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Fernando Rodrigues

Fernando Rodrigues

Em 1948, quando o jornalista e escritor britânico George Orwell concluiu o famoso romance 1984, ele mostrou para o mundo um futuro desconfortável e claustrofóbico.
Hoje o livro 1984 é um clássico da literatura mundial. Os conceitos abordados nesse distópico romance serviram até mesmo para batizarem um certo reality show, fato esse que deve estar fazendo Orwell dar piruetas em seu túmulo.
No livro, o escritor mostra como uma sociedade oligárquica coletivista é capaz de reprimir qualquer um que se rebelar contra ela. Para isso, o governo, ou o Grande Irmão, mantém a população completamente desinformada. Ninguém sabe exatamente em que ano estão, quem venceu e quem perde as guerras. É tanta desinformação que a mentira se torna a única verdade.
Hoje, já no século XXI, o advento da internet aumentou o ciclo de informação. Ao contrário do que Orwell afirmou em seu livro, o futuro está abarrotado de informação e cada ser humano é uma ilha cercada de notícias por todos os lados. Hoje recebemos e produzimos notícias, muitas vezes sabendo de tudo sem saber bem o porquê.
Mas, e se fosse possível construir uma máquina do tempo, dessas que o H.G. Wells imaginou em seu livro e com ela buscássemos George Orwell para visitar o nosso futuro pós-1984? O que será que esse escritor diria?
O autor, que também escreveu o clássico A Revolução dos Bichos, poderia ficar estupefato diante do excesso de informação, mas também poderia comprovar definitivamente que qualidade não é quantidade. Há informação onipresente no facebook, nos portais da internet, nos ínfimos 140 caracteres do twitter, no rádio, na TV, nas revistas e nos jornais, tudo é mastigado em poucas palavras para o público evitar o trabalho hercúleo que é pensar.
O escritor iria perceber que o futuro é governado pela ditadura da efemeridade e que a maioria dos indivíduos são um pouco o Winston Smith, o personagem que no romance é um simplório funcionário que se limita a cumprir a sua fatídica função sem questionamentos, sem saber porque, por quem e para quem. Talvez Orwell iria afirmar até que essa sociedade de controle é muito diferente da imaginada por ele, por outro lado, é muito próxima de um admirável mundo novo concebido por outro escritor. Mas aí, nesse caso, já é outra história.

Foto:divulgação

 

Criado pela dupla Jerry Siegel e Joseph Shuster, o Superman apareceu inicialmente em uma revista chamada Action Comics, em 1938. A partir de então, gradativamente esse personagem angariou status de mito e, ainda no século XX, se tornou um dos maiores ícones não apenas das histórias em quadrinhos de super heróis, mas também da cultura pop. Até porque o “S” que o personagem carrega no peito é um símbolo que hoje pode ser facilmente reconhecido por qualquer terráqueo. Não importa se a pessoa mora em um apartamento de uma conturbada metrópole ou habite um iglú isolado no pólo norte, o fato é que a fama do Superman ultrapassa fronteiras, ainda mais no mundo de hoje, regido pela velocidade da informação.

Diante disso, havia uma certa expectativa em relação a essa nova empreitada do personagem nos cinemas, já que algumas experiências cinematográficas anteriores foram massacradas por crítica e público com requintes de crueldade. Além disso, o próprio Superman, com o seu estilo de bom moço politicamente correto, já soava obsoleto para boa parte da atual geração, que está acostumada com (anti) heróis que não hesitam em mandar o bom senso às favas.

Como então tornar relevante um personagem que, apesar da sua fama na mitologia da cultura pop, ainda usa uma cueca vermelha por cima de uma calça azul?

Pois bem. A Warner, empresa detentora dos direitos do personagem, viu com bons olhos a receptividade do público diante dos filmes do Batman, dirigidos por Christopher Nolan. Sendo assim, Nolan teve sinal verde do estúdio para trazer o kryptoniano de volta para as telas de cinema. A direção do longa-metragem, nesse caso, ficou a cargo de Zack Snyder (Sucker Punch e Watchmen).

O resultado é O Homem de Aço, filme que mostra aquele Superman boa praça, mas que ao mesmo tempo não mede esforços na hora de partir para a agressão física contra o vilão Zod, vivido por Michael Shannon.

