele destrói, suga toda a água e torna o solo um bagaço. É difícil dialogar com quem acredita que o agronegócio é a solução.
Ambjor: Quais são os desafios da agricultura familiar?
Irmã Lourdes: Apesar da valorização, a agricultura familiar também precisa de política pública. Se o pequeno agricultor que vive isolado no meio rural, não tiver uma articulação, apoio e uma política pública, ele sai do campo e vem pra cidade. Mas quando ele vem para os centros urbanos, ou não se adapta ou não consegue lidar com os problemas encontrados nesse ambiente que é novo pra ele. A solução seria o campo oferecer as mesmas facilidades que a cidade tem: telefone, internet, televisão e qualidade de vida. É importante que os jovens possam vir estudar na cidade e voltar pra colônia, mas pra isso deve haver condições de sustentabilidade na sua propriedade rural. Além disso, o produtor rural tem que ter onde comercializar sua colheita. Hoje temos vários programas do governo como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e as feiras. Mas isso tudo é um processo, nada vem pronto, tem que ter muita união e muita informação.
Ambjor? Santa Maria cuida do meio ambiente?
Irmã Lourdes: Temos inúmeros problemas, a começar pela questão do lixo. Quando você caminha cedo, já vê o lixo espalhado. Os contêiners são insuficientes. Mas essa responsabilidade deve ser dividida entre os órgãos responsáveis e a sociedade. As pessoas devem ajudar a manter a cidade limpa e a prefeitura deveria reforçar a educação ambiental, além de apoiar os catadores – eles são profetas da ecologia.
Ambjor: Em sua opinião, em tempo de crise ambiental, o corte da árvore na praça central de Santa Maria e a grande quantidade de luz que fica ligada na decoração da praça Saldanha Marinho, combinam com o espírito natalino?
Irmã Lourdes: Nada justifica o corte daquela árvore. Pena que o assunto foi abonado rapidamente. Além disso, em tempo de crise e com tantas pessoas passando fome, o desperdício de energia e o grande investimento na decoração de natal da cidade são práticas que não deveriam prosperar. Acho bom que enfeite a cidade, mas houve um exagero que não combina com a situação brasileira do momento. É muito gasto pra pouco tempo. Deveria se pensar nas necessidades da cidade como um todo.
Ambjor: O destaque que a imprensa local dá para as questões ambientais em Santa Maria é suficiente?
Irmã Lourdes: Tornar a questão ambiental uma pauta presente é um desafio para a mídia local. Esse assunto, algumas vezes, vai requerer denúncia e mostrar comprometimento de órgãos e figuras públicas com a degradação ambiental. Esse tema é desafiador e merece destaque.
Ambjor: Ainda há muitas coisas a serem conquistadas?
Irmã Lourdes: Nossa meta é organizar o povo que está à margem da sociedade para que ele seja incluído e busque viver com qualidade e quantidade de vida. Isso serve para todas as idades e classes sociais. Um mundo melhor é possível e nós todos podemos ajudar.
Na contramão do fumo
“Todo mundo pensa que vale a pena insistir no plantio do fumo, mas na verdade é muito difícil. Ficamos nas mãos das grandes empresas fumageiras e nós, pequenos agricultores, somos prejudicados na saúde e financeiramente”, desabafa a agricultora Miraci Sippert Schú.
Miraci levanta nas madrugadas de sábado para arrumar os produtos que vende na feira. Esses produtos são da própria horta da agricultora e a principal fonte de sustento dela e da família. Com alegria ela mostra as cenouras e os pés de alface, presentes da terra pra ela, como gosta de repetir. “Se a gente cuidar da terra, ela nos presenteia. Quando penso que vou colher uma certa quantidade, a terra me dá muito mais”, conta.
Mas nem sempre foi assim. Miraci plantou fumo por 10 anos. Além de se endividar com três multinacionais fumageiras, ela adquiriu uma enfermidade, decorrente do contato frequente com o veneno usado nas folhas das plantações. “O fumo dá renda somente para as grandes multinacionais”, enfatiza a agricultora que diz que parou de plantar fumo para cuidar da saúde e ter a consciência limpa com o meio ambiente.
