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Casa de artes e cultura Solar completa 2 anos

A casa de artes e cultura Solar completou seu biênio no começo de outubro lançando a exposição comemorativa Solares. O grupo, formado em 2022, abriga o trabalho de diversos artistas, residentes e convidados.

Solar abre suas portas para expor a história de Santa Maria

Santa Maria celebra 165 anos de emancipação política rodeada de momentos e nomes marcantes. Entre João Cezimbra Jacques, Mariano da Rocha, Eduardo Trevisan e Felipe D’Oliveira, a arte vai nos explicando porque o município é chamado

Exposição Ilhas Criativas é realizada na UFN

Ocorre essa semana a exposição de artes Ilhas Criativas. A programação está variada, contando com intervalos musicais durante a manhã, tarde e noite e exposições permanentes no prédio 16 do conjunto III da UFN. A exposição Ilhas Criativas

Arte Identidade aprofunda a arte Drag

O segundo episódio da temporada Arte Identidade traz Luis Gustavo Chiappa, artista que performa a drag queen Lolli Flop. A conversa ruma pelas vivências que a arte drag provoca, sobre a história dessa arte, os desafios

Movimentos em direção à plenitude

Existem muitos tipos de danças e cada um tem uma finalidade ao praticá-la. Saúde, concentração, uma carreira… Teatral, em dupla, sozinho, para uma grande plateia, em grupo, com um sentido maior ou apenas para se divertir.  Geralmente,

Arte que revela amor e sabedoria

O desenho é uma das formas de arte mais ensinadas nas escolas, estimuladas nos lares… e há quem, embora siga outros caminhos, sempre tenha lápis e papel como alento. Artista plástico pode ser considerado aquele que expressa

“Eu sou o filho de Zeus. Sou Apolo: é quem gabo de ser.
Eu vos guiei até aqui sobre o abismo gigante do mar,
Sem planejar nenhum mal, mas levando a este templo abastado,
Que guardareis, pois é meu e honradíssimo pelos humanos.”
Hino à Apolo ,Homero, século VII AEC.

A exposição reúne mais de 20 obras além de contar com vasto acervo à disposição dos visitantes.

A casa de artes e cultura Solar completou seu biênio no último dia 2 de outubro lançando a exposição comemorativa Solares. O grupo, formado em 2022 abriga o trabalho de diversos artistas, residentes e convidados, buscando no poder da coletividade inspiração e parceria para capturar o mundo material e imaterial nas mais diversas técnicas artísticas ali engendradas. Por mais que a definição passe longe dos casarões nobres do medievo português, a construção de uma família na arte é um grande legado dos dois anos de trabalho conforme ilustra Luciano Santos, artista da casa: “Sempre quisemos um lugar que fosse luz e sempre tivemos esse entendimento que essa luz só poderia ser possível através do trabalho coletivo. A Solar é um estímulo diário para o trabalho , porque é dificuldade em cima de dificuldade pra quem vive de arte e o espaço além de trocas de conhecimento também é um espaço para troca afetiva, uma irmandade, uma família, porque família não é só lanço de sangue, é laço de afeto.”

A luz que irradia nos mais de 18 artistas é circularmente emanada por cada um deles, que se oxigenam, se entrelaçando em inspiração e estima sem deixar de lado suas individualidades, suas posições e expertises, tornando o espaço prolífico em suas produções: “Começamos com monotipia, fomos para gravura, que foi um “boom” aqui dentro do ateliê, e vamos para a cerâmica agora […] Dos mais de 20 trabalhos aqui cada um fez o seu, no momento de expô-los é impressionante, porque parece que desenha-se uma paleta de cores com eles, e não é combinado isso, para tu ver a simbiose, a energia desse grupo”, acrescenta Luciano.

A semente do coletivo germinou do período soturno do pós-pandemia, atravessando múltiplas adversidades para que pudesse não só florescer e fulgurar arte, mas também cultivar novos ramos em um campo até então desconhecido. Atento à pluralidade inerente ao ofício artístico e embasado em muita pesquisa, Léo Roat trouxe à exposição um entrelaçamento entre arte e tecnologia através de uma Ativação de Espaço. Mesclando o hoje supracitado tema da inteligência artificial com as evocações solares, Leo sintetiza o conceito: “A proposta é uma ativação utilizando luminografia , aqui uma projeção em um manequim modificado e a projeção sobre a superfície também atrás do manequim. A construção audiovisual foi feita com inteligência artificial, na trilha, nos efeitos sonoros, nas vozes e no poema em si. A inspiração veio da temática da Solar, os neutrinos, essas partículas fantasmas que nos atravessam viajando através dos raios solares, […] então daí essa ideia de conexão, […] a Solar nos atravessa a dois anos, o sol nos atravessa todos os dias.

As ferramentas de construções imagéticas por comandos e suas adivinhações talvez fossem dignas de competir com os Oráculos, ou minimamente espantosas até para os xamãs mais iluminados, porém, roubado o fogo dos Deuses, os humanos parecem regozijar com as fronteiras agora expandidas de possibilidades mágicas que a tecnologia pode trazer para campos que remontam as cavernas de Lascaux: a arte. Arte que sempre confluiu e se adensou com temas normativos, percorrendo caminhos muitas vezes contraditórios, mas demonstrando que a ética e a estética são muito mais que parônimos. Os dilemas de outrora como os de utilizar cadáveres para  estudos anatômicos e consequente emprego na arte, hoje são facilmente resolvidos com poucos comandos. Comandos estes prontamente obedecidos pelos autômatos da modernidade , as máquinas que podem gerar os mais diversos corpos, feições e expressões e que certamente livraria Da Vinci de certas tensões com empecilhos éticos da época.

Algumas obras que não tiveram a oportunidade de serem apreciadas em maio desse ano, agora estão disponíveis na casa Solar.

