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O que ficou das queimadas devastadoras de 2024

Em um dos anos mais críticos para incêndios no Brasil, Santa Maria enfrentou as consequências de uma onda de queimadas recordes que já devastou uma área maior que o Japão e afetou a qualidade do ar,

Cidade Passageira: os prós e contras de ficar em Santa Maria após a formação

Entre idas e vindas, Santa Maria é conhecida por ser uma cidade universitária que forma acadêmicos em instituições de ensino e capacita-os para ingressar no mercado de trabalho após a entrega do diploma. A cidade recebe interessados em começar o ensino superior que moram em cidades vizinhas, na região sul e em outros estados.

 A época escolar é uma etapa de formação individual que, para muitos, está repleta de memórias marcantes. E o mais interessante é que esse processo ocorre dentro de um meio coletivo, que permite realizar trocas com outros indivíduos, estabelecer laços e, ao mesmo tempo,  ter contato com outras mentalidades e estilos de vida. Muitas vezes, é nesses ambientes onde afloram as primeiras amizades, se formam os primeiros grupos e até se descobrem as primeiras paixões. Essas lembranças são frequentemente associadas a uma memória afetiva que caminha em sintonia com o processo de aprendizagem e aquisição de conhecimento. No entanto, ao explorarmos o papel da educação pública nesse cenário, emergem questões que vão além das recordações pessoais e tocam temas sociais e estruturais. A escola é um ambiente que zela pela preparação cognitiva e intelectual das pessoas que integram uma sociedade. Porém, quando se trata das escolas estaduais, muitas vezes não retrata o que se espera para um sistema educacional eficaz.

Em primeira análise, é preciso partir do princípio de que o acesso à educação pública é um direito de todos, garantido pela Constituição. Esse direito é um valor e um objetivo a unir toda a população e que deve ser sustentado pelos formuladores de políticas públicas em todos os níveis geográficos.

 Em Santa Maria, as escolas Manoel Ribas (Maneco), Cilon Rosa e Maria Rocha, da rede estadual de ensino da região, passaram por transformações significativas ao longo das últimas décadas. Ao explorar essas histórias de transformação, busca-se entender como essas escolas não apenas se adaptaram às novas demandas educacionais, mas também como impactam a vida de alunos e educadores. 

Segundo o IBGE, em 2023, cerca de 80% dos estudantes brasileiros do ensino básico estavam matriculados em escolas públicas, fator que reflete a dependência de um sistema educacional acessível por uma grande parcela da população. Para Celma Pietczak, professora e coordenadora na escola Maria Rocha, o maior impacto positivo, com o passar dos anos, foi a formação profissionalizante. Ela exalta os cursos profissionalizantes disponibilizados pela escola, e com isso, a demanda de profissionais que acaba crescendo e impactando a sociedade. Um ponto de fragilidade destacado por Pietczak é a questão estrutural. Para ela as verbas destinadas para a escola não dão conta da demanda que se tem e, por muitas vezes, acaba-se gerindo o colégio com menos dinheiro do que seria o necessário.

Celma Pietczak é coordenadora da escola Maria Rocha. Imagem: Nelson Bofill/LABFEM

Segurança em Risco: O Desafio da Proteção nas Escolas

De acordo com o resultado da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSe), de 2019, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e publicada em 2022, 17,3% dos estudantes consultados relataram que faltaram a alguma aula devido a problemas com segurança. O quadro é alarmante: em 2009, quando teve início a pesquisa, esse número era de apenas 8,6%. O estudo, que tem o apoio do Ministério da Educação, conta com a participação de adolescentes na faixa etária de 13 a 17 anos.

Durante a apuração foi possível observar que a problemática da precariedade da segurança é um ponto em comum que afeta as três escolas. Para Celma, a segurança é um fator preocupante. “Até um determinado horário tem gente na portaria, no entanto, tem horários que a gente não tem ninguém. Se o responsável sai, a gente tem que controlar o portão lá na direção, nós não temos ninguém que possa garantir a integridade desse processo. O entorno da nossa escola também tem complicações com relação a isso. A gente tem a situação de um aluno nosso que saiu e apanhou na quadra. Pessoas que não eram daqui, que eram de outra escola, vieram por causa de um conflito particular e bateram nele no entorno da escola.”, comenta a vice-diretora.

O cenário não é diferente na escola Cilon Rosa. Para a diretora Maribel da Costa Dal Bem, não existe nenhuma segurança nas escolas públicas hoje em dia: “Constantemente envio ofícios para a coordenadoria da escola solicitando melhorias no que diz respeito à questão da segurança pública. É muito difícil. […] O Cilon, como é uma escola com um alto número de alunos, a saída é sempre uma aglomeração, independente do horário. […] Nós precisaríamos de um policiamento aqui. Hoje, nós enquanto escola não conseguimos lidar com isso. […] O governo deveria pensar nessa segurança.”

Já na escola Manoel Ribas (Maneco), o estudante Ernesto Corrêa relata que nunca viu nenhuma briga, mas já ouviu diversos relatos de amigos e colegas. Ele também pontua que é muito raro ver policiamento fazendo a segurança da escola, só em ocasiões mais sérias. Apesar disso, ele diz sentir-se seguro para voltar para casa.

No estado do Rio Grande do Sul como um todo, a segurança nas escolas estaduais tem sido um tema de preocupação crescente. O estado enfrenta desafios específicos relacionados à violência escolar, como agressões físicas entre alunos, furtos e até situações mais graves, como ameaças envolvendo armas. Segundo dados da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul (SEDUC), em 2022, cerca de 10% das escolas estaduais relataram incidentes violentos. 

Desafios da Estrutura Escolar: Necessidades e Melhorias para um Ambiente Adequado

Questões estruturais acabam virando o centro de discussões quando se fala em escola pública e em Santa Maria acontece o mesmo. As três escolas já mencionadas tem suas deficiências estruturais. Recentemente, a escola Manoel Ribas (Maneco) juntamente com uma parceria entre a Secretaria da Educação (Seduc) e o Movimento União BR, com fiscalização da Secretaria de Obras Públicas (SOP), concluíram a reforma do telhado. O investimento foi avaliado em mais de 647 mil reais. 

Infográfico sobre as infraestruturas das escolas de Santa Maria em 2023. Fonte: QEDU

O vice-diretor da escola, Helder Luiz Santini, ressalta que algumas pequenas reformas acabam demorando pelo fato do prédio ser um patrimônio do estado, no qual existem regras que impossibilita algumas mudanças sem passar por uma avaliação antes. Sobre a reforma no telhado, o vice-diretor afirma que foi uma “briga” conseguir a autorização para a reforma. Briga essa que se tornou de extrema importância, tendo em vista que a escola alagava quando chovia, e com as fortes chuvas que assolaram o estado do Rio Grande do Sul em maio, a reforma se tornou necessária. Para o estudante Ernesto Corrêa, a escola tem bastante pontos a serem melhorados, salas com vidros e janelas quebradas, e o telhado esburacado. Ele também conclui que por ser um patrimônio histórico, entende as obras demorarem para serem concluídas.

Hélder Santini é vice-diretor da escola Manoel Ribas, o Maneco. Imagens: Vitória Oliveira/LABFEM

Esse problema também pode ser observado nas escolas Maria Rocha e Cilon Rosa quando aconteceram as chuvas torrenciais de maio. “Realmente alagaram os corredores, laboratórios de informática, teve banheiro que parecia uma cachoeira. Teve gente que subiu no telhado do prédio da escola, que possui 4 andares, para fazer uma limpeza. Não temos verbas para chamar profissionais especializados para exercer essas funções. Então, de fato, em termos de estrutura, na minha opinião, nos sobressaímos em relação às demais escolas da rede estadual, porém, ainda estamos em uma situação bastante deficitária.” diz Celma Pietczak, professora e coordenadora na escola Maria Rocha. 

Segundo a diretora do Cilon Rosa, Maribel da Costa Dal Bem, desde os anos 2000 ela pode perceber um processo de degradação na infraestrutura do colégio. Ela explica que, ao ingressar na instituição no início daquela década, a estrutura já enfrentava problemas frequentes com pichações e com as fortes chuvas, que ocasionaram o alagamento das dependências internas.  Com o passar dos anos foram efetuadas melhorias através de reparos nos espaços internos e externos da instituição, como no pátio, nos corredores e nas salas de aula. 

Maribel conta sobre os desafios enfrentados diariamente pela escola Cilon Rosa. Imagem: Nelson Bofill/LABFEM

Evasão Escolar: Causas, Impactos e Caminhos para a Retenção dos Estudantes
O censo escolar 2023, divulgado no final de fevereiro de 2024 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), apresenta uma tendência de redução do papel da educação pública, enquanto escolas particulares ganham terreno. Isso ocorre também a nível estadual, onde é ainda mais forte o recuo do papel do Estado frente à iniciativa privada. 

