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Qual o seu estilo? É sustentável?

A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo e, aos poucos, algumas empresas começaram a perceber a necessidade de mudança. Tem surgido novas marcas  preocupadas com o impacto ambiental e a ética, mas

Canoístas de Santa Maria apoiam a despoluição do Cadena

Os canoístas santa-marienses Gilvan e Givago Ribeiro, irmãos, foram conferir de perto a situação atual do Arroio Cadena. Em apoio ao Movimento Pelas Águas (Pro Water), os atletas percorreram de caiaque e stand up (prancha com

A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo e, aos poucos, algumas empresas começaram a perceber a necessidade de mudança. Tem surgido novas marcas  preocupadas com o impacto ambiental e a ética, mas ainda muitas empresas utilizam do greenwashing – termo em inglês para “lavagem verde” – para agradar consumidores mais desatentos. Essa estratégia utiliza de termos da área da sustentabilidade, ou “eco”, para enganar o consumidor, sem cumprir na prática. Não é fácil se desvencilhar de estratégias como essas. Por isso, mais uma vez, a melhor escolha passa pela conscientização na compra.

Consumir é um ato político (não partidário) que envolve escolhas éticas com relação à produção, às condições de trabalho – do plantio até a confecção das peças, a legislação trabalhista e o comércio justo. O maior volume de informação fez crescer o número de consumidores mais exigentes e, com isso, mais oportunidades de emprego. Tem crescido a adesão ao mercado de roupas de segunda-mão, a procura por produtos menos poluentes ou que reaproveitem sobras de tecido e, ainda, que não prejudiquem os animais. A tecnologia também tem permitido desenvolver novos tecidos a partir de fibras vegetais como calçados, utilizando fibra de abacaxi e plástico retirado do mar.

Além disso, novos movimentos relacionados com o consumo tem se tornado mais conhecidos como o minimalismo. O termo se disseminou, principalmente, a partir do documentário lançado em 2015 pelo Netflix Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam (do original Minimalism: A documentary about the important things, direção de Matt D’avella), sobre dois amigos americanos (Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus) que mudaram o estilo de vida. Apesar de o minimalismo ser um conceito muito abrangente e que cada pessoa pode encontrar uma identificação, ou seja, o que é essencial para cada um, tem sido bastante discutida a relação com o vestuário. Assim, surgem outros termos como o “armário-cápsula” e muitos mitos e estereótipos envolvendo esse estilo.

A consultora de Estilo e Imagem pela Universidade Complutense de Madri, Mariê Perini explica que quando se fala em consumo sustentável “além de se ter consciência dos produtos que estamos comprando e da origem deles, saber aproveitá-los ao máximo, levando em consideração o tempo de vida útil deles, é de extrema importância”. Mariê refere que estamos passando por um momento de ressignificação nessa questão ambiental que vai além dos compradores e já chega, inclusive, a grandes cadeias produtoras como a Zara, que tem uma proposta de readequação prevista até 2025.

A indústria do fast fashion – a área que mais explora e polui – ao produzir várias coleções por temporada a baixo-custo, estimula ainda mais o consumismo. Atualmente, outras ferramentas como compras online, as redes sociais, as novelas, entre outros fatores, também contribuem para o “desejo de compra”. Mas será que precisamos de tantas peças? Ao ser questionada sobre qual o segredo para um “bom guarda-roupas”, Mariê não hesita: “O maior segredo de todos eu costumo dizer que é o autoconhecimento! Saber o que você gosta e o que não gosta, saber se aquela peça faz sentido pra sua realidade diária, saber se ela é versátil dentro do seu guarda-roupa, se ela coordena com outras peças que você já tem. O ter muitas peças não significa absolutamente nada se você não souber coordenar as peças entre si e não souber fazer um bom uso delas. Um bom guarda-roupa coordenado pode se fazer de 30/40 peças. O meu trabalho é justamente sobre a questão do autoconhecimento, do consumo consciente”.

Ao se falar em números, muita gente se assusta com a proposta de redução nas peças. A consultora ressalva que qualquer pessoa, em qualquer profissão, pode ter um armário-cápsula pois podem ser criadas combinações para auxiliar na hora de se vestir de maneira mais rápida. Mariê cita o empresário Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, como exemplo de armário-cápsula, ele usa apenas dois tons de cinza nas suas camisetas. O principal fator é a economia de tempo na hora de se vestir buscando “objetividade e praticidade”. Desta forma: “Pensa-se em um número x de peças se a cliente pedir (ex. eu quero um armário-cápsula com 40 peças). Vale lembrar que nesse número não entram acessórios e calçados. Sempre levando em consideração que as peças se coordenem entre si. Essa é a base e também a definição. Para que isso funcione o ideal é que as peças sejam de melhor qualidade e, consequentemente, de maior durabilidade. Isso não significa que a cliente não possa comprar. O ideal é que ela “atualize” esse armário por estação, considerando inverno/verão”.

