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depressão

As doenças silenciosas que emergem durante a pandemia

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas

Painel no XXIII SEPE aborda a depressão e a espiritualidade

Na noite de ontem, quarta-feira, 2, o XXIII Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Franciscana  trouxe a debate o tema a “Depressão e Espiritualidade: um diálogo necessário na vida acadêmica#,  num painel composto pelas professoras da instituição Fernanda

Depressão é doença classificada como subtipo do estresse

Setembro é conhecido como o mês de prevenção ao suicídio e um dos fatores  que o originam é a depressão. O assunto foi debatido durante a manhã desta segunda-feira, 10, no Workshop Biotecnologia e Nanociências que

Mau uso da tecnologia, insônia e depressão estão interligados

Um estudo da Universidade de Stony Brook, nos Estados Unidos, foi publicado recentemente no volume 41º de 2018 da revista Sleep, publicação oficial da Sleep Research Society que aborda a ciência do sono e circadiana. A pesquisa

Geração Bad: a gíria e o sentimento

“Hoje eu estou na bad”. “Estou na maior bad do mundo”. “Que bad”. “Hoje eu só vou curtir a bad”. “Essa música é boa para curtir numa bad”. Se você tem o hábito de utilizar a

Da ansiedade à depressão: quando tratar é necessário

Irritabilidade, angústia, sensação de vazio, pessimismo, falta de motivação e outros sintomas que alteram tanto a percepção cognitiva quanto a comportamental  são sintomas de uma pessoa que sofre de ansiedade ou de depressão. Os índices de depressão

Sofrer não é normal e a faculdade se torna um peso

  “A universidade me adoeceu, me mudou, me fez sentir que não sou capaz”. Grandes expectativas. Aulas em dois turnos nos cursinhos pré-vestibulares. A vontade e curiosidade de saber o que vem depois do Ensino Médio.

Depressão na meia e terceira idade

Melhor compreendida depois de  muitas pesquisas, atualmente, a depressão não é uma doença tão estigmatizada. “Depressão é uma enfermidade psiquiátrica enquadrada como distúrbio do humor. Caracteriza-se por tristeza, perda de energia, baixa autoestima, visão pessimista do

Bullying, uma prática que se torna complicada

A grande parte da população já ouviu falar no termo “bullying” que representa determinada prática de constrangimento entre pessoas. Geralmente tal ação, costuma ser mais praticada entre os jovens. O complicado é quando esta humilhação ganha novas proporções, como

Um inimigo mais cruel do que a Covid-19 ataca silenciosamente a população durante a quarentena. Imagem: Pixabay

O novo coronavírus também chamado de Covid-19 já atingiu o planeta inteiro. São mais de 1 milhão de pessoas mortas  e mais de 35 milhões de casos confirmados ao redor do mundo. Milhares de famílias atingidas por um vírus para o qual ainda não se tem cura, e que não se sabe de onde surgiu. E o pior, não se sabe se algum dia irá acabar.

Aqui no Brasil já são 5 milhões de casos confirmados e 150 mil vidas perdidas para o novo vírus. Tanto o país quanto o restante do mundo adortaram medidas de prevenção contra o novo coronavírus, tais como o uso de máscaras, luvas, álcool em gel, afastamento social, fechamentos do comércio, escolas, ou redução no número de pessoas em um mesmo ambiente.

Certa parcela da população mundial  não obedeceu as regras de afastamento. Preferiram sair e correr os riscos de contrair a covid, seja pela necessidade de ir trabalhar, ir ao médico ou  de comprar alimentos. Há ainda, aqueles que optaram por fazer de conta que o vírus não existe ou, simplesmente acreditar que está tudo normal.

Vale ressaltar que há uma enorme quantidade de pessoas que optou por fazer a quarentena. Optou por se proteger, proteger os seus familiares, amigos e também tentar aniquilar o vírus.   E se ficar em casa ajudou muito na proteção contra o Covid-19,  ao mesmo tempo acabou abrindo espaços para novos inimigos. Isoladas em casa, muitas pessoas, cansadas por não terem o quê fazer e não poderem circular, acabaram apresentando novas doenças.

A saudade dos amigos, familiares, empregos, escolas, faculdades, entre tantas outras coisas, fizeram o psicológico de muitos ficar tão abalado que inúmeros casos de depressão, ansiedade, tonturas e pressão alta estão sendo diagnosticados.

Imagem: Gerd Altmann/Pixabay

A procura por especialistas da área  da saúde mental aumentou significativamente.

Aqui em Santa Maria,  Larissa Goulart, 23 anos, estudante de Terapia Ocupacional do 8° semestre da Universidade Franciscana e estagiária na Clínica Escola de Terapia Ocupacional da UFN e também na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), afirma que: “Nesse momento atípico no qual nos encontramos devido à pandemia, a procura por auxílio psicológico e de demais profissionais da saúde aumentou acentuadamente. Esse aumento da demanda, ocorreu devido ao isolamento social que foi o momento no qual as pessoas passaram a sentir-se só e sem ter com quem contar, vinculado ao grande volume de notícias trazidas pela mídia. Com isso, o sentimento de solidão, acabou gerando nas pessoas um grande número doenças como depressão e ansiedade”.

As demandas para atendimentos Terapêuticos Ocupacionais aumentaram consideravelmente, não apenas a partir de declínios cognitivos, pacientes de saúde mental, como também para reorganizar e adequar rotinas devido ao prolongamento do isolamento social.  Essa reorganização da rotina, se deu em todas as faixas de desenvolvimento visto que, as crianças e adolescentes não estão mais indo a escolas e nem aos tratamentos, os pais estão trabalhando em regime de home office e isso gerou uma grande mudança, interferindo significativamente no desempenho ocupacional dessas pessoas, assegura a estagiária em terapia ocupacional.

A estudante declara que o prolongamento da pandemia fez com que os profissionais da saúde, a partir do segundo mês, iniciassem o protocolo de atendimentos online, ou seja, tele-consultas, teleatendimentos e tele-monitoramentos, desenvolvidos para organizar os atendimentos às pessoas que necessitam. “Após a flexibilização, iniciou-se novamente os atendimentos individualizados, com todos os EPIs de segurança necessários para prevenção do profissional. como também do paciente”, informa Larissa.

Foto: Orna Wachman/Pixabay

A psicóloga Regina Stock, que trabalha na Unimed, diz que aumentou muito o número de pessoas que procuram o atendimento psicológico.No entanto, ela não atribui essa tendência ao Covid, mas sim ao  isolamento decorrente dele. ” O fato das pessoas ficarem mais tempo em casa, conviverem mais com os familiares e o ócio também decorrente de não estarem exercendo suas funções, já que quem estuda tinha uma rotina, quem trabalhava e reduziu o horário tinha outra rotina”, diz  a psicóloga.