Segundo a coordenadora do Projeto Esperança/Cooesperança, irmã Lourdes Dill, a região central é uma grande produtora de fumo, mas os agricultores ganham pouco e arriscam a saúde. A religiosa explica que Dom Ivo, o idealizador do projeto, se preocupava com a renda e a saúde desses plantadores, bem como com o crescimento do índice de fumantes na região. Dessa forma, surgiu em 1991, o Seminário de Alternativas à Cultura do Fumo, parceiro do Projeto Esperança/Coesperança que tem por finalidade incentivar os agricultores vítimas da produção do fumo a investir em outras culturas.
O trabalho de alternativa à cultura do fumo começou há 25 anos e nunca parou. O objetivo do seminário é organizar equipes e motivar os agricultores a desistirem da cultura do fumo e investir em culturas alternativas. “O fumo mata mais de 25 milhões de pessoas por ano no mundo. No Brasil, mais de 200 mil pessoas morrem em consequência do consumo de cigarros. Santa Maria fuma muito”, enfatiza irmã Lourdes Dill.
Para colaborar com essa conscientização, há dez anos surgiu a Convenção Quadro para Controle do Tabaco.
Além do risco à saúde do agricultor, o cultivo do fumo causa sérios danos ao meio ambiente. Miraci conta que percebia que quando as abelhas se alimentavam na folha do fumo, traziam o pólen para a colmeia e logo todo o enxame morria. Para a irmã Lourdes, muitos grupos já pararam de plantar fumo e também de fumar. Essas pessoas também passaram a produzir artigos ecológicos com a finalidade de promover o resgate do meio ambiente.
Hoje Miraci é outra pessoa. Não parece a mesma que vivia depressiva. O motivo da mudança é abandonar o fumo, investir em outras culturas e morar na área rural. “Morei 10 anos na cidade. Vivia triste. Não queria nem cumprimentar os vizinhos”, conta a agricultora que vê no campo o verdadeiro estilo de vida saudável.
“Batata, milho, mandioca e tudo o que você imaginar tem na minha propriedade”, comemora Miraci que tem nos três filhos e no marido os companheiros de plantio. Além da própria banca, ela já supre as bancas dos colegas. Na última feira, a feliz agricultora trouxe 25 pés de alface, e sem veneno nenhum, diga-se de passagem, para compartilhar com os outros vendedores. Miraci vive o sonho de ver a terra onde mora produzir o suficiente para o sustento da família. Ela ainda paga dívidas da época do fumo, mas a terra tem lhe ajudado a olhar pra frente. “Vai um alface aí”?
Fotos: Luisa Neves – Ambjor
A totalidade do planeta como dependente da água foi o pensamento que norteou a abertura do XIX Simpósio de Pesquisa e Extensão (SEPE) do Centro Universitário Franciscano. A palestra ministrada pelo professor José GaliziaTundisi teve como objetivo estimular reflexões sobre a crise hídrica e alertar para a fundamentalidade da água, elemento que faz funcionar todo o ecossistema: homem, planta e animais.
O palestrante salientou a importância da ciência e da tecnologia como agentes transformadores da sociedade, mas esclareceu que desenvolvimento e modernização são conceitos muitos diferentes. Para ratificar este pensamento, ele exemplifica que no Brasil existem muito mais celulares do que banheiros. “Enquanto o Brasil não tratar de problemas como a falta de saneamento básico, este país não vai pra frente. Isto dever estar na cabeça de cada prefeito e vereador deste país”, assegura.
No afã de manter a sustentabilidade, o homem diversificou o uso da água, mas esqueceu de que tem outras espécies que precisam desse elemento para sobreviver. Exemplo disso é a vegetação, componente aditivo que permite o escoamento e infiltração de água necessários para alimentar aquíferos subterrâneos. Além disso, a vegetação transpira e repõe água na atmosfera. Segundo o professor, 30% da água na atmosfera pode vir da transpiração da vegetação.
Crise hídrica, uma questão de desequilíbrio
“No mesmo ano que em o Nordeste brasileiro sofreu com a seca, as Cataratas do Iguaçu foram vítimas de uma das maiores enchentes do país”, destacou o professor, referindo-se ao ano 2014. Para ele, crise hídrica não é só falta de água, mas é resultado de desequilíbrio ambiental, falta de acessibilidade à água e escassez de água tratada. Neste sentido, lembrou de um problema grave em algumas comunidades: muitas pessoas têm que comprar água de caminhões pipas inclusive para uso doméstico. Quanto à falta de tratamento da água, doenças como a diarreia são recorrentes, visto que as pessoas têm a cultura de tratar doenças e não de prevení-las. Neste caso, ressalta o direito à informação e conscientização do governo em priorizar o saneamento.