Mesclando inspirações clássicas e modernas em tela, Márcia Binato explica sua relação recente com a inteligência artificial: “Como eu  gosto de pintar figuras humanas, eu preciso de referências. Eu achei a IA uma ferramenta , porque eu pesquiso a referência que eu quero com todas as características que eu quero. E a partir dessa imagem eu começo o meu trabalho , olhando a anatomia , o olhar”. Em relação a ética e reprodutibilidade desse tipo de experimentação com IA Márcia acrescenta: “Uma coisa é usar a IA como referência em um trabalho , outra é fazer uma cópia da IA , porque sim daqui a pouco podemos ter vários artistas com o mesmo resultado e isso não é o ideal. “

Muito além de magia algorítmica, referências clássicas e evocações solares, a exposição contempla uma gama ímpar de trabalhos curiosos e instigantes, que colecionam histórias, momentos agradáveis, discussões e muito aprendizado. A energia única das obras transporta o observador para o ambiente sensorialmente sincrético que o coletivo e o espaço evocam, sendo possível vislumbrar as bênçãos de Apolo e Sara la noire lado a lado, sem conflitos, se complementando , orgulhosos de hecatombes tão bem manufaturadas como as ali expostas.

Em uma jornada fugaz, porém já com traços homéricos, o coletivo coloca arte para ser fitada por olhos experientes e neófitos, com a energia que atravessa, como os neutrinos solares, os que quiserem apreciar e fazer parte da iluminação.

Para essas e inúmeras outras histórias e experiências, a exposição Solares está aberta para visitação até dia 01/11/2024, com entrada franca, no endereço: Venâncio Aires, 344 – Passo d´Areia.

Para mais informações: @solar.artistas.sm

Confira mais imagens da exposição:

Texto e Imagens: acadêmico de Jornalismo da UFN Guilherme Pregardier

A Solar celebra seu aniversário com a exposição ‘Gaúcho‘, de Márcia Binato e Marilene Nunes, oferecendo uma reflexão sobre a identidade gaúcha e sua renovação em tempos pós-enchentes.

Imagem: divulgação.

Com duas perspectivas distintas sobre o gaúcho, oriundas de escolas figurativas diferentes, a Mostra revela a força das imagens e as trajetórias das artistas. A temática, intensa, ganha novos significados ao se entrelaçar com a esperança e a renovação trazidas pela arte.

Obra da exposição.

A abertura da exposição acontece nesta quarta-feira, 4, a partir das 19h e a visitação pode ser feita entre os dias 05 e 20 de setembro. Para agendar sua visita, entre em contato com a Solar por meio das redes sociais (@solar.artistas.sm). A companhia é localizada na Rua Venâncio Aires 344, Santa Maria, RS.

A abertura da exposição contará com a participação especial do músico Igor Tadielo, que proporcionará um momento musical especial.

Santa Maria celebra 165 anos de emancipação política rodeada de momentos e nomes marcantes. Entre João Cezimbra Jacques, Mariano da Rocha, Eduardo Trevisan e Felipe D’Oliveira, a arte vai nos explicando porque o município é chamado de Cidade Cultura.

É visando apresentar esta história que a Solar, espaço cultural da cidade, abriu suas portas nesta segunda-feira (15), sediando duas exposições abertas ao público até o dia 15 de junho. Os visitantes podem conhecer registros da história local e contemplar a visão artística sobre ela.

As exposições contam com entrada franca e as obras estão expostas por todo o interior da galeria. Imagem: Luiza Silveira / LabFEM

Imembuy, é tu? apresenta artes visuais que abordam o conto do século XX. A história escrita por João Cezimbra Jacques retrata a origem do povo santa-mariense de forma romantizada com o amor entre a índia Imembuy e o bandeirante Rodrigo. Segundo Luciano Santos, um dos expositores e organizadores do evento, “A gente pensou ‘quem é Imembuy?’. Nós queríamos retratar esta ideia. Cada artista que está participando tem uma linguagem própria de trabalho. Nós temos desenhos, pinturas, fotografias, colagens, artes visuais, entre outros. Esta exibição conversa com a outra que está ocorrendo, afinal, um dos livros apresentados é o da história dela”.

Os livros apresentados são protegidos devido ao seu valor histórico, entretanto, eles podem ser encontrados nas bibliotecas da cidade. Imagem: Luiza Silveira / LabFEM

Simultaneamente, a Solar recebe Memórias de um santa-mariense. O projeto apresenta as memórias, documentos e registros do farmacêutico Geolar Badke. Grande admirador e conhecedor da história local, Geolar possuía diversos livros, itens e arquivos. Desde carteiras de cineclubes e diplomas de formatura até livros raros sobre a cidade, o acervo disponível é de grande valor histórico. A exibição é promovida pelos cursos de Jornalismo e História da Universidade Franciscana (UFN), com organização dos professores Bebeto Badke e Roselâine Casanova Corrêa. Segundo a professora Roselâine, responsável pela curadoria da exposição, “aquele pertencimento que nós vemos, por exemplo em Pelotas, é mais fragilizado aqui. Pelotas tem o centro todo tombado e uma gestão pública que continua preservando, tombando e com vários projetos de preservação. O Geolar era um santa-mariense que tinha o gosto pela preservação. Ele preservou o que era material, mas também tinha uma memória exemplar”. A professora também ressalta que o próximo passo com a documentação exposta é a sua digitalização. “Este é o caminho de qualquer acervo e o Bebeto tem um acervo imenso”, afirma.

À exceção de dois livros, o conteúdo apresentado não pode ser manuseado pelos visitantes. As visitas podem ser realizadas todos os dias das 14h às 18h, na rua Venâncio Aires, 344. Estas mostras provam que mesmo que alguns grandes artistas possam desaparecer, literalmente, da noite para o dia, o título de Cidade Cultura continua forte e atual.

Ocorre essa semana a exposição de artes Ilhas Criativas. A programação está variada, contando com intervalos musicais durante a manhã, tarde e noite e exposições permanentes no prédio 16 do conjunto III da UFN.