Taxas de rendimento por etapa escolar nas instituições estaduais de ensino de Santa Maria – RS

Celma destaca que, apesar do aumento no número de alunos no primeiro ano do ensino médio de 2023 para 2024, se observarmos um recorte mais amplo, englobando a última década, realmente houve uma diminuição drástica no número de estudantes que frequentam a escola. Ela relata que no ano de 2012, quando ingressou na instituição, a escola contava com doze turmas de primeiro ano, sendo possível notar uma nítida retenção em relação aos últimos anos. Celma ainda argumenta que a reforma do ensino médio contribuiu de maneira significativa para a disparidade em relação às instituições de ensino privadas: “A alteração que teve na matriz do ensino médio deixou tudo muito incerto, com isso muitas disciplinas novas foram adicionadas à grade curricular, e a percepção que eu tenho é que não há uma formação profissional adequada para isso, o educador precisa ir se moldando, dependendo muito do esforço dele.” Além disso, ela acredita que o fato dos estudantes vislumbrarem uma preparação mais direcionada aos vestibulares e ao ENEM, contribuiu para esse movimento no contexto educacional, afinal, as escolas privadas possuem mais autonomia no que tange a esse processo do que as escolas públicas, que necessitam seguir a risca o protocolo imposto pelo governo do estado.

No país, a quantidade de matrículas na educação básica da rede pública em 2023 reduziu para 37,9 milhões, frente a 38,4 milhões em 2022 – uma queda de 1,34%. Ao mesmo tempo, as matrículas na rede privada passaram de 9 milhões em 2022, para 9,4 milhões, em 2023.

Essa realidade pôde também ser observada na escola Manoel Ribas. Helder explica que ocorreu uma queda no número de alunos por turma. Ele ainda ressalta que, por muito tempo, as salas estavam completamente lotadas, com mais de 30 alunos, realidade que hoje não existe mais. Ele completou alegando que muitos jovens preferem trabalhar e acabam saindo do ambiente escolar. Outro ponto destacado pelo vice-diretor é de que a evasão escolar não se dá somente pela troca da educação pelo trabalho. Santini alega que cada vez mais no Brasil a taxa de natalidade vai diminuindo, fator esse que acaba justificando a baixa de alunos nas escolas. Dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou um recorde de mortes, o maior desde 1974, e queda de nascimentos, a maior desde 2003.

Maneco faz parte da história da cidade desde 1930

O Colégio Manoel Ribas, popularmente conhecido como Maneco, foi fundado em 1930 e tem uma longa história de contribuição para a educação pública em Santa Maria. Como uma escola estadual, o Maneco foi responsável por formar muitas gerações de estudantes, com destaque para o ensino médio e técnico, focando em uma educação de qualidade e acessível. Com o passar do tempo, o colégio se destacou por sua tradição acadêmica e por sua participação em eventos culturais e esportivos da cidade.

Atualmente a escola conta com aproximadamente, 2.600 alunos, 140 professores e 36 funcionários, divididos em três turnos.

Maneco foi inaugurado em 1930. Foto: Labfem

A Banda Marcial Manoel Ribas foi fundada em 20 de outubro de 1956, a mais antiga em atividade no Rio Grande do Sul. Para participar da banda naquela época, era exigido que os alunos tivessem boas notas. A banda se tornou referência no Rio Grande do Sul e era convidada para viajar por diversas cidades do estado. Em Santa Maria, era presença confirmada em qualquer festividade. Os anos passaram e a tradicional Banda do Maneco não parou no tempo. Após viver seus tempos áureos com grandes apresentações, começou a participar de campeonatos de bandas marciais e de fanfarras, onde fez, e ainda faz bonito. Referência no Rio Grande do Sul, o grupo vem colecionando premiações em diferentes concursos disputados pelo estado, brigando sempre pelas primeiras colocações.

Colégio Cilon Rosa contava com aulas de corte, costura, rendas e bordados em 1946

Fundado em 1946, o Colégio Estadual Cilon Rosa também faz parte do cenário educacional de Santa Maria. Em 26 de agosto foi criada a Escola Artesanal Dr. Cilon Rosa, de Santa Maria, onde eram oferecidos cursos de corte e costura, rendas e bordados, com duração de dois anos. A escola não tinha sede própria e funcionou no prédio do Colégio Manuel Ribas, com total de 36 alunas. Em 1957 a escola passou a ser denominada Escola Industrial Cilon Rosa, quando foi instalado o curso de Aprendizagem Industrial Cilon Rosa. De 1963 a 1967 o número de matriculados chegou a 713 alunos, passando a denominar-se Colégio Industrial Cilon Rosa.

Em 1966 a escola passou a ocupar um pavilhão do prédio da nova sede à Avenida Presidente Vargas. Em 1971, com a conclusão do 2º pavilhão, a escola passou ocupar sua sede própria. 

O Cilon Rosa se destacou ao longo dos anos por promover um ambiente de inclusão e uma educação voltada para o desenvolvimento integral dos alunos, com ênfase no fortalecimento da cidadania e nos valores sociais.

Cilon Rosa começou sua história como uma escola de corte e costura. Imagem: Labfem

Colégio Maria Rocha começou como escola ginasial anexada à escola Olavo Bilac

O Colégio Maria Rocha recebeu esse nome em homenagem à Maria Manuela Rocha, filha de Manoel Marques da Rocha e Bertholina Junqueira Rocha, que era professora. A história da escola tem muitos capítulos que podem ser acompanhados aqui.

Também pertencente à rede pública estadual, o Maria Rocha focou-se no atendimento à comunidade local e na promoção de uma educação de qualidade para crianças e adolescentes. Ao longo de sua história, o Maria Rocha desenvolveu atividades que integravam a escola com a comunidade, promovendo eventos culturais, esportivos e cívicos. Atualmente a escola conta com, aproximadamente, 1200 alunos e cerca de 100 professores e funcionários, divididos em três turnos.

Perspectiva Histórica

Esses colégios são testemunhas da evolução do ensino público em Santa Maria, refletindo as transformações sociais e educacionais da cidade ao longo do século XX. Com a crescente urbanização, as instituições educacionais assumiram um papel central no desenvolvimento das comunidades locais, sendo espaços não apenas de ensino, mas também de formação cidadã e cultural.

Além disso, a história dessas escolas está ligada às políticas educacionais do estado do Rio Grande do Sul e às necessidades emergentes da população em diferentes momentos históricos, como a expansão do ensino médio e técnico, e a busca por uma educação mais inclusiva e de qualidade.

Reportagem produzida por Isaac Brum, Gabriel Deon e Thomás Ortiz na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

Fumaça densa sob Brasília no Distrito Federal Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Em um dos anos mais críticos para incêndios no Brasil, Santa Maria enfrentou as consequências de uma onda de queimadas recordes que já devastou uma área maior que o Japão e afetou a qualidade do ar, saúde pública e o bem-estar dos moradores.

2024 foium ano alarmante para o Brasil no que diz respeito a incêndios florestais. Com mais de 208 mil focos registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) até outubro, os incêndios ultrapassaram os números totais de 2023, afetando a Amazônia e o Pantanal. Segundo o Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus, os incêndios liberaram 180 megatoneladas de carbono na atmosfera apenas entre janeiro e setembro. Esta onda de queimadas não se restringiu às regiões Norte e Centro-Oeste do país, pois sua fumaça densa foi transportada por correntes de ar até o Sul, atingindo cidades como Santa Maria, onde seus efeitos se tornaram evidentes.

Fumaça nos céus de Santa Maria

Céu ensolarado em Santa Maria após as fumaças. Foto: Cauã Fontoura/Labfem

Entre agosto e setembro, o estado chegou a ser classificado como “insalubre” pela agência IQAir. Para muitos moradores de Santa Maria, os efeitos das queimadas foram sentidos na própria respiração. A estudante de odontologia Maria Fernanda, 21 anos, relata o impacto direto em sua rotina. “Nos dias de fumaça intensa, evitei abrir as janelas do apartamento. Minha respiração ficou prejudicada, e, com rinite, foi ainda mais difícil. Tivemos semanas complicadas em que a fumaça encobriu o sol e tornou o ar quase insuportável,” conta. Ela reflete que os impactos atuais são reflexo da destruição causada pelo homem ao meio ambiente. “Precisamos agir com práticas mais sustentáveis; nossa intervenção na natureza precisa ser de cuidado, não de destruição,” completa.

Efeitos na Saúde Pública

Uso de máscara devido ao aumento das fumaças em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A situação em Santa Maria também se reflete nas estatísticas de saúde. De acordo com a secretária adjunta de Saúde, Ana Paula Seerig, setembro registrou um aumento significativo de atendimentos relacionados a problemas respiratórios, especialmente entre crianças. “Observamos uma procura maior por atendimento para sintomas como falta de ar, tosse e irritação nos olhos, embora não possamos associar diretamente as queixas à fumaça devido às mudanças climáticas sazonais,” explica. Ela destaca que, durante os dias mais críticos, a população foi orientada a evitar atividades ao ar livre, manter janelas fechadas e redobrar cuidados com hidratação e sintomas respiratórios, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias preexistentes.

O meteorologista Gustavo Verardo, da BaroClima Meteorologia, explica que as correntes de vento conhecidas como Jato de Baixos Níveis foram responsáveis por transportar a fumaça das queimadas até o Sul do Brasil. “Esses ventos fortes de Norte a Sul trazem consigo grandes quantidades de fumaça. Quanto maior a área devastada, maior a concentração de partículas no ar,” ressalta. Verardo comenta que a presença de fuligem e outros materiais particulados na atmosfera agrava a qualidade do ar e gera uma “cobertura” que bloqueia a radiação solar direta, mantendo o céu escurecido em diversas cidades da região.

