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redes sociais

Comportamento diante das mídias digitais

Mídias digitais é o nome dado ao conjunto de  veículos de conversação e interação virtuais. Esses meios  de comunicação estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. A cada dia a sociedade está mais conectada.

Última noite de palestra no 12º Fórum de Comunicação

A palestra da última noite do 12º Fórum de Comunicação versou sobre o tema dos movimentos sociais e a mobilização via internet e foi ministrada pelo produtor cultural Atílio Alencar.  Informal, Alencar pediu para não se pronunciar diante do

Mídias digitais é o nome dado ao conjunto de  veículos de conversação e interação virtuais. Esses meios  de comunicação estão cada vez mais presentes na vida das pessoas. A cada dia a sociedade está mais conectada. E em meio a esses avanços na forma de transmissão de informações, surgem perguntas como: “Uma postagem mal sucedida pode afetar na vida pessoal e profissional?”, “A

Postagens e interações nas redes sociais interferem na reputação do internauta  (Foto: Viviane Campos/ Laboratório de Fotografia e Memória)

interatividade é importante nas relações virtuais?”. Para esclarecer a essas dúvidas, a Agência Central Sul conversou com Luciana Menezes Carvalho, doutora em Comunicação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria e professora do Centro Universitário Franciscano.

Durante o XIX Simpósio de Estudo, Pesquisa e Extensão (SEPE), que ocorreu entre os dias 7 e 9 de outubro, Luciana ministrou uma palestra  com o tema: “Presença estratégica nas mídias sociais digitais: visibilidade, popularidade e reputação”, em que abordou o comportamento das pessoas diante das mídias digitais. A próxima palestra ocorrerá no dia 22 de outubro, na sala 602 do prédio 14 no conjunto I do Centro Universitário Franciscano,  às 14h30. O assunto debatido será de pesquisa no campo acadêmico-científico. “Abordarei aspectos teórico-metodológicos de minha pesquisa de doutorado, na qual investiguei algumas transformações do discurso informativo do jornalismo no contexto das mídias sociais“, relata a professora.

Agência Central Sul – Por que o Brasil tem destaque na utilização das redes sociais?

Luciana CarvalhoNão há uma única explicação, e não é algo que eu tenha investigado. Mas acredito que isso se explica por fatores culturais, já que somos conhecidos por nossa afetividade. Brasileiro gosta de se comunicar e a internet ampliou as formas de fazer e manter amigos.

ACS – Por que o Facebook possui mais relevância entre os usuários de rede sociais?

LucianaAcredito que devido ao fato de a empresa estar sempre atenta ao comportamento dos usuários, adaptando-se às apropriações que o público faz da plataforma. E também devido ao olhar atento do Facebook para o mundo dos negócios. Acrescentaria que ainda não apareceu uma rede que agregue todas as funcionalidades do Facebook. Hoje, ele é não só um espaço para interação, mas feed de notícias, mídia publicitária e ambiente de pesquisa.Ou seja, reúne muitas de nossas atividades online.

ACS – Hoje através das redes sociais expomos nosso cotidiano e nossa vida de maneira constante. Essa exposição influencia em nossa reputação na internet? Existe uma diferença entre a reputação criada dentro das mídias digitais e fora delas?

LucianaA reputação é um dos valores do que alguns teóricos chamam de capital social, uma espécie de moeda simbólica que move nossas interações online e offline. Fazem parte deste capital também a popularidade e a autoridade ou capacidade de influência. No caso das redes digitais, dependendo do que publicamos, curtimos ou compartilhamos, estamos mobilizando esses recursos. Portanto, nossas ações nessas redes têm impacto na imagem que os demais constroem a nosso respeito.E como cada vez mais o online e o offline se complementam, existe sim influência entre o que fazemos online e o que a pessoas pensam sobre nós fora da internet. É importante termos consciência de que somos a mesma pessoa. A nossa reputação, portanto, seja como pessoa física ou jurídica, é composta por essas impressões que passamos em nossa vida dentro e fora das redes digitais. Ao expormos nossa vida nas redes estamos gerando elementos para que nossos amigos ou seguidores construam uma reputação positiva ou negativa ao nosso respeito.