A exposição Ilhas Criativas é o resultado de uma disciplina eletiva chamada Patrimônio Arte Cultura que foi pensada para ser ofertada aos alunos da instituição como um todo, possuindo 32 alunos de nove cursos distintos. De acordo com o professor Bebeto Badke, responsável pela disciplina, “poucos têm contato com a arte, então no primeiro trabalho da disciplina eles tinham que fazer um levantamento para descobrir pessoas que conhecem e que são artistas mas não atuam como tal”. Após o levantamento foram descobertos diversos talentos ocultos dentro da UFN e então o professor resolveu dar visibilidade a eles. A exposição de artes visuais conta com um varal literário com três poetas. Também estão presentes cantores, DJs e um rapper da Nova Santa Marta.  

O rapper Vitor Rocha cresceu no meio da música. Ele conta como foi sua trajetória até se encontrar no rap: “Por influência de família comecei com uma banda de rock, mas durante os shows e viagens eu sempre fazia rimas de improviso, então comecei a frequentar batalhas de rimas e vi que tinha jeito pra coisa, logo comecei a gravar minhas próprias músicas”. Para ele é uma grande satisfação poder mostrar ao público seu trabalho.

A acadêmica de Letras, Daiene Rojas, está expondo sua arte pela primeira vez, de acordo com ela o convite fez com que sentisse sua arte valorizada de outra forma, pois antes apenas sua família e amigos sabiam que ela pintava telas, então a exposição é uma forma de tornar seu trabalho mais conhecido e divulgado. Ela acredita que seu talento pode estar interligado com seu curso, “as letras fazem parte da área das humanas e essa área é bem extensa, e com certeza embarca a arte, mas esses conhecimentos artísticos descobri quando era ainda  mais jovem,  desde criança gostava muito de desenhar e na minha família, minha mãe e as minhas tias pintam telas, então eu decidi dar  um passo a mais tentar pintar também. Comecei na brincadeira  com tinta guache e depois troquei, fiz aquarela e peguei telas, gostei muito porque  é um trabalho minucioso e podemos brincar com as cores e  expressar nossos sentimentos”.

A programação conta com exposições de Artes Visuais,  com Nathalia Righi,  do curso de Psicologia, expondo suas tatoos;  Ana Luiza Rockenbach, também do curso de Psicologia, com sua arte digital; Joele Wegner, do curso de Arquitetura da UFSM, com sua arte em aquarela; Daiene Rojas, do curso de Letras, com pintura em tela; Luiza Ruviaro, acadêmica de Odontologia, com pintura em tela, e Guilherme Abreu, estudante de Jogos Digitais, com mostra de fotos digitais.

A exposição do Varal Literário também ocorre todos os dias e conta com os seguinte poetas: Giovanna Zilli, de Arquitetura, João Gabriel Pires Simões, de Psicologia e Julio Augusto Seidel da Silva, de Odontologia.

Intervalos musicais ocorreu nos dia 21 de junho pela manhã com Karoline Ferreira, voz e violão, do curso de Arquitetura. Na quarta, 22 de junho, à noite com o  DJ Gabriel, de Porto Alegre, com apoio de Jayme Grassmann (Jogos Digitais – UFN) e no dia 23 de junho o rapper Nezz (Vitor) pela manhã e a tarde o DJ Bernardo Rocha, de Publicidade e Propaganda.

Colaboração: Vitória Oliveira

Foto: Heloisa Helena Canabarro

Muito antes do início da pandemia de Coronavírus, a arte e a cultura no país vêm sofrendo com o descaso do governo. Ao ser eleito, Jair Bolsonaro (Sem partido), atual presidente, cumpriu sua promessa de campanha e ação do Ministério da Cultura (Minc), suas atribuições foram incorporadas ao recém-criado Ministério da Cidadania e, em 7 de novembro de 2019, a Secretaria Especial de Cultura foi transferida para o Ministério do Turismo. O atual governo não apoia a cultura no Brasil, pelo contrário, por diversas vezes demonstrou descaso, reduziu verbas, mostrou intolerância a obras e expressões artísticas e incitou práticas de ódio e censura.

É nesse contexto que emerge a pandemia de Coronavírus no Brasil. Com a necessidade de isolamento social e a proibição de aglomerações, a tragédia sanitária fechou cinemas, museus, galerias, teatros, circos e cancelou shows, que tinham o público aglomerado como parte fundamental de seus eventos. O setor cultural que já estava fragilizado e desprovido de recursos, foi o primeiro a ser impactado e pode ser um dos últimos a normalizar. A pandemia provocou o mundo das artes a se reinventar e adaptar-se às circunstâncias. Museus, galerias, curadores e artistas plásticos e visuais, começaram a buscar soluções inovadoras para propagar arte durante esse período.

Exposições e artistas no ambiente virtual

Conforme a pesquisa nacional, realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre junho e setembro de 2020, intitulada “Percepção dos Impactos da COVID-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil”, mais de 41% dos correspondentes perderam a totalidade de suas receitas, entre os meses de março e abril. Essa proporção aumentou para 48,88%, entre maio e julho de 2020. O Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), através da Carta de Conjuntura número 49, anunciou que “as estimativas de participação do setor cultural na economia brasileira, antes da pandemia, variavam de 1,2% a 2,67% do produto interno bruto (PIB), e o conjunto de ocupados no setor cultural representava, em 2019, 5,8% do total de ocupados, ou seja, em torno de 5,5 milhões de pessoas”.

Percepção dos Impactos da COVID-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil,

Em maio do ano passado, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) estimou que 13% dos museus do mundo poderiam encerrar, em definitivo, suas atividades em decorrência da pandemia. O risco de contaminação levou ao fechamento, temporário, de 90% dos museus. Sem previsão de quando as atividades irão retornar ao normal, parte dos museus, galerias e artistas plásticos e visuais buscam abrigo no ambiente virtual. Com o objetivo de propagar arte e cultura, tentam adequar suas exposições a diferentes plataformas. Alguns desses espaços culturais optaram por reproduzir fotos do acervo em alta resolução, acompanhadas de texto descritivo sobre obra e autor e mostrar em seu próprio site ou pelas redes sociais, criando assim um modelo de exposição virtual.

