Se tudo não estivesse perdido, o que você estaria fazendo hoje? O que você estaria escrevendo? Você faz o que faz por escolha ou por circunstância?
Se não fosse aquele parafuso solto, a máquina de lavar que estragou de novo, o boleto atrasado, o bolo com gosto de queimado e tudo mais que pode dar errado. O que você estaria fazendo? Você abriria uma cadeira de praia no meio da praça só para ouvir histórias de amor – ou dor, já que é mais provável que ambos se encontrem. O que te impede de aprender cerâmica hoje?
Se não fosse a política, a economia, as relações exteriores, a guerra que todo mundo ignora e as perguntas sem respostas. Particularmente prefiro as perguntas. Talvez pela profissão, que vez ou outra serve de resposta. “Eu tenho formação em fazer perguntas”. Por isso, faço tantos questionamentos. Qualquer um pode dar as respostas, mas elas nunca vão servir para todos.
Se o que te impede é dinheiro, existe um livro que vai ser “a solução de todos os problemas financeiros”, você só precisa adquiri-lo por R$29,99. O impeditivo é tempo? Existem milhares de minutos em vídeo na internet dizendo que a solução é acordar às 5h todos os dias. Existe uma resposta e um método para alcançar qualquer coisa. Problema é quando você descobre que sempre vai haver uma nova coisa que impede. E uma nova pessoa ensinando o jeito certo de fazer qualquer coisa.
Não existe um jeito certo ou único de fazer as coisas. Não vai existir uma condição perfeita. Mas a chuva parou essa semana. Coloca a cadeira na praça e me conta uma história de dor – ou da roupa da semana passada que não secou.
Arcéli Ramos é jornalista egressa da UFN. Repórter da Agência Central Sul em 2015. Com pesquisas na área jornalismo literário e linguagem, hoje também estuda “Pesquisa de tendências”. É colaboradora na New Order, revista digital na plataforma Medium, e produz uma newsletter mensal