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Os mais de 70 anos de sofrimento argentino

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Jornalista santa-mariense visita aldeias na África

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Pedalando pela América Latina

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Segurança é redobrada na Europa depois dos atentados

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Um pé em Portugal e outro no Brasil

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A vida na Espanha

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De volta à Espanha

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Irlanda, um país acolhedor

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Prêmio Nobel da Paz é anunciado

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Durante a primeira metade do século XX, a Argentina era uma das maiores potências econômicas do mundo. Foi ao fim da Segunda Guerra Mundial que a economia do país sofreu uma derrocada fatal. Até hoje, o povo sofre as consequências da má gestão governamental. Devido à inflação, os preços atuais dos produtos argentinos se apresentam muito caros para a população e muito atrativos para os estrangeiros.

No ano seguinte à guerra, mais especificamente em quatro de junho de 1946, o militar Juan Domingo Perón foi eleito democraticamente como presidente da Argentina, acompanhado de sua esposa Evita Perón. Com a ascensão do Peronismo, os cargos públicos começaram a aumentar descontroladamente. Além disto, a primeira-dama exerceu sua influência como cônjuge do presidente e, por meio do dinheiro público que provinha das indústrias diversificadas que havia no território argentino, começou a oferecer apoio financeiro aos países europeus que precisavam pagar dívidas. Perón permaneceu no poder até o ano de 1955 e voltou ao governo entre 1973 e 1974, quando foi substituído por sua segunda mulher, Isabelita Perón, que foi deposta pela milícia no início da ditadura civil-militar em 1976.

O impacto dessas ações, que se mostraram extremamente prejudiciais ao povo, pode ser visto até hoje no território argentino. Mesmo com sua grande produção pecuária, que sempre proporcionou carnes de ótima qualidade, sua produtividade agrícola, que lhe torna uma das maiores produtoras e exportadoras de cereais do mundo, e com uma larga presença de petróleo e gás no país, a Argentina hoje apresenta uma dívida externa fora de controle. A dívida do Banco Central do país subiu cerca de US$ 36 bilhões (R$ 187 bilhões) na gestão de Alberto Fernández. Este valor representa cerca de 80% do crédito do Fundo Monetário Internacional direcionado à Argentina.

A Argentina, hoje, quase não possui mais resquícios dos seus tempos de ouro. Em dezembro de 2021, se tornou viral o vídeo de cidadãos argentinos da província de Santiago del Estero que, após um acidente envolvendo um trem e um caminhão que transportava vacas, mataram os animais e saquearam a carne. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos, mais de 36% da população argentina vivia abaixo da linha da pobreza no primeiro semestre de 2022.

Historicamente, os salários argentinos apresentam maior poder aquisitivo quando comparados com o salário brasileiro. Entretanto, após pesquisas de analistas do Banco Central da Argentina, o país pode fechar o ano com inflação anual superior a 100%. Tentando conter essa inflação, o ministro da economia, Sergio Massa, anunciou nas últimas semanas que o governo está preparando um plano econômico de congelamento de preços. Já é o 9º congelamento realizado pelo governo argentino nos últimos nove anos.

Os mercados sofrem com a escassez de produtos básicos. Imagem: Nelson Bofill

Em Paso de Los Libres, região que faz fronteira com Uruguaiana, o comércio se mantém de pé, mas a infraestrutura maltratada da cidade e a grande diferença de preços das mercadorias em relação ao Brasil lembram aos visitantes que a crise continua. Ao atravessar a ponte e ingressar na Argentina, é possível fazer o câmbio do real para pesos. Atualmente, em alguns lugares, o peso argentino custa R$0,02.

O principal motivo que justifica essa sobrevivência dos negócios em Libres é a possibilidade de poder manter um comércio exterior. É natural as cidades fronteiriças apresentarem melhor desempenho devido ao grande fluxo de imigrantes que as visitam. A maioria dos produtos argentinos atualmente apresentam custos muito atrativos para os brasileiros que visitam o país. Tendo como exemplo o arroz, produzido em grande quantidade em território argentino e brasileiro, nos supermercados locais o preço médio de 10kg é em torno de R$35, enquanto no país vizinho, é possível comprar a mesma quantidade por R$24.

