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Segurança Pública

Exercício de respeito às diferenças é fundamental para combater a violência nas escolas

Entre 2022 e 2023, já foram registrados cinco ataques com mortes em escolas no Brasil

Em 1999, aconteceu um dos maiores atentados escolares que se tem registro. O Massacre de Columbine, nos Estados Unidos, ficou marcado por sua grande midiatização. Foi um dos primeiros casos que teve sua imagens apresentadas na televisão. Este episódio foi uma espécie de gatilho para o início de uma onda de crimes em espaços educacionais por todo o mundo. Apenas no primeiro semestre de 2023, já foram registrados dois casos com fatalidades no Brasil.

Visando prevenir estes crimes, o governo federal lançou, em abril, um edital no valor de R$ 150 milhões para intensificar a segurança dos colégios. Outra medida tomada foi o monitoramento de ameaças em redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram. Em reunião com os representantes destas empresas, foi requisitada a retirada de qualquer postagem que faça apologia à violência em escolas.

Governos federal, estadual e municipal têm trabalhado para aumentar a segurança nas escolas. Imagem: Luiza Silveira

Após o caso de Columbine, o medo de massacres cresceu em todo o mundo, assim como as tentativas. A Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais da Infância e Adolescência, Josiane Leberknecht Wathier Abaid, ressalta que é possível que os discursos de ódio e não aceitação ao diferente possam favorecer o ato impulsivo de ataque. “A melhor forma de prevenir é dando a oportunidade à comunidade escolar de se ter espaços para discussão da tolerância. Não disseminar o pânico entre as famílias com informações, sobretudo as falsas, pode ajudar muito. O mais importante é permitir que haja conversas mediadas por um profissional”, relata.

No início deste mês, foi realizada uma audiência pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com o objetivo de debater a violência no âmbito educacional. O deputado estadual Luiz Marenco apresentou o Projeto de Lei 212/2023 que visa criar o Programa Estadual Escola Segura, no estado do Rio Grande do Sul. O programa tem como objetivo aumentar o monitoramento nas escolas com detectores de metais, botões de pânico, câmeras e segurança armada.

Esta segunda semana de maio marca o prazo final que havia sido definido para a conclusão da instalação de botões de pânico nas 80 instituições municipais de ensino. Na manhã da última segunda-feira, 08, um botão foi acionado pela direção de uma escola municipal de Santa Maria. Na ocasião, Brigada apreendeu um jovem de 15 anos com duas facas escondidas na mochila.

O professor Márcio Cenci questiona se podemos ser tolerantes com quem é intolerante. Imagem: Luiza Silveira

Ainda que a situação cause medo em todo o país, principalmente após as ameaças de ataques escolares que aconteceram mês passado, a violência é algo global. Segundo o professor de Filosofia da Universidade Franciscana (UFN), Márcio Paulo Cenci “Ela sempre tem a ver com uma afronta a uma certa condição. Se alguém pratica um ato violento, está muito mais ligado a desconsiderar que o outro merece algum tipo de respeito. Uma diferença que nós temos que fazer é entre a violência e conflito. Conflitos podem existir e não ser violentos, as duas partes são preservadas e se respeitam. A violência vai além disso, ela exige que o outro seja eliminado. A filosofia tem a função de estimular o pensamento crítico e a obrigação de fazer com que haja critérios claros e comuns entre as pessoas que estão em um debate”. O professor também acrescenta que “Nós estamos em uma sociedade que é cada vez mais plural. Ela tem vários níveis de diferença e vários aspectos que nos distinguem e nos estimulam a cada vez mais notar as diferenças. Cabe então à filosofia nos ensinar a lidar com estas diferenças”.

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Em 1999, aconteceu um dos maiores atentados escolares que se tem registro. O Massacre de Columbine, nos Estados Unidos, ficou marcado por sua grande midiatização. Foi um dos primeiros casos que teve sua imagens apresentadas na televisão. Este episódio foi uma espécie de gatilho para o início de uma onda de crimes em espaços educacionais por todo o mundo. Apenas no primeiro semestre de 2023, já foram registrados dois casos com fatalidades no Brasil.

Visando prevenir estes crimes, o governo federal lançou, em abril, um edital no valor de R$ 150 milhões para intensificar a segurança dos colégios. Outra medida tomada foi o monitoramento de ameaças em redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram. Em reunião com os representantes destas empresas, foi requisitada a retirada de qualquer postagem que faça apologia à violência em escolas.

Governos federal, estadual e municipal têm trabalhado para aumentar a segurança nas escolas. Imagem: Luiza Silveira

Após o caso de Columbine, o medo de massacres cresceu em todo o mundo, assim como as tentativas. A Especialista em Terapias Cognitivo-Comportamentais da Infância e Adolescência, Josiane Leberknecht Wathier Abaid, ressalta que é possível que os discursos de ódio e não aceitação ao diferente possam favorecer o ato impulsivo de ataque. “A melhor forma de prevenir é dando a oportunidade à comunidade escolar de se ter espaços para discussão da tolerância. Não disseminar o pânico entre as famílias com informações, sobretudo as falsas, pode ajudar muito. O mais importante é permitir que haja conversas mediadas por um profissional”, relata.

No início deste mês, foi realizada uma audiência pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul com o objetivo de debater a violência no âmbito educacional. O deputado estadual Luiz Marenco apresentou o Projeto de Lei 212/2023 que visa criar o Programa Estadual Escola Segura, no estado do Rio Grande do Sul. O programa tem como objetivo aumentar o monitoramento nas escolas com detectores de metais, botões de pânico, câmeras e segurança armada.

Esta segunda semana de maio marca o prazo final que havia sido definido para a conclusão da instalação de botões de pânico nas 80 instituições municipais de ensino. Na manhã da última segunda-feira, 08, um botão foi acionado pela direção de uma escola municipal de Santa Maria. Na ocasião, Brigada apreendeu um jovem de 15 anos com duas facas escondidas na mochila.

O professor Márcio Cenci questiona se podemos ser tolerantes com quem é intolerante. Imagem: Luiza Silveira

Ainda que a situação cause medo em todo o país, principalmente após as ameaças de ataques escolares que aconteceram mês passado, a violência é algo global. Segundo o professor de Filosofia da Universidade Franciscana (UFN), Márcio Paulo Cenci “Ela sempre tem a ver com uma afronta a uma certa condição. Se alguém pratica um ato violento, está muito mais ligado a desconsiderar que o outro merece algum tipo de respeito. Uma diferença que nós temos que fazer é entre a violência e conflito. Conflitos podem existir e não ser violentos, as duas partes são preservadas e se respeitam. A violência vai além disso, ela exige que o outro seja eliminado. A filosofia tem a função de estimular o pensamento crítico e a obrigação de fazer com que haja critérios claros e comuns entre as pessoas que estão em um debate”. O professor também acrescenta que “Nós estamos em uma sociedade que é cada vez mais plural. Ela tem vários níveis de diferença e vários aspectos que nos distinguem e nos estimulam a cada vez mais notar as diferenças. Cabe então à filosofia nos ensinar a lidar com estas diferenças”.