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Santa Maria, RS, Brazil

preconceito

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MC Carol desenhada por Wander Schlottfeldt.

O Brasil é um país é originado de várias culturas e reflete toda a inspiração, gosto e atitude do povo. O funk conquistou o público mais pelo ritmo do que pelas letras, passando a mensagem do movimento e da dança. As várias vertentes do funk passam por letras sexuais aos famosos proibidões, mas também podem falar de assuntos sérios como exclusão social, marginalização, racismo e corrupção política. O funk carioca conquistou seu lugar ao ser consumido pelas classes média e alta, e se popularizou ao falar gírias, palavrões e expressões da periferia, além de discutir a realidade social. Apesar da objetificação feminina nas letras do funk, as mulheres tem se inserido cada vez mais nesse mercado para deixar um recado direto contra o machismo, o preconceito racial e social. O psicólogo Alves afirma que, ao mesmo tempo que o funk apresenta a mulher como um corpo de consumo, ele também “faz passagem para dizer que ela pode dançar e se sentir à vontade com a sua expressão do corpo”. Nomes como Lexa, MC Carol, Iza e MC Rebecca são destaques no cenário musical atual.

A cantora Anitta começou sua carreira no funk e levou suas músicas ao estrelato através do YouTube, no qual ostenta 13 milhões de inscritos em seu canal. Em 2018, ela conquistou o posto de maior cachê feminino da publicidade nacional e se tornou garota-propaganda do YouTube Music para a América Latina. A Pesquisa Cultura nas Capitais identificou que o funk está entre um dos estilos musicais prediletos do público com idades entre 12 e 24 anos, chegando a ser o mais votado entre jovens de 12 e 15 anos em todos os estratos sociais.

Segundo a Video Viewers, o maior canal do YouTube brasileiro de 2019 é o KondZilla, também entrando em 4º lugar no ranking mundial. Pertencente à produtora de clipes KondZilla Filmes, não é nenhuma surpresa que o clipe brasileiro mais acessado da plataforma esteja neste canal. Lançado no dia 8 de março de 2017, o clipe da música “Bum Bum Tam Tam” do MC Fioti foi o 1º clipe brasileiro a alcançar 1 bilhão de visualizações. Foram 18 meses de audiência alta dentro e fora do Brasil e, segundo dados do YouTube, quase dois terços das visualizações vieram de fora do país. Após o sucesso, a música ganhou uma versão em três idiomas, com participação do colombiano J. Balvin e do rapper estadunidense Future.

Dados divulgados pelo Spotify afirmam que a busca nele pelo funk tem aumentado em média 51% ano a ano desde 2014, quando a plataforma chegou ao Brasil. Foi também apontado que os estados brasileiros que mais escutam funk no Spotify são São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente. Enquanto funks mais ouvidos de todos os tempos, a “Bum Bum Tam Tam” do MC Fioti leva o 1º lugar, seguida por “Olha A Explosão” do MC Kevinho e “Vai Malandra” da Anitta. Entre os artistas que conseguem fazer sucesso no exterior, Anitta é a mais bem-sucedida, levando “Vai Malandra” para o Top 200 de 15 países, enquanto “Deu Onda” do MC G15 e “Amor de Verdade” do MC Kekel chegam em primeiro lugar apenas no Paraguai e Portugal, dois consumidores ávidos dos hits brasileiros.

Alves defende que a Anitta é uma expressão máxima hoje da possibilidade do funk ser nacional e internacional. “Assim como o samba, o funk sofre preconceito, mas logo pode vir a se tornar a cara da música brasileira, ao longo que o estilo vai sendo “embranquecido” e inserido dentro das casas de classe média alta”. Apesar de suas músicas terem seguido um caminho mais pop, Anitta não se acanha para falar do funk e explicou sobre sua origem em uma palestra em Harvard. Segundo informações da Folha, ela disse: “O funkeiro canta a realidade dele. Se ele acorda, abre a janela e vê gente armada e se drogando, gente se prostituindo, essa é a realidade dele”. Sem romantizar o estilo musical, a artista ainda ressaltou que as letras do funk só vão mudar quando a realidade dos morros for outra.

A produtora KondZilla criou e dirigiu a série de televisão Sintonia, que estreou na Netflix em 9 de agosto de 2019. A história conta a vida de três jovens da periferia, Doni, Nando e Rita, que cresceram juntos na mesma comunidade e são influenciados, respectivamente, pelo fascínio do funk, das drogas e da igreja. A série, de 6 episódio e classificação etária de 16 anos, se passa na favela da capital paulista e traz nomes desconhecidos como artistas principais, entre eles MC Jottapê, Christian Malheiros e Bruna Mascarenhas. O MC Jottapê afirma ser o mais parecido com seu personagem por também sonhar em ser um astro do funk, e com uma segunda temporada prometida, o jovem ainda assina as músicas da série ao lado de alguns dos grandes nomes do funk brasileiro.

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É cultura sim

Inserido na perspectiva da arte contemporânea, o funk é uma escolha musical que é feita conscientemente por identificação com o ritmo ou o conteúdo. Ele é uma forma dos grupos sociais extremamente oprimidos e sem voz produzirem cultura e estabelecerem moldes de representação social. Assim, podem revelar os conflitos diários que as camadas menos privilegiadas da população enfrentam, como a repressão policial, precariedade dos transportes coletivos e serviços públicos.

O funk ganhou destaque na mídia, tem influenciado positivamente a economia do mercado musical brasileiro, mas a imagem dos personagens favelados ainda incomoda os que criminalizam o funk. Em contra partida, os jovens começaram a trazer o gênero musical para suas casas, garantindo o lugar do funk nas seções culturais dos grandes jornais do país. É, então, que ele começa a dar visibilidade às suas expectativas e frustrações através da expressão juvenil que introduz a glorificação do funk como um espetáculo sobre a cultura urbana periférica. O psicólogo Thiago fala que o funk se insere na vida das pessoas da periferia como uma expressão da sua realidade, mas que as pessoas ficam muito ligada a ideia da favela do Rio quando, na verdade, existe periferia em toda cidade. Qualquer lugar que tem centro, tem periferia, e ela se alimenta daquilo que pode ter, como as relações humanas, a mutualidade e a resistência.

MC Fioti desenhado por Wander Schlottfeldt.

Ocupando o 5º lugar do ranking do estado que mais escuta funk, o Rio Grande do Sul também deixa sua fama de tradicionalista de lado pra abrir a porta para o funk. Com seis anos de produção de festas em Santa Maria e região, Pedro Bittencourt conta que a procura por bailes funks tem sido predominante ao longo do tempo, e que os artistas mais procurados são, normalmente, os das grandes produtoras de funk como GR6 e KondZilla. “Não é qualquer artista, uma boa produção não basta”, ele explica que a idade, estilo de vestir e, principalmente, as músicas são o que mais chama atenção do público que é 99% jovem. Trabalhando com a Touch Produta, Bittencourt fala da repressão das pessoas mais velhas com o rotulo do baile funk como um lugar com coisas ruins. Ele ainda ressalta que, por mais que em alguns lugar existam brigas e consumo de drogas, qualquer evento está sujeito a esse tipo de coisa, mas que “o preconceito é maior com o funk por se relacionar com pessoas de menor poder aquisitivo”.