Segundo ela, as incertezas do futuro, o medo da contaminação pelo vírus são coisas que geram ansiedade. “As pessoas pararam para pensar nos seus problemas que, às vezes, estão arrastando por tempos e esses podem ser um dos motivos que fez com que aumentasse a demanda (por atendimento) durante a quarentena”, comenta Regina ao afirmar também que neste momento as pessoas estão muito estressadas.

“A própria situação vivida causa ansiedade, vários distúrbios e as doenças mentais tem aumentado muito. Os procedimentos que temos adotados é de acordo com cada situação. Há pessoas que buscam o atendimento com ansiedade, tem pessoas com depressão, síndrome do pânico, esquizofrenia… então, não é uma atitude padrão para todos”, relata a psicóloga.

Regina conta que trabalha com sistemas,  quando busca ver onde aquela pessoa está inserida, as situações que ela vivencia e o que se pode fazer nesse contexto. “O paciente às vezes está se boicotando. Muitas vezes o problema que ela apresenta é gerado por ele próprio, por pensamentos distorcidos da realidade ou pensamentos disfuncionais que ocasionam algum sentimento, afirma a psicóloga.

Ela fala também que na maioria dos casos são problemas emocionais, alguns patológicos. São patologias crônicas que perduram a uma vida toda e outros adquiridos recentemente. “Acredito que tudo é tratável, o principal para esta questão é o empenho que a pessoa possa fazer para que faça mudanças na própria vida”. “Precisamos ser autor das nossas mudanças, do nosso livro que a gente escreve a vida toda, não podemos ser coadjuvantes temos que fazer o papel principal”, assegura a psicóloga.

Os atendimentos atualmente são de forma online, por áudio ou vídeo, devido ao fato de haver pacientes que não querem ser vistos, apenas ouvidos. As sessões são semanais.

Matéria produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

Painel sobre depressão e espiritualidade lotou o Salão de Atos no Conjunto III da UFN. Fotos: Allysson Marafiga

Na noite de ontem, quarta-feira, 2, o XXIII Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Franciscana  trouxe a debate o tema a “Depressão e Espiritualidade: um diálogo necessário na vida acadêmica#,  num painel composto pelas professoras da instituição Fernanda Pires Jaeger, do curso da Psicologia,  Cristina Munarski Jobim Hollerbach, do curso de Publicidade e Propaganda, e pelo frei Valdir Pretto. 

Contextualizando a depressão no brasil, a professora Fernanda Pires Jaeger ressaltou os sintomas de quem  sofre deste mal, sinalizando entre eles, a angústia, a falta de interesse, o sentimento de impotência, a perda ou o ganho de peso. Ela destacou também maneiras de prevenção, evidenciando a importância de buscar ajuda de um profissional. 

Na sequência, a professora de publicidade e propaganda Cristina Munarski Jobim Hollerbach introduziu um bate papo sobre religião e a importância da oração na vida de pessoas. “A oração acaba sendo uma ginástica para o cérebro, assim como o estudo”, enfatizou ela, acrescentando que, muitas vezes, a oração acaba trazendo uma sensação de alívio ao sentimento de angústia provocado por este transtorno. 

Por fim, o frei Valdir Pretto salientou a importância de não ter vergonha de falar sobre este assunto e conduziu um bate-papo, esclarecendo as dúvidas do público presente. As atividades do XXIII Simpósio de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Franciscana seguem até o  dia 4 de outubro.

 

Matéria produzida por Gabriela Flores Neto e Allysson Marafiga, na disciplina de Produção da Notícia do curso de Jornalismo da UFN.

Setembro é conhecido como o mês de prevenção ao suicídio e um dos fatores  que o originam é a depressão. O assunto foi debatido durante a manhã desta segunda-feira, 10, no Workshop Biotecnologia e Nanociências que acontece na Universidade Franciscana.  A oficina denominada “Depressão: além da hipótese monoaminérgia” foi conduzida por  Guilherme Vargas Bochi,  professor e pesquisador na Universidade Federal de Santa Maria.

Existem várias hipóteses sobre como surge a depressão, entre elas está a monoaminérgica que trata-se das monoaminas: adrenalina, noradrenalina, dopamina e seretonina, que são responsáveis pelas medicações disponíveis nas clínicas nos dias atuais, sendo que os antidepressivos influenciam na alteração de cada uma. Para Guilherme Bochi, apesar de hoje existirem vários fármacos que tratam da depressão, no caso da fibromialgia, um dos fatores associados à doença, não está elucidada. “De 30% à 50% dos pacientes que fazem o tratamento correto são refratários e não apresentam melhoras no quadro clínico. Por isso temos essa alta taxa de suicídio por depressão por essa alta base”, ressalta ele.

[dropshadowbox align=”left” effect=”lifted-bottom-left” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Para saber mais: A depressão é um dos distúrbios afetivos ou de transtornos de humor mais comum, assim como a depressão bipolar. Geralmente ela é unipolar e heterogênia Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2012, 300 milhões de pessoas apresentam depressão e dados de 2015 apontam que 5,8% estão no Brasil. O maior número de casos são no público feminino Ela afeta aspectos da vida humana como: interação social, relacionamento familiar, deficiência no trabalho e uma das possíveis causas do suicídio. O Brasil é o 8º país com o maior índice de suicídios no mundo.[/dropshadowbox]

De acordo com o pesquisador, após o tratamento com fármacos apenas um terço das pessoas correspondem ao tratamento, que tem como objetivo a inibição e  a cura da depressão. Porém, segundo ele, existem novas abordagens além da farmacoterapia como a eletrocompulsoterapia como um potencial antidepressivo.

O diagnóstico da depressão é clínico, com base nos sintomas que o indivíduo apresenta por um determinado tempo, segundo o Manual de diagnósticos e estatísticas de transtornos mentais, que está na 5ª edição. Há quatro teorias para a depressão: o sistema glutamatérgico, mecanismos neuroendócrinos e ativação do eixo HPA, neurogênese e efeitos tróficos e inflamação.  “A causa de base também não se sabe, parece haver uma pré-disposição genética e, também,  fatores ambientais envolvidos na origem do problema. Hoje ela está associada a alterações estruturais do cérebro, bem como a alteração de um eixo potável da hipófise ou da suprarrenal.Muito tem o que se explorar sobre a depressão”, finalizou Bochi.

Um estudo da Universidade de Stony Brook, nos Estados Unidos, foi publicado recentemente no volume 41º de 2018 da revista Sleep, publicação oficial da Sleep Research Society que aborda a ciência do sono e circadiana. A pesquisa levanta a relação entre o uso da tecnologia e a depressão entre os adolescentes. A pesquisa consultou aproximadamente 3 mil pessoas com média de 15 anos, entre 2014 e 2017, analisando quanto tempo eles passavam em quatro tipos diferentes de atividades que envolvem telas (TV, videogame, redes sociais e uso da internet). O resultado mostra, assim como outros já desenvolvidos, os jovens que passam mais tempo em frente as telas são mais propensos a sintomas de depressão.  A novidade do estudo é indicar que, além do isolamento social, o uso dessas tecnologias compromete o sono, podendo levar ao desenvolvimento da doença.