“Esse fogo é criminoso”, diz Lula sobre incêndios pelo país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que as queimadas que atingiram o Brasil são resultado de ações criminosas. “Esse fogo é criminoso. É gente que está tentando colocar fogo para destruir esse país”, afirmou, ao citar que em um mesmo dia foram registrados incêndios em 45 cidades do estado de São Paulo. Lula também apontou que 85% das propriedades afetadas no Pantanal são particulares. O que, segundo ele, reforça a necessidade de uma resposta mais rigorosa às queimadas ilegais. As declarações foram dadas durante visita a municípios do Amazonas que sofrem com os efeitos da estiagem. Na ocasião, representantes do governo federal assinaram o edital para obras de dragagens de manutenção nos rios Amazonas e Solimões.

O Governo disponibilizou R$514 milhões em crédito extra para combate às queimadas na Amazônia, o BNDES ( Banco Nacional do Desenvolvimento) reforçou as medidas de contenção com mais de R$400 milhões. O montante foi utilizado para apoio aos Corpos de Bombeiros dos estados da Amazônia Legal para compra de equipamentos, materiais e viaturas. 

Algumas medidas tomadas pelo Governo Federal foram punições mais rigorosas (o governo revisará os valores das multas para infrações ambientais e introduziu novas modalidades de sanções). Penas mais duras para incêndio ambiental ( o ministro Rui Costa afirmou que o governo estuda equiparar a pena para incêndios florestais à de incêndios em áreas urbanas). Novo fundo para biomas e proteção às populações indígenas. 

Além de Lula,  a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o chefe da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, também destacaram a possibilidade de ação criminosa para explicar as queimadas em todo Brasil.  “Tem uma situação atípica. Você começa a ter, em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo, e isso não faz parte da nossa curva de experiência na nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo. No caso do Pantanal, a gente estava tendo ali a abertura de dez frentes de incêndios por semana. No caso da Amazônia, nós identificamos o mesmo fenômeno. E em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, declarou Marina Silva em uma reunião com o presidente Lula, na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Orientações de Saúde e Prevenção

Para mitigar os efeitos da poluição decorrente das queimadas, o Conselho Federal de Química (CFQ) e especialistas em saúde recomendam medidas de proteção, como o uso de máscaras PFF2, especialmente eficazes para filtrar partículas finas e tóxicas. O CFQ também aconselha a instalação de purificadores de ar em ambientes fechados e a manutenção dos filtros do ar-condicionado. “Em áreas próximas às queimadas, a fumaça aumenta drasticamente a concentração de poluentes, o que impacta diretamente a saúde respiratória”, alerta o conselho no podcast “ QuinCast”, enviado à reportagem.
A professora de Enfermagem Liliane Alves Pereira reforça a importância dos cuidados com a saúde durante os períodos de alta poluição: “Evitar exposição ao ar livre, beber bastante água e manter ambientes fechados são atitudes cruciais para minimizar o impacto das queimadas na saúde.” Ela ainda alerta sobre o risco de asfixia e de agravamento de doenças respiratórias em indivíduos que já apresentam condições crônicas, como asma ou bronquite.

Confira dicas no infográfico


Fonte: Secretaria de saúde e Conselho Federal de Química (CFQ)
Produção própria

Dados do MapBiomas indicam que 70% da área queimada em 2024 era de vegetação nativa. Apenas em agosto, quase metade das queimadas do ano foi registrada, atingindo especialmente o cerrado e áreas de pastagens. Os incêndios, além de liberarem carbono na atmosfera, ameaçam ecossistemas inteiros e afetam a biodiversidade. Como muitos em Santa Maria podem observar, as queimadas deixaram de ser um problema apenas das regiões afetadas e se tornaram uma questão de saúde e de conscientização coletiva.

Loidemar Luiz Bressan, professor de Filosofia na Universidade Franciscana (UFN), analisa as queimadas como uma responsabilidade coletiva e uma crise ética sobre como tratamos o meio ambiente. “O antropocentrismo e o desejo de domínio sobre a natureza têm provocado um desequilíbrio com consequências graves. Este impacto é sentido por todos os brasileiros e afeta todas as formas de vida, não apenas no presente, mas também nas gerações futuras,” comenta. O professor sugere que cada pessoa pode e deve contribuir para reverter este cenário, adotando um estilo de vida mais sustentável e incentivando outros a fazer o mesmo.

Veja a seguir o debate sobre o impacto das queimadas na saúde no brasileiro.

Reportagem produzida por Laura Pedroso, Rian Lacerda, Luiza Fantinel e Karina Fontes na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

De tempos em tempos, o mercado imobiliário se transforma, a depender da situação econômica e política do país.

Segundo a professora do curso de Economia da UFN, Taíze Lopes, o público trabalhador  depende dos bancos públicos na hora de comprar um imóvel na cidade e, caso as condições de financiamento sejam altas e restritas, as chances de ocorrer uma compra e venda ficam mais difíceis. “Períodos de recessão, alta taxa de juros ou alta taxa de desemprego levam este público a ter dificuldades de financiamento.”, frisa a professora. 

Em 2015, uma pesquisa realizada pela consultoria Prospecta Inteligência Imobiliária mostrou que na lista de 100 melhores cidades do Brasil para investir em imóveis , o município de Santa Maria estava na 79ª posição. A pesquisa indicou à época que a cidade tinha um déficit habitacional de 28,17%, enquanto outras acima do ranking estavam acima de 30%. 

Taize pontua que “Santa Maria tem passado por um boom imobiliário, pois há investidores que desejam colocar seu dinheiro em um bem, que quase sempre só se valoriza.” Além disso, a professora destaca que as taxas de juros são definidas pelos próprios bancos.

Taxa de juros de cada banco do mês de Outubro/2024 extraídas do site do Banco Central do Brasil  

“Há um grupo de trabalhadores que financiam seus únicos imóveis com entrada usando o FGTS. Este público financia em torno de 30 anos, mas consegue pagar antes dos 30 anos, justamente por causa do FGTS acumulado a cada ano” , pontua a professora. 

Segundo o proprietário da Cancian Imóveis, Giuliano Cancian, que atua no ramo imobiliário há 20 anos, em 2019 o mercado estava em crescimento na cidade. Neste período, a empresa se reinventou e Giuliano dividiu a equipe em presencial e home office. “A empresa deu todo suporte para os moradores ao invés de proporcionar um atendimento frio, como outras imobiliárias fizeram. E funcionou, pois a empresa cresceu em todos os aspectos”, relata o dono da imobiliária. 

Apesar da pandemia, 2020 e 2021 foram os anos de maior venda na história da Cancian Imóveis. Foto: Nelson Bofill/LABFEM 

Segundo Cancian, o lucro aumentou durante os anos de 2020 e 2021. “Na pandemia, nunca as pessoas utilizaram tanto os seus imóveis. Como elas ficaram em casa, deram mais valor para o seu lar. Naquela época, também a taxa selic estava muito baixa, então o crédito estava barato, o juro estava baixo para você financiar”, comenta o empresário.

No ano de 2023, o empresário ressalta que foi um ótimo ano para a empresa devido a volta total das faculdades. “Em 2022 ainda tava naquele misto um pouco home office e presencial. Então, neste período alguns estudantes acabaram entregando o imóvel, e voltando para a sua terra natal, pois eles não quiseram deixar o apartamento fechado.“, frisa o empresário. 

Segundo dados do IBGE, em abril deste ano a cidade tinha 17 mil imóveis fechados. Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Por outro lado, há também as dificuldades dos pequenos empresários. Este é o caso do proprietário da Douglas Maia Imóveis, envolvido no mercado imobiliário desde 2014 quando entrou no ramo por meio da empresa Casarão Imóveis. O empresário abriu a sua própria empresa em 2023, e ressalta que o maior aprendizado que se tira de momentos como a pandemia e as enchentes é o de possuir um capital de giro que será utilizado caso for necessário para sustentar a empresa. “O mercado é um ramo competitivo e sendo menor em tamanho, nem sempre teremos um capital disponível para enfrentar crises”, pontua Douglas Maia. 

O mercado imobiliário de Santa Maria passou por transformações significativas nos últimos anos, impulsionadas pela pandemia e pelas condições econômicas. Para os próximos anos, a cidade necessita de uma melhor infraestrutura para a segurança de atuais e futuros moradores, o que irá atrair novos investimentos dentro do ramo imobiliário. 

Veja a seguir o debate sobre Mercado Imobiliário.

Reportagem produzida por Nicolas Krawczyk na disciplina de Narrativa Multímidia no 2ª semestre de 2024, sob a supervisão da professora Glaise Palma.

Santa Maria é conhecida por ser um polo acadêmico de peso, porém grande parte dos estudantes formados aqui mudam de cidade após ingressar no mercado de trabalho. Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Entre idas e vindas, Santa Maria é conhecida por ser uma cidade universitária que forma acadêmicos em instituições de ensino e capacita-os para ingressar no mercado de trabalho após a entrega do diploma. A cidade recebe interessados em começar o ensino superior que moram em cidades vizinhas, na região sul e em outros estados. Entretanto, apenas a qualidade de ensino é ressaltada quando estes jovens se formam e decidem como irão seguir com suas carreiras. A ideia de permanecer e trabalhar na cidade é percebida em poucas falas quando o tema “futuro” é colocado em pauta.  