No dia 11 de outubro deste ano, acontecia a primeira edição da festa “M4ND3L40” (Mandelão) no Clube Comercial de Santa Maria. Ao reunir jovens em uma funkeira chamada “raiz”, por não levar o repertório para a vertente pop e comercial, as fotos da festa foram divulgadas na página do Facebook da produtora. Em poucos dias de publicação, a repercussão das fotos era grande, mas pelos motivos errados. O álbum recebeu 954 comentários e foi compartilhado 687 vezes, o teor dos comentários eram de ridicularização e puro preconceito, com “brincadeiras” que incitavam que “só de olharem as fotos já haviam sido assaltados” ou pedindo pra “acender a luz pra enxergarem esse pessoal bonito”. O organizador da festa entrou em contato com a Justiça por conta da grande repercussão das fotos e dos muitos comentários racistas e preconceituosos, mas, infelizmente, não se sabe o andamento atual do processo.

Ao questionado sobre o caso da festa Mandelão, o DJ M do Vietnã comenta que os eventos de Santa Maria tem estado muito divididos entre um público de classe média alta e um de classe baixa. “Eu não comentei nada sobre as fotos, mas eu vejo que as pessoas julgam mais é o modo de vestir”, destaca. Ele também fala que a cidade tem uma cultura de funk que rende muito, mas que os DJs precisam de mais espaço e ter o seu trabalho valorizado.

O funk conquistou seu lugar como um fenômeno brasileira, o qual engloba vários temas e pontos que podem ser condicionados a pesquisas. A distribuição das músicas evoluiu e tornou possível a popularização dos mais diversos estilos musicais. Thiago Alves aponta que, por conta da popularização dos streamings e do YouTube, as músicas não são apenas escutadas como também consumidas. As pessoas não querem ver o clipe apenas pela música, mas pela atriz, pelo biquíni de fita adesiva, e até pela experiência da realidade da periferia mostrada. A cultura do funk foi “glamourizada” e tornou-se um produto para todas as classes do país, vendendo a moda e estilo de vida da favela. Enquanto as casas da periferia são muito próximas e não tem muita estrutura, os jovens de classe média e alta se veem presos na bolha de seus apartamentos e condomínios fechados. Não são poucos os clipes que exaltam a periferia e expõem a realidade em seus clipes, como, por exemplo, “Cria de Favela” da MC Mirella, que durante as gravações foi surpreendida por um tiroteio e escolheu deixar os registros no produto final.

Segundo Thiago, “mesmo com a extrema desigualdade, as pessoas de classe média alta vão acessar elementos periféricos por não poderem vivenciar aquilo e por chamar atenção”. Além do aumento do consumo e procura pelas festas que tocam funk, a cultura desse estilo musical se torna importante pelo seu lugar na vida do jovem que estão a margem de algumas situações sociais e econômicas. Não só oferecem a esperança da possibilidade de uma vida justa com ganhos financeiros altos, como também dão a chance do jovem se enxergar na representação do funk, se reconhecer, sentir que pertence aquele meio e se orgulhar da sua história. O gênero ganha essa dimensão tanto na cena musical quanto no espaço da mídia, mostrando a força, garra e resistência que existe na arte e na vida periférica.

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Reportagem produzida por Bibiana Rigão Iop e Wander Schlottfeldt na disciplina de Jornalismo Investigativo, com orientação da professora Carla Torres.

MC Poze do Rodo desenhado por Wander Schlottfeldt.

“Era só mais um Silva que a estrela não brilha; ele era funkeiro, mas era pai de família”. Não há quem não conheça o famoso refrão do Rap do Silva, maior hit do MC Bob Rum. Essa música reflete sobre a vida na periferia e o preconceito das classes mais altas com o funk e a cultura que o envolve. Apesar da música ter sido lançada em 1990, ainda se vê a mesma realidade quando o estilo musical é trazido à tona, quase sempre associado à criminalidade e à violência urbana.

Desenvolvido no fim da década de 70, o funk foi conceituado como a prática musical vinculada a manifestações culturais dos chamados bailes funk, que não passavam de festas organizadas por equipes de som em clubes da região suburbana. Naquela época, festas como o baile da pesada estavam apostando em um repertório com soul music para promover o movimento Black Rio, inspirado nos bailes realizados nos Estados Unidos na mesma época. Os produtores abraçaram a ideia de valorização da cultura negra e queriam produzir artistas nacionais, porém a indústria se deslocou para o estilo disco com rapidez, levando somente Tim Maia à ascensão.

O psicólogo Thiago Alves diz que a cultura brasileira engloba vários elementos internacionais e oriundos de outros países e o culturas, “e o funk, a nível internacional, têm elementos negros da sua essência, principalmente na vocalização e instrumentos”.

Ao acompanhar as tendências estadunidenses, o novo estilo musical tentava se aliar ao hip-hop da cultura negra. A concorrência entre os DJs era grande e muitos buscavam por referências viajando à Miami, nos Estados Unidos, cidade onde surgia a vertente de ­hip-hop chamada de Miami Bass. O estilo se destacava pelo ritmo rápido, bumbo frenético e letras sexualmente explícitas. Em 1987, os bailes funks cariocas eram cerca de 700 por fim de semana, agregando no mínimo um milhão de jovens no Rio de Janeiro. Nesta época, os bailes eram realizados em ginásios de esportes ou quadras de escolas de samba.

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Enquanto a classe média alta via o rock nacional como preferência, o funk incorporava músicas eletrônicas com graves pulsantes e muito dançante, se tornando o lazer da juventude pobre da cidade junto ao pagode. Entre as inovações da época, surgem os MCs, sigla para “mestre de cerimônias”, responsáveis por interpretar a letra e interagir com o público através do microfone. É então que os novos artistas deixam de tentar reproduzir as músicas estadunidenses e começam a criar suas próprias letras, falando sobre a vida cotidiana da favela e da sua comunidade, também apelando pelo pedido de um baile pacífico.

É no fim da década de 1980 que a violência nos bailes funk passa a chamar atenção da imprensa, gerando um aumento no preconceito com o estilo musical e de festa. Ao mesmo tempo que o MC Marlboro impulsionava a carreira de inúmeros artistas com coletâneas, o MC Grandmaster Raphael do Furacão 2000 propõe os festivais de galeras, no qual os próprios frequentadores dos bailes elaboravam e interpretavam as letras. Depois de 1990, as festas aconteciam em áreas de céu aberto ou ruas, e a figura dos MCs ganhava grande destaque, incitando a imagem de sucesso artístico acessível à qualquer jovem da favela. Apesar de muitos irem para os concursos dos festivais com propósitos pacíficos, a competitividade fomentava a agressividade em alguns jovens, resultando em violência. Ao serem documentados pela imprensa, a imagem do funk foi diretamente ligada aos arrastões de 1992.