Com roteiro assinado por Christopher Nolan e David S. Goyer, o longa-metragem possui uma trama com boas elipses. Há cenas que denotam momentos mais emotivos intercalados por uns flashbacks aqui e ali, mas também há momentos de ação filmados com esmero, para não deixar ninguém sentindo falta das explosões e pancadas típicas de um filme do gênero.

Apesar disso, é possível notar que o roteiro em vários momentos é apressado e deixa escapar alguns furos que não são exatamente do tamanho de uma cratera lunar, mas podem incomodar os espectadores mais exigentes.

Vale também destacar que é possível notar na história uma camada mais interna, que mostra o Superman (bem interpretado por Henry Cavill) um sujeito em busca da própria identidade. O elenco de apoio se vira bem e conta com nomes veteranos como Russel Crowe (Jor-El), Kevin Costner e (Jonathan Kent), Diane Lane (Martha Kent).

De uma forma geral, O Homem de Aço é um produto que cumpre com o seu intento de trazer um personagem ícone para o século XXI, ele já não usa uma capa que pode ser confundida com um tecido de toalha de mesa. Até a sunga vermelha tiraram dele.

Se o Superman dos quadrinhos é mostrado como a esperança para os habitantes da Terra, dentro dessa enxurrada de filmes de super heróis, o Homem de Aço é esperança para os fãs que aguardam mais bons filmes para a franquia.

Nascido nos EUA em meados do século XX, esse tal de rock and roll foi considerado por alguns apenas mais uma febre da juventude, algo tão efêmero quanto a moda das calças boca de sino. Mas o tempo provou que a junção guitarra, baixo e bateria era mais do que uma moda dançante e um ritmo divertido. O rock se tornou sinônimo de comportamento e, para muitos, um estilo de vida.

Após um famoso concerto beneficiente chamado Live Aid e realizado simultaneamente na Inglaterra e nos Estados Unidos, o rock and roll ganhou um dia para chamar de seu. A data em questão é o 13 de julho de 1985, dia em que ocorreu o Live Aid.

Marcelo Demichelli em estúdio. Arquivo pessoal

Hoje há quem considere a criação de um dia especial para o rock and roll algo irrelevante, como é o caso do músico Daniel Strauberg, que atua como baixista na banda Plan 9. “Eu penso que um dia destinado ao rock é algo tão inútil quanto o dia do notebook ou algo assim. O rock é algo que está presente em nossas vidas toda hora”, ironiza Strauberg, 28 anos.

Por outro lado, o guitarrista Marcelo Demichelli, que já lançou um CD com música instrumental, pensa diferente. “Acho uma data memorável e que deve sim ser celebrada, pois o rock foi com certeza uma grande manifestação cultural do século passado e tem tudo para fazer história no atual também”, declara Demichelli.

De qualquer forma, o rock como um gênero já não é um estilo homogêneo. Desde que roqueiros dinossáuricos como Chuck Berry e Little Richard vieram com os primeiros riffs de guitarra na década de 50, o mundo viu nas décadas posteriores bandas reinventarem o rock de inúmeras maneiras. Não é à toa que hoje há vários estilos diferentes entre si como punk rock, rock progressivo, thrash metal, entre outros.

Apesar de que subgêneros dentro do rock se proliferam mais do que palavrões em um entrevista do Ozzy, o fato é que, pelo menos para os roqueiros que acham interessante um dia mundial do rock, o 13 de julho é dia de celebração, independente de ser punk, hard ou progressivo. Tudo é rock!

Cultura japonesa em debate. Fotos: Joana Gunhter

A influência japonesa é marcante em todos os cantos do planeta, inclusive no Brasil. Na culinária, na filosofia e nas mais variadas manifestações artísticas, a cultura nipônica é visível, principalmente entre os mais jovens, que são fãs dos desenhos animados e das histórias em quadrinhos oriundas lá na terra do sol nascente.
Ontem, sábado, 29 de junho, ocorreu na UFSM o evento Olhares sobre a Cultura Japonesa – I Ciclo de Estudos sobre Diversidade Cultural e suas Manifestações na Sociedade Brasileira.

A atividade cultural faz parte das comemorações do aniversário da Imigração Japonesa e contou com exibição de animês (os desenhos animados japoneses), oficinas de culinária, origami, mangás (as histórias em quadrinhos orientais) e também com uma palestra ministrada pelo professor André Luís Soares e o acadêmico Maurício Hiroshi Fillipin, onde foi abordada as diferenças entre o Japão antigo e o moderno. “Na sociedade japonesa os elementos da cultura milenar convivem lado a lado com as novidades da sociedade moderna”, afirma Fillipin.

