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Santa Maria, RS, Brazil

Como ensinar em tempos de convergência

A educação nas escolas tem sido muito discutida nos últimos anos, seja em sua grade curricular, como em suas metodologias. É também consenso dizer que os alunos de hoje, não são mais os mesmos que frequentavam as salas de aula de 20 anos atrás. E isto porque as tecnologias transformaram o meio e, consequentemente, a maneira de pensar e raciocinar. Tal transformação se dá de forma acelerada em função da popularização de aparelhos eletrônicos. E no processo de aceleração do tempo social, muitos professores acabam presos a uma metodologia desatualizada para as novas cabeças que integram o ambiente escolar.

Professor Ronaldo Mota em conferência na UFN. Fotos: Mariana Olhaberriet, LABFEM

“O mundo contemporâneo não consegue dar conta dos novos desafios com os instrumentos antigos”, afirmou o professor Ronaldo Mota, chanceler do grupo Estácio de Sá, em  palestra sobre “A arte da educação nos dias de hoje”, durante o XXI Sepe, ocorrido em setembro, na Universidade Franciscana. Ele  explica que os modos de educar funcionaram por muito tempo da maneira convencional na chamada sala de aula. Todavia, a chegada da tecnologia trouxe uma revolução da educação, a qual não configura mais em métodos de ensino tradicionais. Para ele, vivencia-se um período em que se convive com o passado(analógico), presente (tecnologia) e futuro(inteligência artificial) em um mesmo lugar. Isso causa uma grande revolução e despreparo de profissionais, educados nos moldes antigo, para educar crianças que já nascem conectadas e com “tendências futurísticas.

Mota explicou a diferença de raciocínio que vem se mostrando muito evidente dentro de sala de aula. São os alunos cognitivos e metacognitivos. “Um empresário de softwares entrevista duas pessoas. Uma conhece tudo da área. A outra conhece pouco, mas promete estudar e trazer ideias e programas novos. O empresário cognitivo vai contratar o primeiro e logo vai falir. O empresário metacognitivo vai contratar o segundo e provavelmente, vai prosperar”, exemplifica ele.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Exemplos de metodologia cognitiva: conteúdo disciplinar, análise teórica, temas abstratos, laboratórios usuais, prova.[/dropshadowbox]

Conferência reuniu professores e acadêmicos da Universidade Franciscana.

O professor  descreve o atual cenário da escola com exemplos  práticos.  Segundo ele, em uma prova o aluno precisa saber o cálculo que, provavelmente, ele não entendeu no dia da explicação. Para resolver, ele vai buscar um vídeo ou qualquer outro meio, mas vai aprender esse cálculo.”O educando define onde, como e  com quem ele aprende, e isso é irreversível”, afirma. Ele ainda completou o pensamento com outro relato: ” Muitas professoras de séries iniciais reclamam que seus alunos dizem o seguinte: –  Professora, eu não sei se eu sei ou não sei, mas me dá o problema que eu resolvo! Ou seja, os alunos não querem saberes decorados. Eles querem aprender o assunto da maneira deles. E isso acontece porque suas mentes funcionam de maneira metacognitivos e entendem o conteúdo através de seu contexto”, diz.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Exemplos de metodologia metacognitiva: Capacidade de juntar áreas do saber diversas para resolver um problema, soluções de problemas, modelagem, simulação e inteligência artificial.[/dropshadowbox]

O problema está, segundo Mota, no fato dos professores não saberem lidar com esse tipo de aluno, configurando-o como problemático, quando na verdade são os verdadeiros profissionais do futuro.  “É um péssimo caminho pegar os verdadeiros talentos e tirar da sala, só porque não se sabe avaliar” reclama o professor. E conclui dizendo que o surgimento do metacognitivo é uma transformação brutal para o entendimento humano. O problema é que a escola tradicional está moldada nas metodologias cognitivas, causando um problema de entendimento, tanto para o professor quanto para o aluno.

Uma metodologia pensada para alunos metacognitivos na prática

Games integram as novas metodologias em sala de aula. Foto: arquivo pessoal

Um projeto chamado Laboratórios de Idéias vem transformando o ambiente escolar de uma universidade em Cruz Alta. De acordo com o professor Ricardo Lauxen ,coordenador do laboratório, o local é responsável por pesquisar, desenvolver, implementar e fomentar o desenvolvimento de metodologias ativas e a sua inclusão dentro da sala de aula. Como exemplo de iniciativa feita pelo projeto está a estratégia de gamificação, um tipo de jogo feito a partir da matéria. Ele é utilizada pelos professores em parceria com o laboratório da seguinte forma: as atividades realizadas pelos alunos passam a valer pontos no game. Estes, podem ser trocados por nota no fim do bimestre. O aluno que conseguir ser o melhor no game e na nota final, ganha certificado de aluno destaque.