Segurança hídrica
Segundo a UNESCO, segurança hídrica é a capacidade de uma população garantir o acesso a quantidade adequadas de água de qualidade aceitável para sustentar a saúde humana e dos ecossistemas nas bacias hidrográficas e assegurar a proteção eficiente de vida e propriedade contra desastres relacionados com a água-enchentes, deslizamentos e secas”. (UNESCO – HIP, 2012).
Sobre essa informação, Tundisi, que é presidente da Associação Instituto Internacional de Ecologia e Gerenciamento Ambiental e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), explanou os dados globais de acesso à água em 2014:
– Extensão de serviço a todos ainda não existente;
– 768 milhões de pessoas sem acesso a fontes adequadas de água;
– 2,5 bilhões sem acesso a saneamento básico adequado;
– Mais de 1,3 bilhões de pessoas não têm acesso à eletricidade;
– 2,6 bilhões usam combustível sólido para cozinhar (carvão e outros);
– Multiplicação de doenças respiratórias, diarreia e outras doenças de veiculação hídrica.
Com estes dados, o professor explica que a população urbana perdeu a referência do natural e que essa desconexão é causa não só da crise hídrica, mas de muitos problemas ambientais.
Olhares sustentáveis sobre as perspectivas do planeta
Apesar de apontar os motivos pelos quais o ecossistema tem sido prejudicado (alterações nos usos do solo, aquecimento global, urbanização, aglomeração de pessoas, perda de biodiversidade, uso cada vez mais frequente de remédios, os quais vão para a natureza depois de consumidos, o professor destaca que ainda há razões para otimismo. “Entendo que ao pensar o meio ambiente não podemos coletar apenas recursos biofísicos. Alterações na agenda da ciência são necessárias, mas esta é também uma questão econômica e social”, afirma.
A palestra de abertura do SEPE encerrou com a exposição de algumas razões para a sociedade não desistir de voltar o olhar em favor da vida: aumento da eficiência dos recursos hídricos; avanço da tecnologia, tendo como exemplo a dessalinização; melhor capacidade de monitoramento avançado; modelagem das alterações e melhor capacidade de previsão; melhor entendimento da interação clima e hidrologia; e cooperação internacional mais eficiente.
Com estes e outros avanços, no que se refere aos recursos hídricos, a população pode se preparar para boas surpresas. Com esta perspetiva, a programação do SEPE segue com apresentação dos trabalhos acadêmicos até sexta-feira, dia 9.
Setembro é um mês marcado para lembrar um problema antigo e contínuo da sociedade: o suicídio. Ao nos depararmos com a morte com data e hora escolhida pela própria vítima, as interrogações tomam espaço dos nossos pensamentos. Queremos entender o que fez a pessoa fugir deste mundo e deixar amigos e familiares com um eterno sendo de culpa ou de “eu poderia ter feito alguma coisa”.
Logo avaliamos o perfil do suicida e não encontramos desculpas para a dor alheia. Como pode uma pessoa bonita, sorridente, que estudou, que tinha um bom emprego, família, que sorria para todos, que se exercitava, que isso, que aquilo, querer morrer? Por que não pediu ajuda? Por que não sinalizou? Passada as primeiras sensações de compaixão, nosso instinto passa direto para o julgamento e lançamos a sentença: “Ninguém tem o direito de tirar a própria vida. Se matou porque quis. Sim! Porque quis”.
Penso que ainda há tempo de largarmos o martelinho de sentença tardia e atentarmos para as pessoas a nossa volta. Na experiência com aconselhamento de casais, aprendi que uma palavra certa na hora certa, uma abraço e um “vamos recomeçar?” pode mudar a história de famílias inteiras. Tem horas que “meter a colher” é ser solidário, bom ouvinte e disposto a se expor para ver as pessoas terem um final feliz. Muitas pessoas a nossa volta precisam de um pouco da nossa atenção, de um olhar atento e de uma palavra encorajadora.
Nas voltas que a vida dá, nunca saberemos o lado que poderemos estar. Têm dias que somos usados para encorajar e tem aqueles que tudo o que desejamos é alguém para confirmar nosso valor no mundo. Carência, desespero, baixa autoestima? Tanto faz o motivo e, se não há motivos, mais fácil de resolver com um abraço e palavras de afirmação.
