Devido ao clima e solo propício, o Rio Grande do Sul tem capacidade para produzir azeite extravirgem de alta qualidade. Considerado um alimento essencial na mesa de quem preza uma boa alimentação, o azeite extravirgem cada vez mais cai no gosto dos gaúchos. No município de Pinheiro Machado, localizado a 355 km de Porto Alegre, é produzido o azeite Batalha, focado no cuidado do seu azeite e na beleza das embalagens de suas garrafas. O azeite foi incluído entre os 500 melhores azeites de oliva do mundo, no mais prestigiado Guia Internacional de Azeites, o “Flos Olei” da Itália.
Na região central do Estado, temos dois exemplos dessa produção. Localizada na cidade de Cachoeira do Sul, desde o ano de 2006, existe a Olivas do Sul Agroindústria Ltda, considerado o primeiro azeite de oliva extravirgem do mercado a ser produzido em escala comercial no Brasil. Além da comercialização do azeite, a Olivas do Sul desenvolve um projeto para o investidor que tem interesse em entrar no ramo da olivicultura. A empresa disponibiliza muda de oliveiras, sem custos e toda a assessoria técnica necessária para o plantio.
Produzido integralmente no Rio Grande do Sul, o Prosperato Premium, foi o primeiro azeite de oliva extravirgem brasileiro a receber a medalha de ouro no New York International Olive Oil Competition em todas as suas edições. Este é considerado o mais importante concurso de azeite de oliva do mundo fora da Europa. Na região, a variedade é plantada e cultivada entre os municípios de São Sepé e Caçapava do Sul. A produção do azeite começou em 2011, no canto de um viveiro da Tecnoplanta, em Barra do Ribeiro. A publicação do Evoowr (Ranking Mundial dos Azeites Extravirgens), que compilou todos os prêmios distribuídos pelo mundo no ano de 2017, colocou o Prosperato Premium como o 83º melhor azeite do mundo, único brasileiro na lista de 253 azeites de todo o mundo.
Rafael Marchetti, um dos sócios-diretores e filho de um dos fundadores da empresa entrou na Tecnoplanta no mesmo ano em que o novo negócio surgiu como alternativa em um período de baixa na indústria florestal. Marchetti fala que está sempre se atualizando e se especializando em cursos de extração e análise sensorial de azeites, fora do país. Ele ainda fala sobre as dificuldades de competir com azeites importados. “Não se compete, primeiro pelo preço, mas também por quantidade. Temos um produto de baixa escala”, comenta ele.
Por ser um assunto novo, talvez o grande desafio dos produtores seja mostrar aos consumidores a gama de possibilidades do produto. O grande diferencial do azeite produzido no Brasil é o frescor, pelo fato de ter o produto mais próximo para o consumo. Para Rafael o segredo é vender direto ao público. Hoje, a empresa conta com 300 hectares próprios, em Caçapava do Sul, São Sepé, Barra do Ribeiro e Sentinela do Sul, que é o plantio mais recente.
Em 2017, a produção final foi de mais ou menos 13 mil litros de azeite, com as vendas iniciadas em março e finalizadas em outubro. Para 2018, Marchetti acredita ficar em torno de 10 mil litros.
Apesar de todas as dificuldades a procura tem sido alta. No entanto, Marchetti é cauteloso. “É uma cultura de longo prazo, não vai começar a produzir logo, nem produzir todos os anos. A oliveira não é assim, em qualquer lugar do mundo ela é demorada. Leva tempo para atingir uma forma adulta e o negócio se tornar mais rentável. Aqui elas dão os primeiros frutos com 3 ou 4 anos, mas não é uma produção comercial ainda, leva tempo, mas lá adiante é recompensador”, finaliza ele.
*Reportagem de Fabian Lisboa, produzida na disciplina de Jornalismo Científico