Os mangás e os animês, que são partes da cultura pop oriental e já conquistaram os jovens desse lado do globo terrestre, também foram temas do encontro. Nesse caso, os integrantes do Quadrinhos S.A, núcleo de quadrinhistas de Santa Maria, ministraram uma oficina de mangá. Nessa oficina, os artistas mostraram técnicas utilizadas para desenhar personagens e cenários, bem como explicaram as principais características desse estilo de arte.

Exibição de animês. Foto: Joana Gunhter

Marcel Ibaldo, que faz parte do Quadrinhos S.A, afirmou que os mangás atingem diferentes segmentos de público. “Há mangás para meninos, outros destinados para meninas e também existem aqueles voltados para leitores adultos”, declarou Ibaldo, que ainda citou como exemplos as publicações Vagabond, Akira e One Piece.
A cultura japonesa, como qualquer outra, é muito rica e está inserida em vários aspectos da vida moderna ocidental, mostrando que, assim como o símbolo ying-yang, ocidente e oriente se complementam.

No último sábado, dia 15, na Livraria Athena, em Santa Maria, ocorreu o primeiro Grings Memorabilia. Nessa ocasião, o escritor Márcio Grings disponibilizou LPs para venda e bateu um papo descontraído com o pessoal que passava por lá.

Márcio Grings. Foto: arquivo do escritor. http://gringsmemorabilia.blogspot.com.br/

O Grings Memorabilia, além de vendas de LP, é também um espaço destinado para apresentações acústicas e para boas conversas sobre livro, cinema e música. A atividade irá acontecer geralmente nos segundos sábados de cada mês.
Entre conversas sobre livros e discos, Grings declarou que a ideia é unir em um mesmo espaço duas de suas paixões: música e literatura. Além disso, o escritor destacou a curiosa redescoberta do disco de vinil justamente em uma época em que a música segue para o mundo virtual. “Ouvir canções em LP é uma experiência única, até mesmo pela beleza das capas e das letras nos encartes, algo que o formato digital não possui”, alega o escritor.
Os encontros do Grings Memorabilia poderão ocorrer em outro local que em breve será revelado.
Para saber mais sobre a atividade, acesse também o blogue do Márcio Grings.

Foi com o lançamento do segundo álbum, Fly by Night, que o Rush migrou definitivamente para o rock progressivo. Foi também após o lançamento do segundo disco, Paranoid, que o Black Sabbath mostrou que suas músicas eram muito mais que excelentes rifes de guitarra. Ou seja, o primeiro CD lançado uma banda nunca esquece, mas é o segundo que serve para mostrar que o trabalho amadureceu e o grupo não é mais um a tocar no volume máximo.
E é esse amadurecimento musical que pode ser percebido no álbum O Instinto, segundo trabalho da Rinoceronte, power trio peso pesado nascido em Santa Maria.
A banda, formada por Paulo Noronha (voz e guitarra), Vinícius Brum (voz e baixo) e Luiz Henrique (bateria), acrescentou em algumas faixas doses homeopáticas de teclado e bandolim, fato esse que trouxe um diferencial, mas sem tirar a identidade musical que o público já conhece. Ponto para o trio de músicos e para o produtor Gustavo Vasquez, proprietário do estúdio Rocklab, onde o disco foi produzido. “Durante o processo de pré produção do disco já havíamos definido usar algo de violão em alguns temas. Chegando no estúdio nos aproximamos desses novos elementos e nos 15 dias que ficamos por lá o contato foi constante”, afirma Noronha, responsáveis pelas seis cordas na Rinoceronte.

O fantasma do segundo CD

No ramo musical vários artistas lançam um primeiro álbum impecável, recheado de hits que agradam gregos e troianos. No entanto, o segundo disco não corresponde às expectativas. Sobre essa preocupação, Noronha declara que ela existe, mas não é uma obsessão.
“Nos preocupamos sim, mas no final a gente fica com a impressão de que isso tem mais a ver com bandas que já nascem grandes, no mainstream sabe, o que não é o nosso caso”, afirma o guitarrista, que se orgulha da independência da banda.
Sobre o fascínio que o som setentista exerce sobre as novas gerações, Noronha declara que isso ainda é um mistério: “Pode ser que tenha a ver com o fato de que nos anos 70 estão presentes quase todos os grandes dinossauros do rock, em plena atividade, que faziam coisas absurdamente novas para a época deles”.
E com um pé no passado, mas com os olhos para o futuro, a Rinoceronte continua deixando pegadas de peso no rock santa-mariense. E que venham o terceiro, o quarto, o quinto… Muitos CDs pela frente.

