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Psicofobia e estrutura para tratamento psiquiátrico

A psicofobia, preconceito contra pacientes psiquiátricos, ainda impera na sociedade, infelizmente. Segundo professoras do Centro Universitário Franciscano, o preconceito deve ser desconstruído a partir de políticas para uma maior inserção desses pacientes na sociedade, inclusive o

A psicofobia, preconceito contra pacientes psiquiátricos, ainda impera na sociedade, infelizmente. Segundo professoras do Centro Universitário Franciscano, o preconceito deve ser desconstruído a partir de políticas para uma maior inserção desses pacientes na sociedade, inclusive o trabalho contra o preconceito começa na sala de aula. Além dessa barreira, o tratamento psiquiátrico atravessa a falta de locais estruturalmente apropriados, onde os pacientes em surto possam ser assistidos.

(foto por: Viviane Campos, Laboratório de Fotografia e Memória)
(Foto: Viviane Campos/Laboratório de Fotografia e Memória)

A professora e coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário, Cristina Kruel, fala sobre a abordagens das aulas de psicologia: elas são pautadas em casos práticos, factuais, quando tratamos a saúde mental ela está permeada em todas as disciplinas, nas disciplinas de psicopatologia onde falamos mais especificamente dos transtornos, então é tratada questões de diagnósticos.
A forma de trabalhar com pacientes psiquiátricos e o tratamento é lapidado em todas as aulas, os alunos conhecem o transtorno e esse é problematizado. As aulas geralmente são em círculos, para todos se enxergarem e ter uma melhor dinâmica.
“O foco também está na saúde do paciente, além do transtorno, pois ele não é só aquele sintoma, ele tem coisas mais saudáveis, então trabalhamos com esses aspectos positivos para o tratamento, não focamos somente na doença mental, fala Cristina”.
Discutimos no Conselho de Psicologia a questão do preconceito sempre, que é combatido, inclusive, na formação do profissional. É necessário desconstruir a pré-imagem do paciente, mostrar que essa pessoa sofre e não é só esse transtorno ou sintoma, ela deve ser compreendida e não rotulada. O paciente tem a sua vida, sua família, seu emprego.

Segundo a coordenadora, os professores abordam também a teoria de não nomear ao paciente o seu sintoma, pois é como ele se sente, isso não resume a identidade dela, é somente uma característica do todo, um detalhe do ser humano que ela é. Evitam usar esses nomes também nas escolas para que a criança e o adolescente não cresça com a ideia de que ela é só isso e não consiga ter autonomia.

“Temos no curso estágios básicos e específicos; os básicos começam a partir do quarto semestre e o específico já tem uma ênfase maior nas facetas do curso. Trabalhamos com os alunos no Hospital São Francisco, na Casa de Saúde e aqui nos laboratórios do curso”, Cristina comenta.

(Foto por: Francine Antunes, Laboratório de Fotografia e Memória)
(Foto: Francine Antunes/Laboratório de Fotografia e Memória)

A professora de saúde mental, do curso de Enfermagem, Karine Cáceres, ministra a parte da reforma psiquiátrica, faz uma contextualização até os dias atuais, posteriormente entra nas patologias, com exemplos da realidade e das suas experiências enquanto supervisora da saúde mental e psiquiatria. “Isso facilita o desenvolvimento das aulas, trago exemplo reais e atuais, como o co-piloto que tinha problemas mentais, que causou o acidente de avião”, comenta.
Vejo, infelizmente, muito preconceito contra o paciente psiquiátrico, desde que dou aula nessa disciplina mostro aos alunos que são pessoas normais, mas que em um certo momento de crise, tem de se ter um cuidado a mais. Nós devemos começar a tentar mudar essa visão e conceito que têm dos pacientes. Há um receio muito grande das pessoas em se comunicar com os psiquiátricos, elas acham que eles serão agressivos mas isso só ocorre em tempo de surto ou crises.
“Hoje, no Hospital São Francisco, temos 25 leitos para pacientes psiquiátricos e dependentes químicos, temos também a Casa de Saúde e o HUSM,  que atendem pelo SUS, também comportam um grande número de pacientes, mas ainda falta estrutura”. Um paciente em surto precisa estar em um ambiente onde tenha o tratamento correto, porque muitas vezes eles têm crise em decorrência da não-medicação. Contamos também com os CAPs, mas Santa Maria precisa de mais suporte nessa área.
Na unidade de psiquiatria, atua a Enfermagem, com estágios, a Terapia Ocupacional e a Psicologia, e a Nutrição, da UNIFRA. Na Casa de Saúde, além desses cursos tem a residência médica em psiquiatria.