Em comemoração aos seus 53 anos, o jornal Zero Hora está realizando diversas ações com os cursos de comunicação do Rio Grande do Sul, proporcionando o encontro entre os profissionais de ZH e os estudantes.
Na noite desta terça-feira, 09, no Salão Acústico do Prédio 14, foi a vez do Centro Universitário Franciscano receber a palestra de Rodrigo Müzell, que abordou o tema “Cante a sua aldeia – como o conteúdo local pode ajudar a salvar o jornalismo”. Na ocasião estiverem presentes professores e acadêmicos do curso de Jornalismo da Unifra.
Rodrigo Müzell é formado em Jornalismo pela UFRGS, começou na Gazeta Mercantil e está em Zero Hora desde 2000. Foi repórter de Economia por 10 anos, ganhou o prêmio CNH de Jornalismo com a reportagem “A Economia Corroída pelo Crime”, em 2007. Em 2009, foi repórter por 6 meses no jornal Philadelphia Inquirer, nos Estados Unidos. De 2010 a 2014, foi Editor de Copa de ZH, coordenando a cobertura do Mundial brasileiro. Foi editor digital de Notícias entre 2014 e 2017 e no momento atual está à frente da nova Editoria Porto Alegre, criada em fevereiro deste ano.
Müzell abordou temas como os desafios do Jornalismo, a queda da publicidade nos jornais, as maneiras utilizadas atualmente para sustentar um jornal e destacou que o veículo precisa descobrir o quê o leitor considera relevante e indispensável. Segundo ele, por conta disso, desde 2015 a ZH realiza pesquisas para descobrir a opinião do leitor e, também, redefiniu sua estratégia, reforçando a aposta no modelo de assinaturas digitais.
Ele avalia que há um feedback grande no jornalismo local, e eles medem tudo o que a pessoa lê, quanto tempo lê, e assim ficam sabendo de coisas e tendências que viram pauta para outras editorias. “Conseguimos trazer de volta um olhar mais específico que ao longo do tempo tinha perdido força”, conclui.
Rodrigo conta que se dedicou a criar uma editoria que falasse de Porto Alegre para entrar mais a fundo nas questões dos problemas da cidade, nos projetos de infraestrutura, no cotidiano das pessoas, contar a história da população, saber o que está acontecendo na prefeitura e cobrar mudanças. A partir da editoria, foi criado o App “pelas ruas”, uma forma de jornalismo colaborativo, onde as pessoas apontam os problemas da cidade e eles cobram dos responsáveis. O App possui 10 mil usuários, 2 mil posts das pessoas, entre eles, 203 já foram resolvidos. “Se estamos em um momento de sobreviver a partir das assinaturas, temos que entregar notícias relevantes sobre o conteúdo local”, observa o jornalista.
O jornalista enfatiza ainda, que não é fácil e nem barato produzir conteúdo local e que há muitos desafios na prática, sendo o maior deles é lidar com o poder local. “O poder nacional e estadual têm estruturas mais consolidadas, quanto mais local, menos se cumpre a lei de acesso à informação, e isso torna tudo mais difícil.”