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Adolescentes

Alimentação: em busca de adolescentes saudáveis

Ser adolescente é uma revolução muito grande, a nível corporal, hormonal e emocional. A inconstância atormenta a mente dos jovens há gerações, pois não é nem criança nem adulto – está em uma transição. É,  então,

Shopping só autoriza entrada de jovens na presença dos pais

  A política adotada há uma semana pelo Shopping Royal Plaza Shopping em Santa Maria, divide opiniões e tem sido polêmica tanto nas  ruas quanto nas redes sociais. Desde a última sexta-feira (09) , adolescentes da faixa

O grupo Meta anunciou, em setembro, a implementação de novas diretrizes de segurança voltadas para adolescentes no Instagram, com o objetivo de reforçar a proteção dos jovens diante dos riscos das redes sociais. A medida, denominada “Contas para adolescentes”, irá trazer uma série de limitações e ferramentas de monitoramento para usuários entre 13 e 17 anos, visando minimizar os impactos negativos à saúde mental e aumentar a segurança no ambiente online. 

As contas desses adolescentes passarão a ser privadas por padrão, restringindo quem pode interagir e quais conteúdos podem ser visualizados. Além disso, qualquer jovem menor de 16 anos que deseje criar um perfil público normalmente com a intenção de atuar como influencer irá precisar da autorização dos pais. Essa exigência se aplicara a novos usuários e a adolescentes já registrados na plataforma. 

Antigone Davis, vice-presidente de segurança da Meta, destacou que essa atualização é essencial para oferecer maior tranquilidade aos pais, que poderão monitorar as atividades dos filhos na rede social, inclusive bloqueando o uso do aplicativo, se necessário. “Estamos focados em fazer as coisas da maneira correta”, afirmou ela. 

Um dos desafios apontados pela Meta é a facilidade com que adolescentes podem mentir sobre suas idades para burlar as proteções. Para contornar esse problema, a plataforma exigirá a comprovação da idade sempre que houver uma tentativa de alteração da data de nascimento. Mesmo assim, a empresa mantém a postura de não verificar a idade de todos os usuários. “Se detectarmos que alguém certamente mentiu sobre sua idade, interviremos”, diz Davis, “mas não queremos forçar 3 bilhões de pessoas a fornecer identificação”. 

Essas medidas surgem em um contexto de crescente pressão sobre a Meta e outras gigantes tecnológicas, após ações judiciais movidas por diversos estados norte-americanos. As queixas acusam as plataformas de contribuírem para problemas como dependência digital, cyberbullying e transtornos alimentares entre jovens. Em resposta a essas preocupações, autoridades de saúde nos Estados Unidos têm sugerido que redes sociais sejam obrigadas a fornecer alertas claros sobre os riscos que os adolescentes enfrentam, de forma semelhante às advertências em pacotes de cigarros. 

A professora do curso de Odontologia da UFN, Lenise Menezes, mãe de duas, destacou a relevância dessas novas diretrizes, afirmando que “As famílias perderam um pouco o controle sobre isso. As crianças ficam prejudicadas, e no futuro, não sabemos o que será desse acesso ilimitado às redes sociais. Não conseguimos governar nem o tempo nem onde eles estão acessando. Então, eu acho bem importante essa medida.”

Lenise, mãe de duas meninas, achou boa a iniciativa da Meta. Foto: Nelson Bofill/Labfem

Ela também ressaltou que, apesar das dificuldades em monitorar a idade dos usuários, é fundamental educar tanto os pais quanto os jovens sobre os riscos e as boas práticas nas redes sociais.

Adam Mosseri, diretor executivo do Instagram, reconheceu que as mudanças podem afetar a popularidade da plataforma entre os adolescentes, mas reafirmou o compromisso da empresa em correr esses riscos para priorizar o bem-estar dos usuários. 

As novas diretrizes serão implementadas gradualmente ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália, as mudanças devem ocorrer nos próximos dias, com previsão de chegada ao Brasil em janeiro de 2025. 

