Santa Maria, RS (ver mais >>)

Santa Maria, RS, Brazil

Denilson Souza

Paralimpíadas 2016 e o esporte adaptado em Santa Maria

A 15ª edição das Paralimpíadas ocorrerá entre os dias 7 e 18 de setembro na cidade do Rio de Janeiro. A cerimônia de abertura será realizada no Estádio do Maracanã. Estima-se que 4 mil atletas de

Paratleta Denilson Souza durante o encerramento do II Fórum Integrado de Negócios. Foto: Thayane Rodrigues

O 2º Fórum Integrado de Negócios da Universidade Franciscana terminou nesta quarta-feira,12,  e reuniu acadêmicos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis e Economia. Para encerrar a noite os alunos puderam conhecer a história de vida e de superação do paratleta, ou multiatleta como também é conhecido, Denilson Souza. Sua trajetória no esporte iniciou no dia 27 de outubro de 2006, quando caiu do telhado de uma altura de 6 metros, enquanto ajudava o pai. O acidente deixou Denilson com 12 parafusos e 12 hastes na coluna.

O que parecia ser o fim se tornou uma nova vida. Após um diagnóstico médico nada otimista de que seus movimentos seriam extremamente restritos, Denilson passou por diversos médicos até continuar o tratamento iniciado no Hospital Universitário de Santa Maria, HUSM, no Hospital Sarah Kubitscheck, em Brasília, onde reaprendeu a ser independente. Durante o processo de reabilitação, o militar da reserva conheceu o esporte adaptado e suas modalidades.  “La no Sarah aprendi a ser independente, a empinar a cadeira de rodas, a ter equilíbrio de tronco e a até nadei no Lago Paranoá.”, relata Denilson que atualmente é praticante de diversas modalidades adaptadas, como handebol, basquete, kart, ciclismo, canoagem, bocha e corrida de rua.

Junto com as dificuldades e as barreias causadas pela queda o paratleta se deparou com a depressão causada pela dependência de alguém para ajudá-lo a todo o momento. Foi quando o atleta percebeu que poderia vencer algumas dificuldades. “Eu precisei reagir, não só por mim, mas principalmente pela minha mãe, pelo meu filho e pela minha família. Não queria que as pessoas da minha família vivessem a minha vida.”, diz Denilson.

Corrida de rua. Foto: arquivo do paratleta

A cadeira trouxe para vida do paratleta, uma nova forma de ver o mundo. Hoje ele não só pratica diversos esportes e ajuda outras pessoas com necessidades parecidas com a suas a se inserirem no esporte, mas também ministra palestras em que conta sua história de superação. “Eu não trocaria de lugar com ninguém, hoje sei quem sou porque passei por esse processo e aprendi a valorizar as coisas. Antes do acidente imaginava praticar esportes e hoje mostro, através do esporte, que não sou doente. Estou melhor agora sentado em uma cadeira de rodas, e isso não é me desfazer do problema, mas entender que tenho que viver bem.”, ressalta.

Campanha: Denilson de Souza é responsável pela campanha que recolhe tampas e lacres de latinhas, realizada pela Associação Santa-Mariense Paradesportiva, ASSAMPAR. A campanha propõe que todos que tenham consciência ambiental contribuam recolhendo os matérias para que possam ser vendidos e ajudem na inclusão de pessoas com deficiência na prática de esportes adaptados individuais e/ou coletivos.

Quem quiser ajudar recolhendo os matérias em casa pode entrar em contato com Denilson de Souza pelas redes sociais, para o recolhimento do material.

Denilson Souza no evento de kart adaptado. Foto: Lis Lemes
Denilson Souza no evento de kart adaptado. Foto: Lis Lemes/especial

O esporte adaptado em Santa Maria tem ganhado espaço cada vez mais. Alguns projetos para o público cadeirante da cidade foram criados, como o kart adaptado e a bocha adaptada.