Desde a época em que os primeiros homens das cavernas se reuniram ao redor de uma fogueira para contarem histórias, as narrativas fantásticas acompanham a humanidade. Os mitos, as fábulas, a fantasia e o sobrenatural surgiram antes mesmo da escrita e estão presentes em vários clássicos literários, tais como As 1001 Noites, A Odisseia, entre outros. Fenômenos mais recentes, como Harry Potter e Game of Thrones representam o sucesso que a literatura fantástica faz entre os leitores.
Mas e no Brasil, há autores que escrevem ficção sobre lendas, mundos paralelos e outros mitos? Sim, no país do Monteiro Lobato a existência de autores adeptos da literatura fantástica é real.
Em Santa Maria, por exemplo, a professora de História Nikelen Witter já possui um livro na praça. É o Territórios Invisíveis, uma fábula urbana voltada para o público infanto juvenil, que envolve aventura, mistério e personagens com dramas pessoais bem definidos.
De acordo com a escritora, o desenvolvimento da escrita do seu livro, que foi lançado em 2012, foi um processo demorado. “Meu trabalho como redatora é naturalmente lento. Penso e repenso frases, formas, focos, ajusto várias vezes o olhar sob o qual narrarei a cena e o tom que o texto terá”, afirma a autora.

A Fantasia no Brasil

Macunaíma, do escritor Mario de Andrade, é um dos exemplos de vários livros nacionais que utilizam elementos fantásticos na narrativa. Apesar disso, durante um bom tempo houve um certo preconceito em relação a livros de fantasia. No entanto, hoje, sobre o panorama da fantasia no Brasil, a autora afirma que os leitores estão receptivos a esse tipo de leitura, porém os escritores daqui travam uma árdua batalha contra os estrangeiros. “A dificuldade de conseguir espaço num mercado dominado por grandes editoras e uma quantidade imensa de lançamentos estrangeiros – não há nada de ruim nesses lançamentos, mas é difícil competir com as campanhas de marketing que secundam esses livros”, alega a escritora.
Sobre projetos futuros, Nikelen afirma que já possui esboço da continuação de Territórios Invisíveis, bem como um projeto para uma ficção histórica e planos para um outro romance juvenil.

Os quadrinhistas que fazem parte da casa de cultura participam da Feira do Livro. Foto: Divulgação

A Casa de Cultura de Santa Maria está prestes a ser reformada. O projeto da reforma  tem por objetivo transformar o prédio em um ponto de diversidade cultural, reunindo ali locais para exposição, apresentações teatrais e demais atividades artísticas. Esse é o projeto elaborado por meio da Associação dos Amigos da Casa de Cultura, a Cida Planejamento Cultural, a prefeitura e a Lahtu Sensu Administração Cultural.

Hoje na Casa de Cultura funcionam a Casa do Poeta, a Associação dos Artistas Plásticos, a Associação de Cegos e Deficientes Visuais, o Clube de Xadrez de Santa Maria, o Conselho Municipal de Cultura, a Escola Municipal de Artes Eduardo Trevisan (Emaet) e a Associação de Quadrinhistas, formado por roteiristas e desenhistas de histórias em quadrinhos.

Os quadrinhistas, que anualmente lançam uma publicação na Feira do Livro, se reúnem na Casa de Cultura, onde realizam os seus trabalhos e desenvolvem projetos relacionados a desenhos e ilustrações. De acordo com Marcel Ibaldo, integrante do grupo, “uma melhor estrutura vai favorecer o desenvolvimento artístico no espaço da Casa, pois dessa forma, o local terá mais condições para ampliar as suas atividades”, declara o artista.

No momento a Casa possui 35 salas, porém algumas delas são usadas apenas como depósito, enquanto outras se encontram desocupadas. Em alguns dos espaços, o cheiro de mofo é forte e não há iluminação. A reforma vai mudar esse cenário ao otimizar esses espaços.