Para os que permanecem na cidade, a tendência explorada é a capacitação para aprimorar conhecimento e se tornarem aptos para buscar empregos com salários mais altos. Para os que partem, a busca por oportunidades surge com a mudança de ares, explorando lugares e empresas que Santa Maria ainda não possui. O empreendedorismo surge como uma terceira via para aqueles que querem se diferenciar daqueles que fazem parte do mesmo mercado de trabalho.  A seguir você confere três perspectivas diferentes de profissionais que compartilham suas experiências e percepções sobre a vida acadêmica e profissional em Santa Maria. 

 O Desafio do Mercado 

Francinny Nunes se formou no curso de Publicidade e Propaganda em 2019 na Universidade Franciscana e depois de permanecer por 1 ano em Santa Maria, escolheu voltar para sua cidade natal por um mercado de comunicação mais amplo. Foto: Arquivo Pessoal

Francinny Nunes, publicitária de 27 anos, natural de Quaraí, escolheu Santa Maria em 2015 pela proximidade de sua cidade natal e pela qualidade do ensino da Universidade Franciscana (UFN). Após um ano e meio de formada, sua perspectiva mudou drasticamente com a pandemia. “Faltam empregos e um plano de carreira para quem se forma em Comunicação. Santa Maria parece ter um prazo de validade para os estudantes. A maioria acaba indo embora assim que se formam, pois o mercado é limitado”, afirma Francinny. 

Ela destaca que as oportunidades e salários como pessoa jurídica são muito melhores fora da cidade. Mesmo com os desafios impostos pela pandemia, a área de comunicação permanece pouco explorada em Santa Maria, onde muitos empreendimentos focam no marketing digital e em serviços terceirizados, como produção de eventos. 

A publicitária recorda que, em 2015, as opções eram escassas: “Era Santa Maria ou Porto Alegre. Optei por Santa Maria por ser mais perto e porque passei de primeira no vestibular. O plano de estudo da UFN era ótimo, e jamais trocaria isso”. No entanto, após a formatura, as circunstâncias mudaram. “Permaneci em Santa Maria por um ano e meio, mas com a pandemia, pedi demissão e voltei para Quaraí, onde trabalho como PJ (pessoa jurídica) até hoje.” 

Quando questionada sobre o que poderia tê-la feito ficar, ela responde: “Talvez se o mercado da comunicação fosse maior e mais valorizado, eu teria mudado de ideia. O que ganho como PJ hoje, jamais ganharia como CLT em Santa Maria”. 

Ela ainda observa que a cidade não está preparada para a quantidade de estudantes que se formam anualmente. “Falta emprego, plano de carreira, entretenimento e cultura. Esse foi um dos pilares que me fez ir embora durante a pandemia e não querer voltar mais.” 

A busca por pertencimento 

Ana Paula, formada em Psicologia, se graduou em 2019 mas com a chegada da pandemia escolheu regressar para Uruguaiana, sua cidade natal, para ter oportunidades de emprego. Foto: Arquivo pessoal

Ana Paula Devitte Fontes, psicóloga de 28 anos, mudou-se para Santa Maria após o ensino médio, com o objetivo de cursar Psicologia na UFN. Após a formatura, em 2019, a pandemia complicou suas chances de emprego e ela retornou para Uruguaiana. “Acredito que sempre vi Santa Maria como um lugar transitório. Se tivesse encontrado melhores oportunidades, poderia ter permanecido mais tempo. A falta de um sentimento de pertencimento contribuiu para minha decisão de sair”, revela Ana Paula.  

De acordo com o IBGE, com base nos dados coletados no Censo em 2022, Santa Maria tem a população jovem como dominante no município. Cerca de 22.869 dos habitantes têm a faixa etária de 20 a 24 anos.  

Censo 2022: População por idade e sexo – Resultados do universo

A visão do comércio Santa-mariense 

Ademir José da Costa é presidente do Sindilojas e vice de Varejo da Fecomércio-RS
Foto: Aryane Machado/LABFEM

A evasão de jovens universitários em Santa Maria é considerada um fenômeno normal para Ademir José da Costa, presidente do Sindilojas região central. Ele destaca que em uma cidade, que possui 2 universidades e 8 faculdades, com uma população universitária significativa, a retenção de jovens formados representa um desafio constante. “A retenção não vai ocorrer muito. Sabemos que se a gente pudesse reter aqui metade dos jovens que formam, a cidade daria um pulo de qualidade, mas a gente não consegue. Então, é normal essa situação da juventude buscar outros voos.”, ressalta o empresário. 

A preparação inadequada dos estudantes no ensino médio e na graduação contribui para essa evasão: “As universidades têm que formar gente olhando para o lado mais técnico. De maneira geral, as universidades estão formando gente para ser focada em concursos públicos. Isso tem que mudar. A cabeça das universidades tem que gerar empreendedores.”, afirma Ademir. Outro aspecto abordado é o imediatismo: “Os jovens, hoje em dia, buscam resultados rápidos sem ter paciência para esperar que seu negócio tenha êxito.” Ainda de acordo com ele, em Santa Maria, 80% dos empregos são gerados pelo comércio e serviços, limitando a oferta de salários mais altos, uma vez que a matriz industrial da cidade é pequena. Ele acredita que a retenção dos recém-formados depende da capacidade dos jovens de identificar setores promissores: “O jovem precisa pesquisar os setores que estão gerando mais oportunidades hoje, olhando para o futuro, pensando se o mercado não irá saturar de tudo isso.” Ele cita a informática e a tecnologia como áreas em alta, dada a crescente automação nas empresas. “Todos aqueles serviços que são possíveis de serem feitos por máquinas que facilitam a vida do ser humano vão estar sempre em tendência.”, afirma Ademir. 

Atualmente, Santa Maria conta com cerca de 74 mil empregos privados, dos quais aproximadamente 45 mil são gerados pelo comércio e serviços. Ademir reconhece que isso traz desafios para a geração de empregos de qualidade. “Nesse sentido, a gente tem um problema da geração do emprego e da retenção das pessoas. As pessoas se graduam e querem trabalhar naquela área, sabe? Mas nem todos os cursos que têm em Santa Maria mantêm essas ofertas de emprego para todo mundo.” 

Para Ademir, a retenção de jovens em Santa Maria não depende apenas de um ambiente econômico mais favorável, mas também de uma transformação na educação que prepare os estudantes para um mercado em constante evolução. A mudança de mentalidade e a busca por novas oportunidades podem ser o caminho para que a cidade não apenas retenha seus talentos, mas também prospere. 

Desafios de uma profissional em busca de crescimento 

Franciele Moreira, natural de Formigueiro, se formou em Administração em 2018 na FISMA e veio para Santa Maria em busca de oportunidades de trabalho e estudo.
Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Franciele de Oliveira é assistente financeira e tem 30 anos. Formada em Administração desde 2018, na Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), veio de Formigueiro em busca de oportunidades. Embora tenha se adaptado à vida na cidade, ela também sentiu falta de oportunidades para os formados em sua área. “Profissionalmente, trocaria de cidade sem pensar duas vezes. Santa Maria parou no tempo. O mercado é escasso e as oportunidades são limitadas. O custo de vida alto torna a situação ainda mais complicada”, afirma. Segundo o site Expatistan, que calcula o custo de vida nas cidades do mundo, o custo mensal para uma única pessoa morar em Santa Maria é o valor de R$3.257,00. Apesar do aumento salarial anunciado em 2024, passando para R$1.412,00, a inexistência dos planos de carreira se torna um dos fatores para escolher sair da cidade, assim como a falta de benefícios oferecidos pelas empresas, como vale alimentação e plano de saúde.  

Para Franciele, o empreendedorismo pode ser uma saída, mas enfrenta desafios como a alta concorrência e os custos iniciais elevados. “Faltam empresas que fomentem o crescimento profissional na cidade. O distrito industrial, que poderia ser uma solução, está subutilizado”, ressalta Franciele. Entre os assuntos citados pelos candidatos à prefeitura de Santa Maria nas eleições municipais de 2024, o apoio ao Distrito Industrial surge para atrair eleitores que criticam o descaso com o distrito, sendo um dos geradores de emprego da cidade.

Empreender pode ser uma via? 

Mateus Frozza é professor universitário e coordenador do curso de Administração da UFN.
Foto: Nelson Bofill/LABFEM

A vontade de sair de Santa Maria é um tema comum nas conversas dos jovens sobre o mercado de trabalho. Mateus Frozza, professor e coordenador do curso de Administração na Universidade Franciscana, além de mestre em Ciências Econômicas, ressalta que a cidade enfrenta um grande desafio para manter seus formandos. Segundo ele, há muitas oportunidades fora de Santa Maria. “Formamos muitos profissionais mas, com tantas opções disponíveis em outros lugares, é natural que os jovens queiram buscar novos caminhos”, explica. 