Podemos prevenir o suicídio. Não despreze os sinais que as pessoas nos remetem. A vida do outro deve ser tão preciosa pra nós quanto a vida daqueles que mais amamos. Além disso, não podemos esquecer de que somos agentes do amor de Deus nesta terra. Afinal, o principal mandamento é: “Amais-vos uns aos outros”. E viva o amarelo! Viva a vida!
A advogada Gisele Milk, conhecida no Brasil por defender centenas de processos contra uma fábrica de postes em Triunfo/RS, palestrou na manhã dessa sexta-feira, 28, no 1º Encontro de Advogados Cristãos de Santa Maria (EnAC). Segundo os moradores da cidade gaúcha, as substâncias liberadas pela usina são responsáveis pelas centenas de casos de câncer nos habitantes do bairro Barreto, onde a fábrica está instalada.
Para defender os interesses e, principalmente, a saúde dos vizinhos da usina, a advogada comprou briga com diversos setores da sociedade. “Percebi a coincidência dos diagnósticos de diversos tipos de câncer oriundos da contaminação por metais pesados e resolvi investigar. O que me preocupa é o risco de incidência em longo prazo da doença”, explica.
Apesar de processar os donos da usina, Gisele acredita que se os moradores persistirem, os casos de doenças e outras anomalias vão diminuir. Ao andar pelo bairro e ouvir as pessoas, ela constatou câncer de pulmão, de estômago, entre outros. “Além de Direito, tive que passar madrugadas estudando Química e aprendendo sobre doenças causadas pelo creosoto” (substância química usada pela CEEE e AES Sul para proteger a madeira dos postes), desabafa.
O creosoto foi descrito pela Organização Mundial da Saúde e pela agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos como altamente perigoso e responsável por causar más formações em fetos, problemas neurológicos, dermatológicos, respiratórios e doenças no sistema gastrointestinal. Os moradores de Triunfo só ficaram sabendo do risco que corriam quando foram alertados por Gisele.
Sem apoio, ela segue em frente
A advogada defende que a Prefeitura de Triunfo deveria desapropriar a área de moradia na volta do rio Taquari, mas não encontrou apoio. Tanto a Prefeitura quanto a usina acharam melhor tomar medidas de descontaminação do solo, o que vai gerar um custo de mais de 30 milhões de reais. A CEEE e a AES Sul, multinacional que comprou a usina de postes em 1997, brigam para saber quem vai pagar a conta. Gisele acredita que tirar os moradores de lá seria mais barato e mais rápido.
Os peixes que servem de alimento para a população local são oriundos do rio Taquari, onde a prefeitura encontrou tonéis cheios de agrotóxicos enterrados. Gisele destaca que estes peixes já nascem com os órgãos alterados e que Triunfo hoje tem o solo mais contaminado do Brasil.
A advogada enche o porta-malas, o banco de trás e o carona do carro com as pastas dos mais de 100 processos dos moradores de Barreto. “Não tenho apoio do governo nem dos órgãos ambientais da cidade. Além disso, as pessoas contrárias ao processo me veem como uma perseguidora da usina. Lá vem a Erin Brockovich do Brasil”, referem-se a mim.
Gisele Milk tem sido comparada pela grande mídia à personagem Erin Brockovich, representada pela atriz Julia Roberts no cinema. A semelhança entre as duas é o desafio de defender uma causa que deveria ser de interesse público e das autoridades locais. “Ninguém queria pegar o caso dos moradores de Barreto. Alguns juízes já tinha considerado o caso prescrito, mas como os diagnósticos continuavam, resolveram dar continuidade ao processo”, conta.
Os donos da usina já reconheceram que existe contaminação da terra, mas ainda não começaram a descontaminação. Enquanto isso, Gisele persiste na defesa dos direitos dos moradores de Triunfo. “Já recorri ao Ministério Público e acionei o Greenpeace, mas por enquanto a luta é minha e das vítimas da contaminação do Taquari”, declara.
“Não me formei somente para ser mais uma advogada”, enfatiza Gisele. Ela afirma que é necessário lutar além das próprias forças para defender uma causa como esta. “Para ter sucesso e lutar contra algo que envolve interesse de muitos empresários, é necessário lutar com a força de Deus”, finaliza.
