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Professores estaduais estão em ‘estado de greve’

“Particularmente defendi e ainda defendo a greve da nossa categoria, por tempo indeterminado. Mesmo que as demais categorias não queiram aderir, pois entendo que a nossa categoria é a mais castigada por esse governo e por

“Particularmente defendi e ainda defendo a greve da nossa categoria, por tempo indeterminado. Mesmo que as demais categorias não queiram aderir, pois entendo que a nossa categoria é a mais castigada por esse governo e por governos anteriores”, defendeu na assembleia geral dos professores estaduais no Ginásio Gigantinho, em Porto Alegre, no último dia 18, o professor de filosofia Paulo Vinícius, da Escola Estadual de Ensino Médio Cilon Rosa. Segundo o professor, durante a assembleia, alguns professores filiados a partidos políticos, como PT e PC do B (que hoje controlam a direção do sindicato), defenderam ações que interessavam às siglas e eram a favor de uma greve curta e determinada. Os professores da corrente de oposição à direção almejaram greve unificada e por tempo indeterminado, mas não conseguiram aprovar a proposta.
O filósofo considera a luta dos professores de extrema importância, por sua história de derrota e desvalorização econômica com o governo atual e com o governo anterior. O salário é um dos mais baixos da categoria dos funcionários do Estado e está abaixo do Piso Nacional do Magistério – instituído por meio de Lei Federal em 2008. “Nossa luta é contra um governo formado por partidos declarados de direita, como PMDB, DEM, PSDB e PP, e partidos de Centro, como o PDT, PSB e PPS, que estão tentando implantar um projeto liberal econômico de diminuição do Estado. Para implantar esse projeto, o governo mente que está enfrentando uma grave crise e que não há dinheiro nos cofres públicos. Faz o mesmo que governos anteriores fizeram”, ressalta o professor.

Tarso e Sartori divergem sobre cofres gaúchos

Tarso Genro deixou o governo em 2014 e garantiu que havia dinheiro no caixa para seu sucessor e que suas contas tinham sido aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Entretanto, quando José Ivo Sartori (PMDB), assumiu o Piratini, assinou lei para aumentar o seu salário, do vice e de seu secretariado, e também – mesmo com as contenções de gastos anunciadas por ele – desembolsou R$ 4,7 milhões para o pagamento a empresas de consultorias pelo Programa Gaúcho da Qualidade e da Produtividade e pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Afepan), conforme reportagem do Correio do Povo. Além disso, apesar da operação para investigar a sonegação de imposto – Operação Zelotes -, muitas empresas não pagam seu imposto em dia ou são isentas de pagamento fiscal, enquanto os servidores públicos têm esse pagamento descontado direto do contra-cheque. E agora estão recebendo 48% dos seus salários.

Categorias estaduais paralisaram por três dias 

“A greve de três dias acabou, mas foi uma greve de unidade de todas as categorias do serviço público. Foram vários sindicatos unidos, aliás, essa foi a justificativa da direção do Centro dos Professores do Estado do RS (CPERS) em defender essa proposta, pois diziam que era o que ‘dava para fazer’, visto ser difícil unificar a luta com tantos sindicatos juntos. Segunda-feira, as aulas voltaram normalmente, infelizmente, porque motivos temos de sobra para uma greve forte e por tempo indeterminado. Voltaremos para dar nossas aulas e não prejudicar ainda mais os alunos, que são as maiores vítimas disso tudo por culpa desse governo”, desabafa Paulo Vinícius.

Professores devem voltar a parar

Sandra Regio, diretora do Segundo Núcleo do CPERS, conta que a partir do mês de janeiro, a categoria pediu o reajuste de 13,01% do piso. Porém, está recebendo menos da metade do salário. Há 40 anos, como constata a sindicalista, o Estado está com as contas no vermelho. “Agora, a prioridade desse governo é vender as estatais do funcionalismo público. Lutamos pelos reajustes dos salários de todos os servidores, lutamos contra as privatizações, e queremos a ouvidoria da dívida do Estado. Queremos e temos o direito de saber quanto o Estado recebe e quanto gasta conosco. No dia 18, em Porto Alegre, teve um dos maiores movimentos do funcionalismo do Estado com mais de 15 mil pessoas.
“O problema é que o salário não é o principal foco, lutamos também contra os anti-projetos que o governador quer implantar, por exemplo, aumentar a contribuição de cada dependente da família do funcionário ao IPERGS (descontado direto do contra-cheque)”, comenta a professora. Segundo Sandra, as greves dos professores estão sendo de “contra-ataque”, quando o governo anuncia um congelamento de salário ou uma medida prejudicial aos funcionários, ele param por um determinado tempo, e então o governador cede um pouco, como fez ao pagar o restante do salário atrasado do mês passado.
“Estamos em estado de greve. E a partir do dia 31 de agosto entraremos em greve novamente, de quatro dias. Dia 3 de setembro terá um ato na frente do Palácio do Piratini para protestar contra os anti-projetos, que são o projeto do IPE, ajuste fiscal, aumento de impostos e privatização das estatais. Precisamos que ele tire esses projetos que nos afetam e dificultam nosso funcionalismo”, defende a sindicalista.