A compra de certos produtos no território argentino são limitadas. Imagem: Nelson Bofill

Mas mesmo as cidades fronteiriças se preocupam com a escassez de alimentos que vem assolando o país. Com o intuito de amenizar os efeitos da crise, alguns supermercados estão restringindo o limite de compra de certos produtos como farinha, açúcar e azeites. Em relação à carne produzida na Argentina, que sempre teve uma qualidade acima da média, o preço médio do quilo de costela é cerca de $ 1.230 (R$ 24,60), enquanto, no Brasil, a mesma quantidade pode ser comprada pagando cerca de R$ 29,20.

Apesar dos aparelhos tecnológicos possuírem um valor parecido em ambos os países, na Argentina a compra parcelada se mostra extremamente prejudicial ao consumidor devido à alta inflação. Um modelo de televisão, que custa $ 125.999 (R$ 2.519,98) à vista, pode ser parcelado em 30 vezes de $ 8.396,57 (R$ 167,93), custando, ao final do pagamento, $ 251.897,10(R$ 5.037,94).

A crise, atualmente, já não é mais novidade para o povo argentino, a situação foi até mesmo eternizada na música local. No ano de 1978, o cantor de tango argentino, Cacho Castaña, escreveu a música Septiembre del ’88, que só viria a ser lançada em 1988. A canção é apresentada como se fosse a leitura de uma carta direcionada à um amigo que reside na Itália. O artista comenta nos primeiros versos sobre a crise que assola a Argentina, citando as mentiras políticas, falsas promessas governamentais e impactos da época da ditadura civil-militar. Ao final da música, o cantor expressa a esperança que ainda existe no povo argentino de voltar a ser um grande país.

Em 2010, durante um concerto, o artista disse que a música parecia ter sido escrita naquele ano, pois mesmo mantendo a esperança, a crise ainda assolava o povo. O músico faleceu em 2019 sem ser capaz de concretizar seu sonho. Entretanto, seu desejo de ver seu país ser grande novamente representa a esperança eterna do povo argentino.

O jornalista Lucas Amorim em um dos centros de acolhimento da FSF. Fotos: arquivo pessoal

A ONG Fraternidade Sem Fronteiras (FSF) atua na implantação de centros de acolhimento nas regiões mais pobres do mundo, onde a fome, a miséria e o desamparo fazem vítimas inocentes todos os dias.

Fundada em 2009 e com sede localizada em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a FSF começou seu trabalho na África e, atualmente, conta com 26 centros de acolhimento localizados na região entre Moçambique e Madagascar. Tais locais recebem aproximadamente 12 mil crianças, sendo que 9 mil são órfãs.

O santa-mariense Lucas Leivas Amorim, graduado pelo curso de jornalismo da Universidade Franciscana, está hoje(10) voltando de seus 10 dias na África. Amorim confessa que sempre teve o sonho de viajar para fora do Brasil para doar um pouco de si. Quando descobriu que com a FSF tinha essa possibilidade, soube na hora ser isso o que queria fazer.

Amorim participando de atividades recreativas com as crianças.

Junto com mais 15 brasileiros, Lucas ficou hospedado em alojamentos dos centros de acolhimento das aldeias de Moçambique. A caravana da educação da qual faziam parte tem o objetivo de levar materiais escolares, treinamento para os monitores da aldeia e atividades recreativas para as crianças.

O jornalista relata que as dificuldade são muitas. As aldeias que visitou são miseráveis, em situação que nunca presenciou no Brasil. “O melhor é ver que a instituição está fazendo sua parte e ajudando de alguma forma, mesmo que não mude o mundo, vai modificar a vida de muitos”, afirma Amorim.

Moradores da aldeia retirando água do poço.

Nos centros de acolhimentos as crianças, jovens e idosos da aldeia recebem comida, água potável, atendimento de saúde e higiene, atividades recreativas e culturais, aulas diárias e material escolar. Esse amparo se dá por meio do apadrinhamento feito por voluntários no Brasil e em várias partes do mundo. Os padrinhos escolhem os projetos no site e contribuem mensalmente. Cada vez que uma nova pessoa apadrinha, uma nova criança pode entrar no centro de acolhimento.