O fundador desses projetos Denilson Souza, atleta e cadeirante, conta que via em Santa Maria a necessidade de implantar tais esportes na cidade. Mostrando o projeto para as pessoas, criando parcerias e sendo uma referência no esporte, ele conseguiu tirar o projeto do papel. No dia 10 de setembro às 18h, aconteceu o evento de bocha adaptada em carpete, na Associação Cruzeiro do Sul, uma parceria de Denilson com o presidente da associação Edemar Eilert. No dia 11 de setembro foi na Speed Pista de Kart, no bairro Camobi, onde ocorreu o evento de abertura do parakart em Santa Maria que foi das 14h às 17h.

Os projetos estão em fase de adaptação tanto com equipamentos quanto financeiramente, ainda falta um local fixo para a prática desses esportes. O carpete usado na bocha não é exclusivo para atletas com deficiência, se trata de uma regra da modalidade. Ainda não se tem um patrocinador para os projetos, os gastos para as adaptações dos aparelhos são tirados do bolso do próprio Denilson com ajuda de seu irmão.

A bocha adaptada está em análise para que em 2020 se torne uma modalidade paralímplica. Existe também um projeto Basquete em Cadeira de Rodas na Universidade Federal de Santa Maria, coordenado pela professora Luciana Palma, do Núcleo de Apoio da Educação Física Adaptada (NAEEFA). O projeto conta com cerca de 15 alunos. O time, chamado Força Sobre Rodas, espera que o número de participantes aumente com os anos.

O NAEEFA tem outros projetos para deficientes físicos, como o programa Piscina Alegre que atende pessoas com deficiência física, sensorial e múltipla. A Piscina Alegre fica no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) que faz parte do NAEEFA dentro da UFSM. O programa se organiza com os seguintes projetos: Educação e Reeducação Motora Aquática para Pessoas com Deficiência, Estimulação Essencial Motora Aquática para Bebês e Crianças com Deficiência, Atividades Lúdicas Aquáticas para Alunos com Deficiência e Natação. O objetivo do CEFD com esses projetos é a educação e reeducação motora de alunos deficientes de todas faixas etárias.

Juntamente com o basquete, existe um projeto dentro do Centro como o Handebol Adaptado que auxiliam no tratamento de pessoas com necessidades especiais. Além da Equoterapia, reabilitação de deficientes através da utilização do cavalo. Cada participante tem o auxílio de três alunos da UFSM dos cursos Educação especial, Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia.

O maior desafio dos participantes do NAEEFA, Denilson e muitos outros é lutar contra o preconceito mostrando que pessoas com algum tipo de deficiência também são capazes de praticar esporte. Este é o objetivo que esses projetos têm, em primeiro lugar, a inclusão de pessoas especiais na sociedade.

Por Gabriela Agertt e Thaís Ribeiro para o Jornal Abra

1A 15ª edição das Paralimpíadas ocorrerá entre os dias 7 e 18 de setembro na cidade do Rio de Janeiro. A cerimônia de abertura será realizada no Estádio do Maracanã. Estima-se que 4 mil atletas de 160 países irão participar dos jogos.

Santa Maria não terá representante nas paralimpíadas deste ano. O cadeirante Denilson Souza, que participou do revezamento da tocha olímpica na cidade, já tentou participar da modalidade paralímpica de canoagem. Entretanto, no ano em que iria participar, a modalidade foi retirada do programa. Atualmente, Denilson trabalha com esportes adaptados na cidade.

O projeto Basquete em Cadeira de Rodas, coordenado pela professora Luciana Palma, do Núcleo de Apoio da Educação Física Adaptada (NAEEFA) da Universidade Federal de Santa Maria, tem cerca de de 15 alunos. Entre os integrantes da chamada Força Sobre Rodas está Denilson.

Novas propostas da prática local de modalidades esportivas como bocha para cadeirantes e corrida de rua adaptada são idealizadas por Denilson. A bocha adaptada está em andamento para que em 2020 se torne uma modalidade paralímpica. O atleta acredita, com base em seu trabalho, que Santa Maria terá representantes paralímpicos nos próximos anos.

A região de Santa Maria tem cerca de 5 mil cadeirantes. Os projetos do NAEEFA visam à inclusão dos portadores de necessidades especiais a partir da prática esportiva.

Redação: Gabriela Agertt

Edição: professor Maurício Dias (Jornalismo Digital I)