Existe a beleza dos dias planejados, as tarefas completas, a via sem trânsito, janta na mesa e o banho antes de deitar. Um alívio em não esbarrar em contratempos. E os dias passam e passam e passam. Eis que numa tarde acontece “aquilo que não dava para imaginar”. Por alguns instantes, horas, semanas ou dias – depende da sorte improvável de cada um – permanece aquela sensação de que tudo é possível. O primo Lucas disse “você precisa se apaixonar pelo imprevisível”. E o que é a paixão senão um monte de coisas misturadas com a sensação engraçada na boca do estômago e o pavor de tudo dar errado.
O imprevisível é viciante. É adrenalina. Num dia você acorda e é surpreendido. No outro joga a agenda no lixo, desiste de fazer planos a médio e longo prazo. Acorda matutando se ao deitar na cama vai pensar “hoje não dava pra saber que isso ia acontecer”. Adrenalina. A gente também pode chamar de vida.
É novembro e antes que comecem a surgir listas de planejamentos, metas, prazos, etc, fica o ensinamento do primo Lucas – que só é primo da Jout Jout. Não é fácil e muito menos confortável. Em alguns momentos vai ser muito difícil, mas é assim mesmo que a gente faça de tudo para evitar. Mas é tão bom e vale a pena quando a gente permite que coisas inimagináveis virem realidade. Você vai ser surpreendido pelas coisas ruins, pode ter certeza. Se der medo, tudo bem também. É com medo que vem a coragem, o imprevisível e o ar fresco nos pulmões.
Arcéli Ramos é jornalista egressa da UFN. Repórter da Agência Central Sul em 2015. Com pesquisas na área jornalismo literário e linguagem, hoje também estuda “Pesquisa de tendências”. É colaboradora na New Order, revista digital na plataforma Medium, e produz uma newsletter mensal.
Imagem de Роман Романов/Pixabay