Um dia desses acordei minimalista. É incrível quando percebemos como detalhes podem criar conceitos, ajudar a formar uma imagem. Foi nesse dia que vi o calçadão de Santa Maria de um ângulo diferenciado, a partir da admiração da arte do caricaturista Ezequiel Leite, uma figura que faz arte na rua, ou melhor, faz arte no calçadão de Santa Maria e se configura como mais uma peça dessa longa história que esse pedaço do município carrega.
Sua arte me encantou e foi inevitável a curiosidade de querer saber mais sobre sua história. Ele me contou a sua história, do trabalho duro que faz para sobreviver. Há cinco anos trabalhou com artesanato, mas quis tentar uma atividade mais rentável, então, decidiu fazer caricaturas.
Ezequiel. Nome de arcanjo, ser iluminado e simples, igual ao homem alto que trabalha de cabeça baixa, tentando expor seus trabalhos da maneira mais simples possível no calçadão de Santa Maria. Para esse homem, a arte tem que estar no meio do povo. Penso que talvez ele esteja no caminho certo, afinal Santa Maria não é a cidade cultura?
O artista comparado aos ensinamentos de Jessé de Souza batalha para alçar voos mais altos. Além do intuito de divulgar suas caricaturas no calçadão Salvador Isaia, pretende viajar e levar seu trabalho para outras cidades. O sonho de Ezequiel reprisa o texto sobre a família de Jessé de Souza. Ele coloca sua força de vontade para vencer os desafios que a vida lhe apresenta, tendo como foco o auxílio a sua família. Além disso, Ezequiel procura o conhecimento e a evolução através da arte.
Precisamos de pessoas que pensem assim como o caricaturista, que levem o seu trabalho até as pessoas, para que elas possam usufruir desta arte, que aos poucos está se perdendo, tanto pela diminuição dos talentos natos, quanto pelo avanço da tecnologia. Traduzir em traços o rosto das pessoas é algo quase mágico, para uma sociedade globalizada que vive imersa nos recursos tecnológicos do photoshop. O que para ele pode parecer tão pouco, o caricaturismo para nós representa a arte pura e verdadeira encontrada no meio da rua.
Evelyn Paz, acadêmica do curso de Jornalismo/Unifra.