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2019 é o ano das mulheres no esporte?

Há décadas a luta das mulheres por direitos iguais e por espaço ocorre no esporte e em todos os âmbitos da sociedade. É dura a realidade do esporte feminino e, principalmente, a do futebol onde a

A representatividade da mulher no esporte

Quem assiste aos noticiários e se depara com Alice Bastos Neves, Renata Fan, Fernanda Gentil e as demais jornalistas em frente às telas, até imagina que as mulheres sempre fizeram parte deste cenário. No entanto, foi

A face de Maria Eva

Ao se olhar no espelho, o que vê? Muitos reclamam de alguma imperfeição no nariz, uma ruga ou espinha indesejada. E se na verdade o que o que enxergasse no reflexo não fossem apenas problemas estéticos,

Painel discute gênero e políticas públicas

O debate sobre gênero e políticas públicas ocorreu na tarde de quarta-feira, 29 de agosto, e reuniu a psicóloga, mestre e doutora em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Priscila Pavan

Dia 10 de setembro de 2019, Sahar Khodayari, 30 anos, mulher, mais uma vítima da desigualdade de gênero, no país e no mundo.

Preconceito de gênero no esporte ainda persiste em países como o Irã. Foto: pixabay.

Hoje debatemos todos os dias sobre desigualdade de gênero, mas você sabe qual o conceito dela? Desigualdade de gênero é fenômeno social e acontece quando há discriminação e/ou preconceito com outra pessoa por conta de seu gênero (feminino ou masculino). Blue Girl, como também era conhecida, morreu após atear fogo no próprio corpo, já que poderia ser presa por seis meses após ter tentado entrar num estádio de futebol para assistir a um jogo, vestida de homem. Ela era torcedora do Estaglal, que tem o azul como uma das suas cores principais, por isso Blue Girl.

No Irã, desde 1979, as mulheres foram proibidas de entrar em estádios de futebol, o que nos últimos anos têm gerado conflitos e inúmeras reivindicações por parte do público feminino. Torcedoras chegaram a se fantasiar de homens, com perucas e barbas falsas, como Sahar, para poderem ter acesso aos jogos. Em junho deste ano, algumas iranianas foram agredidas por seguranças e detidas após comprarem ingressos para um amistoso da seleção do  Irã contra a Síria. No ano de 2018, aproximadamente 35 torcedoras foram presas por entrar no estádio Azadi para acompanhar o clássico entre Persépolis e Esteghlal.

Assegurar o direito de uma educação inclusiva e de igualdade de gênero é dever do estado, no entanto, a prática desses direitos não é exercida no Irã, já que existem políticas públicas que restringem a liberdade e os direitos femininos no país.

Após a Revolução Islâmica no final da década de 1970, muitas coisas mudaram no país, se antes as mulheres andavam nas ruas com roupas semelhantes às nossas, como calça jeans e cabelos soltos, a partir da revolução as novas autoridades muçulmanas impuseram um código de vestimenta obrigatório, que determinava o uso do hijab (véu islâmico) por todas as mulheres.

Se no Brasil e no mundo a luta por direitos iguais é uma das principais bandeiras levantadas, no Irã o governo religioso, autoritário e radical, tornou as mulheres reféns de leis que tiram sua autonomia.

Inúmeros jogadores e figuras conhecidas no meio esportivo se comoveram com a morte de Sahar, como o ex-jogador iraniano Ali Karimi, ele foi e é dos principais defensores do direito das mulheres de entrarem em arenas esportivas no país. Karami publicou em uma de suas redes sociais pedindo que os iranianos boicotem os estádios em protesto pela morte de Khodayari.

Há quase 40 anos as mulheres lutam pelo direito de voltarem a frequentar estádios de futebol, seja na liga nacional ou em jogos da seleção, o que acontecia antes da Revolução Iraniana de 1979. No passado, a Arábia Saudita baniu a proibição a mulheres em estádios. Atualmente, o Irã é o único país que ainda impede que mulheres frequentem estádios esportivos, apesar da pressão constante da Fifa.

Na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, inúmeras torcedoras puderam realizar o sonho de acompanharem uma partida da seleção de dentro do estádio. Foi após inúmeras reivindicações e luta por acesso aos jogos, no próprio país, que o dia 10 de Outubro será histórico para as iranianas.  Elas poderão assistir a partida da seleção do Irã contra Camboja, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, no estádio em Teerã. Mas é importante salientar que o direito foi concedido antes da morte de Sahar e que não garante que elas terão livre acesso a outros jogos após a data.

