Passados três dias das eleições, as ruas de Santa Maria continuam sujas com “santinhos” de políticos. A prática é comum em todas as eleições : os cabo-eleitorais atiram os santinhos de seus candidatos nas ruas próximas às sessões eleitorais para dar mais visibilidade e influenciar o voto no último momento. O resultado é um acúmulo de papel que entope os bueiros e se espalha pela ruas da cidade por semanas, à espera de que o serviço de limpeza da prefeitura aja.
O TRE não tem lei que multe ou proíba a distribuição dos santinhos em período eleitoral. Porto Alegre que implantou em abril deste ano a Lei da Limpeza Municipal e que, segundo a prefeitura, já multou mais 300 pessoas, adotou-a também para as eleições. Conforme relatório da DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana), 33 agentes atuaram para fiscalizar o descarte irregular de lixo nas ruas da capital, responsabilizando os políticos com fotos estampadas nas propagandas eleitorais. Ainda não há levantamento de quantas pessoas foram multadas.
A decisão de Porto Alegre agrada a população por conta dos transtornos que a prática provoca. A distribuição de santinhos é um problema de ordem nacional e rejeitada pela maioria das pessoas. Stefanie Silveira, jornalista gaúcha, atualmente residindo em São Paulo, diz que desde domingo a prefeitura limpou a cidade paulista, no entanto, acredita que a prática existe porque ” há pessoas que escolhem um santinho na rua para votar no dia da eleição e enquanto não houver uma mobilização das pessoas no sentido de boicotar esse tipo de candidato eles vão continuar agindo assim, como tudo no Brasil”.
Para o professor Iuri Lammel, do curso de jornalismo da Unifra, esta prática implica “um desrespeito aos cidadãos por parte dos candidatos (que promovem a sujeira), dos partidos políticos (que não fazem questão de impedir a ação), do judiciário (que não fiscaliza de forma apropriada o processo de propaganda eleitoral) e da prefeitura (que não promove ações de prevenção e que demora em realizar a manutenção das vias públicas através da limpeza urbana). Acredito que o ato em si já demonstra a ética pouco desenvolvida dos futuros políticos brasileiros e a ineficiência dos órgãos públicos”, afima.
Luciana Carvalho, também professora no curso de jornalismo, defende que seja proibida qualquer tipo de propaganda dessa natureza: “Acho que seria bom proibir qualquer tipo de propaganda política invasiva, com caráter comercial”, afirma a professora.