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Geral

O retorno do Baile dos Sonhos em Rosário do Sul

Na última sexta-feira, dia 4, ocorreu em Rosário do Sul (RS) o Baile dos Sonhos, uma festa de 15 anos para duas meninas carentes da cidade, promovida pelo Interact Club de Rosário do Sul

Servidores Municipais paralisam atividades

Na última terça-feira, 1º de abril, os servidores públicos de Santa Maria realizaram uma manifestação em prol de seus direitos. A paralisação começou às 9h na Praça Saldanha Marinho e seguiu em caminhada à Prefeitura Municipal,

Calor intenso deve continuar em todo Rio Grande do Sul

A nova onda de calor que assola o estado o Rio Grande do Sul está no seu ápice. É o que indica o Climatempo e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que também mostram temperaturas próximas

O que ficou das queimadas devastadoras de 2024

Em um dos anos mais críticos para incêndios no Brasil, Santa Maria enfrentou as consequências de uma onda de queimadas recordes que já devastou uma área maior que o Japão e afetou a qualidade do ar,

Cidade Passageira: os prós e contras de ficar em Santa Maria após a formação

Entre idas e vindas, Santa Maria é conhecida por ser uma cidade universitária que forma acadêmicos em instituições de ensino e capacita-os para ingressar no mercado de trabalho após a entrega do diploma. A cidade recebe interessados em começar o ensino superior que moram em cidades vizinhas, na região sul e em outros estados.

O papa Francisco. Foto: Filippo Monteforte/AFP

O Papa Francisco morreu em 21 de abril, um sábado, aos 88 anos, no Vaticano. Ele estava internado havia alguns dias em decorrência de complicações respiratórias, conforme os últimos boletins médicos divulgados pela Santa Sé. A morte marca o fim de um pontificado iniciado em 2013 e que ficou conhecido por tentativas de diálogo com temas contemporâneos.

Francisco foi o primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica. Argentino, ex-arcebispo de Buenos Aires, foi escolhido após a renúncia de Bento XVI. Ao assumir o cargo, adotou um estilo mais simples e direto, o que o diferenciou dos papas anteriores. Durante os 12 anos de pontificado defendeu pautas sociais, fez visitas a periferias, falou sobre imigração, mudanças climáticas e desigualdade.

Mesmo com essa abordagem considerada mais acessível, Francisco não promoveu mudanças significativas nas doutrinas centrais da Igreja. Internamente, enfrentou resistência de alas conservadoras e, ao mesmo tempo, foi criticado por setores que esperavam reformas mais profundas.

Ao longo de seu papado, deu declarações sobre política internacional, defendeu o acolhimento de refugiados e insistiu em alertas sobre o impacto ambiental das ações humanas. Também buscou aproximar a Igreja de fiéis afastados e tentou atualizar o tom institucional, sem romper com os pilares do catolicismo.

A morte de um papa é sempre tratada como um momento de transição institucional dentro da Igreja Católica, mas também expõe as distâncias entre a tradição religiosa e a realidade atual de muitas sociedades. Como jornalista, acompanho o processo como um fato histórico e político — com atenção ao peso simbólico, mas sem ilusões sobre o alcance que esse tipo de liderança ainda possui fora dos espaços religiosos.

Artigo produzido na disciplina de Narrativa Jornalística no 1º semestre de 2025. Supervisão professora Glaíse Bohrer Palma.

Imagens: divulgação Royal

Na noite da última terça-feira, 06, o Royal Plaza Shopping realizou o Royal Fashion Walk, desfile de moda para apresentar as coleções de outono e inverno deste ano. O evento contou com 40 modelos percorrendo os três andares e representando 17 lojas do shopping.

Segundo a Social Media do Royal, Ana Cecília Montedo, a inspiração surgiu de um desfile realizado em Dubai, que ocorreu em frente a um shopping center. O objetivo era que lojas trouxessem os seus clientes para um coquetel e já proporcionar a oportunidade de assistir a um desfile de moda.

A proposta era que o evento fosse aberto ao público, para que as pessoas se sentissem parte da experiência. Além disso, a produção e organização foi feita por pessoas que moram ou tiveram alguma relação com Santa Maria, para mostrar que o ambiente faz parte da história da cidade.

O evento encerrou com a participação de 25 produções desenvolvidas por estudantes e professores do curso de Design de Moda da Universidade Franciscana. Um dos destaques da apresentação foi que os próprios estudantes desfilaram com suas peças na passarela, assumindo não apenas o papel de designers, mas também de modelos.

Imagem: Divulgação Royal

Colaboração Maria Valenthine Feistauer

O programa De Papo com está de volta com episódios inéditos. Um programa sobre jornalismo a partir de jornalistas. A convidada da vez é Thays Ceretta, jornalista e radialista da Rádio Verde Oliva, emissora da Fundação Cultural do Exército Brasileiro, e egressa do curso de Jornalismo da UFN.

Thays se formou em 2012 e tem uma trajetória marcada por passagens em diferentes veículos de comunicação, como RBS TV, TV Pampa e TV Diário. Durante o bate-papo, ela relembra momentos emocionantes da sua carreira e compartilha experiências que marcaram sua atuação como jornalista.

O programa vai ao ar nesta sexta-feira, 11 de abril, às 19h30, na UFN TV, canal 15 da Net, e também no YouTube do LabSeis. Você pode acompanhar cortes das entrevistas no Instragam do programa e no Instagram do LabSeis. Por lá, você confere em primeira mão os próximos convidados e temas das futuras edições.

Em 2024, foram 23 programas que trouxeram nomes como Marcelo Canellas, que foi repórter especial do Fantástico da TV Globo por décadas e atualmente trabalha com streaming; Silvana Silva, que atuou como editora-chefe do Diário de Santa Maria no Grupo RBS e hoje atua em assessoria de comunicação; Lucas Amorim, jornalista e radialista da Rádio Gaúcha Santa Maria; Fabiana Lemos, repórter da RBS TV de Porto Alegre; Rômulo D’Ávila, repórter da TV Globo São Paulo; entre outros nomes que reportam histórias e fazem história no jornalismo. Veja as entrevistas na playlist do programa no YouTube do LabSeis.