A morte de Khodayari causou tamanha indignação no Irã e no mundo que, em redes sociais, internautas pediram para que a federação de futebol iraniana fosse punida, suspensa ou até mesmo banida da próxima copa. Até porque a própria Fifa impõe que a discriminação em razão do sexo é punível com suspensão ou expulsão da equipe.

Se antes já era fundamental falar sobre os direitos femininos no Irã, Sahar Khodayari se tornou símbolo da luta por direitos iguais no país e pelo acesso das mulheres aos estádios de futebol. Posicionamentos precisam ser feitos e medidas tomadas. A trágica morte de Sahar levanta o questionamento: até quando tragédias precisam acontecer para que as coisas mudem?

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias

 

 

Foto: arquivo ACS

Há décadas a luta das mulheres por direitos iguais e por espaço ocorre no esporte e em todos os âmbitos da sociedade. É dura a realidade do esporte feminino e, principalmente, a do futebol onde a falta de investimento e visibilidade do poder público interferem no rendimento das equipes e na formação de novas atletas.

Existem inúmero argumentos por parte, principalmente dos homens, para tentar explicar a ausência de investimento nos esportes femininos. Um desses motivos é a falta de interesse por parte do público. No entanto, existe a questão que nos leva a pensar no porquê da falta de interesse.

E cabe dizer que a construção midiática em torno do futebol masculino é uma das causas do sucesso e do comércio  que se tornou o esporte. Sem falar que uma coisa puxa a outra. Se não existe interesse por parte da mídia  em visibilizar o esporte feminino, isso resultará na falta de interesse dos telespectadores.

A mídia tem sua parcela de culpa na falta de apoio ao esporte feminino, como mostra uma pesquisa realizada pela Unisinos. De acordo com os dados levantados, apenas 2,7% da cobertura midiática no país é voltada ao esporte feminino, 37 vezes menos que o esporte masculino.

O preconceito e a falta de incentivo às mulheres no esporte não é de hoje. O artigo 54 do Decreto-lei 3199, de abril de 1941, expõe: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Na época as mulheres tinham a prática esportiva negada por lei, enquanto a seleção masculina de futebol iniciava a sua trajetória de conquistas. Após anos de proibição, a lei só foi abolida no final da ditadura militar em 1979. Assim, após quarenta anos da queda do decreto que proibia as mulheres de praticarem esportes no país, o futebol feminino começou a ganhar espaço e credibilidade.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]O Corinthians é o atual campeão feminino e recebeu a premiação de R$120 mil, já o Palmeiras, campeão masculino, foi gratificado com R$30 milhões. E ainda tem pessoas que dizem não ver diferença na luta por igualdade de gênero no esporte.[/dropshadowbox]

A partir deste ano todos os clubes que disputam a série A do Campeonato Brasileiro devem ter uma equipe feminina adulta e uma de base, além disso elas precisam disputar pelo menos um campeonato oficial. E se cada conquista é considerada uma grande vitória no combate ao preconceito no esporte feminino no país,  a diferença de investimentos e de patrocínio entre o futebol masculino e feminino continuam chamando a atenção.

Historicamente a Confederação Brasileira de Futebol segue mantendo a diferença de investimentos entre o campeão feminino e o masculino do Campeonato Brasileiro. O Corinthians é o atual campeão feminino e recebeu a premiação de R$120 mil, já o Palmeiras, campeão masculino, foi gratificado com R$30 milhões. E ainda tem pessoas que dizem não ver diferença na luta por igualdade de gênero no esporte.

Mesmo com a obrigação imposta pela CBF para que os clubes criem equipes de mulheres, o caminho ainda é longo para valorização e o reconhecimento do futebol feminino.

Um grande passo está sendo dado neste ano de 2019, pela primeira vez na história todos os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo Feminina de Futebol serão transmitidos em canal aberto. A Rede Globo transmitirá todos os jogos da seleção feminina na principal competição da modalidade que inicia em 7 de Junho, na França. O Sportv, canal fechado da emissora, transmitirá todas as partidas do torneio.

O Brasil vai em busca do título inédito da competição, já que em 2007 a conquista bateu na trave e a Alemanha se consagrou a campeã mundial daquele ano.