Para saber mais:
Foto: Luisa Neves (Ambjor)
Comer frutas e verduras faz bem para a saúde, evita doenças e previne o envelhecimento precoce. As fibras encontradas nestes alimentos colaboram com o funcionamento do intestino. E, para os mais vaidosos, consumir alimentos naturais melhora a aparência da pele, unhas e cabelos.
Pronto! É só adotar a alimentação natural que as pessoas serão mais saudáveis, bonitas e felizes. Mas, será que dá para falar em alimentação 100% natural na atualidade? Será que não há nenhum risco à saúde na feira do brasileiro? E, se ao contrário, as pessoas estão gradativamente se envenenando a cada mordida da maçã?
Por trás da aparência perfeita dos vegetais expostos na maioria dos supermercados há um ingrediente perigoso, o agrotóxico. Este componente é usado pela maioria dos agricultores para deter larvas e insetos que se alimentam da plantação e comprometem a colheita. O agrotóxico, com o decorrer do tempo, intoxica o organismo e causa doenças que só serão detectadas em longo prazo.
Quem tem horta em casa está no lucro. Já quem deseja proteger a saúde da família e não tem tempo, tampouco leva jeito com as hortaliças, deve procurar opções para praticar a alimentação saudável, longe dos transgênicos, que são alimentos modificados com aditivos químicos.
É possível morder a maçã sem ser envenenado?
Há 12 anos, o casal de produtores rurais Carlos e Fátima Corrêa entrega cesta de verduras em Santa Maria. Os clientes ligam, fazem a encomenda, marcam o endereço e uma vez por semana recebem, na porta de casa, nove qualidades de verduras fresquinhas e, o que é melhor, 100 % naturais. No começo das atividades, os Corrêa queriam apenas comercializar ovos de codorna. Com o tempo, perceberam que o esterco das aves deixou o solo fértil e apto para o cultivo. Desta forma, a venda das hortaliças passou a ser fonte de renda para a família. Os agricultores destacam que alguns clientes consomem suas verduras desde o começo do negócio, há mais de uma década.
O que mantém a fidelidade da clientela dos Corrêa é a garantia de que nenhum dos seus produtos é cultivado com agrotóxico, que Corrêa chama de veneno. “O processo de envenenamento é muito simples e é uma cadeia perigosa. Quando uma minhoca entra na planta fertilizada com veneno, ela é contaminada. Logo, o passarinho ingere a minhoca e se envenena. Depois, o gato que come o passarinho se intoxica e morre”, ilustra. Segundo o agricultor, um veneno fica na terra por 120 dias. Neste período, milhares de alimentos contaminados são levados à mesa das famílias.
Seu José Corrêa considera sua produção pequena. Ele, que tem a esposa como a única coprodutora das cestas de verduras, lembra que chegou a entregar 60 cestas por semana. Atualmente, entrega os alimentos para 30 famílias do centro de Santa Maria e no bairro Camobi. “Meus clientes são pessoas esclarecidas a respeito dos danos que os transgênicos causam à saúde. Estas pessoas fazem questão de garantir a qualidade da alimentação para evitar doenças causadas por toxinas, usadas nas grandes plantações”, destaca.
Consumir alimentos sem agrotóxicos é mais caro?
Algumas pessoas acreditam que os alimentos orgânicos são mais caros. Assim, enchem o carrinho no supermercado de hortifrutigranjeiros com agrotóxicos por acreditarem na economia oferecida pelas placas de promoção expostas nas gôndolas. Corrêa, uma vez por semana, visita os supermercados para ver a qualidade das verduras e se atualizar dos preços. Ele garante que vale a pena o consumidor comprar produtos orgânicos, já que a economia imediata pode se transformar em outro tipo de despesa em longo prazo, como o uso de medicamentos para desintoxicar o organismo. O agricultor garante que comprar direto dos produtores e feirantes não é mais caro. Vale lembrar que a informação está ao alcance de todos. Pesquisar preços e verificar a procedência dos alimentos é pensar no presente e evitar males no futuro.
O caminho da verdura nossa de cada dia
A produtora rural Fátima Corrêa conta que tinha a intenção de vender somente mudas de hortaliças, mas os clientes, que viraram amigos da família, insistiram na aquisição de produtos naturais. “Nós mesmos plantamos. Preparamos os canteiros, colocamos as mudas e as protegemos das aves sem usar venenos. Para isso, deixamos que outras plantas cresçam junto às mudas. Assim, os predadores virão nas ervas que nascem ao redor e não comerão as verduras”, explica.