A abertura de algumas mostras começaram a ser realizadas por Live streaming — transmissões ao vivo — em redes sociais, como Instagram, Facebook ou Youtube, buscando divulgar e atrair o público a apreciar obras virtualmente. Já outros espaços culturais foram além, adaptaram suas exposições a Online Viewing Rooms — Salas de Visualização Online — que reproduz digitalmente em 3D um espaço de exposição, permitindo ao público navegar pelo espaço, observando as obras de diferentes ângulos.

Como exemplo de exposição virtual, no vídeo abaixo podemos assistir como é a experiência de entrar em uma sala de visualização online. A exposição coletiva é da Photoarts Gallery, que reuniu fotografias de diversos artistas em uma galeria virtual. O visitante tem liberdade de andar pelo ambiente projetado, ao ativar o áudio é possível ouvir o som ambiente, e com apenas um clique se obtém informações sobre o autor, descrição sobre a obra, de forma escrita ou por meio de áudio do próprio autor, sendo possível até adquiri-la.[youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=V-bdO51fWQU”]

O curador e responsável técnico do acervo do Museu de Arte de Santa Maria (Masm), Marcio Flores, relata que transformações nos processos curatoriais foram necessárias para adequar-se ao momento em que estamos vivenciando. “Hoje é preciso pensar nas plataformas digitais como meio de divulgação, embora as exposições presenciais sejam realizadas. Isto demanda mais trabalho, organização e criação de materiais específicos para estas plataformas e programas”, esclarece. Marcio realizou curadoria de diversas exposições de forma híbrida, online e presencial, durante a pandemia. Sobre as exposições virtuais e o futuro dessa modalidade, o curador comenta: “Acho fantástico essas possibilidades expográficas, que permitem a participação e visualização de diferentes públicos. Acredito que este processo tecnológico, digital, é uma grande ferramenta de divulgação e promoção cultural, veio para ficar e cada vez mais ser aprimorado, e seu desenvolvimento irá nos proporcionar futuramente muitos resultados ainda nem imaginados.”

A prática de exposições virtuais não surgiu durante a pandemia de Covid-19, a plataforma Google Arts & Culture há anos disponibiliza visitas virtuais em museus de todo o mundo e acesso a galerias com um amplo acervo de imagens, tudo de forma gratuita, tornando a arte mais acessível. Utilizando a tecnologia Street View, possibilita vistas panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical, dando ao visitante uma certa liberdade para andar pelo local. O site exibe mais de seis milhões de obras e conta com mais de seis mil exposições. É possível visitar instituições de arte internacionais e nacionais, como por exemplo, o Museu Nacional, Instituto Inhotim, Museu Afro Brasil, MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand e outros.

O Sesc RS lançou, em abril deste ano, a Galeria Virtual Sesc, o projeto nasceu visando disseminar as artes visuais e aproximar a relação do público com a arte e artistas gaúchos, de diferentes regiões do estado. Na plataforma é possível visitar as exposições de forma online, apreciando as obras e suas descrições, contendo também audiodescrição. Sob a lógica de uma galeria física, a cada 30 dias é apresentada uma nova exposição, atualmente está em exibição a mostra “Entre o Sagrado e o Profano” de Nelson Theophilo Hartmann.

Os museus não apenas adaptaram-se à pandemia, mas um novo museu foi criado, o Covid Art Museum (CAM) — Museu de Arte Covid — primeiro museu digital que nasceu durante o período de isolamento social. O acervo é disponibilizado pelo Instagram (@covidartmuseum), mostrando artes que surgiram durante o período pandêmico, tendo como tema sentimentos e objetos relacionados a pandemia de Coronavírus. É composto por pinturas, colagens, fotografias e ilustrações de diversos autores. O CAM foi idealizado por Emma Calvo, Irene Llorca e José Guerrero, de Barcelona, que também são responsáveis pela curadoria das obras, que são partilhados através da hashtag #CovidArtMuseum.

De acordo com uma pesquisa, realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Instituto de pesquisa Datafolha, sobre “Hábitos culturais: expectativa de reabertura e comportamento digital”, 57% dos brasileiros intensificaram o acesso à web durante a pandemia, 36% mantiveram o padrão de acesso e 7% reduziram suas atividades virtuais. Segundo o levantamento, 17% dos entrevistados relataram visitar museus e exposições online, ainda de acordo com a pesquisa, a intenção de continuar a fazer estas atividades virtuais após a pandemia diminui para 14%. Os entrevistados que realizaram atividades culturais durante a pandemia avaliam positivamente os impactos da prática para a saúde mental e para convivência social, 54%, declararam que as atividades culturais na web ajudaram a diminuir a sensação de solidão, para 45%, o acesso à cultura pela internet reduziu o estresse e ansiedade, e 44% viram uma melhora geral na qualidade de vida. É importante salientar que nem todo mundo tem acesso ao meio digital, de acordo com o levantamento, dos cerca de 1.500 entrevistados em todo o país, 7% relataram não ter acesso à internet.

Para o jornalista, professor e amante das artes Carlos Alberto Badke, as visitações online têm seus pontos positivos e negativos. “As visitas virtuais a museus, exposições e passeios por cidades históricas têm vantagens e desvantagens. Eu destacaria o fato de termos a possibilidade de viajar sem sair de casa, conhecer lugares até então desconhecidos e ampliar nosso acervo cultural. A maior desvantagem é não estar em presença das obras de arte, prédios e ambientes. A mediação via tela de computador esfria um pouco esta relação, essencial para sentirmos empatia com as possibilidades ofertadas pelos seus criadores”, avalia Carlos. O jornalista também afirma que a visitação virtual, embora tenha suas limitações, o ajudou durante o período de pandemia. “Foi uma ferramenta de grande auxílio para aumentar o meu conhecimento e disponibilizar aos alunos.”

