De um lado, a tradição de uma equipe tetracampeã gaúcha. Do outro, uma equipe com pouco mais de um ano de história, estreante em estaduais e com um investimento pesado em busca de títulos. O jogo será disputado neste domingo, às 15h, no Estádio da PUC-RS.
“Sabemos o que vamos enfrentar e estamos preparados. Temos um plantel muito talentoso e que está em sintonia com o nosso esquema de jogo, por isso estamos confiantes”, afirmou Wesley Mota, treinador do Juventude FA.
A previsão é de um jogo equilibrado e emocionante, como poucas vezes visto na história do futebol americano gaúcho. A Rádio Gaúcha fará transmissão minuto a minuto pelo seu twitter, e o Blog Touchdown Gaúcha fará um resumo de cada quarto de partida. Entrevistamos alguns jornalistas especializados no futebol americano nacional, e o que vimos foram opiniões divididas. Segundo eles, não há favorito.
Wendell Ferreira, jornalista de esportes americanos do Prime Time ZH, do jornal Zero Hora – @wendellfp
Para você, quem leva o título gaúcho?
O Pumpkins tem mais tradição, mas o Juventude FA me parece um time melhor hoje. Mais preparado, mais estruturado pelo desempenho nos últimos anos. A minha aposta vai no Juventude FA.
Quais são os pontos fortes e fracos de cada time?
O Juventude FA é um time que tem uma boa base em relação aos últimos anos. A defesa é forte, e os times especiais são bem melhores do que o normal para o futebol americano nacional. O Pumpkins é um time bem físico, com vários jogadores experientes.
O fato do jogo ser em Porto Alegre ajuda o Pumpkins de alguma maneira?
Ajuda pouco, na verdade. Não existe uma relação de benefício do mando de campo, porque o Pumpkins não tem a PUC como a sua casa de fato. A PUC é uma espécie de casa do futebol americano gaúcho. A vantagem é ter um pouco de torcida a mais. Mas isso, na prática, não faz muita diferença.
O que você espera das duas equipes nos campeonatos nacionais?
Acredito que o Juventude FA terá dificuldades. O nível do Torneio Touchdown é muito alto. O Pumpkins joga uma competição mais fraca, então pode se sair um pouco melhor. Mas mesmo assim terá que jogar mais do que jogou no Gauchão.
Renan Jardim, jornalista esportivo da Rádio Gaúcha Online – @renanjardimrs
Para você, quem leva o título gaúcho?
Será um jogo muito interessante entre tática e força. E essas são as duas principais armas do FA. Acredito que se o Juventude dominar a primeira parte do jogo, pode vencer, mas se deixar para fim, o Pumpkins leva por ter melhor condicionamento físico. Duas grandes equipes, mas acho que dá Pumpkins.
Quais são os pontos fortes e fracos de cada time?
O Ponto forte do Juventude é a velocidade no jogo aéreo. Teremos a estréia de dois norte-americanos, mas pelo que vimos até agora, o WR Diegão, tem sido uma arma letal do time de Caxias. Como ponto fraco, notei que o time cansou no último jogo bem na virada da segunda etapa. O Pumpkins é uma equipe boa tecnicamente, mas seu ponto forte é a defesa. O condicionamento físico que está sendo trabalhado é muito bom.
O fato do jogo ser em Porto Alegre ajuda o Pumpkins de alguma maneira?
Claro que jogar em Porto Alegre é melhor para o Pumpkins, mas por conta da torcida. Só. Não acredito que isso seja fator determinante. Tecnicamente, é um campo menor, mas para o bem do esporte, é o melhor lugar. A PUC tem toda a estrutura.
O que você espera das duas equipes nos campeonatos nacionais?
O Juventude FA fez um grande investimento e deve ser uma das forças no Torneio Touchdown (TTD), mas mesmo assim ainda não tem a mesma experiência das outras equipes. Deve encontrar algumas dificuldades, mas pode surpreender. Já o Pumpkins melhorou muito seu estilo de jogo e tem uma preparação física que poucas equipes no Brasil tem.
Igor Carrasco, jornalista, produtor do Estúdio Gaúcha e um dos idealizadores do TD Gaúcha – @igor_carrasco
Para você, quem leva o título gaúcho?
O Juventude FA.
Quais são os pontos fortes e fracos de cada time?
Positivos:
Porto Alegre Pumpkins: defesa até agora forte e entrosamento.
Juventude FA: ataque versátil, jogadores talentosos (WR Diegão é o principal).
Negativos:
Porto Alegre Pumpkins: erros bobos por falta de atenção e falta de variedade ofensiva (em comparação ao Juventude FA).
Juventude FA: apagões em algumas partidas e preparo físico pior que o Pumpkins.
O fato do jogo ser em Porto Alegre ajuda o Pumpkins de alguma maneira?
Acho que não muda muito. O Pumpkins terá mais torcida com certeza, mas o Juventude vai certamente entrar bastante “pilhado”.
O que você espera das duas equipes nos campeonatos nacionais?