Amorim ressalta que o que mais chamou sua atenção nessa experiência. Observou que embora o povo seja sofrido demais, eles nunca deixam de sorrir. “Estão sempre alegres celebrando a vida e agradecendo por ela com orações, canções e muita dança”, relembra.

Por conta do trabalho significativo durante todos esse anos, a FSF recebeu o Prêmio Você e a Paz, em 2016, na categoria “Instituição que Realiza”.

Foto: Diego Garlet/ Lab. Fotografia e Memória
Sobre duas rodas, Fernando pretende passar por toda a América Latina em três anos de viagem. Foto: Diego Garlet/ Lab. Fotografia e Memória

Sonhos. Estrada. Uma bicicleta. Com a vontade de conhecer novos rumos, o paulista de Araraquara Fernando Leiva, 25 anos, criou o projeto Pedaleando Latinoamérica. Ele pretende passar por toda a América Latina sobre uma bicicleta em três anos de viagem.

“Eu conheci um amigo que fez 26 mil quilômetros de bike. E aí eu pensei: por que não tentar?”, conta. Desde sua saída de Alfenas, Minas Gerais, em dezembro de 2015, até a chegada em Santa Maria, na segunda semana de abril de 2016, foram 3180 quilômetros rodados.

Junto com sua bicicleta, Fernando traz na mochila apetrechos essenciais para sua jornada. “Eu levo o básico como ferramentas, roupas, comida, uma panela, um jogo de prato, talheres e copo, além da barraca, isolante térmico, capa de chuva, lona, estepe e câmaras reservas. Com a bicicleta, tudo tem cerca de 65 kg”, relata o viajante.

Quando Fernando não está na estrada, conta com a sorte de um lugar tranquilo e de boas pessoas que oferecem hospedagem. “Tem dias que é acampamento selvagem, então acho um lugar perto de um rio, que tenha água e lenha. Mas quando é uma cidade maior, já aprendi a não chegar sem ter onde ficar”, comenta. Em Santa Maria, o cicloturista encontrou estadia com a ajuda de um site chamado Couchsurfing. “Ele é uma rede social de viajantes que o pessoal disponibiliza suas casas para hospedagem. Embora não funcione muito bem no Brasil, eu dei sorte”, explica.

Antes de embarcar no projeto, Fernando era estudante de Ciências Biológicas na Universidade Federal de Alfenas. “Eu não conclui o curso porque desde o começo não pensava em usar o diploma, eu só queria tirar algum conhecimento e utilizo muito isso na viagem, seja para acampar e até me alimentar”, revela.

Depois de passar por Santa Maria, a rota de viagem é em direção a São Sepé. O cicloturista pretende ir, após sair do Rio Grande do Sul, para o Uruguai. O percurso de Fernando é compartilhado em uma página do Facebook chamada Pedaleando Latinoamérica. Entre fotos, vídeos e relatos, o viajante conta a história de uma grande pedalada por mais de 20 países.

Segurança se intensifica em Londres após os atentados em Paris. Foto: Camila Gonçalves, jornalista.
Segurança se intensifica em Londres após os atentados em Paris. Foto: Camila Gonçalves, jornalista.

Desde sexta-feira, o medo toma conta da Europa e do mundo. Os atentados que aconteceram em Paris, na última sexta-feira, fizeram com que a segurança no continente ficasse mais intensificada, principalmente para quem chega ao velho mundo.

Revistas e entrevistas, que são procedimentos padrão ao imigrante, ficaram ainda mais rigorosas. A jornalista Camila Gonçalves, ex-aluna do Centro Universitário Franciscano e que atualmente reside em Dublin, na Irlanda, conta o que viu ao chegar em Londres: “No aeroporto Luton, em Londres, não vimos segurança, porque quem vem da Irlanda não passa na imigração, mas a segurança está intensa nos pontos turísticos”, relata.

A jornalista conta que viu bandeiras da França em vários locais em que visitou, entre eles a famosa roda gigante London Eye, também conhecida como Millennium Wheel.

