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Trezzi diz que investigativo é a saída para o jornalismo

“Um dos jornalistas mais ameaçados de morte”, definiu o mediador Marcelo Canellas ao chamar Humberto Trezzi, repórter especial do Jornal Zero Hora, para subir ao palco do Theatro Treze de Maio. A noite fria de quinta-feira (12) não acanhou os participantes que lotaram o Colóquio 100/20 – Jornalismo na era da Internet,que também assistiram as colocações dos jornalistas Mauri König e Andréa Dip. O colóquio comemorativo dos 20 anos da TV Ovo também foi promovido pelo  Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano e pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM.

Canellas aproveitou o grande público de estudantes e professores de Comunicação Social para iniciar o debate com duas questões amplamente discutidas atualmente: “A notícia curta está tomando conta? A notícia longa ainda tem espaço?”

Trezzi, que foi o primeiro a sacar o microfone, iniciou sua fala defendendo as grandes reportagens, porém enfatizando que é necessário torná-la interessante para o público receptor. Ele afirmou também que em momentos de crise, como o que passamos agora, quem paga a publicação não é a publicidade, mas o leitor. “Quem está com os dias contados fisicamente é o jornal impresso”, afirmou o jornalista, explicando esta afirmativa falando sobre o alto custo de impressão e logística para entregar um jornal na casa dos assinantes. Por este motivo, Trezzi é um defensor de que o impresso aposte também no áudio e no vídeo online como complemento da reportagem.

Em meio às inúmeras colocações e perguntas do público presente no evento, uma não poderia faltar: “Qual a matéria mais marcante da carreira?” Com 32 anos de profissão, o jornalista de Zero Hora afirmou que a cobertura da Boate Kiss em Santa Maria foi uma das mais comoventes, porém a cobertura da Guerra Civil de Angola, além dos conflitos no Timor Leste e Haiti lhe chamaram a atenção por perceber que participava de fatos históricos. Humberto Trezzi, que tem a veia investigativa latente, lembra também de outras duas reportagens: Pilantropia e Depenados. A primeira, realizando um levantamento de pessoas que solicitavam dinheiro nas ruas para instituições filantrópicas, seguida pela investigação de desmanches de veículos apreendidos pelo Detran. “Acredito que não há melhor época para se fazer jornalismo investigativo”, afirma.

Após quase três horas de debates, perguntas e respostas, o jornalista Marcelo Canellas encerrou o evento destacando a importância da participação de todos na implantação do Sobrado Centro Cultural da TV OVO em Santa Maria.

Claro que não perdemos a oportunidade de conversar com Humberto Trezzi nos bastidores. O jornalista, um dos mais premiados do Rio Grande do Sul, nos recebeu com muito carinho e atenção. Questionamos ele como estava percebendo o espaço do jornalismo investigativo num tempo em que as editorias estão sendo cada vez mais diminuídas nas redações. “O chamado jornalismo investigativo não custa barato. O interessante é tentar convencer os donos das empresas de que a única saída possível para a sobrevivência do jornalismo é investigar”, respondeu.

Sobre as ameaças sofridas pelas investigações, Trezzi respondeu: “Faz parte do investigar correr riscos às vezes. Até acho que no Rio Grande do Sul não se corre tanto risco assim, porque não tem tanto histórico de assassinato. Do Rio de Janeiro para cima, o “bicho pega”. Quanto menor a cidade, pior de fazer jornalismo por estar próximo do alvo que está investigando”.

 Uma das defesas durante o evento foi sobre a aposentadoria da parte física do jornal impresso. Sobre isso, ele afirmou: “Eu dedico um temo só na plataforma digital, porque o físico está condenado. A saída é a internet. Tomara que isso não traga desemprego na nossa profissão.”

A última questão, que não poderia faltar, foi uma dica para os estudantes de jornalismo: “Curiosidade infinita. Não se atemorizar com o primeiro “corridão”. Persistir e convencer os chefes.”

Por mais colóquios, por mais 20 anos de TV OVO, por mais jornalismo.

