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Santa Maria, RS, Brazil

A fé ainda prevalece

Milhares de devotos participaram, neste domingo (11), de uma das principais celebrações religiosas do Rio Grande do Sul a Romaria de Nossa Senhora Medianeira, em Santa Maria. Os fiéis saíram da Catedral Metropolitana e percorreram cerca de

A fé que move fiéis em direção a Santa Maria

Talvez um dos maiores mistérios da humanidade seja a fé. Ainda que não se tenha comprovação científica ou evidência da existência de milagres e curas, essa força que brota do mais íntimo do ser humano é

As origens da Igreja Nossa Senhora do Rosário

Marca arquitetônica central no bairro e situada em frente ao conjunto III do Centro Universitário Franciscano, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi inaugurada em 1959, como Paróquia com a proposta de congregar e acolher os moradores do Rosário. A história das origens

A fé moveu milhares em Santa Maria

250 mil pessoas, segundo a Brigada Militar,  foi o número de romeiros que caminharam os 2,2 KM da Catedral Metropolitana até a Basílica da Medianeira, na procissão à padroeira do Estado, Nossa Senhora Medianeira, na manhã

Os significados da Páscoa

Uma palavra tão pequena, mas de significado muito grande na vida dos cristãos. A Páscoa é comemorada em vários países do mundo, porém nem todos celebram a data como muitos brasileiros, junto da família, com a tradicional brincadeira

Milhares de devotos participaram, neste domingo (11), de uma das principais celebrações religiosas do Rio Grande do Sul a Romaria de Nossa Senhora Medianeira, em Santa Maria. Os fiéis saíram da Catedral Metropolitana e percorreram cerca de três quilômetros até o Santuário da Medianeira. Nas mãos dos devotos, flores, terços, velas e imagens de Nossa Senhora da Medianeira.

Mesmo de cadeira de rodas, o agricultor Edson Luis Rossi, 55 anos, participa de todas as romarias. Ele virou devoto da Mãe Medianeira depois de sofrer um acidente: “Venho todos os anos e hoje vim agradecer por estar vivo”, confessou Rossi.

Durante o trajeto da procissão e na missa celebrada em frente ao Altar Monumento no domingo, foram muitos os pedidos e os agradecimentos feitos à Mãe Medianeira.“As pessoas vem para Romaria em busca de fé, suporte espiritual e esperança para suas vidas. O mundo necessita de compaixão e boas intenções. A minha expectativa é que tenhamos muita paz”, disse Sirlei Barcelos, aposentada, 62 anos.

A romaria atraiu também pessoas de outras cidades. Eliane Bastos, 35 anos, moradora de Porto Alegre veio pela primeira vez na procissão. “Acredito que, assim como eu, a maioria dos romeiros vem em busca de fortalecer a fé e esperança de um mundo melhor”, comentou.

Já por outro lado, há inúmeros fiéis da cidade. Levam ao pé da letra a palavra “fidelidade”, pois não perdem uma romaria. Rosa Maria Fogaça, 52 anos, bancária aposentada comenta: “Venho desde criança. Todos os anos, as pessoas vêm em busca da renovação da fé devido às dificuldades que cada um passa. Eu noto que cada ano cresce o número de romeiros”.

Fiéis de todo estado manifestaram sua devoção na 74ª Romaria da Medianeira. Foto: Matheus Jardim

Talvez um dos maiores mistérios da humanidade seja a fé. Ainda que não se tenha comprovação científica ou evidência da existência de milagres e curas, essa força que brota do mais íntimo do ser humano é capaz de comover e mover pessoas. E não foi diferente na 74ª Romaria Estadual de Nossa Senhora Medianeira, realizada no dia 12 de novembro, em Santa Maria. Esta edição é realizada no Ano Mariano, celebrado pela Igreja Católica no Brasil em comemoração ao centenário da aparição de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, e aos 300 anos de surgimento da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no rio Paraíba do Sul, no Sudeste do Brasil.

Nem o forte calor impediu a participação dos fiéis na procissão, que culminou em missa campal no Santuário Basílica de Nossa Senhora Medianeira. Agradecimento por graças alcançadas, pagamento de promessas e tradição familiar são os principais motivos que trouxeram mais de 300 mil fiéis a Santa Maria, incluindo caravanas de outros estados. Exemplos como o de João, deficiente visual de Belo Horizonte, que há 33 anos participa da Romaria da Medianeira. João Eduardo dos Santos, 50 anos, acompanha a procissão junto ao veículo que carregou a imagem da Mãe Medianeira pelas ruas da cidade. O próprio arcebispo de Santa Maria, Dom Hélio Adelar Rupert, reconhece a devoção de João. “É mais fácil o bispo não estar presente do que seu João faltar a uma romaria”, afirma em tom de brincadeira.