Camila disse que  ficou na chuva, em uma fila, para conseguir ingressar em um museu: “Fomos no Nacional History Museum e uma das recepcionistas estava segurando a fila, porque estavam revistando as mochilas de todo mundo. O museu fica em frente à embaixada da França e a mulher disse que, por isso, estavam redobrado o cuidado. Era uma chuva pesada e todo mundo estava se molhando. A recepcionista disse que, normalmente, eles não revisam bolsas.”

Outro fato que chamou a atenção de Camila foi a quantidade de helicópteros e seguranças no  palácio de Buckingham.

Os atentados em Paris orquestrados pelo grupo extremista Estado Islâmico vitimou mais de 150 pessoas e fez o mundo ficar em alerta. Em um vídeo postado pelo grupo eles ameaçaram desta vez a capital dos Estados Unidos, Washington. Na manhã desta quinta-feira uma mulher bomba causou a morte de pelo menos duas pessoas, também em Paris, segundo as agências internacionais de notícias.

 

 

Uma brasileira em terras lusitanas. Foto: arquivo pessoal.
Uma brasileira em terras lusitanas (Fotos: arquivo pessoal)

A  professora Maria Cristina Tonetto, doutoranda em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior, localizada na cidade portuguesa de Covilhã, pesquisa o cinema universitário luso-brasileiro nas redes sociais digitais, com foco nas estratégias de circulação das produções das Instituições Públicas de Ensino Superior. A professora do Centro Universitário Franciscano fez mestrado em Integração Latino-Americana pela Universidade Federal de Santa Maria, na linha de pesquisa Cinema e História. Com a graduação em Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas, tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Cinema, e atua, principalmente, com cinema, documentário e televisão. Também organizou o livro “O olhar feminino no cinema”, lançado em 2011, e prepara a segunda edição sobre o cinema ibero-americano.

Kitta, como é conhecida entre os amigos, iniciou o doutorado em setembro de 2013. A previsão de conclusão é em setembro de 2016, no entanto, o trabalho pode se prorrogar por mais um ano, dependendo da pesquisa de campo. Esta etapa começa em 7 de abril e inclui a coleta de dados  em seis universidades brasileiras. A etapa portuguesa já foi concluída.

Questionada se sofreu algum tipo de preconceito por ser brasileira ao chegar em Portugal, ela afirmou que não. A cidade onde reside é universitária, e recebe todos os anos vários estudantes de diversos países.  Para ela, a população de lá vê um certo carisma nos estrangeiros, mas é possível perceber que entre os colegas universitários não se constitui um convívio amigável, próximo, como uma troca de experiências entre pessoas de diferentes países.” Eles são mais frios, não se tem um entrosamento como o povo brasileiro, enfim acabamos nos relacionando com os próprios brasileiros que estão cursando por lá”.

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Vestes femininas nas praxes portuguesas.

Entre as muitas diferenças entre os universitários que estão de um lado e de outro do oceano, estão as roupas utilizadas durante a aplicação da praxe  (o trote universitário). Os veteranos vestem um terno e de uma capa (para os meninos) e blaser, saia e capa (para as meninas), vestimenta que inspirou a escritora J. K. Rowling de Harry Poter. Esta vestimenta é usada pelos veteranos, principalmente, nas praxes universitárias ( nossos trotes) para diferenciá-los dos calouros. O tipo de castigo aplicado para os novos universitários são semelhantes ao nossos, com desfile pelas ruas entoando frases características, entre outras práticas consideradas tradições. Geradas entre os acadêmicos, elas estão presentes nas universidades há mais de um século.

O traje masculino é constituído por uma batina preta sem ser de gala ou de grilo (com 3 botões em qualquer zona e lapelas acetinadas); calça clássica preta, com 2 ou 3 pregas, sem dobra na bainha;  gravata preta e lisa ou laço preto; colete preto masculino, acetinado e com fivela nas costas, tecido igual ao da batina, com dois bolsos e cinco botões (no caso de uso de laço não se usa colete); camisa branca lisa com um bolso do lado esquerdo, sem motivos, sem botões nos colarinhos e com botões brancos; sapatos pretos de atacadores (estilo clássico, sem apliques metálicos, não envernizados, com o número impar de buracos em cada lado); meias pretas; capa preta lisa e de estilo acadêmico; cinto preto; o uso do gorro é opcional; o uso do relógio só de bolso.

