A incessante busca pelo corpo “perfeito” faz com que muitas pessoas recorram a procedimentos estéticos. Os procedimentos de cirurgia plástica vêm aumentando ano a ano. Estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostraram que os brasileiros já ultrapassaram os norte-americanos, que têm praticamente o dobro da população. Nos últimos dois anos, a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos aumentou 390%. Entre os cirúrgicos, as operações com fins reconstrutores subiram 23%, enquanto as cirurgias com fins estéticos, apenas 8%.
Apenas no Estado de São Paulo, a média é de 50 mil cirurgias plásticas mensalmente, aponta o último levantamento da SPCP-SP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo) realizado com 378 cirurgiões plásticos, entre abril e maio do ano passado.
De acordo com a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), em 2009 foram realizadas 629.000 cirurgias, sendo 459.170 estéticas e 169.830 reparadoras. Em 2014 o número total foi de 1.288.800 cirurgias, 774.569 estéticas e 514.231 reparadoras.
Entre os procedimentos de reparação, os tumores cutâneos representam um número de 253.891, pós obesidade 68.379, reconstrução mamária 62.681 e revisão de cicatrizes 48.119. Nesse ano, foram realizadas quase um milhão e meio de cirurgias, sendo 839.288 estéticas e 664.809 reparadoras.
Entre os anos de 2009 e 2016, o número de cirurgias reparadoras aumentou 16%, como queimaduras e feridas complexas. Um dos fatores que influenciou nesse aumento é o alto índice de violência doméstica registrado, obrigando muitas mulheres a recorrerem esses procedimentos para tratar de sequelas decorrentes de agressões.
Os procedimentos não cirúrgicos também aumentaram. Em 2014, o número era de 17,4%. No ano de 2016, passou para 47,5%. Entre os procedimentos não cirúrgicos mais procurados estão o preenchimento, toxina botulínica, peeling e laser. Em 2014 o número de pessoas que realizaram preenchimento era de 79,2%, em 2016 passou para 89,5%. Aplicação de toxina botulínica em 2014 era de 82,2% e em 2016 aumentou para 96,4%. O procedimento de peeling, diferente dos outros, teve uma queda. Em 2014, o número era de 28,2%, e, em 2016, caiu para 23,6%. No procedimento com laser também houve queda. No ano de 2014 o índice era de 17,4%, e, em 2016, foi para 12,3%.
Os procedimentos cirúrgicos mais realizados atualmente são aumento de mama (silicone) representando 19,6%, seguido de dermolipectomia abdominal e lipoaspiração, ambos com 15,6% de procura. Nos meninos, os procedimentos mais procurados são a ginecomastia (redução das mamas que crescem demais) e a cirurgia para corrigir a orelha de abano.
Segundo dados da SBCP, no período do inverno, associado às férias escolares, a procura pelas cirurgias aumenta em média 60%. Isso acontece porque o frio torna o pós-operatório mais confortável, favorecendo a recuperação mais rápida. Além disso, é recomendado não tomar sol após a cirurgia para evitar manchas.
A respeito da faixa etária dos pacientes, nas pesquisas realizadas em 2014 e 2016 ambas registraram que a faixa etária dos 19 a 35 anos são as maiores. Em 2014 o número era de 37,6%, e em 2016 houve um pequeno aumento, passando para 38,0%. Pessoas entre os 36 a 50 anos estão em segundo lugar na pesquisa. No ano de 2014 o número era de 33,2% e em 2016 aumentou para 34,2%.
Uma novidade do Censo 2016 é a inclusão dos dados do procedimento de bichectomia, que não constavam nos censos anteriores, e correspondeu a 0,5% dos procedimentos realizados e a polêmica plástica vaginal, responsável por 1,7% das cirurgias estéticas. A região sudeste aparece em primeiro lugar entre as regiões que mais realizam procedimentos estéticos. Isso deve-se também ao fato da região ser a mais populosa do país.
A partir dos dados investigados, é possível notar que apesar da propagação de movimentos e pessoas que pregam a aceitação do corpo e a valorização do interior em contra partido ao exterior, o número de pessoas que buscam por procedimentos estéticos ainda é grande. A procura pela “perfeição”, e por corrigir possíveis defeitos no corpo é desejo constante entre milhões de brasileiros. Seja o interesse por intervenções cirúrgicas ou até mesmo procedimentos estéticos não cirúrgicos, que estão em constante aumento, aparentemente por que são menos dolorosos, mais fáceis e baratos de serem feitos.
Reportagem produzida por Luísa Peixoto para a disciplina de Jornalismo Investigativo, do Curso de Jornalismo da UFN, ministrada pela professora Carla Torres durante o 2º semestre de 2018.