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ativismo cultural

Segundo Nei Day celebra homenagem ao ativista social

Na última quinta-feira (15), na Praça dos Bombeiros, aconteceu o 2º Nei Day, dia dedicado a homenagear o ativista social Vilnes Gonçalves Flores Junior, popularmente conhecido como Nei D’ogum. A programação comemora o dia de nascimento

Consumo de poesia em Santa Maria

Neste sábado (14), será comemorado o Dia da Poesia. Com o objetivo verificar qual o perfil do leitor de poesia em Santa Maria, entrevistamos Celso da Silva Schmidt, um dos responsáveis pela parte literária na Livraria da

Ativismo cultural: é nesse sentido que Santa Maria ferve

São os empreendedores culturais, que fazem a “cidade cultura” não estagnar, jovens e adultos, inquietos, ambiciosos, criativos, questionadores e duros. Somos. O cenário cultural em Santa Maria é múltiplo e contribui, numa velocidade incomparável, para que

Na última quinta-feira (15), na Praça dos Bombeiros, aconteceu o 2º Nei Day, dia dedicado a homenagear o ativista social Vilnes Gonçalves Flores Junior, popularmente conhecido como Nei D’ogum. A programação comemora o dia de nascimento de Nei, símbolo de resistência e luta para a comunidade negra e LGBT de Santa Maria.

Organizado pela Associação Ará Dudu, o Nei Day contou com a presença de familiares de Nei, como a sua irmã Zanza e seu companheiro Ricardo Pereira e apresentações de inúmeros artistas que conheciam e foram incentivados pelo ativista, falecido em 2017.

Público aproveitou apresentação da Cadência Bonita do Samba

A tarde iniciou com apresentação do rapper Bnegão  e contou com bate-papo com Marta Nunes, Cátia Cilene e Maria Rita Py Dutra, apresentações do grupo Cadência Bonita do Samba, do coletivo Negressencia e da Bateria da Escola de Samba Arco-Íris. A programação completa pode ser conferida no final da notícia.

Professora Maria Rita Py em bate-papo no Nei Day

A professora Maria Rita Py Dutra, do Centro de Educação da Universidade Federal de Santa Maria, 70 anos, destacou que o Nei Day é uma forma de a juventude não se sentir órfão de alguém que deu a vida  pela sua luta. A professora, escolhida a primeira patronesse do Mês da Consciência Negra pela UFSM, lembrou que, após sua saída da coordenação do Núcleo de Ações Culturais e Educativas do Museu Treze de Maio, Nei assumiu, idealizando o Festival Municipal de Artes Negras (FESMAN) e o Concurso Beleza do Ébano. “Ele lutou e reivindicou em favor dos negros, da orientação sexual e da educação. Mesmo não estando vinculada a ele, eu sempre admirei muito o Nei”, comentou.

Um dos idealizadores do Coletivo Voe (grupo de ativistas LGBT de Santa Maria), Nei é relembrado com carinho por Verônica Oliveira, empresária e administradora do Alojamento Verônica, destinado à travestis e transexuais. “Ele era aquela pessoa que corria pelas trans. Ele combatia qualquer tipo de agressão e maus tratos que elas sofriam. Para nós, LGBTs, a perda do Nei foi muito triste. A palavra dele era muito forte”, relembrou.

Apresentação artística do Coletivo Negressencia

Negressencia, coletivo artístico que promove projetos na área das artes  protagonizadas por artistas negros, também se apresentou no Nei Day. Elen Janine Ortiz, 29 anos, integrante do Negressencia, destaca a importância de pessoas como o ativista: “O Nei sempre foi da comunidade. A gente carece de pessoas assim, que levantam essa bandeira. Ele sempre teve muita coragem para enfrentar, sem papas na língua. Deixou um legado de muita resistência”, lembra.

Um dos momento mais emocionantes ficou por conta do Tio Cida, que recentemente recebeu o Premio Nacional de Mestre Popular da Cultura, fazendo uma homenagem a Umbanda.