Excesso de uso de computadores e dispositivos são causas de transtornos . Foto: Juliana Brittes/LABFEM

Para a psicóloga Renata Krug, pós-graduada em terapia de crianças, adolescentes e adultos, os primeiros sintomas do mau uso dessas tecnologias é a ansiedade e a falta de sono.  “Distúrbio de imagem, de sono, de ansiedade, são os primeiros a serem afetados, até desenvolver alguma coisa mais grave como o transtorno do sono, transtorno de ansiedade e transtorno social” afirma.

A pesquisa associa o maior tempo em telas com mais sintomas de insônia, e o menor tempo de sono a sintomas da depressão. O uso da luz azul emitida pelos aparelhos durante a noite interfere na produção do hormônio do sono. O organismo tem um relógio biológico, chamado ciclo circadiano, que determina quando está na hora de acordar e de dormir.

O ciclo circadiano não é 100% exato e precisa de sinais do ambiente externo para se ajustar. O sinal mais importante que ajusta o relógio biológico é a luz do dia. Nem toda luz é igual, porém, a luz azul é a que sensibiliza a retina dos olhos, enviando o sinal de claridade. Com a luz artificial, o cérebro não recebe os sinais corretos fazendo com que a glândula pineal não produza melatonina corretamente.

Atualmente não existem pesquisas sobre os malefícios causados pelo abuso da internet na saúde mental de adultos. No entanto, o assunto está em evidência. A maioria das pesquisas internacionais sobre o tema apontam que pelo menos 10% dos usuários de internet já estão viciados.

Ainda não foram feitas pesquisas conclusivas no Brasil sobre o assunto, mas o índice deve estar próximo, já que os brasileiros estão entre os primeiros colocados no ranking dos povos que permanecem mais tempo conectados. A psicóloga Rochelli Alves Pacheco, pós-graduada em saúde mental e atenção psicossocial,  salienta que, de acordo com o grau de dependência, pode ser considerada uma doença, tendo a possibilidade de se tornar mais perigosa do que a dependência química.

Mídias sociais são mais viciantes que o cigarro e o álcool

Uma pesquisa feita pelo Royal Society for Public Health (RSPH), Instituição de saúde pública do Reino Unido em parceria com Young Health Movement (YHM) analisou como o uso das redes sociais afeta a saúde mental de jovens e destaca, também, que mídias sociais são descritas como mais viciantes que cigarros e álcool.  Rochelli Pacheco explica que o uso abusivo da internet pode comprometer a vida das pessoas no âmbito biopsicossocial. O modelo biopsicossocial estuda a causa ou o desenvolvimento de doenças utilizando fatores biológicos, como a genética e a bioquímica; os fatores psicológicos incluindo a personalidade, comportamento e estado de humor; e os fatores sociais. A tendência é que os dependentes da internet, eliminem de forma gradativa a vida social, os laços familiares e relacionamento com amigos, passando a investir menos tempo em produções criativas, no trabalho e consequentemente na saúde.

Redes sociais são apontadas como prejudiciais à saúde mental de jovens. Foto: Mariana Olhaberriet

Os jovens entre 16 e 24 anos são considerados os mais afetados, seguidos por adultos e idosos que estejam enfrentando períodos de tristeza, solidão e ansiedade. A psicóloga explica que geralmente “a dependência, está associada à frustração da falta de controle dos próprios impulsos. Deseja-se ‘controlar’ o externo, uma vez que o conteúdo interno não seja possível”.

As orientações são de que as pessoas tenham senso crítico e avaliem como a internet está sendo usada, o tempo gasto nas redes e a exposição, que também é um gatilho para inúmeros problemas.

Recomenda-se que os dependentes de internet procurem um acompanhamento psicológico individual ou em grupos, o objetivo do tratamento não consiste em eliminar o uso da internet, mas fazer com que a pessoa aprenda a lidar com os impulsos e consequentemente reorganizando sua vida, as relações interpessoais, ao trabalho, a saúde e o acesso às redes esteja presente de modo equilibrado.

Aliada ao uso excessivo da internet estão as redes sociais, a pesquisa feita no Reino Unido classificou cinco redes sociais como prejudiciais à saúde mental de jovens. A rede de compartilhamento de fotos e vídeos curtos, o Instagram, ficou em último lugar, sendo considerado a mais prejudicial, o aplicativo multimídia, Snapchat, ficou em penúltimo e o YouTube em primeiro lugar sendo considerada a mais positiva.

A psicóloga Renata Krug explica que o Instagram e o Snapchat são redes sociais em que o compartilhamento é estático, muitas imagens que são transformadas em programas de edição, “ali se coloca algumas coisas como se aquilo fosse concreto, pra sempre, estático, ou seja uma imagem totalmente irreal do que é o ser humano, do que é viver e do que é contato social”. Já o Youtube não tem a essa mesma característica, o que facilita uma identificação mais positiva e até certo ponto mais saudável, pois mostra um pouco mais da vida em movimento e não passa por tantos filtros e ferramentas de modificação.  

A questão é a forma de lidar com todas as informações recebidas e que são de fácil acesso. As redes sociais acabam não sendo só um meio, mas também uma forma de consumo. “Escuto muitas vezes, desesperadamente me falarem que precisam consumir determinado produto ou que precisam consumir uma viagem”, afirma a psicóloga. Os motivos para consumir determinadas coisas mudaram, esses produtos são vistos, atualmente, como sinônimo de felicidade e bem-estar, mesmo não estando em harmonia com que se sente e com quem se é.

Pessoas diferentes enfrentando as mesmas situações enxergam as coisas de formas diferentes. Isso se acontece porque vivemos em dois ‘mundos’ simultaneamente, o mundo subjetivo e o objetivo. A subjetividade, se refere ao mundo interno de cada pessoa, incluindo todas as particularidades do sujeito, como as capacidades afetivas, imaginárias, sensoriais, racionais e as relações com o mundo social. A psicóloga Rochelli Alves Pacheco explica que a subjetividade deve englobar, além da psicologia, a filosofia, história, sociologia e antropologia. Tornando possível entender como a sociedade interfere nos indivíduos, e “quanto as influências socioculturais podem ser internalizadas, construtivas e/ou alienantes para constituição do sujeito”. A objetividade é o mundo ‘real’ e externo que é fruto das nossas experiências sensoriais. Os dois mundos estão conectados e interferem um no outro, formando quem somos. Um desses agentes externos que interferem na subjetividade das pessoas é a internet, que dependendo do seu uso, pode levar a transtornos graves.

O caminho para que esse uso não seja prejudicial à saúde mental dos usuários é a busca do equilíbrio, não abusando das horas em frente às telas, mas também compreendendo que, atualmente ,a maioria do conteúdo publicado são produtos que estão ali para serem vendidos. Ter cuidado e se conscientizar de que a vida das pessoas não é sempre perfeita como é mostrado em rede, procurando uma identificação com a vida real e dinâmica. Além de buscar e aceitar ajuda de profissionais quando necessário.

Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Científico.

 

Foto: Juliano Dutra/ Labfem

“Hoje eu estou na bad”. “Estou na maior bad do mundo”. “Que bad”. “Hoje eu só vou curtir a bad”. “Essa música é boa para curtir numa bad”. Se você tem o hábito de utilizar a internet e frequentar as redes sociais, provavelmente já se deparou com alguma destas frases ou suas variantes. Tão provável quanto é que você já tenha publicado alguma bad em rede social ou usado a expressão para conversar com alguém próximo.

Mas afinal, o que é bad? Essa é uma pergunta difícil e complexa de ser respondida, pois a bad é um sentimento subjetivo e complexo em cada um, mas basicamente podemos dizer que é uma tristeza. Ter sentimentos é bom, normal e saudável, inclusive se sentir triste. A tristeza faz parte da vida, assim como, as alegrias. O problema está na proporção. Bad é um termo que ficou naturalizado na internet, mas que em diversos casos esconde sentimentos profundos e perigosos que necessitam de atenção.

“Na verdade, eu falo que estou na bad quando minha depressão aparece querendo arrancar minha porta. É quando meu corpo começa a doer por causa da minha dor psicológica. Mas as pessoas não gostam de ouvir pessoas com depressão, sobre a doença. É como se ao admitir nossos sintomas e sentimentos estivessemos deixando de lutar, sendo fracos (…). Chamo só de bad o que na verdade me coloca num chão de lama” – depoimento anônimo.

Em uma pesquisa online realizada com 200 participantes foi possível entender um pouco mais sobre o que é e como se manifesta a bad, os dados obtidos com ela serão utilizados em toda a reportagem. O questionário foi divulgado no Twitter e em grupos do Facebook, principalmente. Foram feitas treze perguntas, nem todas sendo obrigatória a resposta. Os participantes são residentes de mais de dezesseis estados e Distrito Federal, o que demonstra a pluralidade de pessoas alcançadas. As idades variam de “menos de 16 anos” (1,5%) até “mais de 25 anos” (18,5%), mas a maioria está na faixa etária que vai dos 19 anos aos 22 anos, sendo 40% dos participantes. Quando questionados quanto ao nível de escolaridade 53,5% afirmaram ter Ensino Superior Incompleto, ou seja, a maior parte está cursando a faculdade. Outros níveis de escolaridade também apareceram, como Fundamental Completo (0,5%), Ensino Médio Incompleto (5,5%), Ensino Médio Completo (11,5%), Ensino Superior Completo (22%) e Pós-graduação (7%).

Se sentir momentos de tristeza é normal, também é natural vivenciar situações de bad. Por isso, a pesquisa mostra que 98,5% têm bad, sendo este valor referente a 197 pessoas. Mas se é normal, por que problematizar a bad? O problema, como dito antes, está na proporção e também na frequência, já que 42,5% diz ter bad pelo menos uma vez na semana e 27% todos os dias. Para alguns, bad é somente uma gíria da moda, para outros é um problema real e uma forma de conseguir falar sobre os sentimentos.

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

Para a psicóloga Gabriela Quartiero, as respostas dos questionário são parecidas ou remetem às mesmas situações. “Várias coisas são ligadas a redes sociais e como você vê a vida do outro bem”, esclarece. A psicóloga Natacha Ferrão acredita que o problema está na comparação que os sujeitos fazem da própria vida com a dos outros. “Na internet, com as redes sociais as pessoas se modificam, uma pessoa que está numa bad pode ver uma outra pessoa que está tudo lindo e maravilhoso, então há muita comparação e mascaramento do estado real”, destaca. “Às vezes alguém que está chateado e desanimado em um dia de chuva, por exemplo, tira uma selfie sorrindo e mostrando a tarde feliz que está curtindo. Outra pessoa, que está na mesma situação, de chateação e desânimo, pode ver aquela foto e achar que só ela está se sentindo daquela forma”, complementa Gabriela.

“As redes sociais me parecem vender uma realidade inexistente e inalcançável que promovem uma sensação de fraqueza e derrota. Além disso, perde-se mais tempo observando a vida ‘maravilhosa’ das pessoas do que se empenhando na própria. As redes sociais são incríveis ferramentas, mas bastante tóxicas quando usadas em excesso ou sem ‘filtro’. Talvez estejamos no momento mais profundo da Era do Espetáculo, em que mostrar vale mais do que viver. Essa sensação de ‘bad’ me parece ser, muitas vezes, um drops da depressão causada por uma sociedade bem desconexa, apesar de fortemente conectada.” – resposta anônima do questionário

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

“Esse negócio de comparação que é criado com certeza é um fator para que a gente não se aceite e não veja nossa vida como algo massa também. Obrigado pelo formulário, faz bem escrever sobre isso” – resposta anônima do questionário.

Sobre o uso da expressão bad, foi possível observar que são diversas as situações em que as pessoas utilizam o termo. “Algumas pessoas entendem como uma ‘situação bad’, mas muitas não tratam como um sentimento de depressão, outras utilizam a expressão para falar sobre a própria depressão”, explica Gabriela. “Tem pessoas que mostram uma angústia muito grande e que podem estar com uma bad mais voltada a depressão. Como pessoas que disseram não ter vontade de levantar da cama, que querem tomar remédio para dormir ou que ficam muito tristes em ver as outras pessoas felizes na rede social”, acrescenta.

“Sinto vontade de sumir, desistir de tudo o que faço porque nada faz sentido e nada vai dar certo. Fico desanimada” – resposta anônima do questionário.

Crédito: Formulário Google/ gerado automaticamente

Por dentro da internet

Para que frequenta Blogs, canais no Youtube, Instagram de diversas personalidades diferentes, a experiência é uma. Mas e para quem decide compartilhar sua vida em vídeo todos os dias?

Foto: Arquivo Pessoal

A Isabella Saldanha e o Felipe Luz são os youtubers do canal “Isabella e Felipe”, que antes se chamava “Fotografando a mesa”. Com mais de 500 vídeos e ultrapassando a marca de 3 milhões de visualizações totais, eles estão há um ano postando vídeos todos os dias. Em cada publicação diária eles compartilham sua rotina, mostram lugares para conhecer em São Paulo, as peripécias da vida adulta, viagens, aventuras capilares e todas as outras coisas que envolvem seus interesses pessoais e a vida que levam. Como todas as pessoas, eles tem seus momentos de bad e como não poderia ser diferentes, alguns destes momentos geram reflexões que estão nos vídeos.

Isabella contou que a frequência dessas bad é de aproximadamente uma vez por mês, mas não chegam a acontecer uma vez na semana. “Depois que tive depressão, eu evito muito ter esses momentos. Sei que é muito difícil sair, então tenho alguns truques para não entrar nessa bad”, comenta. Para ela o que desencadeia a bad é a falta de vontade de fazer as coisas e a facilidade em questionar a validade do próprio trabalho, pois é algo diferente. “Para a gente é muito fácil fazer isso, fazemos um negócio que não dá cem por cento certo”.