A pandemia parecia um beco sem saída para artistas plásticos e visuais, mas alguns desses artistas contornaram a situação e fizeram dela um momento de reinvenção e ressignificação. Simone Rosa, artista visual que iniciou sua carreira em 1987, fala de que forma a temática de suas produções artísticas mudou neste período. “Minha produção poética durante a pandemia mudou bastante, inseri pássaros beija-flor como símbolo de boas novas, como mensageiro de notícias boas, inclusive a última exposição que estou fazendo chamo de Tempos consonantes, que quer dizer que a gente busca tempos consonantes, tempos harmoniosos, notícias boas e que tudo isso passe. O beija-flor é um símbolo de mensageiro de boas novas, ele é símbolo místico no Xamanismo e em várias religiões.”

Para a artista a experiência digital não substitui o presencial: “Quero que volte às exposições presenciais e que a gente consiga continuar tendo esse contato presencial com as obras, eu acho que o virtual surgiu para ser uma opção paralela, mas ele nunca vai substituir a experiência que tem que ter no contato direto com a obra.”

Reprodução/ Instagram de Simone Rosa, Exposição Mensageiros do Recomeço

O artista Emerson Massoli iria expor sua mostra individual OP-ORIGAMI, ano passado, no Museu de Arte de Santa Maria (Masm), mas em decorrência da pandemia a exposição foi adiada para este ano, na esperança que a situação estivesse um pouco melhor, o que não ocorreu. Para a mostra não ser adiada novamente, o artista, em parceria com o museu e curadoria, optou por realizá-la de forma híbrida, online e presencial. “Como a maioria das obras expostas eram objetos em três dimensões, foi muito interessante pensar e visualizar como transpor isso para o virtual, sem que perdesse a essência da percepção das obras físicas…”, relata Emerson sobre a adaptação. As obras de sua exposição foram apresentadas nas redes sociais, por meio de fotos dos trabalhos expostos no espaço físico, imagens com detalhes, informações descritivas sobre a obra e um vídeo, estilo tour pela exposição, o que possibilitou a compreensão da noção de dimensão e disposição dos trabalhos no espaço expositivo.

Reprodução/ Instagram Museu de Arte de Santa Maria

Sobre o sucesso que a exposição obteve virtualmente o artista revela: “O alcance foi algo que me surpreendeu bastante, não imaginava a repercussão que poderia tomar, indo além do contexto local, o que teve grande influência das redes sociais para que acontecesse”. Emerson conta que por causa da pandemia, assim como muitos artistas, buscou alternativas criativas no ambiente online. “Acredito que a maioria dos artistas teve que se adaptar ao contexto para dar vazão a sua arte. Participei ano passado de algumas exposições coletivas de forma virtual, criei um perfil específico em uma rede social para compartilhar os processos e resultados da pesquisa artística que desenvolvo, e pretendo no começo do mês de junho realizar uma exposição virtual em uma plataforma de realidade virtual. As opções são muitas e variadas, acredito que após o fim da pandemia esses modelos de difusão de arte se manterão, pois trouxeram novas perspectivas para o cenário cultural”.

Helena Macedo, artista plástica e professora de arte, no início da pandemia, aposentou-se da função de professora, a qual trabalhou por 38 anos. Em seus anos de magistério atuou conjuntamente como artista plástica, atualmente continua produzindo obras de arte. A artista é membro da Associação dos Artistas Plásticos de Santa Maria (AAPSM), que realizou três exposições, todas de forma híbrida, antes do período pandêmico, no Museu de Arte de Santa Maria (Masm). Helena também pertence ao Grupo Olhares, coordenado pelo artista plástico Luciano Santos. Durante a pandemia, o grupo realizou algumas exposições virtuais, como “VAI DE ARTE”, uma mostra virtual pelo instagram (@vai.de.arte), de máscaras decorativas em alusão a pandemia. Também participou da exposição “Alegorias Pandêmicas”, que foi pensada exclusivamente para a plataforma Instagram, contando com obras de artistas do grupo e convidados. A última exposição do grupo foi “CONTEMPORÂNEA: MARIA”, que reúne a visão particular de 15 artistas de Santa Maria acerca de Maria, além de virtualmente a mostra também está disponível para visitação presencial na Universidade Franciscana (UFN), na Sala de Exposições Angelita Stefani.

Reprodução/ Instagram da Exposição Alegorias Pandêmicas

A artista comenta sua satisfação com o resultado das mostras virtuais. “Eu acho que todas tiveram um grande alcance e me realizei muito”. As produções artísticas de Helena não foram afetadas durante o período pandêmico, a artista continuou realizando suas obras e incluindo objetos referentes à pandemia, o que mais a afetou foi não ir presencialmente às mostras. “Um dos problemas foi não poder mais frequentar exposições, que adoro ir ver pessoalmente”, relata. Sobre o impacto econômico no setor cultural, Helena conta que não foi fácil, mas como grande parte dos artistas plásticos têm outra fonte de renda, afirma: “Para mim foi muito negativo, a renda nas vendas das obras foi muito baixa. Mas como falei no início, sou professora e tenho outra renda, e assim não me afetou tanto. Não posso dizer que não vendi obras de arte, vendi. Mas não como na época em que não tínhamos pandemia”.

Auxílio emergencial cultural – Lei Aldir Blanc

Apenas três meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a pandemia de Coronavírus, foi aprovado o projeto de lei 1.075/2020 iniciativa da deputada Benedita da Silva (PT). O projeto determinava à União a aplicação de ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de calamidade pública. A legislação foi intitulada como Lei Aldir Blanc em homenagem ao artista, que morreu em maio vítima do coronavírus. De acordo com o projeto de lei, caberia a União entregar para estados, Distrito Federal e municípios R$ 3 bilhões. Os beneficiários desse auxílio são profissionais que trabalhavam com música, entretenimento, teatro, artes, espetáculos e outros setores artísticos e estabelecimentos do setor cultural afetados pela pandemia. O repasse da verba ao setor cultural ficou a cargo dos estados e municípios. A ajuda financeira começou a ser paga só em setembro de 2020.