Para o comissário de bordo Gustavo Rocha, 30 anos, Nei D’ogum foi exemplo de resistência não apenas em Santa Maria, mas em todo o Rio Grande do Sul. Para Gustavo, Nei também contribuiu para a sua consciência negra, sendo uma figura essencial para se pensar em uma sociedade mais justa e igualitária: “Pensar em Nei é pensar em resistência. Resistência sempre se fez presente no movimento negro, quilombola e também nas religiões de matrizes africanas. Ele sempre acionava todas estas entidades periféricas”, afirma.

Fotos relembram as lutas de Nei D’ogum

O Nei Day encerrou  com a exibição do documentário Pobre Preto Puto – PPP (2016), que aborda a trajetória do ativista. A produção recebeu o Troféu Prêmio Assembleia Legislativa de Melhor Produção Executiva no Festival de Cinema de Gramado 2016 e é um registro da lutas do homenageado, que no mesmo ano também foi premiado com a Comenda Zumbi dos Palmares entregue pelo legislativo gaúcho.

Marias Bonitas, a Associação de Capoeira de Rua Berimbau do Mestre Militar também participaram da homenagem. A organização do 2º Nei Day contou ainda com Marta Nunes, Carmem Lucia- Baiana, Isadora Bispo, e Franciele Oliveira.

Programação completa do 2º Nei Day

Produzido para as disciplinas de Jornalismo I e Jornalismo Digital I sob a orientação dos professores Sione Gomes e Maurício Dias

Neste sábado (14), será comemorado o Dia da Poesia. Com o objetivo verificar qual o perfil do leitor de poesia em Santa Maria, entrevistamos Celso da Silva Schmidt, um dos responsáveis pela parte literária na Livraria da Mente e Carlos Alberto Godói, proprietário do Sebo Café. Nestes dois pontos de venda, a variedade de obras é mencionada pelos proprietários.

Dentre os autores mais procurados estão Pablo Neruda, Mário Quintana e Clarice Lispector. Na Livraria da Mente, as obras de Fernando Pessoa são as que mais vendem. Autores com escrita mais complexa ficam nas prateleiras.

Os principais compradores de livros de poesia, segundo os dois locais consultados, são pessoas com mais de 30 anos. Para além dessa faixa etária, os adolescentes e os jovens adultos recorrem ao sebo na hora de estudar, pois encontram os títulos indicados em processos seriados e concursos.

 Por Patrícia Ribeiro e Eduarda Garcia

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Entre os livros mais procurados de poesia estão os de Fernando Pessoa (Foto: Patrícia Ribeiro)

 


São os empreendedores culturais, que fazem a “cidade cultura” não estagnar, jovens e adultos, inquietos, ambiciosos, criativos, questionadores e duros. Somos.

O cenário cultural em Santa Maria é múltiplo e contribui, numa velocidade incomparável, para que a disseminação de estilos musicais seja, também, variada. Essa realidade é estampada no surgimento e consequente permanência de ambientes que agregam entre suas dinâmicas culturais, a música.

Um desses espaços, exemplo consistente de como essa inserção é referência em Santa Maria, é o Macondo Lugar, onde, segundo Atílio Alencar, seu fundador, a vertente musical foi incluída de forma crescente e muito positiva. “Quando abrimos o Macondo Lugar não tínhamos a intenção de trabalhar com uma casa de shows. A ideia era que o espaço abrigasse linguagens artísticas das mais variadas. A casa se tornou, de forma gradual, um palco para a música independente num processo muito interessante, quando a mobilização de artistas, público e gestores apontou para esse caminho”, explica.

Isso amplia consideravelmente as oportunidades de divulgação das bandas e enriquece o cenário cultural de Santa Maria. “No caso do Macondo Lugar, sempre tentamos equilibrar a programação com bandas locais, para valorizar e fomentar a cena da cidade, e as nacionais, buscando a formação de público para a música independente brasileira”, reflete.