Ser adolescente é uma revolução muito grande, a nível corporal, hormonal e emocional. A inconstância atormenta a mente dos jovens há gerações, pois não é nem criança nem adulto – está em uma transição. É,  então, a  fase da afirmação social, a afirmação em relação às preferências sexuais, a afirmação em relação ao seu papel na sociedade, e elas geram ansiedade, e podem levar a uma ingestão alimentar inadequada.

“Exijovens1ste uma rotulação em cima dos alimentos. Nem todo alimento que se pensa ser bom é bom, adequado ou é inadequado. Se coloca que jovens comem apenas alimentos chamados “Junck food” ou “Fast food”, que são os alimentos mais ricos em gordura e açúcar. Mas eu penso que não é somente isso. O que existe é uma questão comportamental, está muito claro que muitas vezes o jovem vai comer algum alimento inadequado porque é o que a turma dele comeria, não que de fato o jovem vá priorizar esse alimento por conta própria.”, afirma Tereza Cristina Blassi, professora do curso de Nutrição na Unifra, com especialização em Terapia Nutricional e mestrado em Ciência e tecnologia dos alimentos, voltado para a imunologia.

A geração atual é provavelmente a mais preocupada com comida saudável de todos os tempos. Está em alta ser vegetariano, eliminar a carne vermelha do cardápio e preferir produtos com o rótulo diet. Mas nem todos os adolescentes se alimentam corretamente No RS já há mais de 30% dos jovens com sobrepeso e mais de 20% com obesidade; e onde existem mais meninas do que meninos obesos, o que é justificado até mesmo pela questão hormonal.

Ao entrevistar quatro estudantes universitários, Alana Souza, Luísa Girardon e Rômulo Cattani, todos com 17 anos, e Luiza Lima, com 18 anos, percebe-se que mesmo com as inúmeras tentações, elas mantém a alimentação saudável, buscam comer frutas e verduras diariamente, fazem de 3 a 6 refeições por dia, mas não negam que fora de casa fogem da rotina alimentar nutritiva. Ao sair com os amigos, acabam comendo alimentos altamente calóricos e pouco nutritivos, mesmo que raras vezes. “Se o adolescente teve, na sua casa, no período da primeira infância e segunda infância e tem como evento durante a adolescência uma educação nutricional, ele vai saber diferenciar o que é bom ou ruim para o seu organismo, ele vai comer  o alimento ruim, mas ele vai se alimentar normalmente nos outros momentos. É uma questão educacional “, acrescentou Tereza Cristina Blassi.

O Slow food

Comer é fundamental para viver, e a forma com que a população se alimenta tem influencia no seu bem-estar, naquilo que se vê, sente e, até mesmo, naquilo que se é. No mundo já existem movimentos como o “slow food”, criado pelo italiano Carlo Petrini para sair das coisas líquidas e rápidas, para apreciar mais o alimento, e para olhar o tempo com a velocidade real. Para ele, o grande problema é a pressa6c346635bca028db84faa1d64f0144ff com que os jovens fazem tudo, e acabam, muitas vezes, esquecendo de comer, ou comem em frente ao celular ou ao computador… quando se come deve se prestar atenção naquilo que se está comendo. “É inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas.” diz ele.

Há tempos, a preocupação com a alimentação dos jovens tomou proporções mundiais. A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, levanta a bandeira da alimentação saudável desde 2009. Ela defende a modificação de embalagens dos alimentos a fim de melhor informar seu valor nutritivo e seu conteúdo calórico.

“Esses alimentos inadequados acarretam uma série de doenças como, obesidade, diabetes, hipertensão. Quando esse adolescente não teve todo o processo educativo alimentar adequado, naturalmente ele vai seguir se alimentando mal, e vai ter um aumento, principalmentel na obesidade. ” declara também a nutricionista Tereza,

Segundo ela, é importante na adolescência a identificação com o outro, com o grupo. Existem hoje, dentro do comportamento alimentar, algumas restrições que se encontram muito nos grupos, os distúrbios alimentares, como a bulimia e a anorexia, a busca pelo estereótipo de beleza. Nesse cenário é comum focar equivocadamente no adolescente, julgando-o por comer “errado”, quando na verdade não é bem assim. O adolescente precisa ter exemplos em casa, sejam eles bons ou ruins, é o que vai influenciá-lo.