De Papo Com é uma produção laboratorial do Curso de Jornalismo da UFN, apresentado pelos acadêmicos do 5º semestre, Yasmin Zavareze e Nicolas Morales; com Ana Cecília Montedo, Isadora Rodrigues e Thine Feistauer na produção; Alexsandro Pedrollo na operação de câmera e direção de fotografia; Jonathan de Souza no switcher e finalização; Emanuelle Rosa na identidade visual; e direção geral da professora Neli Mombelli.

Texto e fotos: divulgação LabSeis

Gabriela e Tamires ganharam de presente um Book de Debutante. Imagem: Cassiano Nascimento.

Na última sexta-feira, dia 4, ocorreu em Rosário do Sul (RS) o Baile dos Sonhos, uma festa de 15 anos para duas meninas da cidade, promovida pelo Interact Club de Rosário do Sul – Serra do Caverá. O Interact Club é uma organização internacional que tem como objetivo realizar projetos que melhorem a sociedade onde atua. Este clube é composto por jovens entre 12 e 18 anos e é filiado ao Rotary Internacional.

O projeto consiste em realizar uma festa de debutante para meninas que não teriam condições, proporcionando a elas uma experiencia única em suas vidas. Através do voluntariado e a ajuda da comunidade local, o evento contou com patrocínio para decoração, vestidos, produção, janta, valsa, e muitos outros detalhes escolhidos pelas aniversariantes. A festa foi realizada no CTG Crioulos do Caverá e cada aniversariante pode levar 60 amigos e familiares. Além dos convidados das debutantes, também estavam presentes os membros interactianos, rotarianos e a Governadora de Rotary do distrito 4780.

As meninas, Tamires Silva e Gabriela Borges, foram escolhidas através de cartas enviadas ao Interact por meio de uma promoção em que cada adolescente poderia responder a pergunta “Por que eu mereço ganhar uma festa de 15 anos?”. O Baile dos Sonhos não ocorria desde 2019 e retornou na Gestão de 2024-2025 presidida pela interactiana Isadora Rodrigues. Segundo a Presidente: “O projeto sempre foi o sonho de cada interactiano que passou pelo clube, sempre escutamos desde o primeiro dia falar sobre ele, e poder retornar nesta gestão é um símbolo de orgulho e felicidade para que possamos mudar pelo menos um pouco a vida dessas meninas.”

Tanto Tamires quanto Gabriela ganharam padrinhos rotarianos, que dançaram valsa com elas na cerimônia e as presentearam com um anel de 15 anos. Além disso, ganharam um book de fotos, quadro de assinaturas, um sapato social e tênis para a festa, entre diversos outros presentes promovidos pela organização.

Colaboração: acadêmica de Jornalismo Isadora Rodrigues

Servidores Públicos de Santa Maria nas manifestações de 1º de Abril. Imagem: Redes socias/Sinprosm.

Na última terça-feira, 1º de abril, os servidores públicos de Santa Maria realizaram uma manifestação em prol de seus direitos. A paralisação começou às 9h na Praça Saldanha Marinho e seguiu em caminhada à Prefeitura Municipal, na rua Venâncio Aires. Pela tarde, os manifestantes se concentraram em frente a Câmara de Vereadores. Após o Sindicato dos Professores Municipais solicitar que os vereadores se encaminhassem para a frente da Câmara, os municipários puderam ter suas vozes ouvidas e pedir por seus direitos.

Em discurso, Marta Hammel, Coordenadora de Finanças do Sinprosm (Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria) afirmou que: “Pensamos que nesse momento em que se discute reforma previdenciária, a gente pense na contramão do que vem ocorrendo, que a gente possa sim garantir direitos de servidores e professores municipais”. Em resposta, o Presidente da Câmara de Vereadores Admar Pozzobom destacou que não há projeto pronto referente a reforma da previdência e prometeu diálogo.

A guarda municipal estima que entre 800 a 1000 pessoas tenham participado do movimento entre manhã e tarde, dentre elas, professores, servidores públicos e apoiadores.

Confira mais informações na matéria do Laboratório de Produção Audiovisual do curso de Jornalismo da UFN.

Colaboração: acadêmica de Jornalismo Maria Valenthine Feistauer

Esse é o terceiro período de calor extremo deste verão no território gaúcho. Imagem: Freepik

A nova onda de calor que assola o estado o Rio Grande do Sul está no seu ápice. É o que indica o Climatempo e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que também mostram temperaturas próximas aos 40ºC em algumas regiões.

Geograficamente, seguindo na contramão das demais localidades do país, os estados da Região Sul do Brasil são caracterizados por possuírem uma grande amplitude térmica, ou seja, temperaturas que variam muito na transição de uma estação climática para outra. Por óbvio, no Rio Grande do Sul não é diferente. Dessa forma, ao mesmo tempo em que o estado é conhecido pelos seus invernos intensos e rigorosos, no verão, as temperaturas tendem a subir de maneira excessiva.

Conforme relatório divulgado pela MetSul Meteorologia no último final de semana, a atual onda será a mais duradoura e deve persistir até o mês de março. Essa será terceira onda de calor já registrada no estado nesse ano. A primeira havia acontecido entre os dias 17 e 23 de janeiro, enquanto a segunda incidiu entre os dias 2 e 12 de fevereiro.

A Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul é uma das regiões gaúchas que mais sentem o impacto do forte calor no verão. No início do mês, a cidade de Quaraí, situada na fronteira com o Uruguai, registrou a temperatura de 43,8ºC, a maior temperatura já vista no estado em 115 anos. Algumas outras cidades da região como Alegrete, Uruguaiana, Rosário do Sul e Santana do Livramento também tiveram temperaturas altas durante o mês.

População busca se hidratar em meio ao calor escaldante que se faz presente no estado.
Imagem: Paulo Ortiz/Nobres Notável Rede de Telecomunicações Ltda (NNTV)

Segundo a Organização Meterológica Mundial (OMM), uma onda de calor é formada quando as temperaturas máximas diárias extrapolam em 5ºC ou mais a média mensal durante pelo menos cinco dias em sequência. A onda de calor terá influência na proeminência das temperaturas em todas as regiões do estado pelo menos até a próxima quinta-feira, dia 27 de fevereiro, com grandes chances de temperaturas chegando em números recordes em alguns municípios.