Frozza observa que muitos recém-formados parecem descompromissados com as exigências do mercado, buscando flexibilidade e qualidade de vida em vez de empregos que exigem mais dedicação. “O que as empresas esperam são profissionais que valorizem a responsabilidade e o cumprimento de horários. Essa desconexão entre o que os jovens querem e o que o mercado oferece é uma barreira”. Enfatiza a importância de reconhecer as diversas oportunidades que surgem em torno das indústrias e serviços em Santa Maria, como contabilidade, marketing e finanças, áreas que ainda precisam de profissionais qualificados. 

Além disso, o professor sugere que o empreendedorismo pode ser uma saída viável para aqueles que não se veem inseridos nas profissões tradicionais. “Se os jovens olharem para o que está sendo demandado, como a criação de conteúdo e serviços digitais, poderão encontrar caminhos promissores”, analisa. Ele argumenta que, assim como a diferenciação de produtos no mercado, os profissionais também devem se destacar em suas áreas para garantir sua relevância. 

Frozza destaca que a cidade, com suas universidades e instituições de ensino, tem um potencial incrível para formar líderes e inovadores. “Os jovens precisam enxergar que a educação vai além do diploma; é uma ferramenta para se tornarem agentes de mudança em Santa Maria”. Para ele, criar um ambiente de colaboração entre estudantes, empresários e instituições pode ser a chave para revitalizar a economia local e manter os talentos na região. 

Assim, para o professor, manter os jovens em Santa Maria vai além de apenas oferecer empregos. É uma oportunidade de mudar a forma de pensar e de se preparar para o mercado. Estar disposto a buscar novas chances e a inovar pode realmente ajudar a cidade a se desenvolver. Se os jovens se dedicarem a isso, Santa Maria não só poderá reter seus talentos, mas também crescer e ter um futuro mais promissor. 

Entre permanência e partida 

Uma pesquisa exploratória realizada por nossa equipe de reportagem revelou aspectos importantes sobre a intenção de permanência de universitários em Santa Maria após a graduação. De 43 entrevistados, 70% não são naturais da cidade e vieram para cursar o ensino superior. No entanto, 24 desses estudantes afirmaram não ter planos de permanecer no município após se formarem, enquanto outros 19 estudantes responderam que pretendem continuar em Santa Maria. 

Entre os motivos mais citados pelos que desejam deixar a cidade, destacam-se a falta de oportunidades para desenvolvimento profissional e a ausência de mercado de trabalho em diversas áreas. Um dos participantes ressaltou que, apesar das boas opções de ensino, “as condições para o desenvolvimento pós-graduação são limitadas e as áreas de trabalho estão ficando escassas”. A pesquisa questionou o que teria que mudar para que os jovens permanecessem na cidade: a necessidade de mais cursos de pós-graduação, maior número de oportunidades de emprego e incentivo ao empreendedorismo tiveram destaque entre as respostas. Também foram citadas melhorias no transporte público, condições mais acessíveis para jovens inexperientes e ajustes nos valores de serviços. “Seria necessário que a cidade se desenvolvesse em áreas socioculturais e abrisse mais espaços para a juventude”, afirmou outro participante. 

Por outro lado, o questionário também apontou os motivos daqueles que planejam permanecer em Santa Maria após a formatura. Para muitos, a cidade oferece condições favoráveis e uma estrutura que outras localidades, especialmente interioranas, não conseguem proporcionar. Um dos participantes comentou que Santa Maria é uma cidade “que proporciona oportunidades melhores, mesmo com muitos profissionais na minha área, é uma cidade que ‘abraça’ todos”. Ele destacou que, em comparação com sua cidade natal, o município é mais desenvolvido e oferece melhores condições de vida. 

Outros estudantes mencionaram a variedade de opções de entretenimento, comércio e lazer. “Aqui tem mais atrativos não só na área de trabalho, mas em outros aspectos, como entretenimento e lazer”, comentou um entrevistado. Outro participante reforçou a vantagem do custo de vida na cidade, mencionando que “Santa Maria possui um potencial grande e um custo de vida bom para os padrões atuais”. Para alguns, o desejo de permanecer está ligado ao fato de já estarem bem adaptados à vida na cidade. “Me adaptei à cidade, não quero voltar para a minha antiga, e já tenho um lugar fixo para morar, sem pagar aluguel”, declarou um participante. Outros planejam ficar até se estabilizarem financeiramente, para então decidir sobre o futuro. 

Os dados mostram que, embora muitos estudantes planejem partir após a graduação, uma parcela significativa encontrou em Santa Maria um lugar para viver, construir uma carreira e desenvolver laços com a cidade.  

Acompanhe a seguir o debate sobre o tema.

Reportagem produzida por Aryane Machado, Michélli Silveira e Luíza Maicá Gervásio na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

As calçadas das cidades brasileiras revelam um cenário preocupante para a mobilidade urbana. Buracos, desníveis e obstruções, como postes e árvores, transformam o simples ato de caminhar em um verdadeiro desafio, especialmente para pessoas com deficiência, idosos e crianças. A falta de condições adequadas nas calçadas não apenas prejudica a acessibilidade, mas também representa um risco à segurança de todos os pedestres. Além da falta de acessibilidade, também é necessário pensar em outros elementos que compõem o passeio público, como a iluminação, a sinalização, a pintura, a drenagem, as rampas de acesso e os pisos táteis. São diversas partes de um todo que devem estar em condições para proporcionar um ambiente acolhedor e respeitoso para seus usuários.

Pedras soltas oferecem perigo constante. Foto: Gabriel Leão.

Para Roberto Azevedo, aposentado de 78 anos, que é usuário de cadeira de rodas devido à uma doença que compromete a sua locomoção, a situação é desesperadora. “Às vezes, preciso escolher entre arriscar a minha segurança na rua me movimentando entre os carros ou me conformar e ficar em casa. É frustrante não ter um espaço seguro para me locomover”, relata. Essa realidade é compartilhada por muitos cidadãos, que enfrentam barreiras diárias, tornando a inclusão social um objetivo distante.

A má situação das calçadas compromete a locomoção de pessoas em cadeiras de rodas. Foto: Gabriel Leão

Apesar de existirem leis que garantem o direito à acessibilidade, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015), a implementação dessas normas é lenta e, muitas vezes, ineficaz. A fiscalização é escassa, e as penalizações por descumprimento são raras. A falta de planejamento urbano que priorize a mobilidade ativa também agrava a situação.

Uma pesquisa realizada em 2019 pelo Portal Mobilize e apresentada pelo Senado Federal durante uma audiência pública da Subcomissão Temporária sobre Mobilidade Urbana, que é ligada à Comissão de Direitos Humanos, avaliou as condições das calçadas de 27 capitais brasileiras. De todas as cidades que participaram da pesquisa, nenhuma conseguiu chegar em uma média mínima aceitável em uma escala de pontos avaliados. Entre os problemas constatados na pesquisa estão a inexistência ou falta de manutenção de rampas de acessibilidade, as peças de piso tátil soltas e faltantes, o excesso de postes que dificultam a passagem, as calçadas que não estão padronizadas com larguras irregulares e estreitamentos, a utilização de material inadequado e irregular na pavimentação, dentre outras problemáticas que afetam o cidadão.

Obstáculos atrapalham o percurso. Foto: Gabriel Leão.

Entretanto, há iniciativas que buscam mudar esse panorama. Algumas prefeituras têm investido em projetos de revitalização de calçadas e na criação de espaços acessíveis. Em São Paulo, por exemplo, o programa “Calçada Nova” tem promovido a reforma de calçadas em diversos bairros, integrando elementos de acessibilidade, como rampas e sinalizações táteis.

A falta de piso tátil não permite uma calçada 100% inclusiva. Foto: Gabriel Leão

Em Santa Maria, através de uma iniciativa da Prefeitura Municipal, foi criado o programa municipal Caminhe Legal, por meio do Instituto de Planejamento, em 27 de abril de 2016. O objetivo é orientar a população sobre os benefícios da padronização das calçadas. Ao seguir as normativas estabelecidas no decreto, a comunidade garante acessibilidade com conforto e segurança. No programa também encontramos os elementos que criam condições para uma calçada funcional e de qualidade para qualquer indivíduo: crianças, adultos, idosos e pessoas com deficiências. Nele ainda estão especificados os tipos de revestimentos e materiais mais adequados para a construção ou manutenção das calçadas, de acordo com as diferentes regiões da cidade.

Além da criação do programa municipal Caminho Legal, existem legislações municipais que regulamentam a construção do passeio público e das calçadas. Em Santa Maria, foi instituída na Lei Orgânica do município a legislação nº 173/52, criada no ano de 1952, pelo então Prefeito Heitor Silveira Campos, que discorre sobre os deveres tanto do município quanto dos cidadãos acerca das responsabilidades sobre o passeio público. Abaixo, uma tabela com a legislação vigente em Santa Maria à respeito da regulamentação do passeio e calçadas do município.

LEI Nº 173/52, DE 30-05-1952. 

REGULA A CONSTRUÇÃO DE PASSEIOS E CALÇADAS, NA CIDADE E VILAS DO MUNICÍPIO.