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O acontecimento foi um embate entre facções rivais oriundas de bairros periféricos na Praia do Arpoador, e onde a elite carioca se chocou com ritual de luta comum da periferia. Devido ao impacto negativo causado na população dos bairros nobres e a grande divulgação da mídia, o marco ficou conhecido como arrastão e os envolvidos foram taxados de assaltantes e relacionados aos bailes funk. Assim, a imprensa começa a marginalizar o gênero perante a opinião pública, principalmente a partir de 1995, quando surgem acusações que ligavam os bailes com o comércio varejista de drogas. Segundo Alves, “o funk é mal visto pela perspectiva de onde ele vem, pois, quando ele chega na mídia, é ligado a questão da violência”. As pessoas, muitas vezes, nunca foram num baile funk, mas veem a representação social da favela na televisão, que torna mais fácil negar a desigualdade social e o lugar do funk como uma expressão da realidade.

Devido as inúmeras proibições aos bailes funk por parte do governo municipal, exigindo a vistoria policial durante os eventos, as festas foram acolhidas pelos líderes do morro e passaram a acontecer nas ruas da comunidade. É quando surge o proibidão, vertente do funk que usa palavras de baixo calão, fala de sexo explícito e sobre drogas, algumas vezes exaltando facções criminosas. Cria-se, então, o hábito de criar duas versões da música, uma aceitável para o mercado e uma para cantar nos bailes. Enquanto leis tentavam silenciar o movimento, os grandes veículos de comunicação popularizavam o ritmo fora da favela. O funk conquistou espaços na classe média e alta, e entra no século XXI com um público mais diverso.

Categorias e vertentes

Mister Catra desenhado por Wander Schlottfeldt.

No novo milênio, as letras do funk ganham uma tendência erótica e sexual, se aproximando da batida do samba e deixando o Miami Bass de lado para inserir o tamborzão. Nesse período, um dos sucessos foi o Bonde do Tigrão que, com músicas como “Cerol Na Mão”, alcançou disco platina em 2001.

Na mesma época, a MC Tati Quebra-Barraco entrava na cena como precursora feminina, lançando músicas como “Boladona” e “Sou feia, mas tô na moda”,  alcançando sucesso até no exterior.

Outro artista que subia nas paradas era o ícone do proibidão, Mister Catra. Famoso por seus 32 filhos, o artista obteve reconhecimento nacional por seus hits como “Adultério” e foi indiciado por apologia ao crime em 2002.

Começam a surgir novas tendências em São Paulo, uma vertente do funk chamada de ostentação por falar de um estilo de vida com muitos bens de consumo de alto custo e estar sempre rodeado por mulheres. Alguns dos MCs mais conhecidos nessa categoria são MC Guime com “Plaque de 100” e MC Rodolfinho com “Os mlk é Liso”.

Outra vertente foi o funk pop, canções mais populares que buscam conquistar espaço internacional, com letras suaves e batidas semelhantes ao pop. Muitos MCs escolhem deixam a nomenclatura para trás e migram para este subgênero, como Anitta, Ludmilla (antiga MC Beyoncé) e Pocah (antiga MC Pocahontas).

Importante ressaltar o brega funk, uma vertente do Recife que se enlaça aos cancioneiros românticos do Nordeste e, por fim, o 150bpm, categoria que mais fez sucesso recentemente, no qual a sigla significa “batidas por minuto”. É chamado assim por ser mais rápido que o comum, que é geralmente de 130bpm. Enquanto o brega funk tem sido exaltado por artistas como MC Loma e As Gêmeas Lacração cantando “Envolvimento” e “Xonadão”, o 150bpm vem ganhando espaço com músicas como “Eu vou pro Baile da Gaiola” do MC Kevin, O Chris e “Tô Voando Alto” do MC Poze do Rodo, além de DJs como FP Do Trem Bala e DJ Gabriel do Borel.

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Polêmicas

Ao longo dos anos, o funk sofreu com a perseguição política e com elementos controversos de sua cultura. Em linhas gerais, podemos citar uma das principais polêmicas como sendo a dança, por possuir uma certa sensualidade. O gênero musical leva os dançarinos a movimentarem o quadril e bumbum de forma sensual e, muitas vezes, são considerados vulgares. Alguns dos mais lembrados são o “passinho do romano”, “passinho” e “sarrada no ar”, sendo que o segundo foi declarado patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro em 2018.

Outra preocupação comum é com a vestimenta dos frequentadores do baile funk, principalmente na “falta” de roupa das mulheres. O uso de shorts e saias curta com decotes e roupas coladas chama a atenção, e algumas pessoas ficam desconfortáveis com a exposição gerada. Apesar de algumas letras incitarem a sexualização e objetificação das mulheres, há funkeiras que gostam das vestimentas de costume e concordam com o hit da Pocah que diz “Deixa eu te lembrar que eu não sou obrigada a nada, ninguém manda nessa raba”.

Não é de se surpreender também com a polêmica sobre as letras do funk, uma vez que elas falam abertamente sobre sexo, ostentação e, algumas vezes, apologia ao crime. As músicas abordam os assuntos de formas surpreendentes, como o hitQue Tiro Foi Esse?” de Jojo Maronttinni, ou a música “Tropa do R7” na qual o DJ R7 apresenta 7 minutos de uma montagem de sons de tiro em que 11 MCs interpretam estrofes de funk proibidão. Porém, foi o sucesso “Baile de Favela” de 2015, do DJ R7 e MC João, que foi criticado por internautas  e recebeu até resposta musicais pela forma como se referiu as mulheres, como a da cantora Mariana Nolasco.

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Na mesma época que surgiu a música de Jojo Maronttinni, entrava nas paradas a “Só Surubinha de Leve”, música que levaria a internet a loucura no início de 2018, em que MC Diguinho falava claramente sobre embebedar uma mulher fácil de dominar, estupra-la e abandoná-la na rua. A violência nos versos provocou milhares de internautas que não se deram por satisfeitos quando as plataformas de streaming baniram a música e o artista publicou uma “versão light” com reformas nas letras. Antes da segunda opção da música ser lançado, o artista negou arrependimento sobre seus versos em suas redes sociais.