“Plantamos 40 pés por vez para sempre termos produtos novinhos”, conta Corrêa. O dia de colher e embalar as verduras é segunda-feira. Nas terças, o casal vai cedo para a cidade entregar as encomendas. O que não serve para vender é destinado à alimentação do segundo meio de sustento da família, as vacas, as quais são cuidadas somente com homeopatia. A criação de gado da família não é submetida ao tratamento com antibióticos. “Tudo o que sobra da horta vai para as vacas ou serve como adubo”, acrescenta. Desta forma, os alimentos podem ser consumidos sem preocupação.
Mas, por quanto tempo a mesa brasileira terá alimentos orgânicos?
Corrêa mostra a plantação com orgulho, mas demonstra preocupação com o futuro dos alimentos orgânicos. “Será que ainda teremos tudo isso no futuro?”, questiona. Ele comenta que para manter as cestas de verduras é necessário empenho, sacrifício e amar o que faz, além de depender da horta para o sustento da família. “Não sei se teria continuado se esta não fosse a nossa fonte de renda”, reflete.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emater Francisco Traesel, o cultivo dos orgânicos não vai acabar. Ele enfatiza que se o produtor tiver paciência vai encontrar nesta atividade um nicho de mercado rentável. “Hoje as pessoas estão preocupadas com a saúde. O consumidor quer saber a origem dos alimentos e quer pagar pela qualidade”, explica.
Como o cultivo de orgânicos é mais lento e o retorno financeiro demora, a Emater de Santa Maria dá assistência técnica para que os produtores de alimentos orgânicos tenham persistência no cultivo sem agrotóxico. “Uma planta cultivada com agrotóxico vai ser colhida em pouco tempo, mas não vai ter o mesmo sabor e qualidade da planta orgânica. Além disso, o componente químico ataca pontualmente a saúde do produtor”, destaca.
O engenheiro lembra que antigamente o agrotóxico era letal. Hoje, por ser mais fraco, o defensivo agrícola se acumula no sangue, no coração, no rim e no pulmão e, a maioria dos produtores não toma o cuidado necessário antes de manusear. “Além da preocupação com a saúde do produtor e do consumidor, a Emater alerta para a saúde do solo. Um solo protegido, balanceado com bom teor de matéria orgânica, é um solo protegido e rentável”, declara Traesel.
“Sustentamos nossa casa e conseguimos formar nossos filhos comercializando produtos da nossa horta e sem colocar venenos”, alegra-se Fátima com o sentimento de dever cumprido. Ela enfatiza que não bastava plantar para vender. Tinha que passar adiante produtos que não fizessem mal para as pessoas.
Para que os alimentos orgânicos não virem coisa do passado, é necessário respeitar o meio ambiente e a saúde das pessoas e dos animais. Procurar, pesquisar, escolher e exigir o alimento saudável é direito de todos. Rejeitar os transgênicos e denunciar a venda de alimentos de origem duvidosa já é obrigação. Oferecer alimentos orgânicos é privilégio de quem aproveita os recursos do solo sem prejudicá-lo. É suprir os nutrientes não renováveis sem explorar a natureza. Desta forma, todo mundo ganha.
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Cessados as chuvas, ficou para muitas famílias, a difícil tarefa de calcular os prejuízos causados pelas enchentes. A maioria fica comovida com o drama das pessoas atingidas pelas cheias, mas no fundo se sente aliviada porque nossos móveis permanecem sequinhos e intactos como sempre.
Tenho refletido sobre a minha responsabilidade com o meio ambiente. Segundo o dicionário, ambiente é o meio que vive um vegetal ou animal. Até aí, estamos todos cansados de saber. Já, a palavra ambiência estende o sentido para meio físico, psicológico e moral preparado para as atividades humanas e/ou animais. Neste sentido, pensar o meio ambiente em todos os aspectos aumenta a nossa responsabilidade, já que somos seres dotados de moral.
É necessário destruir o estigma de que defender o meio ambiente é uma atividade de gente chata. É questão moral pensar o mundo que vamos deixar para as outras gerações. Chato é queimar o lixo e fazer fumaça para o vizinho, além de produzir Co2 sem necessidade, é claro. Chato é deixar a torneira aberta, enquanto falta água em centenas de casas. Mais chato ainda, é reclamar da conta da luz, enquanto que os aparelhos eletrônicos das nossas casas ficam ligados, sem uso. “Só para não colocar na tomada toda hora”, como eu insistia.