Há romeiros que contam suas curas pela Mãe Medianeira e comparecem anualmente desde então. Um deles é Dirceu Canabrava, 68 anos. Ele foi operado de úlceras no intestino grosso e no fígado. No entanto, como precisava manter os cinco filhos e a esposa, trabalhou logo após a operação, e adquiriu hérnia em função disso.

“A minha hérnia tinha tamanho semelhante ao de uma bola de bocha”, comenta. Ele fez os exames, marcou a cirurgia e aguardou três anos por falta de leito. Veio, então, a Romaria pedir pela cura, mesmo com dúvidas quanto ao milagre. Após a procissão não sentiu mais dor e garante que a hérnia desapareceu.

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Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Fotos: Rodrigo Souza. Lab. Fotografia e Memória

Marca arquitetônica central no bairro e situada em frente ao conjunto III do Centro Universitário Franciscano, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi inaugurada em 1959, como Paróquia com a proposta de congregar e acolher os moradores do Rosário. A história das origens da igreja, no entanto, é anterior. Data do ano 1873,  com a instauração da Irmandade Nossa Senhora do Rosário – uma iniciativa da comunidade negra que, a partir dos muros do cemitério Santa Cruz (1854), ergueu uma capela para abrigar a sua religiosidade, uma vez que desde a época da escravidão, os negros eram impedidos de frequentar as mesmas igrejas dos senhores (brancos).

No Brasil, as igrejas de Nossa Senhora do Rosário  nasceram dessas irmandades negras constituídas no final do período colonial – a primeira data de 1725 –  que serviram como locais para atividades religiosas, acolhimento dos escravos alforriados e a administração da Irmandade, composta de diretoria e mesários. Em muitos locais,  as igrejas mantém as denominações originais como Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos  ou Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, como é chamada popularmente.

Em Santa Maria, somente no ano de 1889 a Irmandade foi aprovada. Um ano após, em 1990, foi lançada a pedra fundamental da capela. E em sete de outubro de 1901 foi inaugurada a Capela Nossa Senhora do Rosário, quando o então padre Aquiles Caetano Pagliuca, benzeu o local.

Os padroeiros e os párocos

Nossa Senhora do Rosário, a padroeira principal,  também é, tradicionalmente, a santa de devoção dos negros devido à semelhança entre o rosário e o fio de contas  usado nas  religiões de matriz africana. Segundo historiadores, os escravos recolhiam as sementes de um capim, cujas contas são grossas, denominadas “lágrimas de Nossa Senhora”, e montavam terços para rezar. Em Santa Maria, a estátua da padroeira, vinda de Roma, foi

São Benedito, ou Benedito, o mouro, como era conhecido, é o único santo negro da Igreja Católica. Foto: João Pedro Foletto. Lab. Fotografia e Memória
São Benedito, ou Benedito, o mouro, como era conhecido, é o único santo negro da Igreja Católica. Foto: João Pedro Foletto. Lab. Fotografia e Memória

benzida por São Pio X.

São Judas Tadeu e São Benedito são padroeiros secundários. São Benedito encontra-se à esquerda da porta de entrada da paróquia. A imagem

recuperou seu lugar em meados de 2006 , depois de longo tempo nos porões da igreja. Nessa ocasião, o pároco local restaurou a imagem e buscou retomar a identidade da igreja do Rosário, reaproximando-a da comunidade afrodescendente.

Hoje, o padre Luiz Artêmio Santi, entrevistado para essa reportagem, faz um resgate histórico do endereço onde hoje se localiza a Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Com o auxilio dos cinco livros tombos – livros de registros de atividades da freguesia – ele descreveu a trajetória de um ponto importante do bairro.

A capela passou por um período em que, segundo Pe. Luiz, ficou sob a posse da maçonaria. O fato ocorreu no ano de 1914. No ano seguinte, a capela reabriu e funcionou até 1942, quando passou por uma reforma. Em 1943, foi lançada a pedra fundamental da igreja. No ano de 1949 começaram os esforços para tornar a Igreja Nossa Senhora do Rosário paróquia, o que aconteceria em 1959.

A arquitetura simples e acolhedora é um convite ao recolhimento e à reflexão.
A arquitetura simples e acolhedora é um convite ao recolhimento e à reflexão.