Ainda sobre as letras, MC Pedrinho ficou muito conhecido em 2014 por suas músicas de conotação sexual. Com apenas 12 anos o cantor já havia lançado grande sucessos como “Dom Dom Dom”, “Matemática” e “Hit Do Verão”, o que acabou chamando atenção da Vara da Infância e da Juventude, que cancelou um de seus shows no Ceará sob alegação do teor erótico das canções. O artista não deixou de lado suas criações de funk proibidão, mas produziu algumas versões lights para suas músicas. Outra criança que, aos olhos da lei, entrou muito cedo no mercado da música funk foi a Medoly. A erotização das crianças é um assunto delicado, principalmente quando elas tem oito anos e cantam funk. O Ministério Público chegou a abrir um inquérito contra o pai da antiga MC Medoly em 2015 por considerarem que suas roupas eram muito adultas, o que o levou a reformular a carreira da filha. Tanto MC Pedrinho (hoje com 17 anos) como Melody (12) seguiram suas carreiras musicais e, neste ano, lançaram um clipe juntos.

Vale destacar o assassinato do cantor paulista MC Daleste conhecido por seus funk ostentação. O cantor dos sucessos “São Paulo” e “Gosto mais do que lasanha” foi baleado na barriga na noite de 6 de julho de 2013, em Campinas, ao fim de um show gratuito com cerca de 3 mil pessoas. O cantor estava conversando com o público quando foi atingido, e chegou a ser levado ao centro cirúrgico, mas não resistiu. A policia não pegou o assassino, mas afirmou que foram três disparos e que, com certeza, o atirador queria atingir especificamente o artista.

Já para finalizar com questões mais atuais, é importante falar da prisão do DJ Rennan da Penha, um dos maiores personagens do funk atual. O idealizador do Baile da Gaiola foi levado sob a acusação de atuar como olheiro, avisando o pessoal quando a polícia ia subir o morro, e de que as músicas dele faziam apologia ao uso de drogas, incitando que o Baile da Gaiola seria uma forma de atrair as pessoas ao tráfico. O site do Kondzilla publicou uma matéria explicando o caso do funkeiro e falando de operações da polícia que aconteceram no início de 2019 para acabar com o baile funk.

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Aos olhos da lei

Entre as formas de preconceitos e problemas que a Justiça encontrou com a cultura do funk, podemos destacar alguns projetos de leis que entraram em vigor. Em 2000 foi publicado o projeto da lei Álvaro Lins que proibia a realização dos bailes sem a autorização e supervisão de autoridades policiais no Rio de Janeiro, o que acabou por se estender à festas “raves” em 2007. Também vale ressaltar sobre a lei 5.544/09 sancionada em setembro de 2009 no Rio de Janeiro, que define o funk como movimento cultural e musical de caráter popular. Essa conquista em prol dos direitos dos funkeiros foi da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFunk) e foi registrada no livro “Funk-se quem quiser: no batidão negro da cidade carioca”. Em 2017, a sugestão de um projeto de lei que criminalizava o funk atingiu 20 mil assinaturas, chegando ao número mínimo para ser encaminhada para debate dos senadores. O projeto do empresário Marcelo Alonso classificou o gênero musical como crime de saúde pública à criança, ao adolescente e à família. A Comissão dos Direitos Humanos não transformou a sugestão em projeto de lei, pois iria diretamente contra a liberdade de expressão esculpido no artigo 5º da Constituição, inciso IX.

(segue)

Reportagem produzida por Bibiana Rigão Iop e Wander Schlottfeldt na disciplina de Jornalismo Investigativo, com orientação da professora Carla Torres.

Os personagens Wiccano e Hulking em Vingadores: a cruzada das crianças, ilustrados por Jim Cheung

No início deste mês, o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, determinou que a história em quadrinhos Vingadores: a cruzada das crianças fosse recolhida da Bienal do Livro. O motivo, segundo ele, é que a HQ de super-heróis, em que dois personagens homens se beijam, tem “conteúdo sexual para menores”. Além disso, o prefeito ordenou que qualquer obra com abordagem LGBTQ+ fosse embalada em plástico preto e avisada como “conteúdo impróprio”.
Mas a tentativa de censura de Crivella não deu muito certo. A resposta veio do público que, no dia seguinte, em menos de meia-hora, esgotou todos os exemplares da HQ na Bienal do Rio de Janeiro. Quando os fiscais, mandados pelo prefeito, chegaram ao festival literário, nenhum exemplar foi encontrado. Em nota, a Bienal afirmou que o espaço é democrático e reconhece todos os tipos de literatura.
O ato de censura viralizou na internet. A imagem da HQ, com os dois personagens se beijando, era encontrada facilmente nos feeds das redes sociais. O youtuber Felipe Neto comprou cerca de 14 mil livros com temáticas LGBTQ+  e distribuiu de graça na Bienal. As obras distribuídas por Neto estavam em embalagem preta, com o aviso: “este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”, uma forma de ironizar o pedido de Crivella. Além disso, a imagem do beijo estampou a capa de um dos maiores jornais do país, a Folha de São Paulo.
Ao limitar o conhecimento e o acesso a diversidade, a atitude de Crivella demonstra a censura explicita. Desde a ditadura militar livros não são censurados dessa maneira. O prefeito simplesmente decidiu, que o beijo entre os dois personagens na HQ, era inapropriado para menores de idade e que o conteúdo era sexual. Mas desde quando beijo é pornografia? Um beijo no livro não vai influenciar uma criança, e sim mostrar outras relações afetivas, as quais uma grande massa conservadora tenta esconder.
Em minha existência, convivi e fui “influenciado” por uma sociedade heteronormativa, assistindo muito mais do que um beijo entre pessoas cis-heterossexuais na televisão, por exemplo. Quem não lembra da banheira do Gugu na década de 1990? Um programa na tardes de domingo, que seria “para a família”, exibia homens e mulheres seminus a procura de um sabonete na banheira. E vejam só, mesmo assistindo a banheira do Gugu, não sou ou “virei” heterossexual.
Crivella, ao ordenar os fiscais a retirarem livros da Bienal, nos mostra o quão difícil é ser LGBTQ+, principalmente no último ano. Nosso amor, ou o nosso beijo não machuca ninguém. Além disso, não se faz política com religião. As atitudes de Crivella em censurar o nosso beijo, estão ligadas a suas ideologias, carregadas de preconceito e com o pensamento de que ainda vivemos nos tempos em que a homossexualidade era proibida.
Censurar livros com temática LGBTQ+ é um perigo a nossa democracia e liberdade. O conservadorismo nos assombra, e as minorias são as primeiras vítimas. Vale lembrar, que esse tipo de censura contra a diversidade não é primeira vez. Em um caso mais recente, no ano de 2017, a exposição Queermuseu foi censurada em Porto Alegre, respondendo a críticas de grupos que viram nas obras “apologia a pedofilia, zoofilia e blasfêmia”.
Mas por que o nosso beijo incomoda? Ele incomoda a partir do momento em que ocupamos espaço. O conservadorismo não quer que tenhamos direitos. Para eles, nosso lugar é e sempre será no armário. Romper com padrões heteronormativos é afrontar uma estrutura baseada na opressão das minorias. Um beijo gay incomoda, pois desestabiliza uma lógica de dominação não consentida, que coloca a homossexualidade como imoral. O ato de censurar, é assegurar que as LGBTQ+ não tenham liberdade. É limitar o conhecimento.
Muito mais que a censura, o ato de Crivella é a LGBTfobia escancarada, ou melhor, mascarada como “preocupação com as crianças e a família”. A atitude só comprova um pensamento retrógrado, no qual coloca as LGBTQ+ como pessoas que não são dignas do direito ao afeto. O problema não é o beijo em si, mas o fato de serem dois homens. Por mais que o Supremo Tribunal Federal nos assegure algum tipo de direito, a política conservadora sempre acha uma brecha para ferir tudo que se refere a diversidade. A todo instante tentam nos intimidar.
A repercussão internacional desse caso, talvez seja o reflexo de um sensibilização para/com o combate a LGBTfobia. Receber o apoio de inúmeras pessoas, só nos fortalece e mostra que não estamos sozinhos. Se a tentativa é nos colocar no armário, sentimos muito, mas não vai ser dessa vez. Nunca mais. Não podemos deixar espaço para o preconceito se materializar. Nosso beijo vai continuar rompendo barreiras. Vamos ocupar os livros, a televisão, as ruas e qualquer espaço que for nosso por direito.
Amor não deve ser censurado!