O professor de meteorologia Daniel Caetano, da Universidade Federal de Santa Maria, afirma que as ondas de calor consistem em um bloqueio atmosférico que acaba inibindo o avanço dos chamados sistemas frontais, que é quando a massa de ar frio se une à massa de ar quente e ocasiona as chuvas. Com isso, tem-se um quadro de chuvas espaçadas e irregularidades no estado.

Diante desse cenário, é de suma importância que as pessoas se atentem aos cuidados básicos em relação à saúde e bem-estar. O Ministério da saúde propõe algumas diretrizes para épocas de calor acentuado como aumentar a ingestão de água ou de sucos de frutas naturais, sem adição de açúcar, mesmo sem ter sede, além de evitar bebidas alcoólicas que possuam elevado teor de açúcar e fazer refeições leves, pouco condimentadas e em intervalos de tempo mais curtos durante o dia.

Fumaça densa sob Brasília no Distrito Federal Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Em um dos anos mais críticos para incêndios no Brasil, Santa Maria enfrentou as consequências de uma onda de queimadas recordes que já devastou uma área maior que o Japão e afetou a qualidade do ar, saúde pública e o bem-estar dos moradores.

2024 foium ano alarmante para o Brasil no que diz respeito a incêndios florestais. Com mais de 208 mil focos registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) até outubro, os incêndios ultrapassaram os números totais de 2023, afetando a Amazônia e o Pantanal. Segundo o Serviço de Monitoramento Atmosférico Copernicus, os incêndios liberaram 180 megatoneladas de carbono na atmosfera apenas entre janeiro e setembro. Esta onda de queimadas não se restringiu às regiões Norte e Centro-Oeste do país, pois sua fumaça densa foi transportada por correntes de ar até o Sul, atingindo cidades como Santa Maria, onde seus efeitos se tornaram evidentes.

Fumaça nos céus de Santa Maria

Céu ensolarado em Santa Maria após as fumaças. Foto: Cauã Fontoura/Labfem

Entre agosto e setembro, o estado chegou a ser classificado como “insalubre” pela agência IQAir. Para muitos moradores de Santa Maria, os efeitos das queimadas foram sentidos na própria respiração. A estudante de odontologia Maria Fernanda, 21 anos, relata o impacto direto em sua rotina. “Nos dias de fumaça intensa, evitei abrir as janelas do apartamento. Minha respiração ficou prejudicada, e, com rinite, foi ainda mais difícil. Tivemos semanas complicadas em que a fumaça encobriu o sol e tornou o ar quase insuportável,” conta. Ela reflete que os impactos atuais são reflexo da destruição causada pelo homem ao meio ambiente. “Precisamos agir com práticas mais sustentáveis; nossa intervenção na natureza precisa ser de cuidado, não de destruição,” completa.

Efeitos na Saúde Pública

Uso de máscara devido ao aumento das fumaças em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A situação em Santa Maria também se reflete nas estatísticas de saúde. De acordo com a secretária adjunta de Saúde, Ana Paula Seerig, setembro registrou um aumento significativo de atendimentos relacionados a problemas respiratórios, especialmente entre crianças. “Observamos uma procura maior por atendimento para sintomas como falta de ar, tosse e irritação nos olhos, embora não possamos associar diretamente as queixas à fumaça devido às mudanças climáticas sazonais,” explica. Ela destaca que, durante os dias mais críticos, a população foi orientada a evitar atividades ao ar livre, manter janelas fechadas e redobrar cuidados com hidratação e sintomas respiratórios, especialmente para crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias preexistentes.

O meteorologista Gustavo Verardo, da BaroClima Meteorologia, explica que as correntes de vento conhecidas como Jato de Baixos Níveis foram responsáveis por transportar a fumaça das queimadas até o Sul do Brasil. “Esses ventos fortes de Norte a Sul trazem consigo grandes quantidades de fumaça. Quanto maior a área devastada, maior a concentração de partículas no ar,” ressalta. Verardo comenta que a presença de fuligem e outros materiais particulados na atmosfera agrava a qualidade do ar e gera uma “cobertura” que bloqueia a radiação solar direta, mantendo o céu escurecido em diversas cidades da região.

“Esse fogo é criminoso”, diz Lula sobre incêndios pelo país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que as queimadas que atingiram o Brasil são resultado de ações criminosas. “Esse fogo é criminoso. É gente que está tentando colocar fogo para destruir esse país”, afirmou, ao citar que em um mesmo dia foram registrados incêndios em 45 cidades do estado de São Paulo. Lula também apontou que 85% das propriedades afetadas no Pantanal são particulares. O que, segundo ele, reforça a necessidade de uma resposta mais rigorosa às queimadas ilegais. As declarações foram dadas durante visita a municípios do Amazonas que sofrem com os efeitos da estiagem. Na ocasião, representantes do governo federal assinaram o edital para obras de dragagens de manutenção nos rios Amazonas e Solimões.

O Governo disponibilizou R$514 milhões em crédito extra para combate às queimadas na Amazônia, o BNDES ( Banco Nacional do Desenvolvimento) reforçou as medidas de contenção com mais de R$400 milhões. O montante foi utilizado para apoio aos Corpos de Bombeiros dos estados da Amazônia Legal para compra de equipamentos, materiais e viaturas. 

Algumas medidas tomadas pelo Governo Federal foram punições mais rigorosas (o governo revisará os valores das multas para infrações ambientais e introduziu novas modalidades de sanções). Penas mais duras para incêndio ambiental ( o ministro Rui Costa afirmou que o governo estuda equiparar a pena para incêndios florestais à de incêndios em áreas urbanas). Novo fundo para biomas e proteção às populações indígenas. 