 

Porteiros fiscalizam entrada do shopping. Foto: Helena Moura
Porteiros fiscalizam entrada do shopping.
Foto: Helena Moura

A política adotada há uma semana pelo Shopping Royal Plaza Shopping em Santa Maria, divide opiniões e tem sido polêmica tanto nas  ruas quanto nas redes sociais. Desde a última sexta-feira (09) , adolescentes da faixa etária entre 12 e 17 anos, só podem frequentar o shopping apresentando a  identidade e na presença dos pais.  Para garantir a fiscalização  da nova  política adotada, dois seguranças ficam a postos nas entrada do shopping para supervisionar a circulação de qualquer adolescente.

Taís Machado , 31 anos, gerente de Marketing do Shopping Royal Plaza, afirma que a medida  não proíbe a entrada dos jovens, mas sim exige a presença de pais responsáveis  para que haja  um controle maior da ação dos adolescentes.  De forma provisória , a iniciativa visa conscientizar os pais da responsabilidade perante os atos dos seus filhos. Segundo ela, a medida se tornou necessária no momento em que  adolescentes afirmavam em redes sociais que iriam assaltar e depredar o shopping durante o Rolezinho marcado para o dia 10 de maio. Na ocasião, foi solicitado o auxílio da Brigada Militar para garantir a integridade das lojas e principalmente dos clientes.

Adolescentes só poderão frequentar o shopping mediante a presença dos pais.  Foto: Helena Moura
Adolescentes só poderão frequentar o shopping mediante a presença dos pais. Foto: Helena Moura

Já  a doutora em Direito e professora do Centro Universitário Franciscano  Marília Denardin Budó , discorda a medida adotada. Segundo ela,  é  necessário observar que tal política não foi adotada para cercear a liberdade de ir e vir de quaisquer adolescentes, mas sim daqueles provenientes das periferias santa-marienses. “Está claro que se trata da adoção de uma medida elitista, fundada na insegurança que o convívio com a pluralidade de classe e raça gera nas classes média e alta da sociedade”, afirma a Marília.

A professora ainda enfatiza que  garantir o espaço comercial do shopping center  apenas para  algumas pessoas, reforça a ideia de que os espaços privados de consumo não se caracterizam pela democracia, como seria, por exemplo, a praça, o espaço público. Para ela, a inciativa foi  desmedida e ilegal, contudo, não surpreende, pois reflete uma cultura do medo direcionada aos jovens no Brasil, algo que não é novo.  “Trata-se de um reflexo dessa percepção social, que, a despeito de a legislação ter se modificado para garantir a inserção dos adolescentes na esfera jurídico-constitucional, insiste em se manter” pontua.

Mesmo que provisória, a nova política adotada pelo shopping promete render assunto. De certa forma ,os adolescente são uma classe consumidora em potencial, e por mais que o o local seja privado, a iniciativa de cercear a livre circulação dos adolescentes no shopping parece ir contra ao direito democrático de ir e vir.

A estudante de 14 anos, Emily Andrielli, afirma sentir falta do espaço para encontrar os amigos e considera errado que a maioria  sofra as consequências por causa de uma minoria. Num contra-ponto, a medida é vista por parte  clientela adulta como  uma forma de responsabilizar os envolvidos na pertubação da ordem no shopping, como afirma a vendedora Alessandra Schutz , 30 anos.  Resta saber se haverá um acordo que não somente satisfaça a necessidade de ambas as partes, mas que faça justiça  e democratize os espaços recreativos da cidade.

Mesmo em horários de movimento, ausência dos adolescentes  é percebida com facilidade . Foto: Moura
Mesmo em horários de movimento, ausência dos adolescentes é percebida com facilidade . Foto: Moura