São incontáveis o número de bloggers e youtubers que trabalham hoje com a internet, porém é raro ver essas pessoas falando sobre os sentimentos. Para Isabella não é fácil falar sobre o assunto, por serem coisas muito íntimas e as pessoas julgarem, mas é melhor que a alternativa de fingir que está tudo bem. “Quando você opta por fazer o que nós fazemos no Youtube, seria necessário uma frieza muito grande para excluir os momentos de bad. Você tem que encarar só como um trabalho e nada mais. É mais fácil você sair de casa (para ir trabalhar) e esconder esses sentimentos. A gente começou a pensar no conteúdo que não consumimos, por que é tudo muito falso e feliz o tempo todo. Eu não concordo que a felicidade o tempo seja necessária, acho até que seja meio doentio”, revela a youtuber. “Quando você está na bad é importante saber que você não está sozinho”, completa Isabella.

Foto: Juliano Dutra/ Labfem

Como sair da bad?

Não existe uma fórmula mágica, pois cada pessoa vivencia os sentimentos da sua forma. Mas algumas coisa podem ajudar, como:

  • Ouvir uma música que te faça feliz. E dançar também, porque não?
  • Fazer exercícios. Você não precisa sair correndo para se matricular em uma academia. Uma caminhada pelo bairro já ajuda.
  • Conversar com os amigos.
  • Exercitar ou aprender um novo hobby.
  • Ler. Experimentar uma nova vivência, mesmo que através das páginas de um livro, pode ajudar a colocar os acontecimentos reais em uma nova perspectiva.

“A bad é desencadeada por diversos fatores, pessoas que tratam mal umas às outras, pressão para estarmos sempre perfeitos. E isso pode culminar em uma depressão. É perigoso. Nós precisamos estar mais atentos a pessoas que ficam constantemente na bad. Obrigada pela conversa.” – resposta anônima do questionário.


Reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da Unifra, durante o primeiro semestre de 2017.
Edição: Professora Carla Simone Doyle Torres.

Fotos: Pixabay

Irritabilidade, angústia, sensação de vazio, pessimismo, falta de motivação e outros sintomas que alteram tanto a percepção cognitiva quanto a comportamental  são sintomas de uma pessoa que sofre de ansiedade ou de depressão.

Os índices de depressão e ansiedade no Brasil são alarmantes. No mês de fevereiro a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados sobre a incidência de depressão na população mundial. O número de pessoas depressivas aumentou 18% entre 2005 e 2015.

O relatório da OMS mostra que a depressão atinge 5,8% da população brasileira (11.548.577). E distúrbios relacionados a ansiedade afetam 9,3% (18.657.943) das pessoas que vivem no Brasil. Novos dados divulgados em março no site da OMS mostram que nas Américas, em 2015 cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão, ou seja, 5% da população.

Pessoas que sofrem desses transtornos costumam buscar a solução com terapias e, segundo a psicóloga Vanessa Diefenbach, o tratamento costuma ser feito conforme o direcionamento e a linha terapêutica que é adotado pelo profissional.

– Cada terapeuta tem um foco diferente, por exemplo, observar o comportamento e outras os aspectos inconscientes. Mas, o principal é o olhar diferenciado para o sujeito, seus prejuízos, suas emoções, seus comportamentos, e o que está causando no ambiente, nas atividades que antes costumava fazer e se modificaram,

analisa a terapeuta.

A psicóloga também conta que as causas mudam de indivíduo para indivíduo e de forma bastante singular. Elas variam tanto na intensidade quanto nos fatores desencadeantes. Não há uma causa específica para quem sofre de ansiedade ou depressão, mas o terapeuta observa cada caso na sua singularidade.

A maior preocupação começa quando é preciso encaminhar o paciente para consultas com o psiquiatra e, por consequência, fazer uso de medicamento. Quando se faz uso de um medicamente contínuo é normal que o paciente fique um pouco dependente da medicação. Será que não há outras formas de tratar ansiedade e depressão?

Segundo a psicóloga e psicoterapeuta Samira Turatti Schneider, dependendo da intensidade dos sintomas é sim necessária a avaliação de um psiquiatra para verificar se existe algo químico e a necessidade de medicação.

– Em alguns casos é necessário o uso de medicação para que o paciente consiga ter um bom nível de elaboração dos conteúdos trabalhados em terapia. – avalia

Samira relata que em casos de transtornos avançados não há a possibilidade de um método que não envolva medicação. Porém, só a medicação não resolve, apenas “anestesia”, o que faz com que futuramente o transtorno volte e, muitas vezes, potencializado.

 O estudante de paisagismo Edilon Costa é um dos exemplos. Diagnosticado com depressão há 10 anos, frequenta sessões com psiquiatra e trata o transtorno com medicação. Mas, nunca frequentou psicólogo.

– Sempre achei que a medicação me traria resultados imediatos. Aos poucos, eu notei a minha melhora e nunca procurei fazer o mesmo tratamento com psicólogo. Hoje tenho medo de parar com a medicação. Na verdade, quando diminuo com ela, já noto diferença. – desabafa o estudante.

 Além das terapias e a medicação, também há outros métodos para amenizar ou até mesmo “lidar” melhor com as crises. Alimentação de qualidade, atividade física, trabalhos manuais, sono de qualidade, técnicas de relaxamento e respiração são umas das alternativas que as psicólogas indicam.

Para àqueles que já notam algum dos sintomas de ansiedade e depressão a orientação é procurar um profissional qualificado para que o diagnóstico seja feito. Saúde mental é algo delicado e quando se trata do assunto é preciso ter cautela.

Por Karen Borba, reportagem produzida para a disciplina de Jornalismo Científico

Insônia, depressão, ansiedade e transtornos mentais menores podem evoluir para distúrbios mais graves. (Fotos: Juliano Dutra – Laboratório de Fotografia e Memória)

 

“A universidade me adoeceu, me mudou, me fez sentir que não sou capaz”. Grandes expectativas. Aulas em dois turnos nos cursinhos pré-vestibulares. A vontade e curiosidade de saber o que vem depois do Ensino Médio. A ideia das faculdades que filmes hollywoodianos apresentam é um tanto quanto exagerada. O período em que o jovem está se tornando adulto e cidadão  era para ser algo enriquecedor, encorajador. Na realidade, torna-se um período em que emergem sentimentos de incapacidade que podem acarretar doenças sérias.

Atualmente inúmeros jovens sofrem com doenças psíquicas e transtornos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 20% dos adolescentes brasileiros sofrem de depressão. Estudos da psiquiatria da Universidade Federal de Minas Gerais apontam que a desconfiança do próprio desempenho, insônia, estresse psíquicos, transtornos mentais menores podem se desenvolver para distúrbios mais graves entre os universitários.