Já o traje feminino é constituído por uma camisa branca lisa, com ou sem bolso, sem botões no colarinho; casaca preta com dois bolsos com pala (não cintada, com 3 botões no punho e 3 botões à frente); saia preta (travada, e até 3 dedos acima do joelho, abertura na zona posterior); gravata preta lisa; collans pretas (tipo vidro ou lycra – não opacas, não podendo usar ligas); sapatos com salto até 3 cm, lisos sem fivelas ou apliques; capa preta lisa e de estilo acadêmico. Para saber mais acesse o Noticiência.

Depois de duas semanas aqui, a vida começa a se organizar. Os guris já estão na escola e jogando futebol, preocupações a menos. Tanto nas escolas como no time de futebol foram muito bem recebidos. As aulas já se encaminham para o final de curso, pois o calendário escolar é de setembro a junho. O sistema educativo espanhol é constituído de educação infantil (do zero aos seis anos), não obrigatória. Os ciclos obrigatórios compreendem educação primária (dos seis aos 12 anos); educação secundária (dos 12 aos 16 anos) e o bacharelato (16 aos 18 anos), que é a última etapa antes da faculdade. São oferecidas as opções de ciência e tecnologia, humanas e ciências sociais e artes. Na última semana, o assunto predominante foi as eleições andaluzas, realizadas no domingo, 22, com a vitória do Partido Socialista Operário Espanhol para a presidência da Junta Andaluza, que também obteve o maior número de deputados. No entanto, os partidos que mais cresceram nessas eleições foram Podemos e Ciudadanos.

já tem bastante movimentação de turistas para a semana santa, principalmente no centro histórico.
É forte a movimentação de turistas para a semana santa, principalmente no centro histórico de Córdoba. Igreja  Conventual de San Pedro de Alcantára.

Outro assunto que preocupa grande parte dos espanhóis é a intervenção no Banco de Madrid. O problema foi a intervenção do Principado de Andorra no Banco Privado de Andorra, proprietário do Banco de Madrid, sob a acusação de lavagem de dinheiro, aí incluído o dinheiro da máfia chinesa e russa. Por enquanto, os clientes do Banco de Madrid podem sacar dois mil e quinhentos euros semanais, para desespero de muitos que têm a economia de uma vida na poupança daquele banco.
A crise econômica, a austeridade da política de governo, o confisco de moradias por parte dos bancos e a falta de emprego motivaram milhares de pessoas a se concentrar em Madrid no sábado, 21. Sob o tema Pão, Trabalho, Teto e Dignidade, as Marchas da Dignidade reúnem pessoas de todas as províncias que saem de suas localidades e marcham até a capital do país.
O terrorismo é o fantasma a rondar os espanhóis. O último ato foi em um atentado no Museu Bardo, na Tunísia, onde morreram dois espanhóis e outros ficaram feridos. Além disso, nas últimas semanas foram detidos em Madri vários suspeitos de pertencer ao grupo Estado Islâmico.

Cartazes anunciam a Semana Santa na cidade espanhola de Córdoba. Fotos: Carla Rossa
Cartazes anunciam a Semana Santa na cidade espanhola de Córdoba. Fotos: Carla Rossa

A primavera veio trazendo chuvisco em Córdoba, chuvas fortes em Andalucía e mantendo o friozinho. Na região mais ensolarada da Espanha não pudemos acompanhar o eclipse por conta da falta do sol. A próxima semana será cheia de novidades. Vamos poder acompanhar pela primeira vez a Semana Santa. Talvez o período mais importante para os espanhóis. É a semana em que grande parte da população viaja, já que de 27 de março a 5 de abril as aulas estão suspensas e, muitos, também não trabalham nesse período. Expectativa para as procissões das diversas irmandades e confrarias da cidade que começam no domingo de Páscoa e se estendem por toda a semana.

Por Carla Rossa, jornalista e colaboradora da ACS na Espanha.