Além de Lula,  a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o chefe da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, também destacaram a possibilidade de ação criminosa para explicar as queimadas em todo Brasil.  “Tem uma situação atípica. Você começa a ter, em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo, e isso não faz parte da nossa curva de experiência na nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo. No caso do Pantanal, a gente estava tendo ali a abertura de dez frentes de incêndios por semana. No caso da Amazônia, nós identificamos o mesmo fenômeno. E em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios”, declarou Marina Silva em uma reunião com o presidente Lula, na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Orientações de Saúde e Prevenção

Para mitigar os efeitos da poluição decorrente das queimadas, o Conselho Federal de Química (CFQ) e especialistas em saúde recomendam medidas de proteção, como o uso de máscaras PFF2, especialmente eficazes para filtrar partículas finas e tóxicas. O CFQ também aconselha a instalação de purificadores de ar em ambientes fechados e a manutenção dos filtros do ar-condicionado. “Em áreas próximas às queimadas, a fumaça aumenta drasticamente a concentração de poluentes, o que impacta diretamente a saúde respiratória”, alerta o conselho no podcast “ QuinCast”, enviado à reportagem.
A professora de Enfermagem Liliane Alves Pereira reforça a importância dos cuidados com a saúde durante os períodos de alta poluição: “Evitar exposição ao ar livre, beber bastante água e manter ambientes fechados são atitudes cruciais para minimizar o impacto das queimadas na saúde.” Ela ainda alerta sobre o risco de asfixia e de agravamento de doenças respiratórias em indivíduos que já apresentam condições crônicas, como asma ou bronquite.

Confira dicas no infográfico


Fonte: Secretaria de saúde e Conselho Federal de Química (CFQ)
Produção própria

Dados do MapBiomas indicam que 70% da área queimada em 2024 era de vegetação nativa. Apenas em agosto, quase metade das queimadas do ano foi registrada, atingindo especialmente o cerrado e áreas de pastagens. Os incêndios, além de liberarem carbono na atmosfera, ameaçam ecossistemas inteiros e afetam a biodiversidade. Como muitos em Santa Maria podem observar, as queimadas deixaram de ser um problema apenas das regiões afetadas e se tornaram uma questão de saúde e de conscientização coletiva.

Loidemar Luiz Bressan, professor de Filosofia na Universidade Franciscana (UFN), analisa as queimadas como uma responsabilidade coletiva e uma crise ética sobre como tratamos o meio ambiente. “O antropocentrismo e o desejo de domínio sobre a natureza têm provocado um desequilíbrio com consequências graves. Este impacto é sentido por todos os brasileiros e afeta todas as formas de vida, não apenas no presente, mas também nas gerações futuras,” comenta. O professor sugere que cada pessoa pode e deve contribuir para reverter este cenário, adotando um estilo de vida mais sustentável e incentivando outros a fazer o mesmo.

Veja a seguir o debate sobre o impacto das queimadas na saúde no brasileiro.

Reportagem produzida por Laura Pedroso, Rian Lacerda, Luiza Fantinel e Karina Fontes na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

De tempos em tempos, o mercado imobiliário se transforma, a depender da situação econômica e política do país.

Segundo a professora do curso de Economia da UFN, Taíze Lopes, o público trabalhador  depende dos bancos públicos na hora de comprar um imóvel na cidade e, caso as condições de financiamento sejam altas e restritas, as chances de ocorrer uma compra e venda ficam mais difíceis. “Períodos de recessão, alta taxa de juros ou alta taxa de desemprego levam este público a ter dificuldades de financiamento.”, frisa a professora. 

Em 2015, uma pesquisa realizada pela consultoria Prospecta Inteligência Imobiliária mostrou que na lista de 100 melhores cidades do Brasil para investir em imóveis , o município de Santa Maria estava na 79ª posição. A pesquisa indicou à época que a cidade tinha um déficit habitacional de 28,17%, enquanto outras acima do ranking estavam acima de 30%. 

Taize pontua que “Santa Maria tem passado por um boom imobiliário, pois há investidores que desejam colocar seu dinheiro em um bem, que quase sempre só se valoriza.” Além disso, a professora destaca que as taxas de juros são definidas pelos próprios bancos.

Taxa de juros de cada banco do mês de Outubro/2024 extraídas do site do Banco Central do Brasil  

“Há um grupo de trabalhadores que financiam seus únicos imóveis com entrada usando o FGTS. Este público financia em torno de 30 anos, mas consegue pagar antes dos 30 anos, justamente por causa do FGTS acumulado a cada ano” , pontua a professora. 

Segundo o proprietário da Cancian Imóveis, Giuliano Cancian, que atua no ramo imobiliário há 20 anos, em 2019 o mercado estava em crescimento na cidade. Neste período, a empresa se reinventou e Giuliano dividiu a equipe em presencial e home office. “A empresa deu todo suporte para os moradores ao invés de proporcionar um atendimento frio, como outras imobiliárias fizeram. E funcionou, pois a empresa cresceu em todos os aspectos”, relata o dono da imobiliária. 

Apesar da pandemia, 2020 e 2021 foram os anos de maior venda na história da Cancian Imóveis. Foto: Nelson Bofill/LABFEM 

Segundo Cancian, o lucro aumentou durante os anos de 2020 e 2021. “Na pandemia, nunca as pessoas utilizaram tanto os seus imóveis. Como elas ficaram em casa, deram mais valor para o seu lar. Naquela época, também a taxa selic estava muito baixa, então o crédito estava barato, o juro estava baixo para você financiar”, comenta o empresário.

No ano de 2023, o empresário ressalta que foi um ótimo ano para a empresa devido a volta total das faculdades. “Em 2022 ainda tava naquele misto um pouco home office e presencial. Então, neste período alguns estudantes acabaram entregando o imóvel, e voltando para a sua terra natal, pois eles não quiseram deixar o apartamento fechado.“, frisa o empresário. 

Segundo dados do IBGE, em abril deste ano a cidade tinha 17 mil imóveis fechados. Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Por outro lado, há também as dificuldades dos pequenos empresários. Este é o caso do proprietário da Douglas Maia Imóveis, envolvido no mercado imobiliário desde 2014 quando entrou no ramo por meio da empresa Casarão Imóveis. O empresário abriu a sua própria empresa em 2023, e ressalta que o maior aprendizado que se tira de momentos como a pandemia e as enchentes é o de possuir um capital de giro que será utilizado caso for necessário para sustentar a empresa. “O mercado é um ramo competitivo e sendo menor em tamanho, nem sempre teremos um capital disponível para enfrentar crises”, pontua Douglas Maia. 

O mercado imobiliário de Santa Maria passou por transformações significativas nos últimos anos, impulsionadas pela pandemia e pelas condições econômicas. Para os próximos anos, a cidade necessita de uma melhor infraestrutura para a segurança de atuais e futuros moradores, o que irá atrair novos investimentos dentro do ramo imobiliário. 

Veja a seguir o debate sobre Mercado Imobiliário.