No mundial deste ano, o Brasil está no grupo C e estreia dia 9 de Junho, contra a Jamaica. Na segunda rodada, o duelo será contra a Austrália, no dia 13. E pra fechar a fase de grupos no dia 18 as brasileiras enfrentam a Itália. Com o objetivo de expandir o alcance do futebol feminino no Brasil, o aumento na visibilidade e a transmissão de todos os jogos da seleção feminina é um indício do crescente interesse, ainda pequeno, pelo esporte no país.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]A maior jogadora de futebol de todos os tempos é a brasileira Marta, que também foi eleita seis vezes como a melhor jogadora do mundo. Sem falar que a  camisa 10 da seleção, tem 15 gols marcados, o que a torna a maior artilheira do esporte em Mundiais.[/dropshadowbox]

E respondendo a pergunta inicial deste texto, 2019 é o ano das mulheres no esporte sim. E isto porque pela primeira vez a Adidas pagará às atletas patrocinadas pela marca, a mesma premiação paga aos homens.  Erick Liedt, diretor da marca, explicou em comunicado oficial que o objetivo de igualar as premiações vai além de corrigir a desigualdade de gênero, mas também busca incentivar as próximas gerações de jogadoras.

Com este posicionamento vindo de uma marca conhecida mundialmente chega a dar um conforto no coração e a esperança por apoio e incentivo ao futebol se multiplicam cada vez mais. Vitórias como essas citadas aqui são o resultado de décadas de luta e reivindicações que continuaram até que a desigualdade diminua, que a absurda diferença de salários diminua, que o preconceito diminua e que as mulheres tenham o suporte necessário para a prática de esportes no Brasil e no mundo.

 

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias

Angelica na cobertura de jogos pela Imembuí. Foto: Arquivo Pessoal/ Angelica Varaschini

Quem assiste aos noticiários e se depara com Alice Bastos Neves, Renata Fan, Fernanda Gentil e as demais jornalistas em frente às telas, até imagina que as mulheres sempre fizeram parte deste cenário. No entanto, foi necessário muito empenho e tempo para que elas chegassem até ali, mais ainda para alcançarem uma posição de prestígio neste mercado.

A participação das mulheres no esporte brasileiro vem aumentando gradativamente nas últimas décadas. No entanto, se comparada ao sexo masculino, no campo, arquibancadas e na área jornalística, não existe igualdade de gêneros.

Janaína em cobertura de jogo. Foto: Arquivo Pessoal

Angelica Varaschini, é formada em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria. E hoje apresenta e produz o programa “Arena Esportiva”, na rádio Imembuí, sendo responsável pela apresentação esportiva. Também faz parte do quadro fixo no programa do André Campos o “Tá na hora”, que trata de informações dos times da cidade.

O cenário esportivo atual tende a cada vez mais inserir as mulheres. Angelica entende que o espaço conquistado pelas mulheres no esporte inaugura boas perspectiva. Por mais, que algum preconceito ainda resista nesse sentido. “Temos que mostrar o nosso trabalho, que estamos ali  por nossa capacidade e evolução, não porque se é mulher ou homem. Mas o campo esportivo para mulher vem ganhando muito, não só no futebol mas no vôlei, nas lutas, em tudo. Então eu acho que isso só tende a crescer ainda mais”, ressalta Angelica.

Em pesquisa realizada por nossa equipe com o uso do aplicativo de enquetes no Instagram e Twitter – conta pessoal –, opinaram sobre a mulher nessa área  pessoas de Santa Maria, Alegrete, Porto Alegre, Tramandaí e Santa Catarina. Com o total de 350 votos no Instagram, 82% das pessoas acreditam que a mulher está, sim, conquistando seu espaço no campo esportivo. Já no Twitter, a diferença não foi tão grande: 56% acreditam que sim, a mulher está despontado no esporte, já 44% acham que não. Algumas das pessoas que votaram justificaram o porquê de não achar que a mulher está conquistando seu espaço e, em sua maioria, as justificativas se dão em razão da desigualdade de gêneros gritante nesse meio, além da diferença de cargos e visibilidade a partir de quem participa jogando, por exemplo.