É preciso ser realista. As nossas equipes, por enquanto, não mostraram que conseguem competir com os principais times do país. Mas o Juventude se reforçou muito. Tem peças-chave novas, jogadores de seleção. Vai ser o primeiro jogo deles na final. Tem potencial. Veremos.
Henrique Jasper, jornalista da Rádio Gaúcha – @hhenriquejasper
Para você, quem leva o título gaúcho?
O Pumpkins tem feito um bom campeonato. É fisicamente mais forte e tem o fator local como vantagem. Porém, o Juventude F.A. tem se mostrado uma equipe mais madura e organizada, com boas armas e um ataque criativo. Acredito que a final será parelha, mas acho que o Juventeude F.A. leva.
Quais são os pontos fortes e fracos de cada time?
O Pumpkins tem o melhor preparo físico do campeonato. A equipe consegue se manter regular ao longo de todo o jogo, o que dá segurança para o time. Além disso, o ataque tem feito boas partidas e errou pouco. Por outro lado, a equipe sofre por cometer muitas faltas. O início do jogo contra o Bulls (na semifinal) é um exemplo de como as faltas prejudicam a equipe. Já o Juventude tem um ataque muito forte. A equipe se preparou muito bem e trouxe reforços para o campeonato. Sem dúvidas, a principal arma da equipe é o WR Diegão, que é destaque do Gauchão. O ponto fraco são os ‘apagões’ da equipe no segundo tempo. A queda no rendimento quase custou a classificação da equipe que vencia por 14 pontos o Chacais na semifinal, e aceitou o empate.
O fato do jogo ser em Porto Alegre ajuda o Pumpkins de alguma maneira?
O fato de o Juventude ter que viajar à Porto Alegre já é um fator de desgaste. O trecho entre Porto Alegre e Caxias não é longo, mas requer preparação e infraestrutura. O cansaço do deslocamento pode atrapalhar um pouco a equipe. Além disso, o custo da viagem pesa no orçamento de qualquer equipe do Sul. A torcida ser predominantemente do Pumpkins também pode ajudar a equipe da casa, mas esse quesito fica em segundo plano.
O que você espera das duas equipes nos campeonatos nacionais?
O Pumpkins está mais organizado do que no ano passado. Mas o time ainda tem muito a melhorar, principalmente em questões individuais. Enquanto não trouxer reforços de peso, como estrangeiros ou jogadores experientes de outros estados, vai sofrer para se classificar ao mata-mata no campeonato nacional. Já o juventude eu acredito que possa ser uma surpresa agradável no Torneio Touchdown. Não acredito que o time chegue a final, mas acho que consegue, pela primeira vez, uma temporada vitoriosa.
Henrique Riffel, jornalista do site American Football International – @hriffel
Para você, quem leva o título gaúcho?
É um jogo de 50% para cada lado. Prefiro não opinar em relação a isso.
Quais são os pontos fortes e fracos de cada time?
Pontos fortes:
Porto Alegre Pumpkins: dois bons linebackers (jogadores defensivos): Guilherme Marra e Silvio Stieven, um bom recebedor – Pedro Boni e um bom running back – Jardel Telles.
Juventude FA: ataque aéreo eficiente – Tim Lukas, Ricardo Miller e Diego Olivera.
Pontos fracos:
Porto Alegre Pumpkins: Secundária fraca e linha ofensiva fraca em jogadas de corrida.
Juventude FA: linha ofensiva e linha defensiva pecam no jogo físico e na cobertura dos gaps (espaços entre os jogadores de linha ofensiva).
O fato do jogo ser em Porto Alegre ajuda o Pumpkins de alguma maneira?
Sim. Há o lado emocional de estar de frente para a sua torcida. E mais, o histórico de jogos na capital favorece o Pumpkins. Jogando em Porto Alegre, o time só tem uma derrota – Curitiba Brown Spiders/LBFA 2011.
O que você espera das duas equipes nos campeonatos nacionais?
O campeonato estadual não serve como parâmetro. Creio que ambos os times farão temporadas regulares. Dificilmente o Juventude irá aos playoffs, a Divisão IV (na qual a equipe caxiense faz parte) é muito complicada. A vaga continuará com o Timbó Rex (atual vice-campeão) ou com o Jaraguá Breakers (campeão nacional em 2013), mesmo com todos os reforços que o Juventude contratou. O time reforçou bem o ataque, mas ainda peca na defesa. O Pivatto (Kawan Pivatto, jogador recém contratado junto ao Itapema White Sharks) não vai segurar tudo sozinho, mesmo com a entrada dos jogadores de secundária do White Sharks.
Já o Pumpkins precisa conhecer o calendário da Liga Nacional, ainda não se sabe quais times irá enfrentar. Uma coisa é certa: o nível técnico é bem inferior ao do Torneio Touchdown. Tem que esperar pra ver o Pumpkins tem chance de playoffs.
O torneio
Em sua sétima edição, o torneio é disputado ininterruptamente desde 2010 (em 2009 não houve torneio) e esta é a primeira edição que recebe chancela da Federação Gaúcha de Futebol Americano (FGFA), criada em outubro de 2014. As edições anteriores contavam com poucas equipes (Os torneios de 2011, 2013 e 2014 contaram com apenas 3 equipes e no ano 2012 apenas 2 times jogaram) e até 2011 eram praticados sem equipamentos.