Reportagem produzida por Nicolas Krawczyk na disciplina de Narrativa Multímidia no 2ª semestre de 2024, sob a supervisão da professora Glaise Palma.

Santa Maria é conhecida por ser um polo acadêmico de peso, porém grande parte dos estudantes formados aqui mudam de cidade após ingressar no mercado de trabalho. Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Entre idas e vindas, Santa Maria é conhecida por ser uma cidade universitária que forma acadêmicos em instituições de ensino e capacita-os para ingressar no mercado de trabalho após a entrega do diploma. A cidade recebe interessados em começar o ensino superior que moram em cidades vizinhas, na região sul e em outros estados. Entretanto, apenas a qualidade de ensino é ressaltada quando estes jovens se formam e decidem como irão seguir com suas carreiras. A ideia de permanecer e trabalhar na cidade é percebida em poucas falas quando o tema “futuro” é colocado em pauta.  

Para os que permanecem na cidade, a tendência explorada é a capacitação para aprimorar conhecimento e se tornarem aptos para buscar empregos com salários mais altos. Para os que partem, a busca por oportunidades surge com a mudança de ares, explorando lugares e empresas que Santa Maria ainda não possui. O empreendedorismo surge como uma terceira via para aqueles que querem se diferenciar daqueles que fazem parte do mesmo mercado de trabalho.  A seguir você confere três perspectivas diferentes de profissionais que compartilham suas experiências e percepções sobre a vida acadêmica e profissional em Santa Maria. 

 O Desafio do Mercado 

Francinny Nunes se formou no curso de Publicidade e Propaganda em 2019 na Universidade Franciscana e depois de permanecer por 1 ano em Santa Maria, escolheu voltar para sua cidade natal por um mercado de comunicação mais amplo. Foto: Arquivo Pessoal

Francinny Nunes, publicitária de 27 anos, natural de Quaraí, escolheu Santa Maria em 2015 pela proximidade de sua cidade natal e pela qualidade do ensino da Universidade Franciscana (UFN). Após um ano e meio de formada, sua perspectiva mudou drasticamente com a pandemia. “Faltam empregos e um plano de carreira para quem se forma em Comunicação. Santa Maria parece ter um prazo de validade para os estudantes. A maioria acaba indo embora assim que se formam, pois o mercado é limitado”, afirma Francinny. 

Ela destaca que as oportunidades e salários como pessoa jurídica são muito melhores fora da cidade. Mesmo com os desafios impostos pela pandemia, a área de comunicação permanece pouco explorada em Santa Maria, onde muitos empreendimentos focam no marketing digital e em serviços terceirizados, como produção de eventos. 

A publicitária recorda que, em 2015, as opções eram escassas: “Era Santa Maria ou Porto Alegre. Optei por Santa Maria por ser mais perto e porque passei de primeira no vestibular. O plano de estudo da UFN era ótimo, e jamais trocaria isso”. No entanto, após a formatura, as circunstâncias mudaram. “Permaneci em Santa Maria por um ano e meio, mas com a pandemia, pedi demissão e voltei para Quaraí, onde trabalho como PJ (pessoa jurídica) até hoje.” 

Quando questionada sobre o que poderia tê-la feito ficar, ela responde: “Talvez se o mercado da comunicação fosse maior e mais valorizado, eu teria mudado de ideia. O que ganho como PJ hoje, jamais ganharia como CLT em Santa Maria”. 

Ela ainda observa que a cidade não está preparada para a quantidade de estudantes que se formam anualmente. “Falta emprego, plano de carreira, entretenimento e cultura. Esse foi um dos pilares que me fez ir embora durante a pandemia e não querer voltar mais.” 

A busca por pertencimento 

Ana Paula, formada em Psicologia, se graduou em 2019 mas com a chegada da pandemia escolheu regressar para Uruguaiana, sua cidade natal, para ter oportunidades de emprego. Foto: Arquivo pessoal

Ana Paula Devitte Fontes, psicóloga de 28 anos, mudou-se para Santa Maria após o ensino médio, com o objetivo de cursar Psicologia na UFN. Após a formatura, em 2019, a pandemia complicou suas chances de emprego e ela retornou para Uruguaiana. “Acredito que sempre vi Santa Maria como um lugar transitório. Se tivesse encontrado melhores oportunidades, poderia ter permanecido mais tempo. A falta de um sentimento de pertencimento contribuiu para minha decisão de sair”, revela Ana Paula.  

De acordo com o IBGE, com base nos dados coletados no Censo em 2022, Santa Maria tem a população jovem como dominante no município. Cerca de 22.869 dos habitantes têm a faixa etária de 20 a 24 anos.  

Censo 2022: População por idade e sexo – Resultados do universo

A visão do comércio Santa-mariense 

Ademir José da Costa é presidente do Sindilojas e vice de Varejo da Fecomércio-RS
Foto: Aryane Machado/LABFEM

A evasão de jovens universitários em Santa Maria é considerada um fenômeno normal para Ademir José da Costa, presidente do Sindilojas região central. Ele destaca que em uma cidade, que possui 2 universidades e 8 faculdades, com uma população universitária significativa, a retenção de jovens formados representa um desafio constante. “A retenção não vai ocorrer muito. Sabemos que se a gente pudesse reter aqui metade dos jovens que formam, a cidade daria um pulo de qualidade, mas a gente não consegue. Então, é normal essa situação da juventude buscar outros voos.”, ressalta o empresário. 

A preparação inadequada dos estudantes no ensino médio e na graduação contribui para essa evasão: “As universidades têm que formar gente olhando para o lado mais técnico. De maneira geral, as universidades estão formando gente para ser focada em concursos públicos. Isso tem que mudar. A cabeça das universidades tem que gerar empreendedores.”, afirma Ademir. Outro aspecto abordado é o imediatismo: “Os jovens, hoje em dia, buscam resultados rápidos sem ter paciência para esperar que seu negócio tenha êxito.” Ainda de acordo com ele, em Santa Maria, 80% dos empregos são gerados pelo comércio e serviços, limitando a oferta de salários mais altos, uma vez que a matriz industrial da cidade é pequena. Ele acredita que a retenção dos recém-formados depende da capacidade dos jovens de identificar setores promissores: “O jovem precisa pesquisar os setores que estão gerando mais oportunidades hoje, olhando para o futuro, pensando se o mercado não irá saturar de tudo isso.” Ele cita a informática e a tecnologia como áreas em alta, dada a crescente automação nas empresas. “Todos aqueles serviços que são possíveis de serem feitos por máquinas que facilitam a vida do ser humano vão estar sempre em tendência.”, afirma Ademir. 