ACS –  Pode-se associar a reputação com a popularidade?

LucianaA popularidade é um valor que pode ser mensurado quantitativamente. Ela se refere ao número de seguidores, amigos ou fãs que alguém mantém nas redes sociais. Nem sempre ser popular é bom, pois pode-se ser muito conhecido e ao mesmo tempo contar com uma péssima reputação. Já a reputação pode ser analisada de forma qualitativa, pois ela pode ser positiva ou negativa. Quanto mais popular alguém é, mais difícil controlar a própria reputação. Quem tem muita popularidade na internet precisa estar sempre atento à repercussão de suas ações na rede. Crises de imagem podem ser deflagradas rapidamente e, se não houver cuidado em seu gerenciamento, ganhar uma amplitude ainda maior.

ACS – É possível afirmar, então, que a interatividade é importante nas nossas relações virtuais e que geram alguma influência sobre nossas postagens?

Luciana – A interação por meio das funcionalidades dessas plataformas como Facebook e Instagram são o equivalente a nossas ações fora das redes. Então, elas podem nos tornar mais ou menos populares, com uma boa ou má reputação, mais ou menos influentes. E esses valores são dinâmicos, podem mudar o tempo todo. Por isso, quem quer gerenciar estrategicamente sua presença online deve monitorá-los constantemente. Profissionais, empresas, instituições e pessoas públicas são as mais interessadas nessa gestão.Mas hoje em dia todos somos vigiados e avaliados pelo que postamos.E leva tempo para conquistar uma boa reputação, por isso o trabalho é constante.Mas, é importante dizer que não adianta construir um personagem artificial apenas para se tornar popular. As pessoas percebem. O melhor é ser autêntico, mantendo o equilíbrio, pensando sempre nas consequências de nossas ações, como deve ser na vida, em qualquer espaço de interação.

ACS –  É importante um profissional se manter conectado nas redes sociais?

LucianaSim, porque atualmente mesmo quem não está nessas mídias corre o risco de ser mencionado por alguém. As redes sociais da internet são hoje os meios mais utilizados pelas pessoas para fazer suas críticas a produtos e serviços. Então, é importante que os profissionais possam ouvir seus públicos nesses espaços e conversar com eles, melhorar atendimento ou performance a partir do feedback dos clientes.

ACS – Qual é o grau de importância?

LucianaA conexão é importante mas deve haver equilíbrio no uso. Excesso de postagens ou conteúdo inadequado podem ser piores do que ausência. O ideal é haver assessoramento por um profissional da área da comunicação ou do marketing. Mas quando isso não é possível pode-se buscar dicas de boas práticas em livros ou cursos voltados para empresas e profissionais.

ACS – Como que uma postagem mal sucedida pode afetar a vida pessoal e profissional?

Luciana –  Há inúmeros casos de funcionários que foram demitidos por terem cometido gafes nas redes sociais digitais. Temos que lembrar que essas mídias têm amplo alcance. Nossas postagens são públicas e não adianta apagar depois de se arrepender, porque é bem possível que alguém já tenha dado print, ou seja, ter salvo a publicação como imagem.

 

 

A palestra de Atílio Alencar encerrou o 12º Forum da Comunicação. Foto: Pedro Pellegrini - Laboratório Fotografia e Memória.
A palestra de Atílio Alencar encerrou o 12º Forum da Comunicação. Foto: Pedro Pellegrini – Laboratório Fotografia e Memória.

A palestra da última noite do 12º Fórum de Comunicação versou sobre o tema dos movimentos sociais e a mobilização via internet e foi ministrada pelo produtor cultural Atílio Alencar.  Informal, Alencar pediu para não se pronunciar diante do microfone para que, assim, todos pudessem sentir-se mais à vontade no debate de um assunto tão atual.