Uma pesquisa realizada com 100 graduandos apontou que 68% dos estudantes desenvolveram algum distúrbio físico ou psicológico no período universitário, como depressão, ansiedade, gastrite, pânico, crises de enxaqueca, insônia, entre outras. Ela foi desenvolvida pelas autoras desta reportagem como exercício na disciplina de Jornalismo III, sob responsabilidade da professora Glaíse Palma. Partiu-se da hipótese de que a faculdade estava provocando processos de adoecimento entre os acadêmicos. Através um questionário para veiculação on line, com a opção de identificar ou não quem respondeu, foram obtidas em três dias, 100 respostas anônimas. Os dados evidenciaram que a realidade era pior do que a imaginada inicialmente.

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Através da pesquisa, diversos estudantes relataram que crises de ansiedade acontecem com frequência.

“ Após entrar para a universidade, desenvolvi depressão e ansiedade, tomei antidepressivos por algum tempo, passei a me sentir melhor e parei com a medicação. Nos últimos tempos me sinto mal novamente, tenho crises fortes de ansiedade onde não consigo respirar. Também tenho crises de choro semanais, que em alguns períodos se torna diária. Penso muitas vezes em largar o curso e ir embora da cidade ou que gostaria de ficar muito doente para poder parar com a faculdade por um tempo. Estou pensando em procurar auxilio psicológico”. Depoimento anônimo.

Segundo o coordenador do serviço de triagem do Programa de Atenção Integrada em Psicologia (PAIP), Carlos Décimo, a universidade pode ser cansativa e desgastante. Porém, ele ressalta que depende de como a pessoa chega na universidade – às vezes cansada e estressada -, e como lida com os trabalhos e provas. O aluno pode se sentir inseguro, diante de algumas práticas e exercícios. Como  também nas disciplinas do curso, alguns gostam outros não.

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A subjetividade de cada um

O desenvolvimento de transtornos não é, necessariamente, desencadeado pela universidade. “A pessoa tem suas circunstâncias e suas patologias, ao entrar na faculdade, pode potencializar esse transtorno. Por exemplo, um jovem que tem fobia social, medo de ser analisado pelo outro, quando entra na universidade ele é posto em público, aos olhos do outro e,então, ele tem que apresentar trabalhos, se expor, e não consegue”, explica Décimo. “Já existia a doença e , assim,  a evidenciamos”. Isso pode ser percebido em determinadas situações que desencadeiam o transtorno. Entre os fatores que desencadeiam  esses processos está o estimulo à competição entre os estudantes, que parte dos professores promovem durante o curso, nas aulas, nos trabalhos, nas provas. Para o psicólogo, o conceito de capacidade e inteligência vem mudando, não tem como saber tudo ou ser o melhor em tudo, temos áreas que dominamos melhor, atividades que desenvolvemos melhor. “Mas inteligente no quê? Para que? Ou ser bom no quê? As pessoas não serão competentes em tudo. Acabamos vendo áreas nas quais temos mais facilidades, que temos mais habilidades. Essa questão de ser o melhor em tudo precisa ser revista ”, afirma ele.tratamento

Para a estudante de psicologia, Ana Carolina Bragança, sem dúvida, o ambiente acadêmico é um fator que pode elevar o estresse e a ansiedade. Algumas vezes, as exigências neste meio são maiores do que deveriam. Muitas veze, o estudante acaba por abdicar das horas de sono, de bem-estar, das atividades de lazer e de fazer coisas do seu gosto por falta de tempo. A alta demanda vinda da universidade causa ou aumenta o estresse, advindo com a ansiedade de completar tarefas dentro de um prazo que nem sempre pode ser flexível.

“Ter responsabilidades e exigências no mundo acadêmico é natural, porém, quando este invade outras áreas da vida ou faz abrir mão de muitas coisas para atender a ele, algo pode estar equivocado, até mesmo nas formas de avaliação dos professores. O estudante possui várias disciplinas as quais tem que conciliar e empenhar-se para obter o mínimo de êxito”, aponta a estudante. Ana Carolina acredita que, tanto as instituições quanto o quadro docente, deveriam estar mais atentos ao contexto de vida dos acadêmicos, que têm suas obrigações também e, às vezes, extrapola nestas. Pode haver diálogo entre alunos e professores. A estudante afirma que em situações em que fica difícil suportar, ou prejudica de alguma forma a saúde mental do universitário, pode existir um acordo  que fique bom e coerente para os dois lados. “Esta seria uma forma de lidar com as desavenças e  não deixando de realizar atividades fora da vida acadêmica que lhe proporcionem bem-estar”, completa.

“Tive uma crise de ansiedade em sala, e após o período de atestado, fui ridicularizada por professores e colegas”, depoimento anônimo.

Sintomas de que as coisas não vão bem por dentro

É importante entender que a indução a acreditar em determinados comportamentos tais como ansiedade constante e privação de sono sao normais e fazem parte desse período da vida, é equivocada. Eles não são normais e são prejudiciais à saúde. É necessário estar atentos para sinais que surgem no cotidiano e são alertas de que algumas coisas podem não estar indo bem.

Psicólogos alertam para alguns sintomas que merecem atenção, como: agitação, irritabilidade, ansiedade, culpa, sofrimento emocional, choro excessivo, fadiga, fome excessiva ou falta de apetite, insônia, pensamento suicida, etc. Caso perceba se perceba esses sinais em si próprio ou em algum (a) amigo (a), procure algum tipo de ajuda. Conversar sobre o que está sentindo pode ser libertador. Muitas pessoas estão sentindo o mesmo.

Culpa é um dos sintomas que merecem atenção. (Crédito: Juliano Dutra – Laboratório de Fotografia e Memória)
Culpa é um dos sintomas que merecem atenção.

“Já sofria com a ansiedade e a depressão antes de entrar na Universidade, mas após o ingresso as coisas só pioraram. Quando fico sobrecarregada, me sinto muito nervosa, causando até mesmo efeitos físicos. Já deixei de estudar diversas vezes e de entregar trabalhos por esse motivo. Numa vez, até mesmo reprovei numa disciplina, pois tive uma crise durante a prova e a entreguei em branco, pois não conseguia reagir de nenhum jeito. Fui ao psiquiatra, recebi atestado, mas o professor não aceitou. Então, reprovei na disciplina. ”, depoimento anônimo.

Há professores que não estão preparados para receber alunos, que têm alguma fobia social, ansiedade ou depressão. “São profissionais que não estão acostumados com esse tipo de situação ou com alunos que tenham esses transtornos”, afirma Carlos Décimo. Então, é preciso trabalhar essa questão com os docentes. O Laboratório de Práticas de Psicologia pretende fazer um projeto que auxilie os professores a lidar com isso.

“Queria participar dum grupo de pesquisa. No entanto faltei alguns encontros, porque estava com crises de ansiedade. Tentei explicar para o professor ele disse que não queria alguém como eu no grupo dele e me mandou procurar um psiquiatra. Tive que ir embora da aula de tanto que chorei. E também, odeio tanto quando as pessoas se sentem orgulhosas por passarem a noite a base de café fazendo trabalho e quando tu não concordas com isso te acham preguiçosa e irresponsável. ”, depoimento anônimo.capacidade pressao

O vestibular passou e o estudante  foi aprovado. O que vem agora?