Lauxen afirma ser um modelo analógico, mas que os alunos tendem a gostar muito. Ele permite que os estudantes trabalhem com os conteúdos de uma outra perspectiva, incentivando o trabalho em grupo, colaborativo além de incluir o controle de tempo. “Essas iniciativas permitem um ensino ativo onde o professor é parceiro do aluno na construção do conhecimento. Funcionando muito bem em cadeiras tradicionalmente “teóricas” ou que envolvem métodos sofisticados de matemática ou conceitos mais elaborados de algum tema”, afirma ele.

De acordo com a aluna do 4º semestre do curso de Engenharia Civil da Unicruz, Milena Proença, com a ajuda do laboratório de ideias são desenvolvidos jogos de tabuleiro com perguntas das disciplinas e o professor também aplica esses jogos em sala de aula. Os alunos trabalham em equipes para responder às perguntas. Muitas vezes, usam esses jogos para realizar a revisão para as avaliações e, assim, conseguem visualizar suas dificuldades e estudar para a prova. Além disso, durante as aulas, o professor utiliza um programa chamado Socrative, onde ele lança perguntas e os alunos respondem de forma anônima, permitindo que ele veja as porcentagens de acertos e erros, e saber qual conteúdo ele precisa explicar novamente. “Isso estimula muito os alunos a estudar com o objetivo de ganhar” relata a estudante.

Mylena participando de atividades do Laboratório de Idéias. FOTO: Arquivo pessoal

Ricardo relata que o laboratório de idéias surgiu a partir de uma demanda da assessoria pedagógica da instituição.  Em sua opinião, os anos de docência trazem um experiência fantástica, mas trazem consigo a armadilha do comodismo. Nesse sentido, ao invés dos professores repensarem as suas práticas e incorporarem elementos da nova geração, acabam fazendo o contrário, utilizando bibliografias desatualizadas e tentando proibir a entrada de novos elementos em sala de aula como aparelhos eletrônicos.

“O professor precisa aceitar que a sua prática deve ser repensada e incorporar novas tecnologias”, afirma Lauxen, que ressalta uma de suas metodologias de ensino para conteúdo: “Quando preciso utilizar slides, faço uma live a partir do Keynote e cada aluno abre a aula em seu computador, com o ritmo controlado por mim. Ele ainda brinca, “datashow é igual máquina do sono”.

Mylena afirma: “acredito que todas essas formas dinâmicas de ensino me ajudaram a aprender muito mais. Uma aula só falada ou até mesmo com data show se torna muito maçante, muitas vezes fazendo perder o interesse pela matéria”.

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A educação nas escolas tem sido muito discutida nos últimos anos, seja em sua grade curricular, como em suas metodologias. É também consenso dizer que os alunos de hoje, não são mais os mesmos que frequentavam as salas de aula de 20 anos atrás. E isto porque as tecnologias transformaram o meio e, consequentemente, a maneira de pensar e raciocinar. Tal transformação se dá de forma acelerada em função da popularização de aparelhos eletrônicos. E no processo de aceleração do tempo social, muitos professores acabam presos a uma metodologia desatualizada para as novas cabeças que integram o ambiente escolar.

Professor Ronaldo Mota em conferência na UFN. Fotos: Mariana Olhaberriet, LABFEM

“O mundo contemporâneo não consegue dar conta dos novos desafios com os instrumentos antigos”, afirmou o professor Ronaldo Mota, chanceler do grupo Estácio de Sá, em  palestra sobre “A arte da educação nos dias de hoje”, durante o XXI Sepe, ocorrido em setembro, na Universidade Franciscana. Ele  explica que os modos de educar funcionaram por muito tempo da maneira convencional na chamada sala de aula. Todavia, a chegada da tecnologia trouxe uma revolução da educação, a qual não configura mais em métodos de ensino tradicionais. Para ele, vivencia-se um período em que se convive com o passado(analógico), presente (tecnologia) e futuro(inteligência artificial) em um mesmo lugar. Isso causa uma grande revolução e despreparo de profissionais, educados nos moldes antigo, para educar crianças que já nascem conectadas e com “tendências futurísticas.

Mota explicou a diferença de raciocínio que vem se mostrando muito evidente dentro de sala de aula. São os alunos cognitivos e metacognitivos. “Um empresário de softwares entrevista duas pessoas. Uma conhece tudo da área. A outra conhece pouco, mas promete estudar e trazer ideias e programas novos. O empresário cognitivo vai contratar o primeiro e logo vai falir. O empresário metacognitivo vai contratar o segundo e provavelmente, vai prosperar”, exemplifica ele.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Exemplos de metodologia cognitiva: conteúdo disciplinar, análise teórica, temas abstratos, laboratórios usuais, prova.[/dropshadowbox]

Conferência reuniu professores e acadêmicos da Universidade Franciscana.