Jardins de Córdoba, na Espanha.
Jardins de Córdoba, na Espanha. Fotos: Carla Rossa

Depois de oito anos, estamos de volta a Córdoba, na Espanha. Muita coisa mudou. A primeira impressão na chegada a Madri foi  a de que a crise econômica espanhola ainda não acabou. Pela primeira vez fomos abordados por mendigos. Foram três em menos de uma hora, enquanto comíamos em um restaurante na estação de trem.

Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha. Fotos: Carla Rossa
Greve dos lixeiros em Córdoba, Espanha.

Na chegada a Córdoba mais uma surpresa – a sujeira predominava na estação de trem por conta da greve de trabalhadores de limpeza, sem perspectiva de solução a curto prazo.
Córdoba também cresceu muito. O número de construções é impressionante, com novas moradias e novos centros comerciais. Mesmo assim, o desemprego atinge quase 40% da população, segundo dados oficiais.No entanto, conforme um taxista, já são mais de 50% os parados. Tudo culpa dos chineses e indianos, segundo ele.

Córdoba é (ou era) uma produtora de joias, ouro e prata, e isso está acabando com a chegada dos produtos chineses e indianos. Aliás, as lojas e mercadinhos chineses aumentaram muito por aqui. Vendem de tudo – pão, roupa, bijouterias, material de limpeza, ferragem -, o que precisar se encontra em uma de ‘las tiendas chino’. E elas abrem de domingo a domingo.

 

Manifestações nas ruas da cidade espanhola.
Manifestações nas ruas da cidade espanhola.

Eleições e corrupção – Nessa primeira semana, os assuntos que mais ouvimos foram eleição e corrupção. O calendário eleitoral espanhol não apresenta datas específicas para as eleições, que acontecem separadas: nacionais, regionais e municipais. As autonómicas e as municipais se realizam em 24 de maio. Mas nem todas as comunidades autônomas celebram as eleições em maio. Aqui na Andaluzia será em 22 em março.
Nas eleições municipais podem votar todos os residentes na Espanha, maior de idade, dos países da União Europeia e dos países com acordos onde se reconhece esse direito. É o caso de países como  Bolívia, Chile, Cabo Verde, Colômbia, Coreia, Equador, Noruega, Peru, Trinidad e Tobago, entre outros. 

A eleição para presidente do país, para os 350 deputados do Congresso e 208 senadores não tem data certa. Depende da boa vontade do partido que está no poder. A lei diz que deve acontecer a partir de 20 de novembro, dia em que acaba a legislatura do presidente. Mas também pode ser em 20 de dezembro ou 17 de janeiro, datas permitidas pela Constituição.
Além das eleições, o que mais chama a atenção é a quantidade de denúncias e casos de corrupção. E não só na política. No início da semana, um ex-presidente e dois ex-diretores do Clube Atlético Osasuna foram presos acusados de desvio de dinheiro e combinação nos resultados de jogos do clube.
Na política, o repertório é vasto. As denúncias atingem quase todos os partidos, mas, especialmente, o partido do governo, o PP. O ex-tesoureiro do partido e outras 39 pessoas, entre elas uma ex-ministra, dirigentes do partido e senadores, estão sendo julgadas, entre outros crimes, por prevaricação, malversação do dinheiro público, lavagem de dinheiro e tráfico de influências. Também está sendo investigado um comissário de polícia por ter uma fortuna que chega aos 16 milhões de euros.

Brasil – As notícias que aparecem sobre o Brasil são algumas notas em telejornais e jornais sobre as denúncias de corrupção na Petrobras. O destaque maior está por conta do jornal El País que apresenta matérias de seu enviado especial e de agências de notícias em sua página na internet. As manifestações do dia 13 e do dia 15 foram mostradas na televisão. Diziam que milhares de pessoas foram às ruas em manifestações contra e à favor da presidenta. Alguns telejornais e jornais afirmavam que a crítica era  sobre a política econômica e a corrupção.
Triste foi ver as imagens de faixas, escritas em inglês, pedindo a volta da ditadura. É difícil explicar aos amigos daqui que isso não é coisa de brasileiro. E que no nosso país não se fala inglês. Se estivesse em coma e acordasse no domingo, diria que era época de carnaval ou de copa do mundo.É duro ver pessoas vestidas com camisetas da CBF, a entidade conhecida pela maior corrupção, e não só no mundo do futebol. 
A rede de televisão Antena 3 apresenta diversos documentários sobre países. Um deles, transmitido no dia 3 deste mês, foi sobre o Rio de Janeiro, a violência nas favelas, espanhóis que estão trabalhando ilegais no Brasil, a lei de reciprocidade, o que passou na Copa, tudo contado através da visão dos espanhóis que vivem ali. 