HEITOR SILVEIRA CAMPOS, Prefeito Municipal de Santa Maria. Faço Saber, em cumprimento ao disposto no Art. 49, inciso II, da Lei Orgânica do Município, que a Câmara de Vereadores aprovou e Eu sanciono e promulgo a seguinte, LEI:

Art. 1º Todos os proprietários de móveis, edificados ou não, sitos na Cidade e sedes de distritos em ruas ou logradouros públicos serviços por calçamento e meio-fio ou cordão, são obrigados a construir as calçadas ou passeios respectivos e mantê-los em perfeito estado de conservação.

Art. 2º A Prefeitura poderá determinar o tipo de passeio ou calçada e todas as prescrições que em sua construção devam ser obedecidas, fornecendo aos interessados as instruções necessárias.

Parágrafo Único – Entre as prescrições para sua construção deverão conter:

a) a argamassa para o passeio de mosaico deve ser de cimentos e areia na proporção de 1 para 3, sendo assentados o contrapiso que ofereça resistência para as cargas normais de passeio. Deverão ter juntas de dilatação, no mínimo, de 1 centímetro em cada 10 metros.
b) os passeios de concreto deverão ter uma espessura mínima de 7 (sete) centímetros com argamassa 1:2:4 (cimento-areia-pedra) e revestida com argamassa de cimento e areia 1:3, com junta de dilatação, no mínimo de 1 centímetro em cada 5 (cinco) metros.
c) os passeios de laje de arenito deverão ser nivelados e rejuntados com argamassa de 1:3 de cimento e areia.

Art. 3º Os passeios que estiverem em más condições, serão obrigatoriamente reconstruídos, observadas as instruções técnicas e padronização estabelecidas pela Prefeitura.

Art. 4º A Prefeitura pode mandar construir, reconstruir ou conservar os passeios, cobrando dos proprietários o custo do serviço e materiais gastos, acrescidos de 10% para a administração, sempre que julgar conveniente.

Art. 5º A Prefeitura deverá, por seus órgãos competentes, fiscalizar o cumprimento das prescrições técnicas constantes desta Lei.

Art. 6º As rampas destinadas à entrada de veículos, feitas nas calçadas, só poderão interessar o meio-fio.

Parágrafo Único – É expressamente proibido colocar nas sarjetas, degraus, lajes, cunhas e outros objetos destinados a facilitar o acesso de veículos.

Art. 7º Deverão ser previstas, por baixo dos passeios e calçadas, canalização de manilha ou canos de ferro, com capacidade suficiente para perfeito escoamento das águas pluviais, vinda do interior das propriedades, ou calhas.

Art. 8º Os proprietários que não satisfazerem as determinações desta Lei, terão o imposto correspondente acrescido da multa regulamentar, a partir do 2º semestre do ano corrente, nas seguintes proporções, e por semestre:                                     
                                                                                                                                            
Fonte: LEI Nº 173/52, DE 30-05-1952.

Complementando a legislação promulgada, ficou instituída a responsabilidade do proprietário do imóvel em assegurar a boa condição do passeio público. A prefeitura, por meio das zeladorias municipais, também é responsável pela limpeza e manutenção das calçadas, terrenos e áreas públicas. O Estado tem a função de fiscalizar a conservação da via pública. Segundo informações retiradas do site da JusBrasil, em caso de acidentes que acontecem no passeio público, a responsabilidade recai sobre o município, caso um pedestre sofra danos corporais, além da responsabilidade civil do proprietário do imóvel em situações que a calçada se encontre em más condições.

Calçadas com buracos, dificultando o trânsito de pedestres. Foto: Gabriel Leão

Para aqueles que vivem a realidade na pele, fica a reflexão sobre o muito que ainda falta ser feito para proporcionar uma qualidade de vida digna.

O caminho de pedestres que tem alguma dificuldade de locomoção precisa ser estudado antes de sair à rua para evitar contratempos. Foto: Gabriel Leão

Com o apoio de uma muleta, Paulo de Almeida, aposentado por invalidez após um acidente de carro, conta com o uso do amparo para se locomover há 8 anos e relata que precisou recorrer à fisioterapia para que pudesse andar minimamente, no entanto relata as dificuldades do dia-a-dia. “Quando saio desacompanhado, preciso organizar o meu trajeto para que eu possa ter o mínimo de independência nas minhas saídas de casa. Às vezes me desanimo com as condições das calçadas da cidade que ainda deixa muita a desejar e espero que nos próximos governos isso entre em discussão”, relata o aposentado.

De acordo com Liése Basso Vieira, professora assistente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Franciscana, a melhor descrição para Santa Maria é um lugar onde o essencial não é organizado. Segundo a professora, que atua em áreas como projeto arquitetônico urbanístico, existem poucos locais na cidade que possam representar um exemplo positivo na questão da organização do passeio público. “É necessário repensar a cidade para proporcionar uma melhor qualidade de fluxo e trânsito pelas vias da cidade, desenvolvendo uma Santa Maria mais inclusiva e amigável aos seus pedestres”, afirma.  

A falta de padrão e continuidade do passeio público são observados com frequência. Foto: Gabriel Leão.

É essencial ouvir os cidadãos na construção de soluções. A participação da comunidade em audiências públicas e a criação de conselhos de acessibilidade são passos importantes para garantir que as necessidades de todos sejam atendidas. É necessário compreender as necessidades daqueles que mais sofrem com a falta de planejamento urbanístico na cidade para que possamos alterar a forma em que pensamos a acessibilidade, proporcionando qualidade de vida igualitária a todos os cidadãos. É urgente que as autoridades municipais e estaduais reconheçam a importância da acessibilidade e priorizem melhorias nas calçadas, garantindo que todos tenham o direito de se deslocar com segurança e dignidade. Somente assim será possível construir cidades mais inclusivas e justas para todos que moram e se movimentam por ela.

Reportagem produzida por Gabriel Leão na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

O futebol veterano é uma modalidade voltada à prática esportiva de forma recreativa e competitiva, para aqueles que desejam continuar jogando mesmo após ultrapassarem a fase mais intensa de suas carreiras ou juventude. Essa categoria não apenas valoriza a experiência acumulada ao longo dos anos, mas também incentiva a manutenção da saúde, o fortalecimento de laços de amizade e a preservação da paixão pelo esporte. É um espaço onde a competitividade se mistura à amizade, criando um ambiente saudável e inclusivo.

No esporte veterano, o destaque vai além do desempenho técnico, privilegiando o espírito de equipe e o prazer de jogar. Embora a competitividade ainda esteja presente, ela é equilibrada pela compreensão das limitações físicas naturais da idade. Torneios e campeonatos de futebol veterano são comuns, criando oportunidades para que jogadores continuem revivendo a emoção de estar em campo, ao mesmo tempo em que fortalecem vínculos entre comunidades e promovem um estilo de vida saudável.

Na cidade, a Associação de Futebol de Veteranos de Santa Maria (AFUVESMA) tem o papel de promover o esporte amador para a população. A diretoria é constituída por coordenadores de categorias entre 35 a 70 anos jogando futebol, distribuídos em 78 equipes que disputam o campeonato em 20 arenas, com jogos que ocorrem aos sábados à tarde, em dois horários: às 14h e às 16h, durante todo o ano. O coordenador de projetos da associação, Everaldo Umpierre Vieira, conta que “hoje, a AFUVESMA é parte da sociedade de Santa Maria, justamente por congregar tantas pessoas. E dentro do esporte amador, a gente entende que somos referência, porque estamos desde 1987 numa evolução a ser seguida. Para que a gente consiga fazer com que crianças e mulheres, que hoje gostam do esporte, também pratiquem”.

A história da associação, segundo o coordenador, surgiu em uma época em que o esporte amador era muito forte na categoria livre, e todas as idades se misturavam. Por conta das diferenças físicas, os atletas mais velhos que queriam continuar jogando uma competição sentiram a disparidade e, a partir dessa problemática, foram criados os campeonatos por idades.

No período pós-pandemia, os própios atletas pediram a volta do campeonato Foto: Aryane Machado

Para mais informações sobre a AFUVESMA, basta entrar no site e no Instagram.


Na quinta-feira, 29 de novembro, a Universidade Franciscana divulgou a lista de aprovados no vestibular de verão 2025, que contou com mais de 1.000 inscritos. Os resultados já estavam disponíveis no site oficial da UFN, garantindo acesso online a todos os candidatos aprovados.

O momento foi de grande emoção para os candidatos e seus familiares e amigos, que estavam acompanhando no hall do prédio 15 da instituição. Muitos não esconderam a alegria ao verem os nomes de seus filhos na lista, celebrando juntos essa conquista.

Além disso, os acadêmicos veteranos aproveitaram a ocasião para comemorar a chegada de seus “bixos” e realizar a tradicional brincadeira de pintar os novatos com tinta. Os acadêmicos de Medicina estavam aguardando a divulgação dos nomes com um pequeno pitbull, que se tornou uma das atrações do momento.

Vale ressaltar que os aprovados em Medicina podem consultar o listão disponível aqui, já os que concorreram aos demais cursos devem consultar o seu nome na Minha UFN com seu login e senha.

Os aprovados devem ficar atentos aos prazos para matrícula e início das aulas. As orientações sobre esses procedimentos estão disponíveis no site oficial da universidade, e os candidatos devem seguir as instruções para garantir sua matrícula.