Fonte: Enquete feita na plataforma do Twitter. Gráficos: Allysson Marafiga
Fonte: Enquete feita na plataforma Instagram. Gráfico: Allysson Marafiga

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nessa onda de redes sociais, que vem tomando conta dos meios informativos as hashtags ganham espaço nas emissoras televisivas, fazendo interação com o Twitter. Um exemplo é a conhecida do #CentralDoTorcedor, no uso da qual, no Globo Esporte, os jornalistas respondem perguntas dos torcedores que acompanham os jogos e a programação.

Tamara Finardi segurando suas medalhas. Foto: Arquivo Pessoal

Janaína Wille, comentarista de futebol americano e repórter, ressalta a campanha #deixaelatrabalhar, que ganhou as redes sociais nos últimos tempos. Ainda assim, a mulher no jornalismo esportivo ocupa um lugar muitas vezes secundário. “Sempre vamos nos espelhar naquilo que vemos, nas referências que temos. E ainda há poucas referências de mulheres em determinadas funções, como narradores e comentaristas. Representatividade importa sim”, complementa  Janaína.

A realidade das mulheres que querem trabalhar com jornalismo esportivo ainda é dura. Desde o público em geral aos próprios colegas. Isso depende de uma mudança cultural. O esporte é reflexo da sociedade, e, para Janaína, a sociedade ainda é muito machista. As pessoas precisam mudar a mentalidade, mudar a forma de encarar e de ver a mulher dentro do jornalismo esportivo. “No meu caso, não aconteceram situações constrangedoras enquanto trabalhava com futebol americano. Mas com o futebol que se joga no Brasil, sim. 

Em Santa Maria, as mulheres buscam cada vez mais se inserir no esporte.  Fundaram diversos times de futsal, hugby, basquete, vôlei, futebol americano, entre outros esportes em que  “batem um bolão”.  Tamara Finardi é um belo exemplo disso, é graduada na Unipampa e apaixonada por Jornalismo e esporte, mais especificamente o futsal. A prática teve início como uma brincadeira, mas a partir disso se tornou algo sério com a ideia de tratar de pautas relacionadas à mulher no esporte.

Junto com cinco amigas, da área da comunicação, elas criaram a proposta de um programa chamado “O pódio é dela”, todo destinado a mulheres no esporte, veiculado na Rádio Armazém. Abordar a representatividade e buscar fortalecer a mulher neste espaço, seja no jornalismo esportivo, em meio a atletas ou a qualquer meio esportivo é o nosso foco, diz Tamara.

 

Texto produzido por Allysson Marafiga e Luana Oliveira, na disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da UFN, ministrada pela professora Carla Torres durante o 2º semestre de 2018.

Ao se olhar no espelho, o que vê? Muitos reclamam de alguma imperfeição no nariz, uma ruga ou espinha indesejada. E se na verdade o que o que enxergasse no reflexo não fossem apenas problemas estéticos, mas, na verdade, algo diferente daquilo que você é? Muitas pessoas não se identificam com o sexo que nasce. Maria Eva Bevilaqua Rizzatti, aluna de Design de Moda é uma delas.

Ela é a definição completa da frase de Simone Du Beauvoir: não se nasce mulher, torna-se mulher. Seu desenvolvimento não foi apenas de uma personalidade, como é o caso da maior parte das mulheres. Teve que moldar seu corpo de nascença. Todos passamos por fases em diferentes momentos da vida. Sua transformação ocorreu aos poucos, naturalmente. Aos 12 anos começou a tomar hormônios escondido da família, aos 18, usar roupas femininas. “Passei por várias situações que as mulheres cis também passam”. Teve vergonha quando os seios começaram a crescer e marcar a camiseta. Para ela, o plot de virada do filme que é sua vida não se resume apenas à transformação. “Hoje também está sendo uma fase para mim”.

Após atingir a maioridade, para alcançar seus objetivos, seguiu um caminho maior: decidiu sair de casa e realizar as cirurgias plásticas que completariam sua metamorfose. Adotou o nome composto Maria Eduarda. Depois de um tempo, trocou o segundo por Eva, de origem hebraica e que significa viver. Levou dois anos para conseguir obter os documentos com o nome definitivo. “Já consegui trocar quase tudo. Só falta a carteira de motorista”.

A família sempre a apoiou. Pai, mãe e irmão. Ela conta que sempre se identificou como mulher. “Passei por mudanças, mutilei o meu corpo, para me tornar uma mulher. Mas, desde criança, sempre tive pensamentos de mulher”. O genitor é de quem mais é próxima. Falam-se todos os dias, nem que seja por telefone. Ele afirma que na infância não identificava o lado feminino da filha. “Na adolescência, percebi que ela gostava de usar cabelos longos e roupas femininas. Foi a partir daí que comecei a aceitá-la como uma mulher”. Os parentes próximos sempre a incentivaram a estudar.

Sendo a única acadêmica trans no curso de Design de Moda, uma das poucas na instituição, expressa tristeza ao saber que não são todas que dispõem do mesmo privilégio. “Procuro aproveitar ao máximo. Sempre tento me enfiar onde os outros não imaginam encontrar uma trans. Aos poucos vamos indo. Quero mostrar que não somos o estereótipo marginalizado, que o senso comum tem”. Passou por situações de preconceito no mundo acadêmico. Teve que falar com os Direitos Humanos sobre uma professora que se recusava a tratá-la pelo feminino. “No final, deu tudo certo. Isso aconteceu no primeiro semestre”. Querida pelos colegas, está sempre rodeada de amigos, num clima de alegria e descontração.

Sobre o futuro? Explica que pensa em seguir os estudos, especializar-se e abrir a própria marca. Contudo, não planeja um futuro distante, prefere viver uma fase de cada vez, aproveitar os momentos da vida pois, no ar que respira, sente o prazer de ser o que é, de estar onde está. Agora, só falta o diploma.

Texto produzido no primeiro semestre de 2018, para a disciplina de Jornalismo II, sob a orientação do professor Carlos Alberto Badke.

 

O debate sobre gênero e políticas públicas ocorreu na tarde de quarta-feira, 29 de agosto, e reuniu a psicóloga, mestre e doutora em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Priscila Pavan Detoni e  Amilton Gustavo da Silva Passos,  pós-graduado em Educação e membro da Corpora em Liberdad, de Porto Alegre, durante o 9º Interfaces do Fazer Psicológico.

Priscila iniciou o debate falando sobre gêneros, cor e classe social, ressaltando que “todos esses marcadores são categorias que nos constrói como sujeitos.  A psicóloga explica que, no Facebook, ao criar uma conta o usuário informa seus dados como a data de nascimento, o idioma, a cidades e um dado que para muitos, passa despercebido – o gênero. De acordo com ela, o site de relacionamento oferece 17 tipos de gêneros. Na Inglaterra, o Facebook oferece 84 novas opções de gêneros para que o usuário possa expressar melhor a sua identidade com a nova opção de customização.

Priscila destacou a violência de gênero como um tipo de agressão física e psicológica cometida contra qualquer pessoa de um sexo sobre o sexo oposto. E citou o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) como uma unidade pública de assistência social que se propõe ao atendimento de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social e ressaltou que dos 90% a 95% dos atendimentos são do sexo feminino mulheres.

Seguindo o debate, Gustavo Passos abordou sobre gênero sexualidade: componentes úteis ao controle prisional. Ele falou sobre a criação de uma ala especifica para agrupar travestis e gays no Presidio Central de Porto Alegre (PCPA). “A ala surge com o propósito de uma medida de segurança na tentativa de preservar a vida da pessoa que está convivendo com grande risco à vida. E também devido aos travestis não quererem ir para as prisões femininas”, afirma o pós-graduado em educação.

 

 

 

Ocorre nesta terça-feira, 12, um ciclo de cinema que vai debater o papel da mulher com deficiência na sociedade a partir de questões sociais, culturais e políticas as quais ela enfrenta no dia-a-dia.

Denominada de I Ciclo de Cinema – Gênero e Deficiência, a iniciativa ocorrerá entre os meses de setembro a novembro. A cada sessão haverá apresentação de filme seguido por debate com uma convidada mediadora.

O primeiro filme será Preciosa (2009), que conta a história de Precious, uma adolescente negra norte-americana que sofre com o preconceito e com o péssimo relacionamento com a mãe. No meio disso tudo, uma professora tenta ajudar a garota a melhorar sua vida.

O debate será realizado na Sala 3272, do Centro de Educação, prédio 16, da Universidade Federal de Santa Maria, na  às 18h.

Confira o trailer de Preciosa: [youtube_sc url=”https://www.youtube.com/watch?v=AnrxEqzI81g”]