Venezuela – O que mais interessa aos canais de televisão, no momento, é a situação da Venezuela. As sanções impostas pelos Estados Unidos são noticiadas diariamente. Além disso, todos os dias, estão sendo entrevistados opositores do governo Maduro. A esposa do prefeito de Caracas, preso por suspeita de conspirar contra o governo nacional, esteve mais de dez vezes conversando com jornalistas da Rede de Televisão Espanhola (RTVE) sobre a situação dos presos políticos naquele país. Em nenhum momento, apareceu o outro lado.


Caracóis

Caracóis, uma iguaria pouco comum no Brasil.
Caracóis.

E, para finalizar, por enquanto, estamos no início da feira dos ‘caracoles’. São mais de 40 pontos de venda, entre tendas e restaurantes, onde são servidos caracóis nos mais diversos tipos de molhos. O ponto alto será a festa gastronômica, a ‘Caracola”, que acontecerá no dia 17 de maio. Provei e gostei. É uma carne suave. O que não é muito agradável é o molho, cheio de curry.

Nas falésias de Moher. Fotos: arquivo pessoal Pedro Piegas
Nas falésias de Moher. Foto: arquivo pessoal Pedro Piegas

Sempre quis ter uma grande aventura na minha vida. Cada viagem que eu fazia, voltava e sentia um gostinho quero mais. Após conhecer uma boa parte do mundo apenas pela Internet, escolhi a Irlanda para passar as minhas férias de janeiro e fevereiro de 2015. O plano era o seguinte: fazer aulas de inglês por quatro semanas em Dublin, capital irlandesa e, ainda, conhecer a belíssima Barcelona,  na Espanha, na minha última semana no Velho Continente.

O dia mais importante das minhas férias chegou – o dia do embarque. Tive a real noção da grandeza da viagem quando meu pai me deixou no aeroporto e caiu a ficha de que eu ia me virar sozinho por cinco semanas em um lugar completamente diferente.

Após passar por todo o caos dos aeroportos, enfim estava em Dublin. Cheguei à cidade bem desorientado, apesar de ter horas de pesquisa sobre o povo irlandês na bagagem. Os primeiros dias foram de total estranhamento com a mão direita do trânsito, a língua e os dialetos, o fuso horário e o frio em pleno janeiro.

Um grupo internacional na escola de inglês ISI.
Um grupo internacional na escola de inglês ISI.

Aos poucos tudo ia se ajeitando e eu me acostumando com todas as adversidades. O povo irlandês é muito simpático com as pessoas que vão visitar o país. É comum o povo nativo ajudar turistas com alguma dificuldade. No país há pessoas de diferentes nacionalidades, não somente brasileiros em busca de melhores condições de vida. Um exemplo disso é a escola onde estudei e dividia a sala de aula com colegas franceses, italianos, mexicanos e coreanos.

As quatro semanas passaram muito rápidas. Como estudava na parte da manhã, era comum eu desbravar a cidade em longas caminhadas na parte da tarde, ou conhecer pequenos povoados ao redor da capital irlandesa. Nos finais de semana eu viajava para lugares mais longes, como por exemplo, o interior da Inglaterra, onde um amigo meu estava morando, ou até mesmo viagens de trem dentro do território da Irlanda.

Quando eu vi, já estava de partida novamente e agora o destino era Barcelona. Combinei com um amigo de visitar a capital catalã por uma semana e desbravar tudo que ela melhor oferece. A cidade é conhecida como centro do design e arquitetura, pessoas como Pablo Picasso e Antoni Gaudí e muito outros artistas moravam e deixaram seu legado na cidade. Além disso, há uma deliciosa gastronomia mediterrânea, incríveis bares e passeios pelas ruas e pelo passado da cidade catalã.

Enfim, Barcelona.
Enfim, Barcelona.