Para mais informações sobre o vestibular, os candidatos podem acessar o site oficial da UFN aqui.

Na noite da última terça, 26 de novembro, ocorreu o 9ª Prêmio Universitário de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN). A cerimônia foi realizada no Salão de Atos do prédio 13, conjunto 3 da instituição, e contou com a presença de alunos, egressos e professores. O tema escolhido para este ano foi o Tempo e a cerimônia contou com apresentação dos jornalistas, radialistas e egressos do curso de Jornalismo, Thays Ceretta e Fabiano Oliveira.

O Prêmio foi organizado de maneira conjunta pelos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda (PP). A iniciativa tem como objetivo avaliar, valorizar e coroar as produções desenvolvidas em atividades acadêmicas vinculadas às disciplinas ou aos laboratórios do curso de Jornalismo. Além disso, o evento é uma forma de promover um ambiente de confraternização entre professores, organizadores e acadêmicos a fim de transcender as rotinas de sala de aula. 

Premiados do 9° Prêmio Universitário de Jornalismo UFN. Foto: Vitória Maicá/LABFEM

O Coordenador do curso de Jornalismo, professor Iuri Lammel, destacou que “O Prêmio é muito importante para o curso. Afinal de contas, a finalidade desse curso é formar bons jornalistas, e esta noite serve para mostrar que a gente produz um bom jornalismo”. Segundo Lammel, o Prêmio promove o serviço de integrar o curso de jornalismo à sociedade demonstrando seu trabalho, assim também como por meio dos jurados que são profissionais formados e com experiência.

Coordenador do curso de Jornalismo, Iuri Lammel, destaca a visibilidade que o Prêmio possibilita aos alunos. Foto: Vitória Maicá/LABFEM

A professora do curso de Jornalismo e coordenadora do LINC (Laboratório de Comunicação Integrada) dos cursos de Jornalismo e PP, Laura Fabrício, que está pela primeira vez à frente do Prêmio, destaca que uma premiação para qualquer tipo de curso universitário é sempre um incentivo para que o aluno se reinvente e acredite no seu potencial. Isso não seria diferente no jornalismo, onde é de suma importância o olhar de profissionais especializados na área sobre aquilo que se elabora. “Foi um processo difícil, corrido e de grande aprendizado que passou por todas as etapas de buscar patrocinadores, jurados, montar todo esse cenário aqui, convidar pessoas para tocar, ir atrás da alimentação. Então, eu que vivenciei todo esse processo, posso dizer que foi um grande aprendizado em que me sinto vitoriosa nisso, pois hoje conseguimos o resultado de tamanho esforço depositado em prol do Prêmio.” , pontua Laura. 

Professora do curso de Jornalismo, Laura Fabrício, destaca a importância do trabalho em equipe para a retomada do prêmio. Foto: Vitória Maicá/LABFEM

Para a professora do curso de Publicidade e Propaganda, Pauline Fraga, “eu e a professora Laura Fabrício trabalhamos juntas no mesmo laboratório, a professora Laura representando o Jornalismo, e eu representando o curso de Publicidade. Acredito que aprendemos juntas. Apesar dos vários desafios a gente foi complementando as nossas habilidades e constituímos uma boa dupla.”

Professora Pauline Fraga integra a equipe do LINC, ao lado da Professora Laura Fabrício e das acadêmicas Vitória Oliveira (Jornalismo), e Ana Paula Guerra(PP). Foto: Vitória Maicá

A acadêmica de jornalismo do 6ª semestre, Vitória Oliveira, destacou que o trabalho de participar da organização do Prêmio foi muito gratificante. Vitória participou da edição de 2022 pela primeira vez como acadêmica e, para ela, esta edição representa uma volta significativa, no sentido de que o prêmio valoriza o trabalho que é produzido pelos alunos sob a supervisão dos professores no ambiente acadêmico . “Nós vemos a importância do que a gente faz aqui, e o quanto isso vai refletir no futuro, quando a gente estiver atuando como jornalistas”, destaca Vitória. 

Acadêmica de Jornalismo e monitora do LINC, Vitória Oliveira foi vencedora de várias categorias. Foto: Vitória Maicá/LABFEM

A acadêmica Michélli Silveira, do 4° semestre, foi ganhadora do prêmio nas categorias Experimentos Radiofônicos, Podcast e Fotografia. Ela destacou a necessidade de iniciativas como esta, pois inspiram os alunos a continuar na trajetória da comunicação “É uma grande felicidade ter conquistado várias colocações na premiação.” , comemorou Michélli. A estudante ainda destacou que a fotografia é uma área incrível de trabalho e aprendizado. “Hoje em dia, vejo que todos somos contadores de histórias, porém nós fotógrafos também contamos a história através de luz e movimento”, pontuou Michélli.

Michélli Silveira ao lado de seus colegas e da professora Laura Fabrício. Foto: Vitória Maicá/LABFEM

A jornalista Thays Ceretta, que apresentou o Prêmio, ressaltou que é sempre bom voltar aos corredores da faculdade para rever os professores, antigos colegas, e que também o Prêmio serve para relembrar os anos de acadêmica. Segundo ela, o mercado de trabalho na área do jornalismo não é fácil, mas também não é impossível. ” É essencial estar aqui nesse momento com vocês, trazendo um pouquinho de alegria e comunicação, falando sobre o jornalismo, e reforçando a importância de vocês continuarem com estes trabalhos”, pontuou Thays.

Fabiano Oliveira e Thays Ceretta, egressos do curso de Jornalismo da UFN, apresentaram o Prêmio este ano. Foto: Ana Borba/LABFEM

O jornalista e radialista da Rádio Atlântida, Fabiano Oliveira,se disse emocionado por estar na condução do Prêmio deste ano, e também comentou sobre como ficou feliz em ver a produção jornalística da melhor qualidade, feita com seriedade e com responsabilidade. “O meu desejo é de ver vocês fazendo os seus trabalhos. Esse Prêmio tem o papel importante de renovar a energia da galera para continuar produzindo nas mais diferentes categorias.”, ressalta Fabiano.

Jurado da noite e egresso do curso, Gabriel Haesbaertht destacou a importância do Prêmio em sua trajetória profissional. Foto: Ana Borba/LABFEM

Um dos jurados da noite, o fotógrafo e egresso do curso de Jornalismo Gabriel Haesbaert, destacou que foi muito especial voltar à instituição, ainda mais sendo jurado em duas categorias de fotografia, que é a sua especialidade. “O Prêmio marcou minha jornada na faculdade e me motivou para seguir fazendo o meu trabalho com cada vez mais excelência. Espero que os vencedores sintam a motivação para seguir buscando fazer um trabalho melhor”, finalizou o jurado.

Conheça os vencedores e suas categorias:

Categoria Audiovisual

Modalidade | Programa jornalístico 

Menção Honrosa: Telejornal Labnews 2ª Edição – Luiza Silveira, Vitória Oliveira, Yasmin Zavareze e Rubens Miola Filho

Bronze: Brasilidade – Rubens Miola Filho e Ian Lopes 

Prata: Telejornal Labnews – Yasmin Zavareze e Rubens Miola Filho

Ouro: De papo COM: Fabiano Oliveira – Ana Cecília Montedo, Nicolas Krawczyk e Yasmin Zavareze 

Modalidade | Reportagem

Ouro: Abrigos: Realidade – Yasmin Zavareze

Modalidade |  Documentário 

Ouro: Ansiedade – Nelson Bofill, Caroline Freitas e Gilvane Amarante

Modalidade – Ficção 

Ouro: A Espera – Luiza da Silva Silveira e Vitória Oliveira

Modalidade – Audiovisual para internet 

Bronze: Labnews: Tarifa dos Ônibus – Yasmin Zavareze

Prata: Registro da comemoração dos 20 anos do curso de Jornalismo e Publicidade e Propaganda – Yasmin Zavareze 

Ouro: Tesouros pré-históricos: As descobertas de dinossauros na região central do Rio Grande do Sul – Vitória Oliveira 

Modalidade – Roteiro de curta metragem

Ouro: Fluxo cinza – Yasmin Zavareze

Categoria Digital 

Modalidade – Perfil ou Entrevista

Prata: Entre colagens e figurinos, prazer Luciano Santos – Michélli Silveira da Silveira

Ouro: Como jornalista sigo escrevendo, contando histórias e questionando sobre tudo – Nelson Bofill 

Modalidade – Reportagem

Menção Honrosa: Feira do Livro que perdura em Santa Maria, de cara nova – Luíza Maicá Gervásio e Aryane Ferrão Machado 

Bronze: Cobertura especial enchentes 2024 – Rian Lacerda

Prata: Os mais de 70 anos de sofrimento argentino – Nelson Bofill

Ouro: Como é o dia a dia de criadores de conteúdo adulto em Santa Maria – Rubens Miola Filho 

Modalidade – Mídia Social

Prata: Cineclub Odisséia – Nelson Bofill, Rubens Miola Filho e Guilherme Pregardier

Ouro: Conexão News – Karina Fontes, Luiza Fantinel e Rian Lacerda

Modalidade – Podcast

Menção Honrosa: Eles que lutem? – Luiza da Silva Silveira e Vitória Oliveira

Bronze: Vida pós-enchente – Maria Eduarda Rossato e Michélli Silveira da Silveira