 

Deivid Pazatto é jornalista egresso da UFN, pós-graduando em Estudos de Gênero na UFSM e militante do movimento LGBTQ+. Foi repórter da Agência Central Sul e monitor do Laboratório de Produção Audiovisual (Laproa) durante a graduação.

Dia 10 de setembro de 2019, Sahar Khodayari, 30 anos, mulher, mais uma vítima da desigualdade de gênero, no país e no mundo.

Preconceito de gênero no esporte ainda persiste em países como o Irã. Foto: pixabay.

Hoje debatemos todos os dias sobre desigualdade de gênero, mas você sabe qual o conceito dela? Desigualdade de gênero é fenômeno social e acontece quando há discriminação e/ou preconceito com outra pessoa por conta de seu gênero (feminino ou masculino). Blue Girl, como também era conhecida, morreu após atear fogo no próprio corpo, já que poderia ser presa por seis meses após ter tentado entrar num estádio de futebol para assistir a um jogo, vestida de homem. Ela era torcedora do Estaglal, que tem o azul como uma das suas cores principais, por isso Blue Girl.

No Irã, desde 1979, as mulheres foram proibidas de entrar em estádios de futebol, o que nos últimos anos têm gerado conflitos e inúmeras reivindicações por parte do público feminino. Torcedoras chegaram a se fantasiar de homens, com perucas e barbas falsas, como Sahar, para poderem ter acesso aos jogos. Em junho deste ano, algumas iranianas foram agredidas por seguranças e detidas após comprarem ingressos para um amistoso da seleção do  Irã contra a Síria. No ano de 2018, aproximadamente 35 torcedoras foram presas por entrar no estádio Azadi para acompanhar o clássico entre Persépolis e Esteghlal.

Assegurar o direito de uma educação inclusiva e de igualdade de gênero é dever do estado, no entanto, a prática desses direitos não é exercida no Irã, já que existem políticas públicas que restringem a liberdade e os direitos femininos no país.

Após a Revolução Islâmica no final da década de 1970, muitas coisas mudaram no país, se antes as mulheres andavam nas ruas com roupas semelhantes às nossas, como calça jeans e cabelos soltos, a partir da revolução as novas autoridades muçulmanas impuseram um código de vestimenta obrigatório, que determinava o uso do hijab (véu islâmico) por todas as mulheres.

Se no Brasil e no mundo a luta por direitos iguais é uma das principais bandeiras levantadas, no Irã o governo religioso, autoritário e radical, tornou as mulheres reféns de leis que tiram sua autonomia.

Inúmeros jogadores e figuras conhecidas no meio esportivo se comoveram com a morte de Sahar, como o ex-jogador iraniano Ali Karimi, ele foi e é dos principais defensores do direito das mulheres de entrarem em arenas esportivas no país. Karami publicou em uma de suas redes sociais pedindo que os iranianos boicotem os estádios em protesto pela morte de Khodayari.

Há quase 40 anos as mulheres lutam pelo direito de voltarem a frequentar estádios de futebol, seja na liga nacional ou em jogos da seleção, o que acontecia antes da Revolução Iraniana de 1979. No passado, a Arábia Saudita baniu a proibição a mulheres em estádios. Atualmente, o Irã é o único país que ainda impede que mulheres frequentem estádios esportivos, apesar da pressão constante da Fifa.

Na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, inúmeras torcedoras puderam realizar o sonho de acompanharem uma partida da seleção de dentro do estádio. Foi após inúmeras reivindicações e luta por acesso aos jogos, no próprio país, que o dia 10 de Outubro será histórico para as iranianas.  Elas poderão assistir a partida da seleção do Irã contra Camboja, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, no estádio em Teerã. Mas é importante salientar que o direito foi concedido antes da morte de Sahar e que não garante que elas terão livre acesso a outros jogos após a data.

A morte de Khodayari causou tamanha indignação no Irã e no mundo que, em redes sociais, internautas pediram para que a federação de futebol iraniana fosse punida, suspensa ou até mesmo banida da próxima copa. Até porque a própria Fifa impõe que a discriminação em razão do sexo é punível com suspensão ou expulsão da equipe.

Se antes já era fundamental falar sobre os direitos femininos no Irã, Sahar Khodayari se tornou símbolo da luta por direitos iguais no país e pelo acesso das mulheres aos estádios de futebol. Posicionamentos precisam ser feitos e medidas tomadas. A trágica morte de Sahar levanta o questionamento: até quando tragédias precisam acontecer para que as coisas mudem?

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias

 

 


Quem me conhece sabe o meu envolvimento com o esporte e a minha paixão por futebol. No meu primeiro texto para a ACS falei da dificuldade de ser mulher e falar sobre o assunto, não só no interior do Rio Grande do Sul, mas em todo território nacional.

Nas últimos anos, nós, mulheres, estamos ocupando espaços de fala antes inimagináveis na sociedade machista em que vivemos. E por mais que isso seja um orgulho imenso, o estereótipo de que mulher não pode praticar esporte ou comentar sobre ele, ainda se faz presente. Nenhum homem é questionado com perguntas bobas quando se trata, principalmente, de futebol como as mulheres o são. Sem falar na diferença de visibilidade entre os esportes masculinos e femininos, também já mencionados no texto anterior.

É nítido o abismo de coberturas esportivas entre o esporte feminino e o masculino. O futebol feminino não recebe o mesmo incentivo e dinheiro que o futebol masculino. Coberturas insuficientes e rasas de informações, muitas vezes, traduzem a gritante necessidade de investimento no esporte feminino no país até porque, para o brasileiro, o futebol ainda é considerado coisa de homem, o que é um absurdo.