Atualmente, Santa Maria conta com cerca de 74 mil empregos privados, dos quais aproximadamente 45 mil são gerados pelo comércio e serviços. Ademir reconhece que isso traz desafios para a geração de empregos de qualidade. “Nesse sentido, a gente tem um problema da geração do emprego e da retenção das pessoas. As pessoas se graduam e querem trabalhar naquela área, sabe? Mas nem todos os cursos que têm em Santa Maria mantêm essas ofertas de emprego para todo mundo.” 

Para Ademir, a retenção de jovens em Santa Maria não depende apenas de um ambiente econômico mais favorável, mas também de uma transformação na educação que prepare os estudantes para um mercado em constante evolução. A mudança de mentalidade e a busca por novas oportunidades podem ser o caminho para que a cidade não apenas retenha seus talentos, mas também prospere. 

Desafios de uma profissional em busca de crescimento 

Franciele Moreira, natural de Formigueiro, se formou em Administração em 2018 na FISMA e veio para Santa Maria em busca de oportunidades de trabalho e estudo.
Foto: Michélli Silveira/LABFEM

Franciele de Oliveira é assistente financeira e tem 30 anos. Formada em Administração desde 2018, na Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), veio de Formigueiro em busca de oportunidades. Embora tenha se adaptado à vida na cidade, ela também sentiu falta de oportunidades para os formados em sua área. “Profissionalmente, trocaria de cidade sem pensar duas vezes. Santa Maria parou no tempo. O mercado é escasso e as oportunidades são limitadas. O custo de vida alto torna a situação ainda mais complicada”, afirma. Segundo o site Expatistan, que calcula o custo de vida nas cidades do mundo, o custo mensal para uma única pessoa morar em Santa Maria é o valor de R$3.257,00. Apesar do aumento salarial anunciado em 2024, passando para R$1.412,00, a inexistência dos planos de carreira se torna um dos fatores para escolher sair da cidade, assim como a falta de benefícios oferecidos pelas empresas, como vale alimentação e plano de saúde.  

Para Franciele, o empreendedorismo pode ser uma saída, mas enfrenta desafios como a alta concorrência e os custos iniciais elevados. “Faltam empresas que fomentem o crescimento profissional na cidade. O distrito industrial, que poderia ser uma solução, está subutilizado”, ressalta Franciele. Entre os assuntos citados pelos candidatos à prefeitura de Santa Maria nas eleições municipais de 2024, o apoio ao Distrito Industrial surge para atrair eleitores que criticam o descaso com o distrito, sendo um dos geradores de emprego da cidade.

Empreender pode ser uma via? 

Mateus Frozza é professor universitário e coordenador do curso de Administração da UFN.
Foto: Nelson Bofill/LABFEM

A vontade de sair de Santa Maria é um tema comum nas conversas dos jovens sobre o mercado de trabalho. Mateus Frozza, professor e coordenador do curso de Administração na Universidade Franciscana, além de mestre em Ciências Econômicas, ressalta que a cidade enfrenta um grande desafio para manter seus formandos. Segundo ele, há muitas oportunidades fora de Santa Maria. “Formamos muitos profissionais mas, com tantas opções disponíveis em outros lugares, é natural que os jovens queiram buscar novos caminhos”, explica. 

Frozza observa que muitos recém-formados parecem descompromissados com as exigências do mercado, buscando flexibilidade e qualidade de vida em vez de empregos que exigem mais dedicação. “O que as empresas esperam são profissionais que valorizem a responsabilidade e o cumprimento de horários. Essa desconexão entre o que os jovens querem e o que o mercado oferece é uma barreira”. Enfatiza a importância de reconhecer as diversas oportunidades que surgem em torno das indústrias e serviços em Santa Maria, como contabilidade, marketing e finanças, áreas que ainda precisam de profissionais qualificados. 

Além disso, o professor sugere que o empreendedorismo pode ser uma saída viável para aqueles que não se veem inseridos nas profissões tradicionais. “Se os jovens olharem para o que está sendo demandado, como a criação de conteúdo e serviços digitais, poderão encontrar caminhos promissores”, analisa. Ele argumenta que, assim como a diferenciação de produtos no mercado, os profissionais também devem se destacar em suas áreas para garantir sua relevância. 

Frozza destaca que a cidade, com suas universidades e instituições de ensino, tem um potencial incrível para formar líderes e inovadores. “Os jovens precisam enxergar que a educação vai além do diploma; é uma ferramenta para se tornarem agentes de mudança em Santa Maria”. Para ele, criar um ambiente de colaboração entre estudantes, empresários e instituições pode ser a chave para revitalizar a economia local e manter os talentos na região. 

Assim, para o professor, manter os jovens em Santa Maria vai além de apenas oferecer empregos. É uma oportunidade de mudar a forma de pensar e de se preparar para o mercado. Estar disposto a buscar novas chances e a inovar pode realmente ajudar a cidade a se desenvolver. Se os jovens se dedicarem a isso, Santa Maria não só poderá reter seus talentos, mas também crescer e ter um futuro mais promissor. 

Entre permanência e partida 

Uma pesquisa exploratória realizada por nossa equipe de reportagem revelou aspectos importantes sobre a intenção de permanência de universitários em Santa Maria após a graduação. De 43 entrevistados, 70% não são naturais da cidade e vieram para cursar o ensino superior. No entanto, 24 desses estudantes afirmaram não ter planos de permanecer no município após se formarem, enquanto outros 19 estudantes responderam que pretendem continuar em Santa Maria. 

