Julho é o novo mês da sobrecarga da Terra
A cada ano a data da sobrecarga da Terra tem sido mais cedo. Desde a década de 1970, a demanda anual de recursos excede o que a Terra pode se regenerar. Usamos o equivalente a 1,7
A cada ano a data da sobrecarga da Terra tem sido mais cedo. Desde a década de 1970, a demanda anual de recursos excede o que a Terra pode se regenerar. Usamos o equivalente a 1,7
Os canoístas santa-marienses Gilvan e Givago Ribeiro, irmãos, foram conferir de perto a situação atual do Arroio Cadena. Em apoio ao Movimento Pelas Águas (Pro Water), os atletas percorreram de caiaque e stand up (prancha com
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
A cada ano a data da sobrecarga da Terra tem sido mais cedo. Desde a década de 1970, a demanda anual de recursos excede o que a Terra pode se regenerar. Usamos o equivalente a 1,7 Terras para fornecer os recursos e absorver nossos resíduos, ou seja, mais do que um ano e meio para compensar o que usamos em um ano. Na prática significa que estamos sobrecarregando as capacidades de regeneração através da exploração excessiva de florestas (e desmatamento), poluição, escassez de água doce, erosão do solo, perda da biodiversidade e da emissão de mais dióxido de carbono.
No ano 2000, o Earth Overshoot Day foi atingido em outubro. Onze anos depois o mês de setembro tornou-se o limite. Desde 2012 já tem sido demonstrado em agosto. Agora em 2019, a nova data é 29 de julho. No entanto, essa medida refere-se a média mundial. É preciso ainda considerar a média por cada país. Maio foi o mês da sobrecarga para vários países europeus como a Alemanha (dia 3), Suíça (dia 9), França (dia 14), Itália (dia 15), Inglaterra (dia 17), Grécia (dia 20) e Portugal (dia 26). A sobrecarga no Brasil, pelo menos ainda este ano, mantém a média mundial, no mês de julho. Em 1970, a data da sobrecarga era marcada em dezembro, ou seja, a mudança ocorreu em menos de meio século.
A Organização Não-Governamental Global Footprint Network calcula o Dia da Sobrecarga da Terra, conhecido como Overshoot Day, utilizando o cálculo da Pegada Ecológica. Além dos dados, a ONG propõe conscientizar para um estilo de vida mais sustentável (o que depende também de políticas públicas) e lançou a campanha nas redes sociais chamada #MudarAData em www.overshootday.org/steps-to-movethedate.
Um projeto pioneiro envolvendo centros de investigação locais e a Global Foortprint Network (GFN) foi lançado este ano em Portugal. O Projeto Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses utiliza a metodologia da pegada ecológica da Global Foortprint Network (GFN) e une a GFN, a Associação Sistema Terrestre Sustentável, a ZERO, e a Universidade de Aveiro, com a Unidade de Investigação GOVCOPP. O projeto envolve seis municípios nesta fase inicial: Almada, Bragança, Castelo Branco, Guimarães, Lagoa e Vila Nova de Gaia.
A pegada ecológica envolve hábitos em torno da alimentação, transporte, consumo, energia e moradia. Para calcular a sua pegada ecológica pode utilizar o site: http://www.pegadaecologica.org.br/2015/index.php. A estimativa atual é que até 2030 serão necessários três planetas, será que não está mais do que na hora de uma mudança de hábitos?
Faça o teste, analise a sua pegada e questione-se. Qual seria o desempenho da sua cidade no cálculo da pegada, se existissem dados como do projeto de Portugal? Na sua casa ou seu bairro? Será que na sua cidade o tratamento de água e esgoto é adequada? Será que a produção de lixo não poderia diminuir? A coleta seletiva (ela existe?) é realmente eficiente? E o consumo e produção de energia? Qual o impacto das escolhas alimentares? Precisamos repensar hábitos, rotinas de casa e na rua. Precisamos repensar, reduzir, reutilizar e respeitar o ambiente, afinal fazemos parte desta Terra.
Alice Dutra Balbé, doutora em Ciências da Comunicação e mestre em Informação e Jornalismo pela Universidade do Minho, Portugal, jornalista egressa UFN.
Os canoístas santa-marienses Gilvan e Givago Ribeiro, irmãos, foram conferir de perto a situação atual do Arroio Cadena. Em apoio ao Movimento Pelas Águas (Pro Water), os atletas percorreram de caiaque e stand up (prancha com remo) o trecho em que o arroio passa pela Avenida Dom Ivo Lorscheiter. A ação buscou alertar a comunidade sobre a necessidade de preservação do meio ambiente. Segundo o atleta Gilvan, é importante que todos percebam o descaso com nossas riquezas naturais. “O poder público precisa fazer sua parte, mas os cidadãos também, pois o lixo não vai para lá sozinho”.
Além de pneus, sacolas e até objetos grandes, como televisores, eles se depararam com o desagradável cheiro de esgoto no percurso. “Não consigo entender como deixamos o nosso rio virar um lixão, nossa sociedade civilizada precisa evoluir muito ainda”, ressalta Gilvan. Nos anos 70, o arroio Cadena era considerado limpo e muitas pessoas utilização sua água para banho e lazer.
A baixa qualidade da água nos rios é um dos principais problemas enfrentados pelos habitantes das grandes cidades brasileiras. A poluição afeta a biodiversidade e compromete uma série de serviços ambientais prestados pelos ecossistemas. No caso de Santa Maria, o arroio é considerado o maior problema ambiental da cidade porque nos seus 16 quilômetros de extensão passa por 13 bairros e atinge as pessoas que moram às margens.
A atual gestão municipal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), executou um projeto para retirada de algumas famílias que estavam em áreas de risco, mas nada foi feito ainda em prol da limpeza e revitalização do Cadena. ‘’Acho de suma importância chamar atenção da população para um problema que é grave, mas infelizmente fica esquecido por muitos. Em Santa Maria vejo um potencial muito grande no Cadena, para transforma-lo em uma área de lazer e também para pratica de esportes náuticos’’ conta Givago.
Pro Water – O movimento pelas águas começou em São Paulo. O idealizador do projeto, Fernando Fernandes, é o campeão mundial de para-canoagem. Na sua primeira etapa, o projeto se propôs a fotografar rios, lagoas ou praias que estão degradados pela poluição, com o intuito de alertar as pessoas. Assim, chama a atenção para lugares em que a natureza divide espaço com o lixo, mas que poderiam ser áreas de lazer e de praticas esportiva. As primeiras imagens foram feitas em março deste ano no rio mais famoso e mais poluído do Brasil, o Tietê. Os Irmãos Ribeiro fizeram a primeira atividade do Pro Water no Rio Grande do Sul.