Durante o Ensino Médio os alunos são preparados incansavelmente para prestar vestibular. É o início de uma vida rodeada de cobranças. A pressão para entrar numa universidade é tão grande que muitos estudantes começam a desenvolver problemas psicológicos que poderão acompanhá-lo no decorrer da graduação. Muitos quando se inserem no Ensino Superior acabam se frustrando com a realidade da nova rotina. A universidade pode ser bem diferente da versão romantizada que foi construída na escola.

As dificuldades, os trabalhos, provas, cobranças, a insônia, exames, a falta de tempo e a incerteza sobre a escolha para a futuro, podem desmotivar os estudantes e serem o começo para problemas mais graves no futuro.

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Buscar ajuda profissional pode ser o primeiro passo para uma vida acadêmica mais saudável. (Crédito: Juliano Dutra – Laboratório de Fotografia e Memória)

“Estou no primeiro semestre e senti uma enorme diferença do ensino médio para o ensino superior, eu tento acompanhar, mas é muito complicado, minhas notas estão ruins, mas eu sei o conteúdo. Então tem algo errado, o estresse é tão grande que faço tudo errado na hora da prova”, depoimento anônimo.

O que fazer para lidar com o estresse?

Não é fácil lidar com as cobranças que surgem na faculdade, sejam elas pessoais, familiares, ou dos professores. Mas é preciso encontrar meio de lidar com as emoçções ruins para seguir os estudos sem mais problemas. Especialistas indicam as seguintes atitudes:

  • Conheça seus limites. Saiba o momento de parar e reconheça que todos têm limites, ninguém é obrigado a ser bom em tudo o tempo todo.
  • Manter o sono em dia é fundamental para um bom rendimento na faculdade – e na vida.
  • Alimente-se bem
  • Faça exercícios físicos
  • Reserve um tempo para você. Leia um livro, assista um filme ou uma série. O importante é fazer algo que te dê prazer.
  • Ouça músicas que você gosta. Cantar a plenos pulmões e dançar loucamente são ótimas atividades para relaxar o corpo e a mente.
  • Planeje seus dias e atividades. Uma boa organização das tarefas e horários faz com que você tenha controle do que está acontecendo.

“Às vezes fico triste por não tirar uma nota boa, ou frustrado por não cumprir uma meta que estabeleço. Entretanto, não costumo levar isso até meu limite psicológico, pois sei que isso não é saudável. Por isso, tenho consciência de que a vida acadêmica pode ser desgastante para a saúde mental”, depoimento anônimo.

Por Amanda Souza e Arcéli Ramos

 

Depressão atinge a todos, independente da faixa etária. Foto: Divulgação
Depressão atinge a todos, independente da faixa etária. Foto: Divulgação

Melhor compreendida depois de  muitas pesquisas, atualmente, a depressão não é uma doença tão estigmatizada. “Depressão é uma enfermidade psiquiátrica enquadrada como distúrbio do humor. Caracteriza-se por tristeza, perda de energia, baixa autoestima, visão pessimista do mundo e desejos autodestrutivos. Sua origem é biológica influenciada pela genética, mas também influenciada pelo ambiente e situações de stress adaptativo”, afirma o neurologista Dr. Jorge Lauda Filho.

No entanto, ainda falta compreensão. Muitos casos da doença não são levados a sério como deveriam. Existe depressão de todos os níveis, de leve a grave, e nem todos são tratados de acordo. “A depressão é comprovada mais forte quando os sintomas de insônia, desânimo, falta de apetite sexual e vontade de viver se perpetuam por no mínimo duas semanas consecutivas”, afirma o psicólogo Marcel de Souza.

Um estudo divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) comprova que, em 2011, o Brasil foi o país com a maior prevalência da doença, com 10,8% da população apresentando o distúrbio mental. Em 2008, o Suplemento de Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios mostrou que a depressão é a quinta doença de maior ocorrência no Brasil. No mundo todo, estima-se que a depressão afete 121 milhões de pessoas.

Depressão x Alzheimer

Depressão é suspeita de abrir porta para a doença neurológica Alzheimer. O neurologista Jorge Lauda ressalta: “o que existe é uma correlação entre depressão durante a vida e o aparecimento de Alzheimer na terceira idade. Não é fator etiológico para Doença de Alzheimer (DA), talvez seja, em alguns casos um preditor. A DA numa fase inicial pode ser confundida com depressão e a recíproca é verdadeira. Nenhum teste biológico pode comprovar nenhuma das duas com certeza científica. A atrofia dos hipocampos à ressonância magnética tem sido estudada como um fator comum a ambas”.

Então, a depressão não necessariamente condiciona um quadro de Alzheimer. Não é a ‘porta de entrada’ para ela. O mesmo é assegurado pelo geriatra Jefferson Dressler: “A depressão não induz Alzheimer. Pode anunciar. Portanto, não é a mesma coisa que demência. Elas podem coexistir”.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”250px” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]A Doença de Alzheimer é uma doença do cérebro, degenerativa, isto é, que produz atrofia, progressiva, com início mais freqüente após os 65 anos, que produz a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, que afeta as áreas da linguagem e produz alterações no comportamento. Quais as causas da doença? As causas da Doença de Alzheimer ainda não estão conhecidas, mas sabe-se que existem relações com certas mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem nas funções cognitivas. Sua causa é desconhecida e não pode ser confundida com a depressão. Leia Mais: DOENÇA DE ALZHEIMER – ABC da Saúde http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?150#ixzz30PhxZMz7 (c) Copyright 2001-2014 [/dropshadowbox]

 

Faixa etária mais propensa

É preciso que as pessoas fiquem atentas aos sintomas da condição, para tratá-la de acordo. Pensar nessa fase da vida como sendo ainda produtiva e possível de ser bem vivida é uma tarefa que melhora as condições psicológicas, explica Souza. Neurologicamente “a depressão mais especificamente decorre do mau funcionamento de certos neurotransmissores ou seus receptores nos neurônios. Esta predisposição biológica é agravada por fatores ambientais e psicossociais. Certas drogas podem agir como agravadores ou deflagradores do fenótipo depressivo”, marca Lauda.

Discute-se muito sobre a questão de existir uma faixa etária mais propensa à desenvolver depressão. Sobre isso, Jorge Lauda fala que depressão independe de idade para surgir, mas os idosos são mais vulneráveis tanto pelos fatores biológicos peculiares desta faixa etária, doenças concomitantes e fatores sociais. Outra questão importante que o doutor defende é que: “depressão deve ser chamada de doença, porque é uma doença orgânica. Tanto é orgânica que existem até fatores hereditários envolvidos. O fato dos exames complementares serem negativos é explicado pela pouca sensibilidade destes para este grupo de doenças”. Reforçando a questão de faixa etária no quadro depressivo: “o idoso apresenta mais tendência ao diagnostico de depressão, devemos reestudar o conceito de idoso urgentemente”, afirma Dressler.