A Secretaria Especial de Cultura, que é vinculada ao Ministério do Turismo federal, oferece em seu site um painel de dados que permite o acompanhamento dos indicadores da Lei Aldir Blanc.

Embora o Auxílio Emergencial Cultural tenha beneficiado uma parte dos trabalhadores da cultura, a quantidade de solicitações foi menor que o esperado. O principal motivo está no fato que dentre os artistas e trabalhadores da cultura aptos a inscrição para receber o benefício, muitos já estavam cadastrados no Auxílio Emergencial pago pelo Governo Federal, instituído em abril de 2020, o que não os permitiu ter direito ao Auxílio Cultural.

Santa Maria

Em Santa Maria não foi diferente, reinventar-se virtualmente foi necessário a artistas e espaços culturais. Da mesma maneira que em outras regiões do país, após o fechamento de espaços e eventos adiados como medida de combate à Covid-19, artistas tiveram dificuldade de atuar em sua área e manter sua renda. “O impacto econômico foi muito forte, pois teve uma grande parada, tive que fechar meu atelier ao público e não ter mais alunos, teve um tempo que parou as vendas e depois recomeçou devagar”, relata a artista Simone Rosa, e acrescenta que felizmente tem outra fonte de renda para garantir o sustento: “Não vivo só da renda do atelier ou das artes visuais, tenho outra fonte de renda, porque se não seria muito problemático. Fico triste em pensar que existem pessoas e famílias que dependem da renda da produção cultural, tanto artes plásticas, quanto teatro e música. Fico feliz em ver que tiveram várias campanhas que incentivam e apoiam esse setor que foi abandonado de uma hora para outra”.

Para auxiliar o setor cultural, a Prefeitura de Santa Maria abriu em maio o edital Viva Cultura 2020, que beneficiou 70 projetos e mais de 200 pessoas, que realizaram apresentações artísticas no festival virtual Viva Santa Maria. Já em outubro foi realizada a primeira edição do festival Santa Maria Pela Música, também de forma online, porém dessa vez com venda de ingressos, em que a verba da arrecadação foi revertida aos artistas que se apresentaram no evento. Por meio da Secretaria de Cultura, auxiliou artistas locais, selecionados em edital da Lei Aldir Blanc, para projetos artísticos de Arte Mural/Grafite em espaços do Parque Itaimbé.

Exposições online começam a fazer parte da rotina do Masm

O Museu de Arte de Santa Maria (Masm) não ficou para trás e começou a realizar exposições no formato virtual, tendo como objetivo manter o museu em funcionamento durante a pandemia de Covid-19. As visitações online podem ser feitas pelo Instagram ou Facebook do museu, e as obras expostas são apresentadas por meio de fotos. A diretora do Masm e artista plástica Marília Chartune relembra o começo dessa iniciativa. “Nós tivemos muitas dificuldades no início, porque não sabíamos qual público iríamos atingir. Temos nossas redes sociais, Instagram e Facebook, e adaptamos juntamente com os expositores que enviaram arquivos de qualidade, fizemos as publicações periódicas de acordo com cada uma das redes sociais”, conta a diretora.

A primeira exposição postada nesse formato foi durante o evento Viva Masm, em junho do ano passado, onde além da exposição, diversas obras de arte estavam disponíveis para serem comercializadas no Mercado de Arte do Museu. Devido ao sistema de bandeiras no Rio Grande do Sul, o Masm fica aberto também a visitação presencial, com agendamento prévio para evitar aglomerações, exceto na bandeira preta. O museu deu continuidade às apresentações de maneira híbrida, combinando online e presencial, em 2021. Sobre as exposições virtuais, Marília relata: “A gente tem muitas visitações registradas, muito mais as vezes do que quando é presencial, então tivemos sucesso nessa parte”.

Reprodução/ Facebook Museu de Arte de Santa Maria

Yann Ziegler, artista visual santa-mariense, que há anos dedica-se à produzir arte a partir da ressignificação de objetos apropriados do meio onde vive, expôs de forma híbrida no Masm sua mostra “A Transmutação dos Sólidos”, com curadoria de Marcio Flores, composta por 61 objetos-arte. A abertura da exposição foi realizada virtualmente, via transmissão ao vivo no Instagram do Masm. “Fazer a abertura de uma exposição através de uma live foi uma experiência e tanto. Teve um alcance além do esperado, tanto que estou certo que, mesmo depois da pandemia, quando se voltar a fazer abertura presencial, farei juntamente com a on-line. Acho que a live de vernissage veio para ficar”, declara o artista sobre a experiência. Quanto à busca de alternativas criativas no ambiente online, Ziegler acrescenta: “Intensifiquei o uso das redes sociais como forma de melhor chegar ao meu público”.

Foto: Heloisa Helena – Obra de Yann Ziegler, Exposição A Transmutação dos Sólidos

Um ano após o início da pandemia de Coronavírus, a vacinação no Brasil caminha a passos lentos e o número de óbitos supera os 400 mil, será mais um ano complicado para o setor cultural. Artistas plásticos e visuais, museus e galerias seguirão tentando adaptar-se às circunstâncias da pandemia, somando esforços para reinventar-se e manter a arte viva em meio ao caos. As exposições virtuais e o ambiente online podem auxiliar nesse processo, com suas vantagens e desvantagens, estão ganhando espaço no mundo das artes.

A nova temporada do Provoc[A]rte já está em seu terceiro episódio e conta com a participação de Zé Darci, pintor de tinta à óleo. Em Pelotas, Rio Grande do Sul, o pintor entrou em contato com o movimento negro na cidade e sentiu o chamado de trazer para suas obras, o protagonismo negro. Zé Darci integra em suas pinturas uma visão africanista, memórias e identidades através das cores e da textura.