Por Keila Marques e Lucas Amorim para a disciplina de Jornalismo Digital I

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“Um dos jornalistas mais ameaçados de morte”, definiu o mediador Marcelo Canellas ao chamar Humberto Trezzi, repórter especial do Jornal Zero Hora, para subir ao palco do Theatro Treze de Maio. A noite fria de quinta-feira (12) não acanhou os participantes que lotaram o Colóquio 100/20 – Jornalismo na era da Internet,que também assistiram as colocações dos jornalistas Mauri König e Andréa Dip. O colóquio comemorativo dos 20 anos da TV Ovo também foi promovido pelo  Curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano e pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM.

Canellas aproveitou o grande público de estudantes e professores de Comunicação Social para iniciar o debate com duas questões amplamente discutidas atualmente: “A notícia curta está tomando conta? A notícia longa ainda tem espaço?”

Trezzi, que foi o primeiro a sacar o microfone, iniciou sua fala defendendo as grandes reportagens, porém enfatizando que é necessário torná-la interessante para o público receptor. Ele afirmou também que em momentos de crise, como o que passamos agora, quem paga a publicação não é a publicidade, mas o leitor. “Quem está com os dias contados fisicamente é o jornal impresso”, afirmou o jornalista, explicando esta afirmativa falando sobre o alto custo de impressão e logística para entregar um jornal na casa dos assinantes. Por este motivo, Trezzi é um defensor de que o impresso aposte também no áudio e no vídeo online como complemento da reportagem.

Em meio às inúmeras colocações e perguntas do público presente no evento, uma não poderia faltar: “Qual a matéria mais marcante da carreira?” Com 32 anos de profissão, o jornalista de Zero Hora afirmou que a cobertura da Boate Kiss em Santa Maria foi uma das mais comoventes, porém a cobertura da Guerra Civil de Angola, além dos conflitos no Timor Leste e Haiti lhe chamaram a atenção por perceber que participava de fatos históricos. Humberto Trezzi, que tem a veia investigativa latente, lembra também de outras duas reportagens: Pilantropia e Depenados. A primeira, realizando um levantamento de pessoas que solicitavam dinheiro nas ruas para instituições filantrópicas, seguida pela investigação de desmanches de veículos apreendidos pelo Detran. “Acredito que não há melhor época para se fazer jornalismo investigativo”, afirma.

Após quase três horas de debates, perguntas e respostas, o jornalista Marcelo Canellas encerrou o evento destacando a importância da participação de todos na implantação do Sobrado Centro Cultural da TV OVO em Santa Maria.

Claro que não perdemos a oportunidade de conversar com Humberto Trezzi nos bastidores. O jornalista, um dos mais premiados do Rio Grande do Sul, nos recebeu com muito carinho e atenção. Questionamos ele como estava percebendo o espaço do jornalismo investigativo num tempo em que as editorias estão sendo cada vez mais diminuídas nas redações. “O chamado jornalismo investigativo não custa barato. O interessante é tentar convencer os donos das empresas de que a única saída possível para a sobrevivência do jornalismo é investigar”, respondeu.

Sobre as ameaças sofridas pelas investigações, Trezzi respondeu: “Faz parte do investigar correr riscos às vezes. Até acho que no Rio Grande do Sul não se corre tanto risco assim, porque não tem tanto histórico de assassinato. Do Rio de Janeiro para cima, o “bicho pega”. Quanto menor a cidade, pior de fazer jornalismo por estar próximo do alvo que está investigando”.

 Uma das defesas durante o evento foi sobre a aposentadoria da parte física do jornal impresso. Sobre isso, ele afirmou: “Eu dedico um temo só na plataforma digital, porque o físico está condenado. A saída é a internet. Tomara que isso não traga desemprego na nossa profissão.”

A última questão, que não poderia faltar, foi uma dica para os estudantes de jornalismo: “Curiosidade infinita. Não se atemorizar com o primeiro “corridão”. Persistir e convencer os chefes.”

Por mais colóquios, por mais 20 anos de TV OVO, por mais jornalismo.

Por Keila Marques e Lucas Amorim para a disciplina de Jornalismo Digital I