A edição de 2015 é a que contou com mais participantes – sete, superando a edição de 2010, que contava com seis equipes ainda na era sem equipamentos. Por conta da escassez de árbitros, foi decidido que o campeonato de 2015 seria realizado em caráter eliminatório.
Porto Alegre Pumpkins, com 4 títulos, e Santa Maria Soldiers, com 2, são os únicos campeões estaduais.
Os finalistas
O Porto Alegre Pumpkins foi fundado em 31 de outubro de 2004 e é a equipe mais antiga e mais vitoriosa do estado.
O começo foi difícil: os treinos ocorriam em uma pequena quadra de grama sintética na cidade, o interesse era baixo (segundo a assessoria de imprensa do Pumpkins, havia treinos com menos de 10 jogadores por semana) e faltavam equipamentos (sem contar que não existiam adversários a nível local, justamente por ser o primeiro time do estado no esporte).
A principal característica que pode definir o Pumpkins é o pioneirismo: além de ter sido a primeira equipe do estado, foi o primeiro time gaúcho a vencer uma partida fora do estado, a primeira equipe a disputar um campeonato nacional, em 2010 (Liga Brasileira de Futebol Americano, a LBFA) e o primeiro e maior campeão gaúcho – venceu o torneio em 2008, 2010, 2012 e 2014. Até hoje, o Pumpkins também conta com o maior feito para uma equipe do Rio Grande do Sul na modalidade em termos nacionais: em 2012, a equipe chegou até às quartas de final, quando foi eliminada pelo time que viria a ser o campeão nacional naquele ano – o Cuiabá Arsenal.
Em 2013, no entanto, a equipe veio a deixar de existir, em virtude de problemas financeiros. Voltou à ativa tempos depois – mas sem a mesma força de antes. Teve que retornar a uma espécie de segunda divisão do campeonato nacional (mesma divisão do Santa Maria Soldiers, onde em 2014 terminou o campeonato com 1 vitória e 3 derrotas, sem garantir classificação aos playoffs. O treinador da equipe é William McArthur, nascido nos Estados Unidos, onde trabalhou com futebol americano e basquete.
Já o Juventude FA foi fundado em 15 de março de 2014, por alguns fãs de futebol americano que viriam a se tornar jogadores do time: Eduardo Ferreira, Marcos Rossato, Eduardo Sottili, Willian Ramos e Matheus Ely foram os principais. O clube – que tem parceria com o Esporte Clube Juventude, disputa o campeonato estadual pela primeira vez.
No cenário nacional, a equipe disputa o Torneio Touchdown (TTD), um campeonato nacional independente e sem a chancela da Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA), porém de nível técnico superior, segundo Wendell Ferreira, jornalista de esportes americanos do jornal Zero Hora. No ano passado, a equipe perdeu todos os seus 7 jogos, embora tenha encarado um calendário extremamente difícil.
Para 2015, a equipe se reforçou de uma maneira jamais vista no estado: contratou 6 jogadores de alto nível, alguns deles com passagens na NCAA (liga de futebol americano universitário dos EUA) e de ligas semi-profissionais. Entre os contratados, foram:
2 recebedores (WRs) (Diogo Luiz de Oliveira (Diegão), Timbó Rex e James Ricardo Miller, Michigan Wolverines)
1 quarterback (Tim Lukas, Carthage College e Illinois Fighting Illini)
2 jogadores de linha defensiva* (Kawan Pivatto, Florida Maine Raiders e Alexsandro Natan**, Itapema White Sharks)
1 jogador de secundária* (Vinícius Hatzfield, Itapema White Sharks
Os efeitos já foram sentidos: a equipe garantiu vaga pra final com uma vitória tranquila contra o Santa Maria Soldiers e uma vitória apertada contra o Santa Cruz Chacais na semifinal, com Diegão sendo decisivo para a equipe, recebendo três passes para touchdown. Porém, Diego sofreu uma lesão muscular nos treinos desta semana, e sua presença na final ainda não é certa. A informação foi dada pela assessoria de imprensa do clube à Agência Central Sul.
*Estes jogadores não estão aptos para disputar o campeonato estadual.
**Natan foi eleito o melhor jogador defensivo a Liga Nacional (2ª divisão) em 2014.
Previsão do tempo
Segundo o Climatempo, a previsão climática para o domingo prevê chuva, o que pode mudar a história da partida, já que o jogo aéreo fica seriamente prejudicado.
Tabela de jogos do Campeonato Gaúcho de Futebol Americano
1ª Fase
São José Bulls 44-3 São Leopoldo Mustangs
Porto Alegre Pumpkins 38-9 Ijuí Drones
Juventude FA 19-0 Santa Maria Soldiers
Semifinais
Porto Alegre Pumpkins 20-7 São José Bulls
Santa Cruz Chacais 17-24 Juventude FA
Final
15h: Porto Alegre Pumpkins vs Juventude FA (Estádio da PUC, Porto Alegre)