O palestrante situou historicamente o contexto que deu origem aos movimentos sociais acionados pela internet, refletindo sobre as manifestações ocorridas em junho de 2013 no Brasil e o papel da mídia tradicional e da mídia livre nesses cenários. Para ele, a  forma como a mídia tradicional transmite e repercute os movimentos sociais, se vale de  modos operantes que, geralmente, tendem a criminalizar as ações coletivas, abordando-as de um ponto de vista negativo. “O mês de junho de 2013, foi uma mostra de que a mídia começou do jeito mais convencional ao chamar os manifestantes de vândalos. Mais a diante, perceberam que perdiam popularidade com essa abordagem. Então, a mídia corporativa reverteu o discurso e tentou neutralizar as pautas”, observa ele. Em contraposição, a mídia livre – que na opinião dele se difere da chamada mídia independente – é orgânica nas coberturas porque narra de dentro do acontecimento. Isto é um marco no modo de fazer jornalismo, enfatiza.

O produtor alertou  ainda para o lugar das redes sociais no cotidiano dos usuários. “Tudo o que você falar nas redes sociais, em algum lugar estará arquivado”. Por outro lado, enfatiza que o problema não é a ferramenta usada e sim o como ela é usada.

Contundente, Alencar provocou questionamentos pertinentes e provocou o interesse dos alunos e professores, referentes às suas perspectivas expostas.

Fernando Noro na palestra sobre a rede das oportunidades. Foto. Júlia Machado
Fernando Noro na palestra sobre a rede das oportunidades. Foto. Júlia Machado

Hoje, a maioria das pessoas tem acesso à internet, por ser mais rápido e pela facilidade de se conectar. As redes sociais, como twitter e facebook, entraram para o cotidiano de milhares de brasileiros, pensando nisso, a palestra sobre: “A rede da oportunidade”, abriu a quinta-feira do 12º fórum de comunicação do Centro Universitário Franciscano.
O publicitário Fabiano Noro mostrou que a internet, mais precisamente as redes sociais, é umas das melhores ferramentas para se fazer publicidade. Noro falou que sobre oportunidade na rede. Pensar como fazer o assunto do momento, virar uma propaganda e cair no gosto da galera, por exemplo, como fazer com que a moda das selfies sem maquiagem e filtro, possa virar uma forma de divulgação de alguma determinada marca.
Fabiano comparou posts “normais”, ou seja, posts do dia-a-dia, apenas de divulgação, com postagens a partir de um acontecimento. E mostrou que os posts postados com o assunto mais falado ganharam uma visibilidade e divulgação maior, como por exemplo a propaganda de carros que tem como personagem de divulgação algum vídeo que ganhou visibilidade na internet.
“Moeda social, é o que está na boca do povo, coisas que não tem como não saber” afirma o publicitário, que aconselhou os alunos a estarem ligados em tudo que acontece, e que uma simples twitada pode virar um slogan publicitário, como o da Luiza que estava no Canadá, que caiu na graça da galera.

O Brasil é o 7º maior mercado de internet no mundo, com um público de 46,3 milhões de visitantes de 15 anos ou mais que acessam a internet pelo computador de casa ou do trabalho, aponta a empresa de consultoria comScore. Entre os sites mais acessados estão as redes sociais.

Redes sociais científicas facilitam o intercâmbio de conhecimento

Facebook, Orkut e Twitter, lideram o ranking de acessos, porém, uma nova tendência tem chamado a atenção: as redes sociais segmentadas. Existem redes direcionadas a milionários, escritores, público infantil, e até mesmo exclusiva para pessoas bonitas. Seguindo essa tendência, surgem também as redes sociais para compartilhamento de conhecimento científico.

O ResearchGateé uma das redes sociais para cientistas mais populares do mundo. Cada pesquisador cria a sua rede de contatos. Como no Twitter, um usuário pode receber as atualizações de um pesquisador sem que ele o conheça. Há ainda a opção de ingressar em grupos nos quais são compartilhadas informações sobre a temática escolhida.

A principal intenção da ferramenta é ajudar a diminuir as principais ineficiências nos processos científicos, pois facilita a troca de experiências. De forma colaborativa, os pesquisadores encontram soluções ou mesmo discutem sobre os métodos utilizados.