No ano passado, nos meses que antecederam a Copa do Mundo da Rússia, inúmeras marcas produtos como celulares e até de fast food, contaram com a participação de jogadores e, inclusive,  do técnico da seleção masculina de futebol para divulgar a marca da equipe brasileira e da competição mundial.  E agora eu faço um questionamento importante: quantas jogadoras da seleção você viu estrelando campanhas na tv aberta nesses meses que antecedem a Copa do Mundo de Futebol Feminino? Foi pensando nessa gritante diferença de apoio e incentivo que a marca Guaraná Antárctica, patrocinador oficial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), lançou uma campanha convocando outros anunciantes a incentivarem o esporte feminino no Brasil, como você pode ver no vídeo.

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Fatos importantes e históricos relacionados às jogadoras da seleção não são apurados pela mídia tradicional às vésperas do início da copa. Um exemplo é a meia Formiga. A atleta bate dois recordes no Mundial da França, com 41 anos ela vai ser a jogadora mais velha a participar de uma copa e a única entre homens e mulheres a jogar 7 mundiais.  E sem falar da camisa 10 da seleção, eleita seis vezes melhor jogadora do mundo – a atacante Marta, com 15 gols marcados é a maior artilheira do esporte em Mundiais.

Outro fato interessante relacionado a seleção feminina é que a Editora Panini, responsável pela maioria de álbuns de figurinhas comercializados no Brasil está vendendo o álbum da Copa do Mundo feminina, você sabia disso?

A empresa colocou à venda um álbum elaborado em parceria com a FIFA no final do mês de abril. O álbum contém 17 jogadoras de cada uma das 24 seleções participantes. Esta é a terceira vez que a editora comercializa o álbum ilustrado para o torneio feminino, como já feito nos anos de 2011 e 2015. O álbum custa 8,90 reais e cada pacote, que contém cinco figurinhas, é comercializado por 2,50 reais. 

Historicamente o álbum colecionável da seleção masculina faz muito sucesso, diferente do feminino que mal é divulgado pela editora. Mas o exemplar deste ano viralizou nas redes sociais através de comentários machistas e repugnantes. Mais uma mostra e exemplo da sociedade machista e preconceituosa em que vivemos. Quando achamos que as coisas estão mudando para melhor nos deparamos com comentários intolerantes e hostis como este.

CONVOCAÇÃO DA SELEÇÃO

Na última quinta, 16, o treinador da seleção brasileira Vadão anunciou as 23 atletas convocadas para a disputa da Copa do Mundo feminina que acontece na França, entre os dias 7 de junho a 7 de julho.

A lista de convocadas para a copa da França tem nomes que se destacaram na Europa nos últimos anos; uma delas é a Andressa Alves, atacante do Barcelona e finalista da Liga dos Campeões Feminina. Já aqui no Brasil, a equipe brasileira que emplacou mais convocações foi o Corinthians, com três atletas chamadas para integrar o grupo. A onda de derrotas consecutivas da seleção feminina não tira a sua confiança para a competição mundial. O treinador da seleção destacou que está otimista e garantiu que há uma “expectativa altamente positiva”  para o torneio, além de apostar nas individualidades das brasileiras que deverão fazer a diferença em campo.

As convocadas

Goleiras: Aline, Bárbara e Letícia Isidoro.

Laterais: Fabiana Baiana, Letícia Santos, Tamires e Camila.

Zagueiras: Érika, Kathellen, Mônica e Tayla.

Meio-campistas: Andressinha, Formiga, Adriana e Thaisa.

Atacantes: Bia Zaneratto, Cristiane, Raquel, Debinha, Geyse, Ludmila, Marta e Andressa Alves.

Ser mulher é ser resistência, principalmente no esporte, área majoritariamente composta por homens, o que já faz parte da construção cultural e histórica. Felizmente  isto vem sendo desconstruído aos poucos por mulheres fortes e determinadas. No esporte feminino nada vem fácil, tudo é conquistado com muito suor e luta por igualdade de gênero e, principalmente, por respeito.

 

Agnes Barriles é jornalista egressa da UFN. Foi monitora e repórter da Agência Central Sul durante a graduação e atuou no MULTIJOR. Tem o jornalismo esportivo como referência em pesquisas e reportagens desenvolvidas. É engajada com causas sociais e busca dar espaço e visibilidade às minorias.

O título desse texto poderia ser outro, direcionado apenas aos pais, mas sabemos que existem diferentes formações familiares. Por família, entende-se todo e qualquer grupo que conviva entre si sob um mesmo teto. Para além disso, a família é uma instituição que educa, orienta e influencia o comportamento social de cada indivíduo. Esse texto não aborda estruturas familiares, mas a importância do apoio familiar na vida de um LGBT+ e os reflexos de quando esses filhos são expulsos de casa.

O processo de descoberta de um LGBT+ é muito individual, mas um ponto em comum, é que desde pequenos a sociedade nos diz que pertencer a alguma dessas “letras” é errado. Se perceber LGBT+ é o primeiro passo para infinitas lutas que travamos dentro de nós. Um dos primeiros embates é o momento de “revelar” a sexualidade e/ou identidade de gênero à família. O medo da não aceitação aparece, cobranças são feitas e tudo parece desmoronar. Enquanto a vida nos ensina a sobreviver, a sociedade não faz o mesmo.

Medo. Essa é uma palavra muito presente na vida de um LGBT+. A rejeição familiar é uma das problemáticas que mais geram transtornos psicológicos nessas pessoas. Prova disso é o alto índice de suicídio na população LGBT+. Um estudo realizado na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, com jovens entre 13 e 17 anos, concluiu que adolescentes lésbicas, gays e bissexuais são cinco vezes mais propensos a tentar suicídio do que heterossexuais. No Brasil, em 2018, o Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 100 suicídios de LGBT+. Os números foram coletados através de uma pesquisa feita pelo GGB, ainda assim, faltam dados oficiais para entendermos melhor a profundidade do problema.

Além de transtornos psicológicos, expulsar um filho LGBT+ de casa, muitas vezes, os coloca no mundo das drogas, na prostituição, na rua, provocando uma fragilidade gigante frente a uma sociedade que aponta o dedo a todo instante. Mas destaco os problemas emocionais, por ter sofrido isso durante a adolescência. O receio da rejeição familiar me fez, muitas vezes, rezar para que eu não fosse gay. Entre meus 12 e 15 anos, repetia essa conversa todas as noites antes de dormir. “Não quero que meu pais tenham vergonha de mim”. Meu maior medo era ser expulso de casa e não ter para onde ir; que as pessoas que eu mais amo deixassem de me amar.

Meus pais não me expulsaram de casa. Meu receio foi em vão até os 18 anos, quando eles souberam da minha sexualidade. Conto essa experiência, para conseguir expor um pouco do que é o medo da rejeição familiar enfrentado por um LGBT+. Minha história se torna pequena comparada a inúmeros casos de rejeição familiar que realmente acontecem. Mas ela poderia ter um final diferente, infeliz, devido aos problemas emocionais que me acompanharam no período da adolescência.

