Jovens e entusiastas movimentaram o mercado do vinil na Feira do Livro
Raridades e discos atuais compartilharam espaço nas bancas.
Raridades e discos atuais compartilharam espaço nas bancas.
Dia 20 de abril é uma data para pensar na música como cultura e entretenimento, é o dia do disco de vinil. Entre os vinis mais procurados estão os clássicos Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd e Rolling Stones.
A Agência CentralSul de Notícias faz parte do Laboratório de Jornalismo Impresso e Online do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN) em Santa Maria/RS (Brasil).
A última Feira do Livro de Santa Maria contou com a venda de discos de vinil usados. As bolachas que eram famosas nos anos setenta e oitenta, estiveram presentes em bancas na Praça Saldanha Marinho. Além dos vinilófilos, jovens também procuram adquirir esse antigo formato de ouvir música que tem encontrado novo fôlego no mercado fonográfico.
Clientes garimpam discos raros na Feira do Livro. Imagem: Enzo Martins
Lp´s originais dos anos 80, de artistas como Chico Buarque, João Bosco e Sandra de Sá, estavam disponíveis junto com discos de artistas Pop da atualidade, como Marina Sena e Duda Beat. Essa renovação no mercado e no público pode ser vista no relatório da Pró-Música, associação que representa os produtores fonográficos do Brasil, lançado ano passado. Apesar de a receita de vendas de música no formato físico representarem apenas 0,6% da receita total da indústria fonográfica brasileira, ela atingiu o maior patamar desde 2018 puxada pela venda dos discos de vinil, que foi o formato físico mais comercializado.
Atualmente, as plataformas de streaming como o Deezer e o Spotify dominam a indústria musical, mas para os compradores de discos, a experiência de ouvir uma música pelo celular ou pelo computador não é a mesma coisa que colocar o vinil no toca discos e olhar a arte da capa de um álbum. Márcio Grings, criador do selo Memorabília, e que reuniu discos seus e de amigos para vender na Feira, diz que não só o material gráfico do disco atrai as pessoas, mas a qualidade do som também é melhor.
Os donos das bancas percebem uma diferença entre os entusiastas de longa data do formato do vinil e os compradores jovens. Normalmente, os jovens que compram os discos dificilmente têm um tocador em casa e colecionam esses objetos como um ícone pop. Mesmo assim, os vendedores comemoram que a nova geração está voltando ao formato do vinil.
Texto produzido por Enzo Martins na disciplina de Produção da Notícia, sob supervisão da professora Neli Mombelli, durante o segundo semestre de 2024.
Dia 20 de abril é uma data para pensar na música como cultura e entretenimento, é o dia do disco de vinil. Entre os vinis mais procurados estão os clássicos Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd e Rolling Stones.
A colecionadora Sandra Boeira conta que seu primeiro disco foi Bob Marley and the Wailers, mas seus favoritos são Bob Marley ,Raul Seixas,Led Zeppelin ,Crredencee. Ela comenta que tem cerca de 30 discos e que os vinis representam um resgate de sua juventude. “Sou movida à musica. Tinha uns 11 anos quando descobri qual tipo eu gostava e o vinil era o que tínhamos na época. Hoje tenho prazer em ir a um sebo procurar ou encomendar um vinil”, declara.
Já o colecionador Roger Cassel lembra que seu primeiro disco foi da RPM e elege os vinis do Tim Maia e Legião Urbana como prediletos. Ele explica que, apesar de o vinil ter sido um tanto esquecido no Brasil, sempre gostou de colecioná-los. “Comecei a levar a coleção a sério a mais ou menos um ano, quando li uma reportagem aqui em Santa Maria sobre colecionadores. Hoje tenho um total de 1200 discos”, relata. Para Cassel, o vinil carrega mais cultura que o CD.
Apesar de ser retrô e ter caído em desuso com o surgimento de novas tecnologias, o disco representa um importante avanço na história das mídias. Os preços dos discos usados variam de R$ 30 a R$ 80. Os novos vão de R$ 100 a R$ 300. Já os raros vão de R$ 500 a R$ 3 mil.
O empresário Gilberto Ramalho, dono da loja de discos Exclusive, enfatiza que a procura por vinis é maior do que a busca por CDs. “Desde 2008, a venda de vinis supera a de CDs. O CD morreu. O vinil não”, reforça.
O primeiro disco de vinil surgiu em 1948 para substituir os discos de goma-laca, grande sucesso na primeira metade do século XX. Ao contrário do seu antecedente, o vinil era leve, resistente a quedas, fácil de manusear e com tecnologia mais avançada para a reprodução musical.
Por representar o retrô, o vinil é uma peça constantemente resgatada na decoração. Desta forma, as peças são usadas tanto para enfeitar paredes residenciais, quanto para valorizar o clima de uma festa anos 50, 60 ou 70.
Entre os ritmos, o rock é o mais solicitado na procura por vinis e, por sempre passar uma mensagem, é considerado por Ramalho como música genuína. “O rock passa uma mensagem. A maioria das pessoas não gosta desse ritmo porque hoje em dia, ninguém quer pensar. Preferem o jeito mais fácil”, acrescenta.
Para a alegria dos colecionadores de vinil, é possível encontrar à venda discos antigos famosos. Compradas e trocadas, as peças fazem sucesso entre as pessoas que gostam de objetos de outras épocas e são apaixonadas por música. De acordo com Gilberto, quem gosta mesmo de música, sempre prefere o vinil. “Essas pessoas não se contentam com as músicas online, eles querem mais, querem ir além.”
Sandra ressalta a importância do vinil. “O vinil é um senhor que deve ser valorizado porque tem uma magia:trocar do lado A para o B. Além disso, a gente compra porque gosta de todas as músicas, já que não tem o controle remoto para pular as faixas. Essa é a graça e o diferencial do vinil”, finaliza.