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Gaúcho de apartamento

Gaúcho de apartamento na Semana Farroupilha

Quando chega a Semana Farroupilha, o amor pelo Rio Grande do Sul aflora e os gaúchos e gaúchas de todas as querências querem mostrar para todos a força da tradição e o apego pelo Rio Grande. Muitas pessoas

Grupo de jovens tomando mate na Praça Saldanha Marinho. Foto: Karin Spezia. Laboratório de fotografia e memória.

Quando chega a Semana Farroupilha, o amor pelo Rio Grande do Sul aflora e os gaúchos e gaúchas de todas as querências querem mostrar para todos a força da tradição e o apego pelo Rio Grande.

Chiripá farroupilha. Foto: arquivo
Chiripá farroupilha. Foto: arquivo

Muitas pessoas renovam as “pilchas”, denominação dada a indumentária do gaúcho. Para o homem, bombacha, bota ou alpargata, cinturão, lenço, chapéu e camisa, além do chiripá – saiote que lembra um fraldão, usado sobre a bombacha. Hoje vale o mesmo para as mulheres que conquistaram essa alternativa para além do tradicional vestido de prenda. Segundo Fabiana Gonçalves, gerente de uma loja especializada em artigos gaúchos, disse que aumentou 50% as vendas devido à Semana Farroupilha,  e também que este aumento já era esperado.  A festa comemorativa lota os CTGs (Centro de Tradições Gaúchas), a semana toda, com bailes, “entrevero de bóias” (Nome dado aos jantares/almoços que servem vários pratos típicos da culinária gaúcha).

No entanto, há também os chamados “Gaúchos de apartamentos”, termo utilizado para quem compra pilcha e se veste a caráter somente na Semana Farroupilha, mas  não abre mão de cultivar as tradições o ano todo assegurando o churrasco aos domingos, o chimarrão e outras peculiaridades da cultura gaúcha. Estes, não necessariamente, frequentam os CTGs, como é caso do Cezar Bonacorso (19). “Gosto do mate à tardinha e do churrasco aos domingos, porém não frequento CTG, e não gosto muito de usar bombachas. Mas respeito e gosto das tradições gaúchas,” afirma Bonacorso.

É também o caso do estudante da UFSM, Cássio Michels (20), para quem uma das maiores paixões  é o churrasco. “Não vou a CTG, não uso pilchas, mas gosto do bom e velho churrasco,” diz o estudante que ainda disse que ia “para fora” ( expressão usada para referir a ida para as fazendas, sítios ou chácaras no meio rural) mas que com a faculdade e a falta de tempo, não vai mais.

Leonardo Lima  e Juliana Dorneles tomando chimarrão na Praça Saldanha Marinho. Foto: Karin Spezia. Laboratório de fotografia e memória.

As tradições e o amor pelo RS passam de pai para filho, como conta a Juliana Dorneles, técnica em enfermagem (24), “Meus pais cultivam o ano todo as tradições, frequentam CTG e me ensinaram também a cultivar as tradições,” relata Juliana.

Para Stefani Mello (23) “o amor pelo Estado está além de ir ou não a CTG. Está dentro da gente, nasce conosco, até quem não frequenta esses espaços tem um amor pelo Rio Grande,” diz a estudante que também afirmou que gosta da música gaúcha, de dançar em CTG e de vestir bombacha.

Este repórter-aprendiz não pode deixar de se manifestar quando se trata dos pagos gaúchos. Para mim, ser gaúcho de apartamento ou de CTG não importa, somos todos iguais Gaúchos. E temos um amor pela nossa terra, por mais que não cultivemos de forma veemente as tradições, sempre levamos algo dela conosco, com os costumes, as comidas e bebidas típicas que fazem parte do nosso cotidiano. Ao tomar um chimarrão, fazer um churrasco com os amigos, ir para fora aos finais de semana, falar sinaleira ao invés de semáforo, chamar o menino de guri ou pia, estamos conservando as tradições e mostrando que podemos gostar de rock, samba, pagode, jazz, música clássica, funk, sertanejo, mas mesmo assim sermos gaúchos de apartamento ou não, mas gaúchos.