Esse medo não é só meu, mas também de outros LGBT+: receio da reação dos pais ao saberem que a filha é lésbica; incerteza sobre o que os avós pensarão sobre a bissexualidade de sua neta; medo que o pai nunca mais fale com o filho ao descobrir que ele é gay. Enquanto famílias rejeitam e expulsam seus filhos, outras criam uma rede de apoio. Há 10 anos, a ONG Mães Pela Diversidade, conscientiza pais e mães sobre a importância do apoio da família para com seus filhos. Presente em 23 estados brasileiros e formada por mães e pais de LGBT+, o grupo alerta sobre a LGBTfobia: “Meu filho não será estatística”.

A família é o nosso primeiro vínculo afetivo. Algumas pessoas dizem que é nosso “porto seguro”, mas o que fazer quando esse porto não está aberto para nós? Para onde vamos correr depois de uma tempestade provocada pela sociedade? A família não pode intimidar. Além de educar, ela tem o dever de acolher e dar amor. A sociedade já é muito cruel com a gente. Não precisamos de mais um mar tempestuoso que nos expulsa para fora dele.

Famílias, não expulsem seus filhos LGBT+ de casa. Ame-nos e nos respeite do jeito que somos. Não crie expectativas e nem projete um futuro para seus filhos. Tenham orgulho. Nós só queremos o seu amor.

 

Deivid Pazatto é jornalista egresso da UFN. Foi repórter da Agência Central Sul e monitor do Laboratório de Produção Audiovisual (Laproa) durante a graduação. É militante do movimento LGBTQ+, aborda questões pertinentes sobre essa temática em seus textos.

Daiane Tolentino, psicóloga, ministrou a oficina sobre psicologia e atuação em HIV/ Aids.  Foto: Thayane Rodrigues

A psicóloga  em política municipal, Daiane Tolentino, ministrou  nesta quarta-feira, 29, a oficina  sobre psicologia e atuação em HIV / Aids.  O workshop foi realizado de forma interativa, através de um bate-papo com os alunos e profissionais da área da saúde e apresentação de vídeos.

Segundo Daiane, até o momento, 95 casos de HIV,foram confirmados no município neste ano. Ela revelou que 32 casos foram de mulheres gestantes. A psicóloga, revelou que dados da política HIV, em 2017, apontaram o percentual em cada grupo de portadores do vírus, sendo: 10% gays,  31% transexuais, 5,9% usuários de drogas, 4,9% mulheres profissionais do sexo. O estigma e o preconceito dificultam o acesso dessas pessoas à educação e aos serviços de saúde. “quanto mais vulnerável mais atenção devemos dar a determinadas pessoas ou a população”, afirma a psicóloga.

Daiane também explicou o funcionamento da Casa 13 de maio, localizada na Rua Riachuelo nº 364, no centro de Santa Maria. O local conta com profissionais da saúde que fazem o acolhimento e realizam exames para o HIV. São feitos quatro testes rápidos para: HIV/Aids, sífilis, hepatite B e C. Uma vez confirmado o resultado, o paciente inicia o tratamento com o uso de medicamentos antiretrovirais disponíveis no Hospital  Universitário de Santa Maria. “A profilaxia deve ser realizada até 72 horas depois da exposição para que se faça o exame de gravidez e demais exames e o uso de medicamentos”, indica a psicóloga.

Para acadêmica de psicologia e estagiária na casa 13 de Maio no setor de Política HIV/Aids, Jessyca Prass Dorneles, 20 anos, o acolhimento leva em conta o estado emocional dos pacientes. “Se a pessoa está muito nervosa a gente nem faz o teste porque ela não tem condições de lidar com o diagnóstico naquele momento. A gente tem que partir do pressuposto de que pode dar positivo” complementa Jessyca. A estudante reforça a realização do procedimento da PEP (Profilixia Pós Exposição), para que se evite a transmissão do HIV.

Outro tema da conversa foi o preconceito da sociedade com os portadores do vírus. “Uma vez estava numa palestra e perguntei se alguém ali tomaria chimarrão com uma pessoa que tem a doença. Ouvi muitos não”, salienta Tolentino.

Os alunos questionaram sobre o procedimento que debe ser adotado com os bebês após o parto.  “No momento do parto se a mulher não sabe que tem HIV, ela toma uma medicação intravenosa e o bebê é acompanhado até os dois anos de idade, que é quando se pode dar um resultado definitivo” esclarece Daiane. Conforme a estudante de psicologia da UFN, Clarissa Carvalho de Oliveira, 21 anos, “aqui na faculdade não se vê muito sobre isso e eu achei que tinha algum conhecimento e não tinha”.

Para marcar o dezembro vermelho, a Universidade Franciscana realiza, no dia 30 de novembro, o recolhimento de objetos de higiene pessoal de uso feminino. As doações serão entregues no presídio feminino do município.

 

Cena de Laços. Fotos: Julie Brum, Labfem

Alunos do curso de Jornalismo da UNIFRA estão desenvolvendo dois curtas-metragens. O curta da vez é “Laços”, uma trama com engajamento social que fala de preconceitos e drama psicológico. O trabalho é feito na disciplina de Cinema II, sob a orientação da professora Kitta Tonetto, quando a turma de 6° semestre é dividida em duas equipes para serem elaborados os projetos.

A aluna Victoria Debortoli, roteirista, conta um pouco sobre a história da bailarina Bia, “ela é muito cobrada pela mãe por ser acima do peso dito como padrão, Bia sofre muito por isso. Mas, um dia antes do espetáculo, ela tem um sonho… O final o pessoal precisa assistir para saber.” “Toda a pressão psicológica, tanto de alguém de fora quanto de ti mesmo, causa efeitos e tu ser diferente não te impede de fazer aquilo”, disse Victoria.

O processo de preparação começou ainda na disciplina de Cinema I. Em Cinema II foi composta uma banca, por professores e profissionais, onde foram escolhidos os dois roteiros. A partir daí, foram divididas as equipes e os alunos buscaram atores, figurinos e patrocínios.

Tisa Lacerda.

A diretora é a aluna Tisa Lacerda. “Para termos subsídios para fazermos o curta, assistimos muitos filmes como referências desde a cadeira de Cinema I, discutíamos as ações e planos para que tivéssemos subsídios para gravar o curta”, disse Tisa.

São dois dias intensos de gravação e muitos ajustes. Os alunos contam com o apoio técnico do cinegrafista Alexsandro Pedrollo e, para as edições, alguns profissionais da UNIFRA, o resto fica por conta do grupo.

Bia, a personagem principal, é interpretada pela atriz Nizer Fontoura, santa-mariense formada em artes cênicas. Ela conta que se sente honrada por ter sido convidada a fazer parte deste trabalho. “Está muito organizado, maravilhoso… Estou muito feliz com este projeto por tratarem de uma temática que luta contra o preconceito. Me acrescenta muito como atriz e pessoa”, diz Nizer.