Ao todo foram 35 dias fora de casa e com a certeza que vivi a maior aventura da minha vida. O aprendizado, não somente de línguas diferentes, mas de vivência com culturas diferentes é inestimável. Fiz grandes amizades que me ajudaram em momentos difíceis e com as quais ainda mantenho contato. Voltei para casa com a certeza de que preciso viajar mais, muito mais.

A chuva do último final de semana foi tão forte, que teve  momentos de queda de granizo, que destruíram residências. Em algumas regiões, houve falta de energia elétrica que se estendeu por cerca de 8 horas. Os moradores do centro do Estado enfrentaram uma das maiores tormentas já vistas, causando medo na população. As cidades mais atingidas foram Santiago, Jaguari, Júlio de Castilhos, Panambi e Tupanciretã, cidade na qual o número de casas destruídas pelo vento já passa dos 350.

Galpão do Sindicato Rural de Tupanciretã após o temporal. (Fonte: Defesa Civil)
Galpão do Sindicato Rural de Tupanciretã após o temporal.
(Fonte: Defesa Civil)

Na zona urbana de Tupanciretã, dezenas de postes de energia e de árvores centenárias foram arrancadas pela raiz. Até a entrada do hospital da cidade ficou interrompida devido à queda das árvores. O coordenador da Defesa Civil, Gustavo Simões Lírio afirmou que o vento forte da madrugada de domingo durou cerca de 40 minutos e as rajadas mais forte chegaram a 100km/h. “Parecia um cenário de guerra por que todos os cantos da cidade foram afetados com o temporal, nenhum lugar escapou”, enfatizou.

Os lugares mais atingidos do município foram o posto da Brigada Militar, um galpão do sindicato rural e a Sede Campeira do CTG Tapera Velha. Segundo a prefeitura, a cidade toda ficou sem luz durante aproximadamente 8 horas. No interior, várias árvores interromperam as estradas, impossibilitando as aulas nas escolas rurais. O prefeito Carlos Augusto Brum de Souza decretou situação de emergência devido à falta de materiais de construção para reconstruir os locais atingidos.

Parque de Exposições de Júlio de Castilhos.  (Fonte: Defesa Civil)
Parque de Exposições de Júlio de Castilhos.
(Fonte: Defesa Civil)

Em Júlio de Castilhos, ainda nessa manhã de segunda-feira (20) grande parte das residências estavam sem luz e sem água. Em função disso, a Secretaria de Educação da cidade resolveu cancelar as aulas diante a situação de emergência encontrada. De acordo com a Secretaria de Assistência Social da cidade, a região próxima ao Instituto Federal Farroupilha e ao Jóquei Clube também  foram bastante atingidos, assim como o centro da cidade.

 

 

Por Carolina Busatto Teixeira para a disciplina de Jornalismo Online

Indiano Kailash Satyarthi e adolescente paquistanesa Malala Yousafzai. Foto divulgação.
Indiano Kailash Satyarthi e adolescente paquistanesa Malala Yousafzai. Foto divulgação.

A paquistanesa Malala Yousafzai de 17 anos, que foi baleada com um tiro na cabeça, em 2012 por extremistas Talibãs quando lutava contra o governo que rejeita a educação feminina, e o indiano Kailash Satyarthi de 60 anos ativista dos direitos humanos ganharam o prêmio Nobel da paz de 2014. Ambos lutam por educação e igualdade para todos.

A adolescente foi a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel nos 114 anos de história da premiação. Malala também é autora do livro “Eu sou Malala” que conta a sua história e tudo o que ela passou para defender sua liberdade e as lutas contra o machismo de uma sociedade autoritária e extremamente retrógrada.

Kailash Satyarthi fundou a Bachpan Bachao Andolan (Movimento Salve a Infância) em 1980 e agiu para proteger os direitos das 80.000 crianças. Satyarthi destacou o trabalho infantil como uma questão de direitos humanos, bem como uma questão de bem-estar e causa de caridade. O indiano já ganhou outros prêmios pelo trabalho desempenhado em defesa dos direitos humanos em 2007 ganhou medalha de ouro do senado italiano, também em 2007 foi reconhecido na lista de heróis agindo para o final do dia da escravatura moderna.