Meio ambiência é pensar no todo. Ou seja, a minha e a sua atitude refletem de maneira significativa nas consequências ambientais, seja elas positivas ou não. Várias pessoas afirmam que não adianta um consumidor dispensar o uso da sacola plástica, se outros mil, insistem: “Me dá mais uma sacolinha, por favor.” Se uma pessoa dispensar o uso de 20 sacolas por semana em um ano, serão, aproximadamente, mil sacolas a menos jogadas no meio ambiente. A não ser que você reaproveite todas as sacolas que carrega.
Pensar no todo é cuidar do meio ambiente como estilo de vida. Andemos mais a pé, gastemos menos, descartemos aquele celular velho, sem uso, que tanto amamos, dispensemos o copo descartável e não queimemos nada, nada, nada. Pequenas atitudes nos fazem grandes na defesa do meio ambiente.
O curso de Publicidade e Propaganda ofertou nas férias de inverno, a disciplina Mídia e Mercado Verde. As aulas ocorreram durante duas semanas, ministradas pela jornalista Bárbara Henriques. Para consolidar o que aprenderam em aula, os alunos irão promover, na quinta-feira, 16 de julho, uma ação para conscientizar os acadêmicos a respeito de suas escolhas no bar, no que se refere ao uso de pratos de vidro ou sacos e guardanapos de papel para colocar o alimento. A ação será realizada às 20 horas, no bar da Unifra. A disciplina Mídia e Mercado Verde contou também com alunos dos cursos de Design e de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano.
Antigamente bastava olhar para o céu para prever o clima do dia seguinte. Mas, e hoje? Será que ainda dá para confiar nos sinais do tempo antes de pegar um casaco? Neste caso, nem os mais experientes conseguem explicar tantas mudanças no tempo. O que não dá para negar é que tantas mudanças influenciam muito a vida do homem.
O professor de Geografia do Centro Universitário Franciscano, Valdemar Valente, explica que mudanças climáticas são oscilações das temperaturas. “Tais alterações resultam em dificuldades em termos de precipitação, enchentes demasiadas, secas e até aumento de tornado em várias áreas do planeta”, adverte. O professor lembra que, em abril, o estado de Santa Catarina foi atingido por um tornado que causou danos humanos e materiais. Ele alerta para possíveis fenômenos meteorológicos em Santa Maria. “Estamos sujeitos a alterações de distribuição de chuva, com alguns períodos mais intensos de precipitação ou estiagem. Também estamos sujeitos a tornados, já que estamos no eixo, no caminho deles”, explica.
O grande vilão do aquecimento global é a emissão de gases de efeito estufa. Se as pessoas quiserem cuidar um pouco mais do planeta devem controlar as ações que causam esse efeito antes que seja tarde demais. Controlar o consumo de energia, reduzir o consumismo, evitar o desperdício, preservar a natureza e economizar água são algumas ações que definem cidadãos que têm consciência ambiental, porque minimizam a emissão de gases de efeito estufa. “É necessário, também, mudar um pouco o processo de produção do sistema atual, o qual é danoso ao meio ambiente”, conclui o professor Valdemar Valente.
Foi divulgado, nesta sexta, 3 de julho, o listão dos aprovados no Vestibular de Inverno do Centro Universitário Franciscano. A entrega do listão aos orgãos de imprensa de Santa Maria, ocorreu às 15h no Conjunto III da instituição. Na ocasião, a reitora Iraní Rupolo agradeceu aos aprovados por terem escolhido a Unifra para a formação acadêmica. Confira aqui o listão.
O Vestibular de Inverno ocorreu no dia 30 de junho e contou com 3.017 inscritos. O índice de abstenção foi de 11,9%. Os alunos aprovados nas 480 vagas em 11 graduação devem comparecer na Central de Matrículas, que fica no Conjunto I, na Rua dos Andradas, nos dias 7 e 8 de julho, das 9h às 17h, para efetuarem a matrícula.
No dia 7 de julho, serão realizadas as matrículas dos aprovados em Administração, Ciências Contábeis, Direito, Jornalismo e Publicidade e Propaganda.
No dia 8 de julho, acontecerão as matrículas dos aprovados em Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Psicologia e Sistemas de Informação.
Mais informações pelo telefone (55) 3220 1200.