O padre Luiz Artêmio está em sua segunda passagem pela paróquia. A primeira foi entre os anos de 1972 a 1974, a segunda iniciou-se em 7 de abril de 2013 e segue até hoje . Ao todo houve 13 passagens de párocos pela Nossa Senhora do Rosário

 Os frequentadores

De acordo com a moradora Lori Salete de Bem, 72 anos, frequentadora da paróquia, celebrações de casamentos eram realizadas todos os sábados. Amélia Müller, 82 anos, conta que assiste a missa uma vez por mês. “Eu ia à paróquia com mais frequência antes, mas como moro longe, o deslocamento para mim é cansativo”, revela.

Para Amélia- que considera o lugar como ponto de referência e importância para o bairro- o número de fieis caiu na paróquia em função da não relevância de certos problemas.

Nascido no Rosário, Paulo Medeiros, 60 anos, revela que hoje não frequenta mais a paróquia, mas comenta que há alguns anos o lugar era mais frequentado. “A paróquia é referência do Rosário, mas o movimento caiu bastante. Já ouvi falar que a causa disso é a troca frequente de párocos”, conta Medeiros.

Em entrevista para a página Pôr do Sol do Rosário, o Pe. Luiz também comenta sobre o movimento de fiéis na Paróquia. No vídeo, há também o depoimento do professor do curso de Arquitetura e Urbanismo, Adriano da Silva, que participou da última reforma do local, em 2009.

Para quem quiser mais informações sobre as atividades na Paróquia, basta ligar para o telefone: 30284009  ou ir até ela na rua do Rosário, n°401.

A tabela abaixo traz os horários das missas.missas

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Milhares de romeiros se reuniram ao redor do Altar Monumento para realização da missa campal (Foto: Diego Garlet/Laboratório de Fotografia e Memória)

250 mil pessoas, segundo a Brigada Militar,  foi o número de romeiros que caminharam os 2,2 KM da Catedral Metropolitana até a Basílica da Medianeira, na procissão à padroeira do Estado, Nossa Senhora Medianeira, na manhã do último domingo.

Para Maria Clara Neves, 48, que fez a caminhada de pés descalços pela segunda vez, foi a maior Romaria que já presenciou e crê que a manifestação religiosa irá crescer mais ainda nos próximos anos. “Minha prece na última Romaria foi atendida, as pessoas estão renovando sua fé com tempo e cada vez mais irão vir agradecer a mãe Medianeira”, completou a romeira.

A missa campal rezada pelo bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli, reuniu os milhares de romeiros que não se importaram com o sol e demonstraram fortes manifestações de fé. Francisco Pereira, 68, que veio de Cachoeira do Sul para a Romaria, enfrentou o sol durante a procissão e a missa para agradecer a padroeira pela cura de pneumonia no fim do ano passado. “Passei por tempos difíceis e, graças a Medianeira, hoje estou bem, então vim agradecer”, conta o agricultor que diz ter pretensão de vir nas próximas Romarias também.“Enquanto a saúde permitir, irei sempre agradecer a Nossa Senhora”, afirma.

Os ovos de chocolate são uns dos símbolos da Páscoa. Foto: Reprodução

Uma palavra tão pequena, mas de significado muito grande na vida dos cristãos. A Páscoa é comemorada em vários países do mundo, porém nem todos celebram a data como muitos brasileiros, junto da família, com a tradicional brincadeira de caçar os ovos de chocolate. Há países que nem a celebram, a exemplo do Japão e dos países Muçulmanos.

Aqui, a Páscoa é um momento de reflexão, no qual celebramos a vida, o amor, a paz, a união e o respeito. A Igreja Católica considera a Páscoa a celebração mais importante, pois celebra a passagem da morte para a vida, a ressurreição de Jesus Cristo.

Para o estudante Pedro Correa, 19 anos, a Páscoa é o momento de refletir sobre a morte de Jesus Cristo e sobre os sacrifícios que ele fez pela humanidade. Diferente do pensamento de Marissa Moreira, 18 anos, ateia. Para ela, a Páscoa não tem significado relevante, pois não tem ligação com Deus.

Uma dos aspectos divertidos é à hora em que as crianças vão à procura de suas cestas, guiadas pelas pegadas de coelhos, realizada por seus pais. Para Diego Oliveira, esse era o motivo pelo qual ele mais gostava da Páscoa quando criança. Por isso, também, a data é muito importante para o comércio, pois os consumidores não associam só a religião, mas também ao consumo de chocolates para presentear amigos e familiares.

No dia 20 de abril, data em que celebraremos a Páscoa, muitas reflexões devem ser feitas. Pode ser um bom momento de perdoar, de rever conceitos e de celebrar a esperança de vida nova.

Por Fernanda Gonçalves e Francine Antunes