São esses trabalhos, cuja iniciativa é independente, que garantem a movimentação cultural. Se não fosse o papel dos produtores e agitadores culturais que se dedicam para que toda essa produção chegue ao público, através das mais diversas correntes, a cena cultural não teria tanta efervescência em Santa Maria. E, para que isso de fato aconteça Atílio ressalta pontos fundamentais a serem trabalhados: rediscutir a economia da cultura, a democratização do acesso e a comunicação plural.

Para o ativista, a cultura é possível em qualquer lugar quando ampliamos os horizontes e passamos a considerar também outras e novas noções de bens culturais. Ou seja, compreender o sentido forte de cultura. Levar à análise e à interpretação de bens culturais de maneira a dar suporte para que o público possa refletir, por meio das artes e da produção cultural, as formas de organização de uma sociedade, por exemplo.

Atílio Alencar. Arquivo Pessoal.

ATÍLIO ALENCAR – Ativista cultural formado em História pela UFSM, gestor do Fora do Eixo, coordenador da regional sul da Rede Brasil de Festivais e fundador do Macondo Lugar. http://www.casafdepoa.org/

“O importante é se assumir enquanto protagonista social, ser propositivo mesmo, provocar o poder público e a iniciativa privada, sempre, com a intenção de consolidar políticas públicas mais inclusivas.”

O mesmo aconteceu com o Boteco do Rosário. Leornado Retamoso Palma, 43 anos, um dos sócios do Bar, que abriu as portas no dia 25 de janeiro de 2011, revela como a música ganhou espaço nesse empreendimento.”A música praticamente conquistou dimensão no Boteco como expressão forte e irrecusável, assim como á uma força do teatro – penso aqui nas Pausas Dramáticas, por exemplo. Desde que a demanda dos músicos por campo de trabalho atravessou o ambiente que havíamos criado, compreendemos o Boteco do Rosário como espaço que acolhe um pouco, não tudo, da diversidade da produção musical local – Rock, Blues, Jazz, Samba, Samba-rock, Soul, Eletro-rock, MPB, Música de Câmara, Choro, Reggae”.

Para Leonardo, a dinâmica musical de Santa Maria pode ser analisada sobre dois aspectos: a vasta produção apoiada em qualidade profissional o fornecimento de todo esse conteúdo ao público. “Primeiro, penso que há na cidade uma continuada e rica produção cultural, que encontra também na música uma de suas formas de expressão desejáveis. Contam nesse processo tanto a mobilização dos desejos que agregam as pessoas na formação de bandas, estúdios coletivos, espaços de apresentação, que efetivamente existem, e que viabilizam encontros por afinidades das pessoas umas com as outras – composição importante para formação de públicos novos e do público já existente”, explica.

O segundo ponto considerado diz respeito justamente aos espaços disponíveis, que abraçam toda essa oferta musical e cultural e que permitem sua permanência em Santa Maria. “Há lugares de acolhimento para essas dinâmicas todas, o que dá condições para a continuidade, as mutações e transformações transgeracionais interessantes, que garantem vitalidade e inovação”, expõe.

Leonardo Palma. Arquivo Pessoal.

LEONARDO RETAMOSO PALMA – Agitador cultural, integrante da rede de ativistas Rede Universidade Nômade, colaborador e membro do conselho editorial da revista Global Brasil, editor dos blogs DESOBEDECENDO, também, integrante do coletivo de tradutores independentes ATTRAVERSO e da Associação de Produtores Independentes MACONDO COLETIVO, e sócio do Boteco do Rosário.

 

http://www.revistaglobalbrasil.com.br/

http://www.culturadigital.br/desobedecendo/

http://desobedecendo.blogspot.com/

“Venho do ativismo cultural, já estive por muito tempo envolvido com edição de revistas e jornais, tradução, produção, criação poética, criação de revistas e jornais, produção de textos, organização de seminários, encontros, e o que o valha. Já fiz muita fala em encontros acadêmicos e científicos, simpósios, etc. Formação de professores, idem.” 

por Mariane Bevilaqua Dall’Asta

Produção da Turma de Jornalismo Online, 2º semestre de Jornalismo, Profa. Daniela Hinerasky.