Atualmente, são mais de 1,7 milhões de pesquisadores e estudantes universitários cadastrados, com cerca de 2.000 novos registros diariamente. Os brasileiros estão entre os dez países que mais utilizam a plataforma, segundo a assessoria de comunicação da empresa.

Rogério de Aquino Saraiva, doutorando em Bioquímica Toxicológica, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) faz parte desse índice. Entrou no ResearchGate porque a ferramenta possibilita o contato com pesquisadores da mesma linha de pesquisa que estuda, porém, ainda utiliza a plataforma esporadicamente. “Como entrei há pouco tempo, ainda estou entendendo como a rede funciona. No momento, tenho utilizado pouco, apenas para o intercâmbio de informações importantes como, por exemplo, esclarecer dúvidas sobre métodos utilizados”, pontua.

Já a professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM),  Ana Luiza Coiro Moraes, doutora, não se recorda dos motivos que a fizeram se cadastrar na rede. Dos recursos digitais mais utilizados por Coiro para a troca de conhecimento com outros pesquisadores estão os grupos de discussão e o e-mail.“Utilizo as listas de discussão na internet da Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação (Compós) e da Federação Nacional do Professores de Jornalismo (FNPJ). Também participo da lista de discussão do grupo de pesquisa ´Análise de Telejornalismo´ ao qual me filio, em função do estágio pós-doutoral na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Além disso, tenho colegas adicionados como amigos no Facebook e uso o e-mail para me comunicar com professores e pesquisadores que já conheço”, salienta.

Apesar de ter um número representativo de pesquisadores cadastrados, o ResearchGate ainda precisa ser melhor explorado pelos cientistas brasileiros. “Seria uma ótima ferramenta, mas a desvantagem é que ainda tem poucos usuários no Brasil (pelo menos na minha área de pesquisa) e muitos desconhecem sua existência”, comenta Aquino.

Iniciativa santa-mariense

Muitas pessoas nem imaginam, mas a primeira rede social de divulgação científica brasileira surgiu de uma iniciativa de um santa-mariense, o professor da UFSM, Dr. Ricardo Simão Diniz Dalmolin.

Denominada  SciSmart, nome que une ciência (science) e inteligência (smart), tem por objetivo reunir virtualmente interessados por ciência e educação em um único local, ajudando na popularização da ciência “O scismart entende que é necessário um maior conhecimento, por parte da população em geral e também por pessoas empreendedoras, o que está sendo realizado por diferentes cientistas, em diferentes instituições e de que forma essas informações podem contribuir para o desenvolvimento da sociedade”, comenta Dalmolin.

Moacir Tuzzin de Moraes, mestrando em Ciência do Solo pela (UFSM), relata que se cadastrou na plataforma para acessar as “salas de aulas virtuais” para compartilhar materiais específicos sobre determinados temas. “Utilizo umas duas vezes por dia. Através das salas de aulas virtuais, recebo materiais complementares e os apresentados em sala de aula de disciplinas ministradas presencialmente”, ressalta. Moraes espera que no futuro o SciSmart se torne um grande canal de comunicação entre a comunidade científica do Brasil e do mundo.

Cientistas também amam

A curiosa rede “Scientific Singles” tem uma proposta pra lá de inovadora: ser um serviço de paquera destinada a relacionamentos entre cientistas e amantes de ciência.

A plataforma oferece chats entre usuários e possibilita que pessoas com interesses em comum possam se encontrar. Se você está a procura do seu “cientista encantado” acesse: http://www.scientificsingles.com/

Links interessantes

Quer saber mais sobre o tema? A Agência Central Sul preparou uma lista de artigos que podem ajudar você a se aprofundar no assunto. Confira, clicando no título:

 Artigo | Redes Sociais e popularização da Ciência

Artigo | Análise de redes sociais – aplicação nos estudos de transferência da informação

Artigo Redes Sociais na pesquisa científica da área de ciência da informação

Links: Redes Sociais Segmentadas

Por Maurício Lavarda do Nascimento. 

Reportagem produzida na disciplina de Jornalismo Especializado II.