A imagem que ficou mais conhecida de Steve Jobs (co-fundador da Apple, falecido em 2011) é usando a camiseta preta, mas um armário-cápsula também não precisa ser monocromático ou de tons pasteis. Esse é outro mito que tem sido bastante difundido, por essa razão o trabalho de consultoria é definido pela Mariê como “uma jornada de autoconhecimento. Trazendo consciência e entendimento de quem ele é/quer ser. Sua essência, suas características, suas qualidades, para que se sinta seguro e confortável com a imagem transmitida, para assim fazer escolhas mais assertivas e sustentáveis”.

Os exemplos citados são de grandes executivos para mostrar que depende da imagem que se quer passar, até mais do que do poder aquisitivo. O movimento Lixo Zero, por exemplo, é outro que tem como foco reduzir o consumo e investir tempo e dinheiro em questões “mais importantes”, produzindo menos lixo. No Brasil, um dos representantes dessa ideia é o projeto Menos1Lixo, o qual produziu uma websérie voltada para o armário-cápsula, disponível no YouTube, mostrando todo o processo de transição.

Há várias formas de repensar a imagem, mas também de entender o processo de conscientização, de repensar costumes, da transformação que possível, e que vai da consciência de cada um.

 

 

Alice Dutra Balbé,  doutora em Ciências da Comunicação e mestre em Informação e Jornalismo pela Universidade do Minho, Portugal,  jornalista egressa UFN.

Os irmãos Gilvan e Givago chamando atenção para a importância do Cadena. Foto Eduardo Marcanth

Os canoístas santa-marienses Gilvan e Givago Ribeiro, irmãos, foram conferir de perto a situação atual do Arroio Cadena. Em apoio ao Movimento Pelas Águas (Pro Water), os atletas percorreram de caiaque e stand up (prancha com remo) o trecho em que o arroio passa pela Avenida Dom Ivo Lorscheiter. A ação buscou alertar a comunidade sobre a necessidade de preservação do meio ambiente. Segundo o atleta Gilvan, é importante que todos percebam o descaso com nossas riquezas naturais. “O poder público precisa fazer sua parte, mas os cidadãos também, pois o lixo não vai para lá sozinho”.
Além de pneus, sacolas e até objetos grandes, como televisores, eles se depararam com o desagradável cheiro de esgoto no percurso. “Não consigo entender como deixamos o nosso rio virar um lixão, nossa sociedade civilizada precisa evoluir muito ainda”, ressalta Gilvan. Nos anos 70, o arroio Cadena era considerado limpo e muitas pessoas utilização sua água para banho e lazer.

A baixa qualidade da água nos rios é um dos principais problemas enfrentados pelos habitantes das grandes cidades brasileiras. A poluição afeta a biodiversidade e compromete uma série de serviços ambientais prestados pelos ecossistemas. No caso de Santa Maria, o arroio é considerado o maior problema ambiental da cidade  porque nos seus 16 quilômetros de extensão passa por 13 bairros e atinge as pessoas que moram às margens.

Iniciativa dos irmãos faz parte do Movimento Pro-Water. Foto Germano Rorato Neto

A atual gestão municipal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), executou um projeto para retirada de algumas famílias que estavam em áreas de risco, mas nada foi feito ainda em prol da limpeza e revitalização do Cadena.  ‘’Acho de suma importância chamar atenção da população para um problema que é grave, mas infelizmente fica esquecido por muitos. Em Santa Maria vejo um potencial muito grande no Cadena, para transforma-lo em uma área de lazer e também para pratica de esportes náuticos’’ conta Givago.

Pro Water – O movimento pelas águas começou em São Paulo. O idealizador do projeto, Fernando Fernandes, é o campeão mundial de para-canoagem. Na sua primeira etapa, o projeto se propôs a fotografar rios, lagoas ou praias que estão degradados pela poluição, com o intuito de alertar as pessoas. Assim, chama a atenção para lugares em que a natureza divide espaço com o lixo, mas que poderiam ser áreas de lazer e de praticas esportiva.  As primeiras imagens foram feitas em março deste ano no rio mais famoso e mais poluído do Brasil, o Tietê. Os Irmãos Ribeiro fizeram a primeira atividade do Pro Water no Rio Grande do Sul.