O professor  descreve o atual cenário da escola com exemplos  práticos.  Segundo ele, em uma prova o aluno precisa saber o cálculo que, provavelmente, ele não entendeu no dia da explicação. Para resolver, ele vai buscar um vídeo ou qualquer outro meio, mas vai aprender esse cálculo.”O educando define onde, como e  com quem ele aprende, e isso é irreversível”, afirma. Ele ainda completou o pensamento com outro relato: ” Muitas professoras de séries iniciais reclamam que seus alunos dizem o seguinte: –  Professora, eu não sei se eu sei ou não sei, mas me dá o problema que eu resolvo! Ou seja, os alunos não querem saberes decorados. Eles querem aprender o assunto da maneira deles. E isso acontece porque suas mentes funcionam de maneira metacognitivos e entendem o conteúdo através de seu contexto”, diz.

[dropshadowbox align=”none” effect=”lifted-both” width=”auto” height=”” background_color=”#ffffff” border_width=”1″ border_color=”#dddddd” ]Exemplos de metodologia metacognitiva: Capacidade de juntar áreas do saber diversas para resolver um problema, soluções de problemas, modelagem, simulação e inteligência artificial.[/dropshadowbox]

O problema está, segundo Mota, no fato dos professores não saberem lidar com esse tipo de aluno, configurando-o como problemático, quando na verdade são os verdadeiros profissionais do futuro.  “É um péssimo caminho pegar os verdadeiros talentos e tirar da sala, só porque não se sabe avaliar” reclama o professor. E conclui dizendo que o surgimento do metacognitivo é uma transformação brutal para o entendimento humano. O problema é que a escola tradicional está moldada nas metodologias cognitivas, causando um problema de entendimento, tanto para o professor quanto para o aluno.

Uma metodologia pensada para alunos metacognitivos na prática

Games integram as novas metodologias em sala de aula. Foto: arquivo pessoal

Um projeto chamado Laboratórios de Idéias vem transformando o ambiente escolar de uma universidade em Cruz Alta. De acordo com o professor Ricardo Lauxen ,coordenador do laboratório, o local é responsável por pesquisar, desenvolver, implementar e fomentar o desenvolvimento de metodologias ativas e a sua inclusão dentro da sala de aula. Como exemplo de iniciativa feita pelo projeto está a estratégia de gamificação, um tipo de jogo feito a partir da matéria. Ele é utilizada pelos professores em parceria com o laboratório da seguinte forma: as atividades realizadas pelos alunos passam a valer pontos no game. Estes, podem ser trocados por nota no fim do bimestre. O aluno que conseguir ser o melhor no game e na nota final, ganha certificado de aluno destaque.

Lauxen afirma ser um modelo analógico, mas que os alunos tendem a gostar muito. Ele permite que os estudantes trabalhem com os conteúdos de uma outra perspectiva, incentivando o trabalho em grupo, colaborativo além de incluir o controle de tempo. “Essas iniciativas permitem um ensino ativo onde o professor é parceiro do aluno na construção do conhecimento. Funcionando muito bem em cadeiras tradicionalmente “teóricas” ou que envolvem métodos sofisticados de matemática ou conceitos mais elaborados de algum tema”, afirma ele.

De acordo com a aluna do 4º semestre do curso de Engenharia Civil da Unicruz, Milena Proença, com a ajuda do laboratório de ideias são desenvolvidos jogos de tabuleiro com perguntas das disciplinas e o professor também aplica esses jogos em sala de aula. Os alunos trabalham em equipes para responder às perguntas. Muitas vezes, usam esses jogos para realizar a revisão para as avaliações e, assim, conseguem visualizar suas dificuldades e estudar para a prova. Além disso, durante as aulas, o professor utiliza um programa chamado Socrative, onde ele lança perguntas e os alunos respondem de forma anônima, permitindo que ele veja as porcentagens de acertos e erros, e saber qual conteúdo ele precisa explicar novamente. “Isso estimula muito os alunos a estudar com o objetivo de ganhar” relata a estudante.

Mylena participando de atividades do Laboratório de Idéias. FOTO: Arquivo pessoal

Ricardo relata que o laboratório de idéias surgiu a partir de uma demanda da assessoria pedagógica da instituição.  Em sua opinião, os anos de docência trazem um experiência fantástica, mas trazem consigo a armadilha do comodismo. Nesse sentido, ao invés dos professores repensarem as suas práticas e incorporarem elementos da nova geração, acabam fazendo o contrário, utilizando bibliografias desatualizadas e tentando proibir a entrada de novos elementos em sala de aula como aparelhos eletrônicos.

“O professor precisa aceitar que a sua prática deve ser repensada e incorporar novas tecnologias”, afirma Lauxen, que ressalta uma de suas metodologias de ensino para conteúdo: “Quando preciso utilizar slides, faço uma live a partir do Keynote e cada aluno abre a aula em seu computador, com o ritmo controlado por mim. Ele ainda brinca, “datashow é igual máquina do sono”.

Mylena afirma: “acredito que todas essas formas dinâmicas de ensino me ajudaram a aprender muito mais. Uma aula só falada ou até mesmo com data show se torna muito maçante, muitas vezes fazendo perder o interesse pela matéria”.