Prata: O cinema está na moda – Luiza da Silva Silveira, Nelson Bofill e Vitória Oliveira

Ouro: Ciência é Pop – Isaac Brum Dias 

Categoria Fotografia 

Modalidade – Fotojornalismo 

Menção Honrosa: Antes do movimento, o pensamento – Luíza Maicá Gervásio

Bronze: Duelo de Gigantes – Yasmin Zavareze

Prata: A guerra do jogo: Soldiers SM VS Canoas Bulls – Nelson Bofill e Guilherme Pregardier

Ouro: Netuno Contemporâneo – Nelson Bofill e Guilherme Pregardier

Modalidade –  Ilustrativa

Menção Honrosa: Êxtase desportivo: Nelson Bofill

Bronze: Raízes e Renovação – Luíza Maicá Gervásio

Prata: Momento Redação: Vestibular de Inverno UFN 2024 – Michélli Silveira da Silveira

Ouro: Academia: Luz e Movimento – Luiza da Silva Silveira

Modalidade – Fotografia ensaio 

Ouro: Cultura Acadêmica – Nelson Bofill

Modalidade – Fotodocumentário

Menção Honrosa: Bar do Garça – Michélli Silveira da Silveira

Bronze: Memórias do Garça – Luíza da Silva Silveira

Prata: Histórias do Salão Vênito – Yasmin Zavareze

Ouro: Ali na esquina, no Bar do Garça – Vitória Oliveira

Modalidade – Livre

Bronze: O abstrato na palma da mão – Luiza da Silva Silveira

Prata: Abbey Bominable – Nelson Bofill

Ouro: UFN Acromática –  Michélli Silveira da Silveira

Categoria Texto

Modalidade Artigo

Ouro: A influência castelhana na cultura rio-grandense – Nelson Bofill

Modalidade Crônica

Ouro: Preso nas garras da lagosta – Michélli Silveira da Silveira

Modalidade Resenha ou comentário 

Ouro: The Handmaid´s tale – O Brasil será a próxima Gilead? – Michélli Silveira da Silveira

Modalidade Ficção 

Menção Honrosa: Pupila – Karina Devitte Fontes

Ouro: Como eram verdes os meus campos e vermelho o meu tango – Enzo Martins da Silva

Categoria Rádio

Modalidade – Programa

Menção Honrosa: Just Rolling – Rubens Miola Filho e Guilherme Pregardier

Prata: Giro Esportivo – Andressa da Silva Rodrigues, João Henrique da Costa Machado e Samuel Barbosa Marques

Ouro: Conexão News – Karina Devitte Fontes, Luiza Fantinel e Rian Lacerda

Modalidade – Programa radiofônico

Menção Honrosa: UFN News – Rian Lacerda

Prata: Brasilidade – Rubens Miola Filho e Ian Lopes

Modalidade – Experimentos Radiofônicos 

Menção Honrosa: O Acidente  – Andressa da Silva Rodrigues, Gabriel Deõn de Azevedo, Samuel Barbosa Marques e João Henrique da Costa Machado

Bronze: Nave de Histórias/Celular seu Lular – Bernardo Mattos e Thomás de Jesus Aresço Ortiz 

Prata: Nave de História/Cada bicho com cada uma – Aryane Ferrão Machado e Luíza Maicá Gervásio

Ouro: Cabrito Agapito – Maria Eduarda Rossato e Michélli Silveira da Silveira

Categoria Impresso

Modalidade –  Diagramação 

Bronze: Revista Easy Going – Michélli Silveira da Silveira

Prata: Em pauta – Nelson Bofill

Ouro: Speak Now – Vitória Oliveira

Galeria de fotos:

Fotos: Vitória Maicá/LABFEM


Texto produzido com colaboração do acadêmico de Jornalismo Nicolas Krawczyk

A 11ª edição da Mostra Integrada de Produções Audiovisuais (MIPA) da UFN traz o tema: “O que nos move?”, convidando todos a refletirem sobre o que inspira e impulsiona a criação e a produção audiovisual, conectando as ideias e os sentimentos que nos motivam no dia a dia. O evento ocorre no dia 11 de dezembro, às 20h, no pátio do prédio 14, no Conjunto III da UFN. A entrada é aberta ao público.

Organizada pelo LabSeis, o Laboratório de Produção Audiovisual dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, a MIPA tem o objetivo de incentivar a produção e o compartilhamento das criações audiovisuais dos alunos da universidade. Ao longo dos anos, a Mostra tem se tornado um espaço importante para os estudantes exporem seus trabalhos.

PERÍODO DE INSCRIÇÃO:

As inscrições para a 11ª MIPA estão abertas até o dia 29 de novembro de 2024. Qualquer estudante ou egresso da UFN pode participar, desde que o audiovisual tenha sido produzido no âmbito de alguma disciplina ou laboratório da instituição a partir de 2023. Os interessados devem inscrever seus trabalhos em uma das seguintes categorias do edital:

  • Ficção
  • Documentário
  • Crônica Audiovisual
  • Experimental
  • Videoclipe
  • Animação

As inscrições podem ser feitas por meio de um formulário disponível no site da Mostra. O limite máximo de duração das obras é de 20 minutos. Para mais detalhes sobre critérios de avaliação e seleção, acesse o edital no site oficial da MIPA.

Os trabalhos selecionados serão divulgados no dia 6 de dezembro, pelo Instagram @lab_seis e pelo site www.labseis.ufn.edu.br.

A MIPA se destaca por ser um espaço de troca entre os alunos dos cursos de comunicação da UFN e também entre o público. Ela dá a chance para os estudantes experimentarem e apresentarem diferentes formatos de audiovisual, além de ser uma oportunidade para o público conhecer a produção dos futuros profissionais da área.

Maria Eduarda Rossato, estudante de Jornalismo da UFN e diretora do curta-metragem “Desejo errado”, que será exibido na 11ª MIPA, destacou sobre a experiência de criação do filme. “A gente se preocupou muito com os detalhes na hora de criar o curta. Antes e durante as gravações, a equipe se reunia para planejar os cenários, os objetos, as falas, e até os movimentos de câmera. A gente queria que tudo fosse bem pensado, para não deixar nada passar batido”, conta a acadêmica. Para ela, essa atenção aos detalhes fez toda a diferença para o resultado final.

No entanto, como em qualquer trabalho coletivo, o processo não foi sem desafios. “O maior desafio foi ouvir as opiniões dos colegas e saber escolher o que fazia sentido. Tinha muita ideia boa, mas era preciso filtrar o que realmente funcionava para o projeto. Decidir sozinho pode ser difícil, mas também é importante tomar essas decisões”, explica a diretora.

Os primeiros alunos a deixarem as salas foram os candidatos que realizaram a prova de redação. Imagem: Karuliny Boer/Labfem

Os primeiros candidatos do Vestibular de Verão da UFN começaram a deixar as salas por volta das 15h30. A prova de redação foi aplicada aos cursos de graduação, com duração de 2 horas. Já para o curso de Medicina os estudantes fizeram uma prova com 50 questões mais a Redação, e tiveram 4 horas para concluir a prova. Dois candidatos do curso de Medicina chegaram atrasados e não puderam realizar a prova. O índice de abstenção foi de 11,62%, dentro da média da instituição: 7,5% em Medicina, 15,1% nos demais cursos. Apesar dos contratempos, o processo transcorreu de forma tranquila, sem incidentes. A organização do exame foi elogiada pelos candidatos, que destacaram a clareza nas orientações e o ambiente silencioso, propício para o bom desempenho.

A expectativa agora é que os resultados sejam divulgados dentro do prazo estipulado pela instituição, dia 29 de novembro, próxima sexta-feira. O tema da prova de Medicina deste ano foi “Como as redes sociais e a conectividade constante influenciam a saúde mental dos jovens na era digital”. Já para os demais cursos de graduação o tema proposto foi “Como a inteligência artificial está impactando e transformando o mercado de trabalho”.

Ana Júlia, 17 anos, relatou que o tema da redação foi dentro das suas expectativas. “Achei o tema bom, pois já havia treinado bastante com inteligência artificial, então foi tranquilo para mim”, afirmou. Sobre a preparação, ela destacou que o estudo focado em temas relacionados à tecnologia ajudou a facilitar a escrita. Natural de São Sepé, Ana mora atualmente em Santa Mara, cidade que tem se mostrado um ponto de apoio na jornada acadêmica. O clima de tranquilidade e confiança foi evidente ao longo da conversa, com a jovem revelando que estava bem preparada para o desafio.

O candidato Mateus Ferreira, natural de Alegrete, comentou sobre sua experiência no exame, destacando a facilidade com que lidou com o tema. “Foi bem tranquilo, na verdade”, afirmou, referindo-se ao tópico sobre Inteligência Artificial e o mercado de trabalho, uma questão que tem ganhado relevância nos debates contemporâneos. Segundo Mateus, a familiaridade com o tema, que está em alta, facilitou a elaboração da redação. “É um tema bastante do cotidiano, então é difícil não encontrar algo no repertório para escrever”, completou.