O Provoc[A]rte é um programa laboratorial dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana que se aprofunda em questões pessoais e coletivas do mundo da arte, da cultura e do ser, produzido de modo remoto. Ele vai ao ar nas terças-feiras, pelo canal 15 da Net, na UFN TV, com reprise na quarta, às 02h05min e às 10h05min, no sábado, às 19h, e no domingo, às 19h30min, e na TV Câmara, nas sextas-feiras inédito às 21h30min, com reprise às 20h30min no sábado, e às 10h30min de domingo e segunda-feira. A primeira temporada, chamada Arte na Pandemia, está disponível no IGTV do Lab Seis.

O programa é produzido pelo Lab Seis e também pode ser assistido no canal do YouTube da UFN TV. É apresentado por Beatriz Ardenghi, com Nathalia Arantes no roteiro, Gabriel Valcanover na edição, Yorhan Rodrigues na direção de imagem, Raphael Sidrim como social media, suporte dos técnicos Alexsandro Pedrollo na gravação e Jonathan de Souza na finalização, e coordenação e direção da professora Neli Mombelli.

Segundo episódio traz artista que performa a drag queen Lolli Flop. Imagem: divulgação

O segundo episódio da temporada Arte Identidade traz Luis Gustavo Chiappa, artista que performa a drag queen Lolli Flop. A conversa ruma pelas vivências que a arte drag provoca, sobre a história dessa arte, os desafios e a forte cena cultural em Santa Maria. Lolli Flop é idealizador da Bapho Drag, junto com seu namorado Mia Lestrange, que promove festas e lives para o público drag.

O Provoc[A]rte é um programa laboratorial dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana que se aprofunda em questões pessoais e coletivas do mundo da arte, da cultura e do ser, produzido de modo remoto. Ele vai ao ar nas terças-feiras, às 19h, pelo canal 15 da Net, na UFN TV, com reprise na quarta, às 02h05min e às 10h05min, no sábado, às 19h, e no domingo, às 19h30min. O programa é produzido pelo Lab Seis e também pode ser assistido no canal do YouTube da UFNT TV. A segunda temporada vai ao ar  também na TV Câmara. Episódio inédito às 21h30 nas sexta-feiras com reprise sábado, às 20h30, domingo, às 10h30, e segunda, às 10h30. Prococ[A]rte é apresentado por Beatriz Ardenghi, com Nathalia Arantes no roteiro, Gabriel Valcanover na edição, Yorhan Rodrigues na direção de imagem, Raphael Sidrim como social media, suporte dos técnicos Alexsandro Pedrollo na gravação e Jonathan de Souza na finalização, e coordenação e direção da professora Neli Mombelli.

Texto: divulgação.

A partir desta terça-feira, às 19h, a UFN TV traz um novo programa na grade com o intuito de percorrer as entranhas do mundo da arte, da cultura e do ser e estar no mundo. É o ProvocArte. A temporada composta por 10 episódios discute a arte na pandemia de forma intimista e reflexiva. As entrevistas, realizadas através de videochamadas, são feitas da casa dos apresentadores, Evelin Bittencourt e Daniel de Lima, acadêmicos de Jornalismo, direto para a casa dos(as) convidados(as). Em meio a avalanche de conteúdos midiáticos, o programa quer provocar-te a pensar.

Nikelen Witter é a primeira entrevistada do programa. Imagem: divulgação.

Se a pandemia da Covid-19 mexeu conosco de muitas maneiras, com certeza relacionar-se de alguma forma com a arte foi essencial para superar as adversidades desse período, assim como o desafio imposto para a área da arte e cultura foi a de reiventar-se. Como fazer um espetáculo de teatro sem aglomerar? Ou ainda, produzir audiovisual sem poder estar num set? Como apresentar-se em shows musicais? As sutilezas da criação e as reflexões sobre este tempo tão peculiar estão presentes nas conversas que tivemos com a escritora de literatura fantástica Nikelen Witter, com o fotógrafo Carlos Donaduzzi, o ator Anderson Martins, a designer de moda Flávia Nascimento, o músico Gabro Demais, a artesã Bruna Souza, o ator e diretor audiovisual Gelton Quadros, o músico tradicionalista Pirisca Grecco e a artista circense Raquel Guerra.


O Provoc[A]rte foi inteiramente realizado à distância e é uma produção do Lab Seis, laboratório de produção audiovisual dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Universidade Franciscana (UFN), que conta ainda com a participação de mais 6 alunos de ambos os cursos: Beatriz Ardenghi e Fabian Lisboa no roteiro e pesquisa, João Pedro Ribas na direção de arte e produção, Gabriele Bordin na direção de produção, Gabriel Valcanover na montagem e Kauan Costa como social media. Os técnicos Alexsandro Pedrollo e Jonathan de Souza assinam a direção de imagem e finalização, respectivamente, e a direção é da professora Neli Mombelli.
O programa vai ao ar na UFN TV pelo canal 15 da Net toda terça-feira, às 19h, com reprise às 22h05min; na quarta às 02h05min e às 10h05min; às 19h de sábado e às 19h30min de domingo. Também é possível assistir no canal do youtube do Lab Seis e da UFN TV.

O primeiro episódio da temporada é com Nikelen Witter, escritora que recentemente concorreu ao prêmio Jabuti com o livro Viajantes do  Abismo, um livro escrito por volta de 2013 que parecia prever algumas coisas que estamos vivendo agora.

 

Texto produzido pelo Lab Seis, Laboratório de Produção Audiovisual dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda.

Emanuelle dança desde os 6 anos de idade. Foto: arquivo pessoal / Emanuelle Maciel

Imagens: Raw Pixel

Existem muitos tipos de danças e cada um tem uma finalidade ao praticá-la. Saúde, concentração, uma carreira… Teatral, em dupla, sozinho, para uma grande plateia, em grupo, com um sentido maior ou apenas para se divertir.  Geralmente, quem dança busca felicidade na prática.