Entre os motivos mais citados pelos que desejam deixar a cidade, destacam-se a falta de oportunidades para desenvolvimento profissional e a ausência de mercado de trabalho em diversas áreas. Um dos participantes ressaltou que, apesar das boas opções de ensino, “as condições para o desenvolvimento pós-graduação são limitadas e as áreas de trabalho estão ficando escassas”. A pesquisa questionou o que teria que mudar para que os jovens permanecessem na cidade: a necessidade de mais cursos de pós-graduação, maior número de oportunidades de emprego e incentivo ao empreendedorismo tiveram destaque entre as respostas. Também foram citadas melhorias no transporte público, condições mais acessíveis para jovens inexperientes e ajustes nos valores de serviços. “Seria necessário que a cidade se desenvolvesse em áreas socioculturais e abrisse mais espaços para a juventude”, afirmou outro participante. 

Por outro lado, o questionário também apontou os motivos daqueles que planejam permanecer em Santa Maria após a formatura. Para muitos, a cidade oferece condições favoráveis e uma estrutura que outras localidades, especialmente interioranas, não conseguem proporcionar. Um dos participantes comentou que Santa Maria é uma cidade “que proporciona oportunidades melhores, mesmo com muitos profissionais na minha área, é uma cidade que ‘abraça’ todos”. Ele destacou que, em comparação com sua cidade natal, o município é mais desenvolvido e oferece melhores condições de vida. 

Outros estudantes mencionaram a variedade de opções de entretenimento, comércio e lazer. “Aqui tem mais atrativos não só na área de trabalho, mas em outros aspectos, como entretenimento e lazer”, comentou um entrevistado. Outro participante reforçou a vantagem do custo de vida na cidade, mencionando que “Santa Maria possui um potencial grande e um custo de vida bom para os padrões atuais”. Para alguns, o desejo de permanecer está ligado ao fato de já estarem bem adaptados à vida na cidade. “Me adaptei à cidade, não quero voltar para a minha antiga, e já tenho um lugar fixo para morar, sem pagar aluguel”, declarou um participante. Outros planejam ficar até se estabilizarem financeiramente, para então decidir sobre o futuro. 

Os dados mostram que, embora muitos estudantes planejem partir após a graduação, uma parcela significativa encontrou em Santa Maria um lugar para viver, construir uma carreira e desenvolver laços com a cidade.  

Acompanhe a seguir o debate sobre o tema.

Reportagem produzida por Aryane Machado, Michélli Silveira e Luíza Maicá Gervásio na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.

As calçadas das cidades brasileiras revelam um cenário preocupante para a mobilidade urbana. Buracos, desníveis e obstruções, como postes e árvores, transformam o simples ato de caminhar em um verdadeiro desafio, especialmente para pessoas com deficiência, idosos e crianças. A falta de condições adequadas nas calçadas não apenas prejudica a acessibilidade, mas também representa um risco à segurança de todos os pedestres. Além da falta de acessibilidade, também é necessário pensar em outros elementos que compõem o passeio público, como a iluminação, a sinalização, a pintura, a drenagem, as rampas de acesso e os pisos táteis. São diversas partes de um todo que devem estar em condições para proporcionar um ambiente acolhedor e respeitoso para seus usuários.

Pedras soltas oferecem perigo constante. Foto: Gabriel Leão.

Para Roberto Azevedo, aposentado de 78 anos, que é usuário de cadeira de rodas devido à uma doença que compromete a sua locomoção, a situação é desesperadora. “Às vezes, preciso escolher entre arriscar a minha segurança na rua me movimentando entre os carros ou me conformar e ficar em casa. É frustrante não ter um espaço seguro para me locomover”, relata. Essa realidade é compartilhada por muitos cidadãos, que enfrentam barreiras diárias, tornando a inclusão social um objetivo distante.

A má situação das calçadas compromete a locomoção de pessoas em cadeiras de rodas. Foto: Gabriel Leão

Apesar de existirem leis que garantem o direito à acessibilidade, como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015), a implementação dessas normas é lenta e, muitas vezes, ineficaz. A fiscalização é escassa, e as penalizações por descumprimento são raras. A falta de planejamento urbano que priorize a mobilidade ativa também agrava a situação.

Uma pesquisa realizada em 2019 pelo Portal Mobilize e apresentada pelo Senado Federal durante uma audiência pública da Subcomissão Temporária sobre Mobilidade Urbana, que é ligada à Comissão de Direitos Humanos, avaliou as condições das calçadas de 27 capitais brasileiras. De todas as cidades que participaram da pesquisa, nenhuma conseguiu chegar em uma média mínima aceitável em uma escala de pontos avaliados. Entre os problemas constatados na pesquisa estão a inexistência ou falta de manutenção de rampas de acessibilidade, as peças de piso tátil soltas e faltantes, o excesso de postes que dificultam a passagem, as calçadas que não estão padronizadas com larguras irregulares e estreitamentos, a utilização de material inadequado e irregular na pavimentação, dentre outras problemáticas que afetam o cidadão.

Obstáculos atrapalham o percurso. Foto: Gabriel Leão.

Entretanto, há iniciativas que buscam mudar esse panorama. Algumas prefeituras têm investido em projetos de revitalização de calçadas e na criação de espaços acessíveis. Em São Paulo, por exemplo, o programa “Calçada Nova” tem promovido a reforma de calçadas em diversos bairros, integrando elementos de acessibilidade, como rampas e sinalizações táteis.

A falta de piso tátil não permite uma calçada 100% inclusiva. Foto: Gabriel Leão

Em Santa Maria, através de uma iniciativa da Prefeitura Municipal, foi criado o programa municipal Caminhe Legal, por meio do Instituto de Planejamento, em 27 de abril de 2016. O objetivo é orientar a população sobre os benefícios da padronização das calçadas. Ao seguir as normativas estabelecidas no decreto, a comunidade garante acessibilidade com conforto e segurança. No programa também encontramos os elementos que criam condições para uma calçada funcional e de qualidade para qualquer indivíduo: crianças, adultos, idosos e pessoas com deficiências. Nele ainda estão especificados os tipos de revestimentos e materiais mais adequados para a construção ou manutenção das calçadas, de acordo com as diferentes regiões da cidade.

Além da criação do programa municipal Caminho Legal, existem legislações municipais que regulamentam a construção do passeio público e das calçadas. Em Santa Maria, foi instituída na Lei Orgânica do município a legislação nº 173/52, criada no ano de 1952, pelo então Prefeito Heitor Silveira Campos, que discorre sobre os deveres tanto do município quanto dos cidadãos acerca das responsabilidades sobre o passeio público. Abaixo, uma tabela com a legislação vigente em Santa Maria à respeito da regulamentação do passeio e calçadas do município.