“É um trabalho bem onírico e sensível, estamos nos dedicando ao máximo e espero que toquemos os corações das pessoas, desta forma, o curta é uma ferramenta de poder. Desde pequenos sempre sofremos com esses padrões impostos pela sociedade, é cruel e nos sufoca. Cada pessoa tem sua beleza, devemos ter empatia, nos colocarmos no lugar das pessoas, além de buscarmos direitos iguais e quebra de discriminação, é pelo o que luto desde pequena, porque eu sofria com isso. O público, através desta maneira diferente de mostrar a realidade que são as produção cinematográficas, pode se identificar no lugar de Bia. Essa personagem é muito linda e emponderada, estou muito feliz por fazê-la”, declara Nizer.

“E sobre o balé, é uma dança bem exigente e rigorosa, duas meninas do grupo, que são bailarinas, me orientaram e ensinaram alguns passos, elas me deram todo o apoio. Tive muita vontade de ser bailarina quando era criança, mas, como meu biotipo sempre foi acima do peso, nunca tive a oportunidade. Palavras não conseguem expressar o quão bom e importante esse papel é para mim por causa da minha vida”, fala Nizer.

A estréia do curta-metragem está prevista para o dia 23 de novembro. Para quem quiser saber mais e conferir cada passo desse processo de criação, será criada uma página no Facebook especialmente para o curta.

Campanha Novembro pela Igualdade Racial. ( foto: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)
Campanha Novembro pela Igualdade Racial
( Imagem: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial)

Discriminação, preconceito e violência. Em diversos setores , da vida pessoal e profissional, essas palavras podem definir os obstáculos pelos quais a população negra passa em seu cotidiano.

O caso de racismo sofrido pela atriz Taís Araújo ganhou repercussão nacional. No entanto, episódios como este acontecem diariamente com pessoas desconhecidas do grande público. A delegada Débora Dias, da Delegacia de Polícia para Mulher de Santa Maria, confirma que os crimes virtuais ocorrem com frequência. Segundo Débora, “são casos demorados em suas investigações, mas sempre conseguimos identificar quem foi o autor dos crime”.

Em cidades dos estados de Espírito Santo e São Paulo, por exemplo, há delegacias especializadas em crimes raciais e de intolerância – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) .

Quanto a este tipo de delegacia, a professora de Filosofia e Sociologia, formada em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Josiana Hadlich de Oliveira diz, “O Brasil é uma sociedade complexa, ou seja, uma sociedade com muitos atritos, problemas sociais e políticos e desigualdades. Por isso, é necessária a criação de leis que beneficiem grupos sociais que estão em desvantagem econômica, social, cultural e política. Assim como foi preciso criar a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio e implementar a Delegacia da Mulher, faz-se relevante uma Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, tendo em vista que abordaria todo o tipo de racismo, não só do branco com o negro, e também qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa”.

Contudo, conforme a delegada Débora, apesar das delegacias especializadas em crimes raciais e intolerância ser importante, para esse tipo de delegacia se estabelecer na cidade é preciso que o número de casos também seja maior. “Não que aconteçam menos crimes, mas a população negra na região é menor”.

A delegada relata ainda que não há dados específicos sobre o número de casos de violência contra mulheres negras, mas afirma que após entrar em vigor a Lei Maria da Penha (11.340/06), o número de ocorrências aumentou em 70%.

Sabe- se , segundo o mapa da violência de 2015, em todo país entre 2003 e 2013 o número de homicídios de mulheres brancas caiu – de 1.747, em 2003, para 1.576 em 2013. Enquanto o número homicídios de mulheres negras aumentou -de 1.864 para 2.875-, no mesmo período.

Entre 2002 e 2010 o número de homicídios de pessoas brancas caiu em 25,5% enquanto o de pessoas negras aumentou em 29,8% .

Como denunciar:

Denúncias de racismo e injuria racial podem ser feitas pelo 197 (Polícia Civil), 190(Brigada Militar), 180 ( Central de Atendimento à Mulher) -nos casos de violência contra mulher.

Entenda melhor a diferença entre injúria e racismo :

Conforme o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), injúria qualificada é todo tipo de ofensa utilizando-se de elementos que diz respeito à cor, raça, origem, religião, etc. Está prevista no Código Penal, e estabelece de um a três anos de reclusão. O crime de racismo, previsto em Lei n. 7.716/1989, são atitudes de prática ou indução à discriminação e preconceito quanto à cor, raça, origem, religião, etc. É inafiançável e imprescritível.

Igualdade no ambiente profissional

No último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010, das 438 profissões listadas, em apenas 16(4%) delas o profissional negro ganha mais que o branco. Sobre esse dado, a professora , diz que há duas possíveis visões com relação ao resultado da pesquisa. “Os 4% podem ser vistos de uma maneira negativa e positiva. O lado negativo é que, considerando que a população negra e branca são equiparada em relação ao número de indivíduos, vemos que é uma porcentagem muito baixa de negros que são bem remunerados quando comparados aos brancos. O lado positivo é que estamos falando de 4% que não existiam há 30 anos atrás, por exemplo”, explica Josiana.

Perguntada sobre como mudar o cenário de discriminação e preconceito, a professora Josiana comenta de que maneira promover essa modificação, “a partir de manifestações sociais que lutem cada vez mais pelo direito das minorias e pela mudança cultural e social da nossa sociedade. Que a geração presente transmita à geração futura valores morais que os levem à prática dos direitos humanos”.

Pedro acredita que o filme mostre a realidade atual brasileira (foto: Fernanda Gonçalves/Laboratório de Fotografia e Memória)
Pedro acredita que o filme mostre a realidade atual brasileira (foto: Fernanda Gonçalves/Laboratório de Fotografia e Memória)

“Muitas vezes olhamos com preconceito e não valorizamos o trabalho de quem está nos servindo. É muito chocante o filme. Eu comecei a questionar se as mulheres que me criaram deixaram de cuidar dos filhos delas”, é a reflexão que Pedro Correa, estudante do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano, fez sobre o filme, abrindo mais os olhos para essa realidade que muitos ignoram.
O estudante indicou esse filme por ser a visão de uma empregada doméstica de uma família de elite em São Paulo. Todas as pessoas devem quebrar esse paradigma e preconceito. “É importante reconhecermos o trabalho de todas as classes”, afirma Pedro. Principalmente agora que as empregadas domésticas ganharam direito ao Fundo de Garantia (FGTS) é muito sugestivo o filme. O longa é da mesma diretora do filme que retrata a ditadura militar em “O ano em que meus pais saíram de férias”.

Imagem: divulgação
Imagem: divulgação

Sinopse: A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.
Direção: Anna Muylaert.

 

 

Confira o trailer do filme Que Horas Ela Volta?

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