A tendência à depressão do idoso é apontada pelo médico Jorge Lauda  como decorrência de uma condição existencial: “o idoso é biologicamente deficitário, contém menos neurônios pela atrofia cortical, sobre de outras doenças debilitantes que causam sofrimento e, além disto, é um carente. Todo seu grupo de amigos e parentes de idade próxima já morreu ou estão enfermos, não tem outras perspectivas de vida, não pensa em viagens, perderam os prazeres da gastronomia, sexualidade, tem dificuldade em entender o mundo que o cerca. Tirando as exceções, todos os fatores direcionam para uma vida menos prazerosa. Mesmo assim, acredito que a depressão é uma doença de todas as idades”.

Como tratar

Especialistas alertam para a necessidade de desconfiar da existência da doença. Foto: Divulgação
Especialistas alertam para a necessidade de desconfiar da existência da doença. Foto: Divulgação

A depressão é uma questão que assola milhares de pessoas em todo mundo, e causada por inúmeras questões, sejam elas sociais, culturais, econômicas, ou até mesmo afetivas, o que as vezes levam pessoas a cometerem absurdos, desde suicídios e assassinatos. E como combater a depressão, é possível ou não? Lauda Filho esboça que o melhor tratamento é sempre medicamentoso e aí vai depender da peculiaridade de cada caso. Medidas psicoterápicas, sustentadores sociais, grupos, são importantes e sempre de grande importância, mas a medicação é a pedra angular até o que se sabe atualmente sobre depressão.

A psicoterapia é um procedimento psicológico que auxilia na meia e terceira idade pessoas deprimidas, e são feitas individualmente ou em grupo. “Esta abordagem psicológica é bastante recomendada para essa fase da vida, e tem como característica ser: diretiva – o problema atual como foco do processo; estruturada – é possível pensar no processo como sequencial e previamente estabelecido e educativa – é possível ao paciente aprender sobre o processo e participar do mesmo ativamente”, explica o psicólogo. Também salienta que utiliza-se de técnicas e treinos, como por exemplo, o de habilidades sociais, por vezes muito interessante para uma melhor interação do idoso nos mais diferentes contextos cotidianos, o que ajuda a lidar com a depressão. “O processo psicoterapêutico pode auxiliar também o idoso a entender melhor sobre sua condição de saúde, o uso de medicamentos e tratamentos médicos, que por vezes esteja se submetendo, além de ajuda-lo a entrar em contato com questões emocionais e psíquicas, possibilitando assim uma diminuição dos sofrimentos causados por quadros depressivos e ansiedade, por exemplo, comuns para a idade”, coloca Souza.

Então, é visto que o combate mais eficaz contra a depressão na terceira e meia idade continua sendo através de remédios, o que prova que ainda existe muito o que evoluir neste aspecto de prevenção e combate à depressão, saindo assim da dependência de drogas para isso. A depressão é uma condição antiga do ser humano, e tanto estudado por especialista de diversas áreas. Um dos desafios é a busca pela cura, como em qualquer doença. “Em doenças crônicas que se desconhece parcialmente a fisiopatologia não se fala em cura, mas em REMISSÃO. Esta remissão pode ocorrer induzida pela medicação, algumas vezes deve ser mantida por ela. Há casos de remissão espontânea”, constata Lauda.

A neurologia atua da seguinte forma em relação à depressão: “desconfiar da existência da doença, fazer os diagnósticos diferenciais que por ventura existirem, tratar quando não existe possibilidade de encaminhamento psiquiátrico”, explica Lauda Filho.

Fatores sócio- ambientais como causa

O ambiente em que se vive, nacionalidade, cotidiano podem agravar quadros depressivos: “a doença atinge todas as classes, todas as idades, todas as etnias. A causa é multifatorial com importante peso de fatores biológicos e hereditários. Fatores ambientais adversos funcionam como desencadeantes ou agravadores, mas não vejo um vínculo estatisticamente significativo das nossas desventuras nacionais em particular e o fato do Brasil ter uma incidência, que dizem ser tão alta. Se realizada uma avaliação na Argentina, Venezuela, ditaduras do islã, Rússia, Cuba, Coréia do Norte qual seria o resultado? Será que a cultura e até mesmo as crenças religiosas influem? Existe uma relação mais significativa com o clima, sendo os países frios e escuros mais propensos a depressão e ao suicídio”, relata Lauda.

Portanto, a depressão é um assunto, uma doença que deve ser urgentemente mais estudada e apreciada por todas as áreas da saúde que contribuam para uma melhor compreensão e também para realizar um combate científico mais eficaz e assim fazer um bem às sociedades do mundo todo que sofrem desta doença, e principalmente, por atingir mais os idosos. Deve ser, sim, objeto de novos estudos para encontrar mais soluções, além das que já existem.

                          
  Por  Márlon Mata. 
Reportagem produzida para a disciplina de  Jornalismo Especializado II.

A grande parte da população já ouviu falar no termo “bullying” que representa determinada prática de constrangimento entre pessoas. Geralmente tal ação, costuma ser mais praticada entre os jovens.

O complicado é quando esta humilhação ganha novas proporções, como a rede mundial de computadores, por exemplo. Hoje, por meio da internet, muita gente está sofrendo algum tipo de transtorno gerado por outra pessoa, ou até mesmo por algum grupo.

O aumento da prática do bullying tem sido a causa de muitos caso de depressão em crianças e adolescentes.

A definição para o bullying na internet é clara: “Quando a Internet, telefones celulares ou outros dispositivos são utilizados para enviar textos ou imagens com a intenção de ferir ou constranger outra pessoa”. É o chamado cyberbulling.

Por meio de narrações pode-se perceber claramente o envio de mensagens e imagens que visam constranger ou ferir. Assim, foi com Suzéli Machado, que era obesa, e atualmente está mais magra, por meio de redução de estômago. “Era horrível. Por meio do orkut eu sofria piadas vindas até mesmo de amigos. Me chamavam de gorda e, por vezes, minha auto-estima caía demais”, comentou a dona-de-casa.

O alcance da internet sendo usada entre as novas gerações, ajuda no crescimento do cyberbullying  pelo fato de que, no mundo dos computadores, os praticantes não precisam se mostrar.

“Esta prática só tende a aumentar a depressão que uma pessoa pode viver. Para combater, por mais difícil que seja, a melhor ação é ignorar. Porém, nem sempre isso é possível, e aí as pessoas-vítimas irão precisar de um acompanhamento psicológico”, disse a pedagoga Elisabete Becker, que é especialista em educação e comportamento.

Mas é bom os praticantes desta humilhação tomarem cuidado. De acordo com a advogada Marília Pereira, tudo está mudando. “Ações como o cyberbullying e até mesmo o bullying, podem e devem ter medidas judiciais”, revelou.

 Por Gabriel Haag , acadêmico do 6º semestre do curso de Jornalismo/Unifra.