LEI Nº 173/52, DE 30-05-1952. 

REGULA A CONSTRUÇÃO DE PASSEIOS E CALÇADAS, NA CIDADE E VILAS DO MUNICÍPIO.

HEITOR SILVEIRA CAMPOS, Prefeito Municipal de Santa Maria. Faço Saber, em cumprimento ao disposto no Art. 49, inciso II, da Lei Orgânica do Município, que a Câmara de Vereadores aprovou e Eu sanciono e promulgo a seguinte, LEI:

Art. 1º Todos os proprietários de móveis, edificados ou não, sitos na Cidade e sedes de distritos em ruas ou logradouros públicos serviços por calçamento e meio-fio ou cordão, são obrigados a construir as calçadas ou passeios respectivos e mantê-los em perfeito estado de conservação.

Art. 2º A Prefeitura poderá determinar o tipo de passeio ou calçada e todas as prescrições que em sua construção devam ser obedecidas, fornecendo aos interessados as instruções necessárias.

Parágrafo Único – Entre as prescrições para sua construção deverão conter:

a) a argamassa para o passeio de mosaico deve ser de cimentos e areia na proporção de 1 para 3, sendo assentados o contrapiso que ofereça resistência para as cargas normais de passeio. Deverão ter juntas de dilatação, no mínimo, de 1 centímetro em cada 10 metros.
b) os passeios de concreto deverão ter uma espessura mínima de 7 (sete) centímetros com argamassa 1:2:4 (cimento-areia-pedra) e revestida com argamassa de cimento e areia 1:3, com junta de dilatação, no mínimo de 1 centímetro em cada 5 (cinco) metros.
c) os passeios de laje de arenito deverão ser nivelados e rejuntados com argamassa de 1:3 de cimento e areia.

Art. 3º Os passeios que estiverem em más condições, serão obrigatoriamente reconstruídos, observadas as instruções técnicas e padronização estabelecidas pela Prefeitura.

Art. 4º A Prefeitura pode mandar construir, reconstruir ou conservar os passeios, cobrando dos proprietários o custo do serviço e materiais gastos, acrescidos de 10% para a administração, sempre que julgar conveniente.

Art. 5º A Prefeitura deverá, por seus órgãos competentes, fiscalizar o cumprimento das prescrições técnicas constantes desta Lei.

Art. 6º As rampas destinadas à entrada de veículos, feitas nas calçadas, só poderão interessar o meio-fio.

Parágrafo Único – É expressamente proibido colocar nas sarjetas, degraus, lajes, cunhas e outros objetos destinados a facilitar o acesso de veículos.

Art. 7º Deverão ser previstas, por baixo dos passeios e calçadas, canalização de manilha ou canos de ferro, com capacidade suficiente para perfeito escoamento das águas pluviais, vinda do interior das propriedades, ou calhas.

Art. 8º Os proprietários que não satisfazerem as determinações desta Lei, terão o imposto correspondente acrescido da multa regulamentar, a partir do 2º semestre do ano corrente, nas seguintes proporções, e por semestre:                                     
                                                                                                                                            
Fonte: LEI Nº 173/52, DE 30-05-1952.

Complementando a legislação promulgada, ficou instituída a responsabilidade do proprietário do imóvel em assegurar a boa condição do passeio público. A prefeitura, por meio das zeladorias municipais, também é responsável pela limpeza e manutenção das calçadas, terrenos e áreas públicas. O Estado tem a função de fiscalizar a conservação da via pública. Segundo informações retiradas do site da JusBrasil, em caso de acidentes que acontecem no passeio público, a responsabilidade recai sobre o município, caso um pedestre sofra danos corporais, além da responsabilidade civil do proprietário do imóvel em situações que a calçada se encontre em más condições.

Calçadas com buracos, dificultando o trânsito de pedestres. Foto: Gabriel Leão

Para aqueles que vivem a realidade na pele, fica a reflexão sobre o muito que ainda falta ser feito para proporcionar uma qualidade de vida digna.

O caminho de pedestres que tem alguma dificuldade de locomoção precisa ser estudado antes de sair à rua para evitar contratempos. Foto: Gabriel Leão

Com o apoio de uma muleta, Paulo de Almeida, aposentado por invalidez após um acidente de carro, conta com o uso do amparo para se locomover há 8 anos e relata que precisou recorrer à fisioterapia para que pudesse andar minimamente, no entanto relata as dificuldades do dia-a-dia. “Quando saio desacompanhado, preciso organizar o meu trajeto para que eu possa ter o mínimo de independência nas minhas saídas de casa. Às vezes me desanimo com as condições das calçadas da cidade que ainda deixa muita a desejar e espero que nos próximos governos isso entre em discussão”, relata o aposentado.

De acordo com Liése Basso Vieira, professora assistente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Franciscana, a melhor descrição para Santa Maria é um lugar onde o essencial não é organizado. Segundo a professora, que atua em áreas como projeto arquitetônico urbanístico, existem poucos locais na cidade que possam representar um exemplo positivo na questão da organização do passeio público. “É necessário repensar a cidade para proporcionar uma melhor qualidade de fluxo e trânsito pelas vias da cidade, desenvolvendo uma Santa Maria mais inclusiva e amigável aos seus pedestres”, afirma.  

A falta de padrão e continuidade do passeio público são observados com frequência. Foto: Gabriel Leão.

É essencial ouvir os cidadãos na construção de soluções. A participação da comunidade em audiências públicas e a criação de conselhos de acessibilidade são passos importantes para garantir que as necessidades de todos sejam atendidas. É necessário compreender as necessidades daqueles que mais sofrem com a falta de planejamento urbanístico na cidade para que possamos alterar a forma em que pensamos a acessibilidade, proporcionando qualidade de vida igualitária a todos os cidadãos. É urgente que as autoridades municipais e estaduais reconheçam a importância da acessibilidade e priorizem melhorias nas calçadas, garantindo que todos tenham o direito de se deslocar com segurança e dignidade. Somente assim será possível construir cidades mais inclusivas e justas para todos que moram e se movimentam por ela.

Reportagem produzida por Gabriel Leão na disciplina de Narrativa Multimídia, no 2º semestre de 2024, sob orientação da professora Glaíse Bohrer Palma.