Daiane Rossi, pós-doutoranda pela Casa Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro e egressa da Universidade Franciscana, retornou à instituição na noite da última sexta-feira, 05, para contar os resultados e experiências vividas durante a pesquisa que realizou sobre Santa Maria, fruto da sua tese de doutorado que teve por tema a “Assistência à saúde e à pobreza no interior do sul do Brasil (1903-1913)”. Com o objetivo de entender como foi organizada a assistência à saúde aos pobres em Santa Maria no início do século XX, a pesquisadora iniciou a investigação defendida em março deste ano.
A pesquisa consistiu em compreender a pobreza através de seus discursos e ações, bem como através das escolhas de quem prestava o atendimento. As questões abordadas perpassam o entendimento da divisão das responsabilidades entre o público e o privado na prestação de serviços aos pacientes pobres, além de destacar a importância das redes sociais entre médicos, políticos e sociedade civil, na tentativa de solucionar problemas sociais. Como fontes principais de acesso às informações foram utilizados o Hospital de Caridade, – principalmente através de um livro que registrava a entrada de pacientes durante o período, o Governo Estadual, a Intendência Municipal e os jornais locais, instituições que ocupavam um papel importante para construção de um panorama geral da saúde na cidade.
Para a pesquisadora, um dos maiores desafios foi defender o seu projeto na Fiocruz – umas das principais instituições de pesquisa em saúde pública, e provar a importância de estudar a história da pobreza em Santa Maria, pois a partir de um estudo local é possível explorar questões mais amplas, que se aplicam também em outros contextos.
“Ouvi de professores ‘porque estudar Santa Maria no Rio de Janeiro? Tuas fontes não estão aqui. Tu quer pesquisar a ponta do rabo da lagartixa, isso aqui na FioCruz não dá.‘ Hoje essa pessoa é minha colega e trabalha junto comigo no mesmo projeto.”
A palestra foi ministrada para os alunos e professores do curso de história, no Salão Acústico do prédio 14 da UFN, e encerrou o evento Sob Forte Emoção, pensado inicialmente no ano de 2017 para contatar alunos egressos, muitos deles já na pós-graduação. O convite para relatarem suas vivências tem demonstrado que incentiva a produção da pesquisa, a troca de experiência, a aproximação entre as pessoas estimulando as relações afetivas e, com isto, valorizar também a pesquisa histórica que envolve muita paixão.
Por Andriele Hoffmann para a disciplina de Jornalismo Científico