A formanda em Arquitetura e Urbanismo Emanuelle Maciel, 23 anos, nasceu em Santa Maria. Ela dança balé clássico desde os 6 anos e hoje nos conta um pouco sobre o significado da dança em sua vida.

Para Emanuelle, ser dançarina é…

Imagem: Pixabay

Força

É perceptível que, por trás da leveza dos passos, sempre há uma força física proporcional à força emocional. Desafiar os próprios limites, enfrentar a ansiedade e esquecer as dores são eventos rotineiros para um bailarino.

Perseverança

Acredito que vivemos num país onde a dança não é tão valorizada quanto deveria ser. Tudo se torna muito caro, desde a elaboração de figurinos e de cenários a aluguéis de espaços. Muitas vezes, isso torna a permanência numa escola privada difícil. Assim como eu, muitas colegas trabalham, estudam e precisam de muita perseverança para encaixar as aulas às rotinas diárias.

Terapia

A dança tem o poder da cura. Tive problemas físicos e psicológicos totalmente curados com a prática, sem medicamentos. É muito prazeroso trabalhar o nosso próprio corpo. Dedicarmos algumas horas semanais para algo em benefício de nós mesmos é gratificante.

Aprendizagem

Como tudo na vida, na dança também sempre há o que aprender. Quanto maior a dedicação, maior o aprendizado. Esse, compete tanto à parte teórica e prática da dança, quanto ao convívio social do grupo inserido e das regras de postura e disciplina exigidas.

Autoconhecimento

Para mim, a forma mais clara de compreender meu corpo e mente é dançando. Sei cada centímetro que minha perna ergue a mais, cada segundo que meu joelho aguenta em equilíbrio, conheço todos os meus rituais inconscientes antes de um campeonato ou espetáculo e todas as minhas técnicas para inibir a ansiedade quando estou dançando.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B:

Desenhos: Leonardo Couto

O desenho é uma das formas de arte mais ensinadas nas escolas, estimuladas nos lares… e há quem, embora siga outros caminhos, sempre tenha lápis e papel como alento.

Artista plástico pode ser considerado aquele que expressa e materializa visões e sentimentos a fim de expressar o  intangível. Mais do que um ramo profissional, desenhar significa algo que só quem o faz pode definir.

O santa-mariense Leonardo da Silva Couto, 22 anos, é estudante de Filosofia, mas o amor pelo desenho vem desde a infância e se integra ao conhecimento adquirido a cada etapa do jovem, como um elo entre ele e o mundo.

Para Leonardo, o desenho é…

Arte

Desenhar é um tipo de terapia, pois demanda tempo, paciência e calma. Confesso que nunca fiz cursos ou estudei “técnicas especiais” e também nunca me considerei bom nisso, mas sempre ansiei por expressar a realidade de forma mais autêntica possível (ainda que não consiga). Por isso, compreendo o desenho como sinônimo de arte que, assim como os velhos filósofos gregos entendiam, é uma espécie de técnica que tem por finalidade fabricar algo, ou ainda, produzir algum efeito visível. Esta finalidade ou efeito, para mim, é demonstrar, ou melhor, apontar a beleza que há nas pessoas e na vida em geral.

Beleza

Disse anteriormente que procuro com os desenhos ressaltar a beleza que há na vida, como um tipo de convite para apreciá-la sabendo que, para além do que possa haver de ruim, a vida continua sendo boa. Os noticiários, todos os dias, divulgam o quanto o ser humano pode ser mau, no entanto, a minha tentativa é divulgar de maneira simplória e particular o que existe de bom no mundo; uma pequena alegria que às vezes pode melhorar o dia de alguém.

Imaginação

O desenho nos permite brincar com a natureza. Diferentemente da História, que só lida com fatos, o desenho (e toda forma artística) nos permite peregrinar pelas possibilidades do que poderia ter sido ou do que poderá ser. Na atividade imaginativa é que se dá o primeiro passo para a educação, pois é neste momento que criamos ou nos identificamos com modelos de heróis, sábios, homens e mulheres valentes e virtuosos. Esse é o lado mais fantástico de desenhar, pois ele permite voltar à infância, dando asas à imaginação.

Catarse

Aristóteles dizia que o teatro tinha um duplo fim: incutir compaixão e terror, mediante a Kátharsis, que se refere à purificação da alma por meio de uma descarga emocional que, uma vez purificada, permite a inteligência propender ao Bem e ao Verdadeiro e afastar-se do mal e do falso. Na maioria das vezes, desenhei e retratei mulheres, não só pela beleza feminina (Afrodite) ou pela sabedoria (Atena), mas por ser o principal sustentáculo da vida, sendo os seus atributos essa Kátharsis que nos convida a contemplarmos a existência, a verdade e o bem.

Contemplação

Todo tipo de arte nos leva a uma contemplação, na medida em que estamos como espectadores de algo. Do mesmo modo é que se iniciou a Filosofia, como disse Aristóteles na Metafísica “É por força de seu maravilhamento que os seres humanos começam agora a filosofar (…)”. O desenho me leva a um sentimento de admiração, espanto, perplexidade, não por ele mesmo, mas por ser uma cópia imperfeita de algo belíssimo que está na realidade à disposição de todos que, atentamente, também observam.


Ninguém é apenas o nome, idade, formação, profissão ou naturalidade. Somos um conjunto de infinidades. Entre tudo o que te identifica, qual é a sua parte favorita? Você também pode fazer parte deste projeto ou indicar alguém que é excelente numa área bem diferente da formação ou profissão, um especialista (ou quase) pela vivência.

A acadêmica de Jornalismo Gabriele Bordin desenvolveu o Projeto Experimental em Jornalismo, no curso de Jornalismo da UFN, durante o primeiro semestre de 2020. O projeto foi orientado pela professora Glaíse Palma e teve uma história por semana publicada neste espaço.

Leia as matérias do projeto Lado B: