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leitura obrigatória

Livro A Cidade Ilhada de Milton Hatoum

Uma das leituras obrigatórias para o vestibular de verão do Centro Universitário Franciscano é a obra literária “A Cidade Ilhada” escrita pelo escritor manauense Milton Hatoum. O livro que reúne 18 contos do consagrado escritor amazonense coloca em evidência

Contos Definitivos reúne os doze contos mais importantes de Machado de Assis.

Além de ser uma das leituras obrigatórias do Vestibular de Verão da Unifra, “Contos Definitivos” também é um compilado dos doze principais contos de Machado de Assis: A cartomante; Pai contra mãe; Um homem célebre; Missa do galo; Uns braços; Noite de almirante; Cantiga de esponsais; O espelho; Conto de escola; O caso da vara; O alienista e  Teoria do Medalhão.

Segundo a professora Sabrine Menezes, do Instituto Federal Farroupilha (IFF – Campus São Vicente do Sul), as obras do escritor representam o público burguês de modo tão realista que acabam por provocar, entre os leitores, mais identificação que constrangimento. De fato, o uso de recursos como o tempo psicológico, através do qual a linha temporal da narrativa pode aumentar ou diminuir de acordo com o estado de espírito do personagem, a reflexão sobre a mesquinhez humana e a visão pessimista assumida diante do mundo e da humanidade são características marcantes nos livros de Machado.

A professora ainda destaca os temas mais abordados pelo autor:

  • Adultério
  • Sociedade parasitária (relacionada, principalmente, à escravidão)
  • Razão x loucura
  • Egoísmo, vaidade, interesse e hipocrisia
  • Ambiguidade feminina
  • Análise psicológica, pessimismo e ironia
  • Análise dos valores sociais – muito ligados a vida das pessoas que habitavam o Rio de Janeiro no século XIX

Com relação aos contos presentes em “Contos Definitivos”, destaca-se a temática de crítica social e denúncia as crueldades cometidas durante o período da escravidão no Brasil, presentes na narrativa de “Pai contra mãe”. Cândido Neves é o protagonista da história e sua profissão é caçar os escravos que fugiam das fazendas e aplicar-lhes as penas devidas. Este apaixona-se por Clara e o romance não é bem visto aos olhos de Mônica, a tia da jovem. O conto foi adaptado ao cinema pelo cineasta Sérgio Bianchi, ganhando o título “Quanto vale ou é por quilo?”, que se vale da temática para fazer uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social.

“A cartomante” revela o adultério de Rita, casada com Vilela e que acaba por se envolver com Camilo, um dos amigos de infância do marido. A figura da cartomante é apresentada como charlatã e de maneira sinistra mente e engana os personagens, levando-os a um destino trágico. Sabrine destaca a caracterização de Rita como infiel, mentirosa, que engana o marido e faz oposição ao idealismo romântico, na qual a mulher era vista como angelical, sem defeitos, pura e fiel.

O Laproa produziu uma versão em vídeo sobre o livro. Confira!

 

 

 

Capa do livro A Cidade Ilhada

Uma das leituras obrigatórias para o vestibular de verão do Centro Universitário Franciscano é a obra literária “A Cidade Ilhada” escrita pelo escritor manauense Milton Hatoum. O livro que reúne 18 contos do consagrado escritor amazonense coloca em evidência a própria Manaus, ou seja, a cidade ilhada. Assim, Hatoum, já reconhecido pelos seus romances,  inovou com seus relatos curtos. A obra foi lançada em 2009, e é leitura obrigatória do vestibular da Unifra desde o concurso de verão de 2017.

As histórias, cada uma com sua especificidade, convergem para reconstruções de Manaus a partir de gatilhos do presente, isto é, um fato desencadeia uma lembrança impregnada de afeto, ou seja, uma recordação que jogará luz ao passado numa narrativa de leveza lírica e, em muitos contos, com um final surpreendente. A Manaus que aparece nos contos de Hatoum, é uma cidade cosmopolita e heterogênea, na qual muitas vozes podem se manifestar.

Dicas sobre a obra de Hatoum

Professor Rodrigo Bentancurt. Arquivo pessoal

O professor Rodrigo Bentancurt deu sua opinião sobre o livro e também dicas para os vestibulandos. Rodrigo é graduado em Letras Português e também em Letras Espanhol, ambas pela UFSM, e é  especialista em Gestão da Educação. Atualmente é professor de Literatura e Artes no Totem Vestibulares. Segundo ele ” (…) o aluno que quiser fruir uma excelente leitura de contos da nossa narrativa contemporânea, devore o livro a partir das nossas dicas e arrebente na prova de literatura do vestibular da Unifra no dia 27 de novembro”.

Dicas do professor:

Alguns personagens se repetem ao longo da obra, como o Tio Ranulfo. Além do mais, muitas vezes o narrador, em primeira pessoa, parece ser o mesmo de outros contos, criando assim uma visão fragmentada e multifacetada da existência humana.

Provavelmente, a questão do vestibular será uma conferência de leitura, isto é, algo relativo ao enredo da obra, assim como ocorreu na prova do Verão de 2017, quando a pergunta era relacionada ao conto O adeus do comandante.

 Espaço: assim como ocorre na quase totalidade da obra do escritor, Manaus é espaço privilegiado em 17 dos 18 contos, seja pela sua ambientação, seja por memórias de personagens que estão fora do país, mas guardam relação com a cidade. O único conto em que não há referências à capital do Amazonas é Bárbara no inverno.

Tempo: na maior parte dos contos o tempo é psicológico. A partir de uma lembrança, os personagens trazem à tona acontecimentos do seu passado, construindo, assim, não só a sua identidade, mas a da cidade também.

Linguagem: a linguagem é a norma culta urbana do português, em estruturas clássicas de contos curtos, com finais inesperados. Hatoum conduz magistralmente o leitor nas teias de seus enredos, fazendo-nos andar pela cidade de suas memórias. A forma dialoga com contos de Machado de Assis, utilizando inclusive a leitura das obras do escritor realista do século XIX como tema de uma de seus contos, chamado Encontros na península, e sugerindo o conto A causa secreta, de Machado de Assis como base.

Questões existências: a reconstrução da memória, geralmente, partindo de uma lembrança, compondo, desta forma, a identidade dos sujeitos vinculados a Manaus.

Ação: nos dezoito contos encontramos os mais diversos enredos: a descoberta da sexualidade, a integração do sujeito com o rio, traições, desejos e vontades, sujeitos exilados, assassinatos para lavar a honra, centrados em uma Manaus cosmopolita, na maioria das vezes, habitada por sujeitos de origens diversas: japoneses, ingleses, indianos, suíços, enfim uma gama de pessoas que, junto com os libaneses e com os índios compõem o mosaico de etnias que é a cidade.

Observe, como dica, o enredo do conto Varandas de Eva: o título do conto é também nome de um prostíbulo ao qual tio Ranulfo leva o narrador e seus amigos ainda adolescentes. O grupo é formado por Minotauro, Gerinélson e Tarso, um rapaz pobre que precisou que lhe dessem roupas para ir ao local, e acaba encantando com suas vestes. À porta do Varandas de Eva, Tarso foge. O narrador tem uma noite de amor, na qual se apaixona pela prostituta, embora não a encontre mais. Com o passar do tempo a turma se separa, e anos depois o narrador encontra Minotauro que lhe conta ter entrado para aeronáutica, que Gerinélson foi para SP onde vai ser ginecologista e já conhecia o Varandas e que Tarso está cada vez mais pobre. Depois de mais um tempo, o narrador avista ao longe, trabalhando com uma canoa, Tarso, que deixa algumas coisas em casa, então o narrador reconhece que a mãe de Tarso é a prostituta com a qual ele esteve no Varandas.

Confira o vídeo produzido pelo LaProa sobre o livro  A Cidade Ilhada.

 

 

 

 

Foto: Imagens Google.

 “Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira.” Foi assim que Adélia Prado, um dos mais importantes nomes da poesia feminina brasileira do século XX, iniciou seu livro Bagagem. Com o poema “Com Licença Poética”, o qual se inspira claramente no poema “Sete faces” de Carlos Drummond de Andrade. Anuncia já no primeiro poema do livro seu objetivo com a obra: apresentar seus sentimentos em relação ao universo que a cerca, mesmo com todas as limitações impostas pela sociedade da época à mulher.  Adélia constrói seus poemas a partir de estruturas bastante simples, não costuma fazer uso de palavras rebuscadas nem emprega recursos formais muito sofisticados.

   Bagagem foi seu livro de estreia, lançado em 1976, é considerado um dos principais livros de poesia publicados por mulheres nas últimas décadas. Sua obra interessante e diversa é marcada pela simplicidade com que trata de temas do cotidiano. Ela foi descoberta por Afonso Romão de Sant’Anna, que apresentou a obra para Drummond, o qual achou muito interessante e quis que Adélia fosse conhecida pelo Brasil, pois sua obra é totalmente retratada com sua espontaneidade.

Adélia Prado, um dos mais importantes nomes da poesia feminina brasileira do século XX. Foto: Imagens Google.

A autora divide o livro em cinco partes: Modo Poético, com 66 poemas; Um Jeito e Amor, com 19 poemas; A Sarça Ardente – I, com 14 poesias; A Sarça Ardente – II, com 13 poesias; e Alfândega, com um poema. Retrata sua condição feminina várias vezes e em vários pontos. O amor é outra temática abordada, ele aparece de forma muito simples. Há também uma presença constante do cotidiano, cenas da vida corriqueiras que ganham um tom lírico, porque ela faz parte de um grupo de poetas mineiros que traz de volta o lirismo para dentro da poesia.

   As relações familiares, como o amor entre mãe e filho, a relação entre pai e filha, ou entre marido e mulher também são retratadas. Adélia escreve também sobre a questão da memória, relembrando acontecimentos vividos por gerações anteriores. Outro aspecto importante de destacar é a questão da religiosidade e relação com o sobrenatural.

De acordo com a professora de literatura, Adriana Aires, o livro tem uma importância totalmente especial porque a autora é uma dessas poetisas que traz muito forte questões de busca de igualdade entre gêneros, a busca do espaço da mulher de se ver como um ser capaz de ultrapassar algumas barreiras existentes. Não que ela vá vencer esses aspectos, mas que pode ser mãe, esposa, companheira, entretanto também ser aquela mulher que vai em busca dos seus objetivos.

“É muito necessário abordar essas temáticas femininas dentro de uma sociedade machista da década de 70. Ainda que em 2017 ainda exista bastante questões de machismo, abordar uma temática dessas em plena época de ditadura, onde ela apresenta vivências de mulheres, esposas, mães, dá voz a essas mulheres comuns, e ainda traz questões de amor e religiosidade, é realmente legal de ver o quanto esse empoderamento já era dado através da literatura e da poesia”, analisa a professora.

O Laproa produziu um comentário em vídeo sobre bagagem. Confira!

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Era Vargas, o preço do café, nosso principal produto de exportação, havia caído. A censura da ditadura Vargas estava presente pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Diversos participantes do então Partido Comunista foram perseguidos, torturados e presos, entre eles o autor desta obra, Graciliano Ramos.

Graciliano Ramos, o “continuador de Machado de Assis”, como é chamado, retrata em Angústia (1936) uma visão crítica das relações sociais, trazendo ao leitor uma visão pessimista, uma descrença nos valores humanos, em meio às ameaças e ao clima de perseguição, que ele, Graciliano, recebia e vivia, tanto que foi preso no dia em que entregou a obra para digitação.

O romancista na época era diretor público. Então escrevia a obra nos intervalos do trabalho, o que fez o romance ser escrito com muitas interrupções, e por isso, houve muita perturbação ao escrever.

Angústia retrata a história de Luís da Silva, funcionário público pessimista em relação a própria vida. Ele havia saído do âmbito rural muito cedo e nunca se adaptou ao meio urbano. Vivia com sua companheira, Marina, em uma casa no subúrbio, em um ambiente muito degradado, com muita sujeira e ratos por todo lado. Por esse motivo, Luís era atormentado pela ideia de ser um rato.

A história é toda contada em primeira pessoa, logo trazendo a subjetividade de Luís, o sentimento ao qual ele se encontrava. Todo o tempo a obra mostra a irritação, a estima baixa e como ele se sente insignificante, muito ajudado pelo ambiente sujo e pobre no qual vivia, pois a contaminação do lugar, junto dos ratos, contaminava o espírito de Luís.

Logo, o romance pode ser definido com um longo delírio, este gradativo, que fica cada vez mais obsessivo e paranoico. Isto é explicado na própria visão pessimista em primeira pessoa, pois Luís passa toda sua frustração, revolta, rebaixamento diante das pessoas, suas perdas e derrotas, assim faz com que o leitor se sinta angustiado.

Graciliano Ramos trás por meio do período literário da época, o Modernismo, toda uma crítica social e um retrato da população da época, como grupos eram oprimidos pelo capitalismo, o êxodo rural, migração do campo para a cidade, a miséria, a traição. Tudo isso faz de Angústia, um dos principais romances modernos, que querendo ou não, a tornam um marco da literatura brasileira.

Confira o vídeo especial produzido pelo Laproa, contando um pouco mais sobre o romance.

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